quinta-feira, 16 de junho de 2022

Bolsonaro tem mente paranoide e agrega em torno de si o pior do Brasil, diz psicanalista IMPORTANTE LER

 SAÚDE E CIÊNCIA

ENTREVISTA

Bolsonaro tem mente paranoide e agrega em torno de si o pior do Brasil, diz psicanalista

Para Christian Dunker, o bolsonarismo tornou visível uma conduta fascista antes oculta em parcela das pessoas. Deve perder a eleição, mas o bolsonarismo permanecerá

Alan Santos/PR
Bolsonaro-Alan Santos-PR
“Bolsonaro tem um discurso paranoide, uma produção contínua de inimigos. Faz uma projeção da culpa no outros"

São Paulo – Apesar de alertas de aliados menos irracionais, tentando trazê-lo ao bom senso, a insistência de Jair Bolsonaro em zombar da morte e negar a ciência perdura. No próprio encontro com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, na Cúpula das Américas nesta quinta-feira (9), Bolsonaro voltou a classificar como “equivocada política do ‘fique em casa’, ‘a economia a gente vê depois’”. E desse modo, a negar protocolos científicos usados em todo o mundo para combater a covid-19. Para o psicanalista Christian Dunker, professor da Universidade de São Paulo, Bolsonaro tem disposições de personalidade ligadas ao funcionamento discursivo que ele classifica como paranoide.

O comportamento do presidente brasileiro diante da pandemia causada pelo novo coronavírus e a indiferença diante de centenas de milhares de mortos – junto com a explosão inflacionária e a crise econômica – foi o fator que o levou a perder mais eleitores durante seu mandato. Mesmo assim, sua conduta se mantém a mesma. Por essa e outras razões, mais do que um político incapaz, muitos não o consideram uma pessoa normal. O que caracteriza Bolsonaro psicologicamente?

“O paranoide mimetiza vários traços da paranoia”, explica Dunker. “Bolsonaro tem um discurso paranoide, uma produção contínua de inimigos. Então, faz uma projeção da culpa nos outros. Tudo o que é bom está em torno do ‘nós’, e o que não é bom – e ameaça o ‘nós’, ‘nossa família’ e ‘nossos valores’ – é identificado como o ‘outro ou eles’.”

“Pequeno grande homem”

Em torno dessa personalidade que comanda o país, há uma notícia boa e uma ruim. A “novidade positiva”, avalia Dunker, é que o bolsonarismo tornou visível o que era oculto. Ou seja, deu visibilidade e agregou em torno de si “o pior do Brasil”, na expressão do analista. Bolsonaro também exibe um traço clássico do fascista: ele se conecta diretamente com a massa, ignora as instituições e as considera inimigas, ou as usa para atingir seus próprios fins.

A má notícia é que, com ou sem Bolsonaro, o bolsonarismo permanecerá. “Porque ele já estava aqui. O fascismo sempre esteve na cultura brasileira, mas contido, silenciado, aparecendo nas frestas. O que acontece agora é novo, ao criar um movimento popular”, diz Dunker. Mesmo que o atual mandatário perca a eleição, o que parece certo, ”a gente deve se preocupar com o discurso que Bolsonaro conseguiu organizar, essa forma de laço social paranoide.”

Segundo o filósofo alemão Theodor W. Adorno, o líder fascista é um “pequeno grande homem”, uma pessoa pequena. “Aquele tio meio marginal na família, que capitaliza as projeções dos que se sentem como ele, pequenos e com seu território invadido pelo outro.” A ressalva é que uma parte dos apoiadores do governante brasileiro, na opinião do professor da USP, não é de verdadeiros fascistas, mas de pessoas iludidas.

Muitos se arrependeram de votar nele, embora boa parte desses tenha dificuldade de reconhecer isso. No caso de Bolsonaro, o que o torna particularmente perigoso é que teve a habilidade de atrair um número significativo de pessoas que interpretam a realidade social de maneira simplista como o discurso do presidente. “Um discurso débil, de baixa inteligência, persuasão muito simplificada, que não consegue enfrentar debate. Como o debate pressupõe igualdade, essa pessoa se sente ameaçada, e então evita essa situação.”

Doença social

A realidade simplista dos seguidores do presidente se traduz socialmente de várias maneiras no cotidiano: se há mais negros nas universidades públicas, “é porque eles estão invadindo ‘nosso’ espaço; se trabalhadores domésticos viajam mais do que eu, eles estão tomando o que é ‘nosso'”.

O discurso bolsonarista envolve também a autorização implícita (e muitas vezes explícita) para humilhar, bater, violentar o “mais fraco”: a mulher, o homossexual, o indígena. “O mundo tem de ser dividido entre fortes e fracos, para que você sinta medo”, diz Christian Dunker.

O combate a essa espécie de doença social que se propaga não será fácil. Depende de se construírem políticas contra os pilares do bolsonarismo, em grande parte sustentados pela ignorância. Essas políticas precisam ser construídas desde a escola. Para o psicanalista, insistir na educação sexual, por exemplo, é positivo. “É preciso voltar a coisas que já eram dadas como já resolvidas, mas não estão”, referindo-se principalmente às questões envolvendo seus conhecimentos e atuação.

Pimenta lembra promessa de Bolsonaro em 2018: acabar com o ativismo ambiental caso fosse eleito

 

Pimenta lembra promessa de Bolsonaro em 2018: acabar com o ativismo ambiental caso fosse eleito

A lembrança feita pelo deputado do PT-RS acontece no contexto do assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips. Paulo Pimenta também chamou Jair Bolsonaro da "canalha"

www.brasil247.com - Paulo Pimenta
Paulo Pimenta (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)
 

247 - O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) lembrou nesta quinta-feira (16) que, na campanha eleitoral de 2018, Jair Bolsonaro, atualmente no PL, prometeu acabar com o ativismo ambiental. O parlamentar fez a postagem em um contexto no qual o governo federal está sendo criticado por conta do assassinato do indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, que aconteceu no dia 5 deste mês na Amazônia. 

Bolsonaro disse em 9 de outubro de 2018 que "não pode ter ambientalismo xiita no Brasil". "Vamos acabar com a indústria de demarcação de terras indígenas. Índio não quer ser latifundiário. Índio quer poder arrendar a terra, quer poder fazer negócio, quer energia elétrica, quer dentista para arrancar toco da boca. O índio é ser humano como a gente. Não quer ser usado para políticas", afirmou ele em entrevista à TV Bandeirantes. 

No Twitter, Pimenta chamou Bolsonaro de "canalha". "Estudo da ONU mostra que a cada oito dias um ativista é morto no Brasil, 4° país que mais mata defensores de direitos humanos. Não custa lembrar: na campanha de 2018, em 9 de outubro, o Canalha Vagabundo prometeu acabar com o ativismo ambiental, caso fosse eleito", escreveu o petista.  

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O parlamentar fez referência ao estudo divulgado pela ONG internacional Global Witness no último trimestre do ano passado. De acordo com a pesquisa, o Brasil ficou em quarto lugar no ranking dos países que mais matam defensores e defensoras de direitos humanos, ficando atrás de Colômbia, México e Filipinas.

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A posição ao governo e boa parte da sociedade criticaram a declaração de Bolsonaro sobre Dom Phillips, após ele dizer que o jornalista era "malvisto" na Amazônia. 

No Twitter, internautas cobraram a prisão de Bolsonaro por crimes cometidos durante o seu governo e também pediram que o Congresso Nacional instale a CPI do Garimpo

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Caso Bruno Pereira e Dom Phillips

Os irmãos Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos, confessaram o assassinato do indigenista e do jornalista. Eles desapareceram no dia 5 deste mês na Amazônia.

Além dos irmãos, a Polícia Federal investiga mais três suspeitos pelo assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips. 

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