sábado, 18 de janeiro de 2014

Para onde irá a Humanidade?

O funesto império mundial das corporações

 Leonardo Boff*

O individualismo, marca registrada da sociedade de mercado e do capitalismo como modo de produção e sua expressão política o neoliberalismo, revela toda sua força mediante as corporações nacionais e multinacionais. Nelas vigora cruel competição dentro da lógica do ganha-perde.

Pensava-se que a crise sistêmica de 2008 que afetou pesadamente o coração dos centros econômico-financeiros nos USA e na Europa, lá onde a sociedade de mercado é dominante e elabora as estratégias para o mundo inteiro, levasse a uma revisão de rota. Ainda mais que não se trata apenas do futuro da sociedade de mercado mundializada, mas de nossa civilização e até de nossa espécie e do sistema-vida.

Muitos como J. Stiglitz e P. Krugman esperavam que o legado da crise de 2008 seria um grande debate sobre que tipo de sociedade queremos construir. Enganaram-se rotundamente. A discussão não se deu. Ao contrário, a lógica que provocou a crise foi retomada com mais furor.

Richard Wilkinson, epidemiologista inglês e um dos maiores especialistas sobre o tema desigualdade foi mais atento e disse, ainda em 2013 numa entrevista ao jornal Die Zeit da Alemanha: "a questão fundamental é esta: queremos ou não verdadeiramente viver segundo o princípio que o mais forte se apropria de quase tudo e o mais fraco é deixado para trás?”.

Os milionários e superpoderosos decidiram que querem viver segundo o princípio darwinista do mais forte e que se danem os mais fracos. Mas comenta Wilkinson: "creio que todos temos necessidade de uma maior cooperação e reciprocidade, pois as pessoas desejam uma maior igualdade social”. Esse desejo é intencionalmente negado por esses epulões.

Via de regra, a lógica capitalista é feroz: uma empresa engole a outra (eufemisticamente se diz que se fizeram fusões). Quando se chega a um ponto em que só restam apenas algumas grandes, elas mudam a lógica: ao invés de se guerrearem, fazem entre si uma aliança de lobos e comportam-se mutuamente como cordeiros. Assim articuladas detém mais poder, acumulam com mais certeza para si e para seus acionistas, desconsiderando totalmente o bem da sociedade.

A influência política e econômica que exercem sobre os governos - a maioria desses governos muito mais fracos que elas - é extremamente constrangedora, interferindo no preço das commodities, na redução dos investimentos sociais, na saúde, educação, transporte e segurança. Os milhares que ocupam as ruas no mundo e no Brasil intuíram essa dominação de um novo tipo de império, feito sob o lema: "a ganância é boa” (greed is good) e "devoremos o que pudermos devorar”.

Há excelentes estudos sobre a dominação do mundo por parte das grandes corporações multilaterais. Conhecido é o do economista norte-americano David Korten "Quando as corporações regem o mundo”. Mas fazia falta um estudo de síntese. Este foi feito pelo Instituto Suíço de Pesquisa Tecnológica (ETH), em Zurique em 2011 que se conta entre os mais respeitados centros de pesquisa, competindo com MIT. O documento envolve grandes nomes, é curto, não mais de 10 páginas e 26 sobre a metodologia para mostrar a total transparência dos resultados. Foi resumido pelo professor de Economia da PUC-SP Ladislau Dowbor em seu site. Baseamo-nos nele.

Dentre as 30 milhões de corporações existentes, o Instituto selecionou 43 mil para estudar melhor a lógica de seu funcionamento. O esquema simplificado se articula assim: há um pequeno núcleo financeiro central que possui dois lados: de um, são as corporações que compõe o núcleo e do outro, aquelas que são controladas por ele. Tal articulação cria uma rede de controle corporativo global. Esse pequeno núcleo (core) constitui uma superentidade (super entity). Dele emanam os controles em rede, o que facilita a redução dos custos, a proteção dos riscos, o aumento da confiança e, o que é principal, a definição das linhas da economia global que devem ser fortalecidas e onde.

Esse pequeno núcleo, fundamentalmente de grandes bancos, detém a maior parte das participações nas outras corporações. O topo controla 80% de toda rede de corporações. São apenas 737 atores, presentes em 147 grandes empresas. Ai estão o Deutsche Bank, o J.P. Morgan Chase, o UBS, o Santander, o Goldes Sachs, o BNP Paribas entre outros tantos. No final menos de 1% das empresas controla 40% de toda rede.

Este fato nos permite entender agora a indignação dos Occupies e de outros que acusam que 1% das empresas faz o que quer com os recursos suados de 99% da população. Eles não trabalham e nada produzem. Apenas fazem mais dinheiro com dinheiro lançado no mercado da especulação.

Foi esta absurda voracidade de acumular ilimitadamente que gestou a crise sistêmica de 2008. Esta lógica aprofunda cada vez mais a desigualdade e torna mais difícil a saída da crise. Quanto de desumanidade aquenta o estômago dos povos? Pois tudo tem seu limite nem a economia é tudo. Mas agora nos é dado ver as entranhas do monstro. Como diz Dowbor: "A verdade é que temos ignorado o elefante que está no centro da sala”.Ele está quebrando tudo, cristais, louças e pisoteando pessoas. Mas até quando? O senso ético mundial nos assegura que uma sociedade não pode subsistir por muito tempo assentada sobre a superexploração, a mentira e a antivida.

A grande alternativa é oferecida por David Korten que tem trabalhado com Joanna Macy, uma das mais comprometidas educadoras com o novo paradigma e com um futuro diferente e otimista do mundo. A grande virada (The Great Turning) se dará com a passagem do paradigma "Império” para o da "Comunidade da Terra”. O primeiro dominou nos últimos cinco mil anos. Agora chegou seu ponto mais baixo de degradação. Uma virada salvadora é a renúncia ao poder como dominação imperial sobre e contra os outros na direção de uma convivência de todos com todos na única "Comunidade da Terra”, na qual seres humanos e demais seres da grande comunidade de vida convivem, colaboram e juntos mantém uma Casa Comum hospitaleira e acolhedora para todos. Só nesta direção poderemos garantir um futuro comum, digno de ser vivido.



Os rolezinhos


Após críticas do governo Dilma, Aécio diz que rolezinho não é caso de polícia

17/1/2014 14:16
Por Redação - de Brasília e São Paulo

Gilberto Carvalho
Gilberto Carvalho criticou a violência praticada contra quem pratica o ‘rolezinho
A decisão do governo Dilma, de sair em defesa dos jovens que promovem o “rolezinho” nos shoppings, já provocou uma mudança estratégica no discurso do presidenciável tucano Aécio Neves. Na avaliação do Palácio do Planalto, segundo o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, o apoio à manifestação não apenas serve de antídoto a possíveis atos de vandalismo como ajuda a aproximar a presidente Dilma Rousseff de jovens da periferia, nas redes sociais, neste ano de eleições. Já o PSDB, do qual fazem parte dos senadores Neves (MG) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), prefere manter os pobres longe dos shoppings de luxo.
Gilberto Carvalho, defendeu a convivência dos lojistas de shoppings com os “rolezinhos”, disse que os “conservadores deste país” têm de se conformar com o fato de os direitos agora serem iguais para todos e criticou a concessão de liminares para conter os movimentos. “Acho que é possível que se possa conviver, porque são por algumas horas durante uma semana, também não é nenhum fim de mundo”, declarou o ministro no Recife. Ele também criticou a repressão policial que “mais uma vez” botou “gasolina no fogo”. Segundo Carvalho, a concessão de liminares é “no mínimo inconstitucional” para o que chamou de “discriminação”.
– Qual é o critério que você vai usar para selecionar uma pessoa da outra? É a cor, o tipo de roupa que veste? – questionou o ministro.
Ao criticar a repressão policial, o ministro ressaltou, no entanto, que, se houver violência por parte dos manifestantes, o problema aumenta e a defesa do patrimônio passa a ser uma necessidade. Responsável pelo diálogo com os movimentos sociais, o ministro Gilberto Carvalho criticou a repressão policial aos “rolezinhos” em São Paulo e a concessão de medidas liminares, por parte da Justiça, a lojistas de shoppings, receosos com o movimento dos jovens da periferia. A ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros (PT), também acusou a polícia e os frequentadores de shoppings de discriminar jovens negros nos “rolezinhos”.
– As manifestações são pacíficas. Os problemas são derivados da reação de pessoas brancas que frequentam esses lugares e se assustam com a presença dos jovens – afirmou.
Para ela, a liminar que autorizou os shoppings a barrar clientes “consagra a segregação racial” e dá respaldo ao que a PM “faz cotidianamente”: associar negros ao crime.
Mudança de discurso
Logo após o pronunciamento do ministro Gilberto Carvalho, o senador e presidente do PSDB, Aécio Neves tratou de colocar panos quentes e afirmou, ao contrário de seu colega de bancada, Aloysio Nunes Ferreira, que a questão dos encontros de adolescentes da periferia paulistana em shoppings centers “ainda não é uma questão de segurança”.
– É uma questão que tem que ser tratada como fenômeno natural, como nós teremos outros ao longo do tempo – disse Aécio, após participar de um almoço com o governador Geraldo Alckmin, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
Aécio classificou os “rolés” como fenômeno novo e afirmou “que o diálogo sempre é extremamente importante”. Questionado sobre a posição do governo federal em relação ao tema, Aécio disse achar “saudável que pelo menos eles percebam aquilo que esta acontecendo no país”. De acordo com Aécio, a reação do governo federal tem sido sempre reativa.
– Nós temos no Brasil historicamente um governo federal que reage, que não planeja e não percebe aquilo que vem acontecendo no Brasil – afirmou.
Já o senador Aloysio Nunes Ferreira preferiu desfechar seu ataque pela conta no Twitter. Ele classificou os manifestantes como “cavalões”.
“Domingo, levei meus netos, de 5 e 4 anos, à exposição do “Gloob” no Shopping Morumbi. Imagino como eu e demais avós reagiríamos caso um bando de cavalões cismassem de dar um rolê por lá…”, escreveu ele, em duas postagens seguidas. O “Gloob” a que o senador se refere é o canal infantil de TV paga que mantém uma programação de férias naquele shopping, com seus personagens.
Antes, o tucano já havia atacado as pessoas que defendem o direito de a juventude pobre ocupar espaços até então frequentados apenas por pessoas de classe média.
“Os bacaninhas de sempre fazem agora apologia da nova modalidade de inclusão da periferia, e dão pau na PM com vivas ao rolezinho”, afirmou.
Ainda no campo da direita, outro integrante da direita aliada ao presidenciável Aécio Neves também criticou o governo Dilma. Trata-se do ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no julgamento conhecido como ‘mensalão’. Em seu blog, Jefferson – que não teve ainda a sua prisão decretada, ao contrário dos petistas condenados na mesma ação penal – afirma que “em Brasília, Dilma convocou reunião e teme que o movimento ganhe ares de protestos organizados. Sem incorrer no pecado do reducionismo, os ditos cujos parecem ter sido convocados mais para gerar protagonismos instantâneos nas redes sociais do que fruto de uma insatisfação generalizada. Mas que a coisa pode descambar, ah, isso pode”.
Segundo Jefferson, “para prevenir, os shoppings não deveriam abrir nos dias de ‘rolés”.
Adesão do MTST
Na tarde desta quinta-feira, cerca de mil manifestantes ligados ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) participaram dos dois “rolezões” na frente dos Shoppings Jardim Sul e Campo Limpo, na Zona Sul paulista. Os centros de compras fecharam portas, temendo tumulto. Mesmo assim o movimento, separado em dois grupos, realizou atos simbólicos nas portas principais.
Notas de real e de dólar foram balançadas no ar pelos jovens, com o intuito de mostrar que eram trabalhadores e consumidores. Um lanche coletivo de pão com mortadela ou queijo foi distribuído aos manifestantes em caixas de papelão.
– Estamos fazendo esse ato em solidariedade ao jovens que foram reprimidos no último fim de semana. Quando a classe média faz ‘rolezinho’ vira flash mob, quando é a periferia tem truculência – afirma Ana Paula Ribeiro, uma das coordenadoras do MTST.


Fonte: Correio do Brasil

Notícia para quem acredita em Papai Noel e bruxa voando em cabo de vassoura


Barack Obama anuncia reforma de atividades da NSA

17/1/2014 14:29
Por Redação, com Reuters - de Washington, EUA

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta sexta-feira uma grande reforma no polêmico programa da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) que monitora grande quantidade de dados telefônicos de estrangeiros e norte-americanos, disse uma fonte graduada do governo norte-americano.
Em discurso no Departamento de Justiça, Obama disse que está ordenando uma transição que vai mudar de forma significativa o uso pela NSA do que ficou conhecido como programa de “metadados” de telefonemas.
A medida de Obama tem como objetivo restaurar a confiança nas práticas de inteligência dos Estados Unidos, e será anunciada após meses de revisão do programa pela Casa Branca, depois das revelações feitas pelo ex-prestador de serviço da NSA Edward Snowden.
Num aceno aos defensores do direito à privacidade, Obama disse que, a partir de agora, o governo deixará de acumular informações a respeito de chamadas telefônicas, o que deverá frustrar algumas autoridades de inteligência. Além disso, ele ordenará medidas imediatas para “modificar o programa de modo que uma conclusão judicial seja exigida antes que consultemos um banco de dados”, segundo a fonte, que revelou detalhes do discurso sob a condição de se manter no anonimato.
Embora uma comissão consultiva do Executivo tenha recomendado que os dados sobre telecomunicações sejam conservados por terceiros, como as companhias telefônicas, Obama não apresentará uma proposta específica a respeito disso.
O presidente pediu ao seu secretário de Justiça, Eric Holder, e à comunidade de inteligência que lhe apresentem sugestões para a reforma antes de 28 de março, quando o programa precisa ser submetido a uma reautorização.
O objetivo do governo é preservar a capacidade de vigilância da NSA, sem que o governo precise se apropriar de dados em volume bruto.
- Ao mesmo tempo, vamos consultar as comissões relevantes no Congresso para buscar suas opiniões – disse a fonte.
Em sua reforma, o Executivo tenta equilibrar as necessidades de proteção do país com uma resposta à indignação da opinião pública após as revelações feitas por Snowden sobre a abrangência da espionagem norte-americana.
Pessoas familiarizadas com as deliberações do governo dizem que Obama também deverá acatar outras reformas, como uma grande redução da espionagem contra líderes estrangeiros e a nomeação de um defensor público que atue junto à Corte de Vigilância da Inteligência Estrangeira, um tribunal secreto que concede autorizações para as atividades da NSA.
As revelações de Snowden sobre a espionagem dos EUA a líderes estrangeiros abalaram as relações de Washington com governos de aliados importantes, como Alemanha e Brasil. Por causa disso, a presidente Dilma Rousseff cancelou em 2013 uma visita de Estado que faria aos EUA.

Fonte: Correio do Brasil