terça-feira, 9 de agosto de 2016

A dupla marca nas Olimpíadas: o orgulho nacional e a vaia a Temer

A dupla marca nas Olimpíadas: o orgulho nacional e a vaia a Temer

A abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ocorrida na noite de ontem (5) foi uma festa maravilhosa e bem brasileira. Pouco de pirotecnia tecnológica, muito de sentimento e participação humana.

Foi uma festa progressista que incluiu o Hino Nacional cantado por Paulinho da Viola, a delegação dos atletas refugiados políticos no desfile, a modelo Lea T portando a placa com a indicação “Brasil” abrindo a delegação de nosso país - e também a estrondosa vaia para o impostor Michel Temer.

O mundo democrático assistiu ao constrangimento de um impostor sem coragem nem condições de, ocupando a presidência da República, aparecer ao público e representar o Brasil numa solenidade tão importante.

A abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro provoca um sentimento contraditório nos democratas.

De um lado a festa coroa e dá seguimento a grandes eventos internacionais ocorridos no Brasil, como os Jogos Pan-Americanos (2007), a Copa do Mundo de Futebol (2014) e, agora, os Jogos Olímpicos.

Todos eles foram conquistas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e honram os brasileiros. Correspondem às grandes esperanças de mudança econômica, social e política que atraíram a atenção e admiração do mundo.

São festas internacionais que demonstram a força criativa e organizativa dos brasileiros, ao lado do vigor da economia, que é uma das 10 maiores do planeta. E, no passado recente, mostraram a vitalidade da democracia brasileira.

Aqui está o sentimento ruim que a abertura das Olimpíadas provoca: a democracia está hoje sobre séria ameaça. O risco de retrocesso foi exposto ao mundo na vaia que mostra a rejeição dos brasileiros ao o golpe de estado em andamento, que deu origem ao governo interino impostor. E cuja falta de legitimidade pode ser vista na própria delegação de chefes de Estado e governo presentes que vieram ao Rio de Janeiro. Nela se destacam apenas os presidentes da França, François Holande (que pleiteia a escolha de Paris como sede das Olimpíadas de 2024), e da Argentina, Maurício Macri, que reza por cartilha semelhante à do impostor Michel Temer e seu “chanceler”, o tucano José Serra.

O mundo acompanha os brasileiros de espírito democrático e não aceita o golpe de estado da direita e dos conservadores brasileiros.

A ambigüidade de sentimentos é real, da mesma forma como é verdadeiro o orgulho nacional que os Jogos Olímpicos revelam, e reforçam.

O deputado comunista Orlando Silva (PCdoB-SP) tem razão quando aponta esse reforço do orgulho nacional. Ele foi ministro dos Esportes e, nessa condição, teve atuação decisiva para, junto ao presidente Lula, trazer ao Brasil estes eventos do esporte mundial.

Com uma ponta de orgulho ele diz: os jogos olímpicos permitem que o mundo “conheça a força deste país”. E ao mesmo tempo reforçam a percepção da “violação grave à democracia que nosso país vive nesse momento”.

Estes sentimentos apareceram com força na abertura dos Jogos Olímpicos. Um, o orgulho nacional de receber o mundo em nosso país e exibir tudo o que os brasileiros conquistaram. O outro, a denúncia da violação da democracia e do retrocesso que o golpe significa.

Uma festa de abertura como a vista ontem teve essa marca dupla, a do orgulho nacional, e a da estrondosa vaia a Michel Temer. Não podia ser de outro jeito!

A generosidade e beleza exibidas na abertura só podiam repelir Temer, que é o contrário daquilo que tudo o que a festa representa.


Mídia alternativa denuncia golpe ao mundo


SÁBADO, 6 DE AGOSTO DE 2016

Mídia alternativa denuncia golpe ao mundo


Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

A Olimpíada Rio 2016 acontece em um período turbulento para os brasileiros. Mandatário interino do país, Michel Temer assumiu a cadeira presidencial através de um golpe midiático-judicial, afastando a presidenta Dilma Rousseff, democraticamente eleita por 54 milhões de brasileiros, e alçando ao poder o que há de mais retrógrado na política brasileira. Por isso, o cenário dos jogos promete pegar fogo não só pelo calor da tocha e da pira, mas pelos massivos protestos que devem ocorrer para denunciar o golpe em curso.

Controlados por sete famílias que formam um oligopólio da informação no país, os grandes meios de comunicação, comprometidos com o processo golpista, agem no sentido de distorcer e omitir a resistência ao golpe a luta em defesa da democracia. Por isso, dezenas de coletivos de mídia e veículos contra-hegemônicos farão
cobertura colaborativa de todos os protestos e manifestações que ocorrerem durante os jogos. A ideia é dar visibilidade e repercussão internacional à denúncia do que ocorre no país, a despeito dos esforços da mídia privada e do governo provisório em asfixiar vozes dissonantes.

Como forma de contribuir nessa importante tarefa, o Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé promoverá uma cobertura multilíngue dos atos contra Temer e o golpe. Referência na luta pela democratização da comunicação no país e formada por jornalistas, intelectuais, ativistas digitais e lideranças de movimentos sociais, a entidade produzirá matérias em português e em idiomas como o inglês, o espanhol, o francês, o russo e o alemão.

A série será publicada no portal do Barão de Itararé (www.baraodeitarare.org.br) e divulgada em redes sociais como o Facebook (www.facebook.com/baraomidia) e Twitter (www.twitter.com/cbaraodeitarare). A hashtag#ForaTemerRio2016 será a etiqueta das publicações. A reprodução é livre, mediante citação da fonte.

* Leer en español: http://bit.ly/2axCjIK
* Read it in English: http://bit.ly/2aM29LU
* Lire en français: http://bit.ly/2aRetMf
* Auf Deutsch lesen: http://bit.ly/2aYxTwU
* Leggere in italiano: http://bit.ly/2aUk9GC
* Читайте на русском языке: http://bit.ly/2aGKjrU


Os ataques de Temer à liberdade de expressão

Um dos casos mais emblemáticos da ofensiva do governo interino sobre a liberdade de expressão é a tentativa de desmonte da incipiente comunicação pública brasileira. “O Brasil é estreante na construção de meios públicos de comunicação. Nosso histórico remete a um modelo estritamente comercial, típico dos Estados Unidos”, afirma Renata Mielli, coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). “Por isso, nossa democracia se ressentiu, durante décadas, de uma comunicação pública que buscasse outro olhar sobre os acontecimentos e sobre a pluralidade e diversididade cultural e regional”.

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC), criada em 2007, é a iniciativa que busca construir o setor partindo da estaca zero. “Isso significa dar voz a segmentos antes invisibilizados”, comenta Mielli. “A TV Brasil estreou, recentemente, o primeiro programa do país voltado ao público homossexual, comprometida com as questões desta comunidade”. O jornalismo diverso produzido pela EBC, reflete a jornalista, rompe com o discurso único do monopólio midiático no Brasil.

O problema, segundo Mielli, é que o golpe não convive bem com essa diversidade na comunicação. “Não é possível consolidar um processo ilegítimo com focos de combate e questionamento na mídia”, alerta. Por isso, a EBC, que é uma empresa pública, mas institucionalmente vinculada ao Estado brasileiro, sofreu intervenção por parte do novo governo, que nomeou um novo diretor de forma ilegal, mudando os rumos da Empresa. Como a Justiça anulou a medida (único revés judicial sofrido por Temer até o momento), o governo promete, agora, aprovar lei que altera o caráter público da EBC.

Quanto aos jogos olímpicos, Renata Mielli avalia que a cobertura jornalística do evento tem duas dimensões: o acompanhamento das competições e a observação do que ocorre fora da arena esportiva. “A iniciativa de produzir conteúdo que busca contextualizar as olimpíadas no cenário político brasileiro é fundamental para superar o bloqueio da informação”, opina. “Esse evento, concebido em um período de afirmação da soberania e da capacidade do povo brasileiro, ocorre, agora, em um momento de retrocesso. O mundo só vai compreender isso se existir essa outra narrativa dos fatos”.


Calando a divergência

Outra medida levada a cabo por Temer antes mesmo da consolidação do impeachment de Dilma Rousseff – a votação final no Senado brasileiro deve começar dias após o encerramento da Olimpíada – reflete bem a mão de ferro do golpismo contra a diversidade de opiniões e ideias. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, órgão responsável por definir os critérios de distribuição da verba publicitária aos meios de comunicação, rompeu unilateralmente os contratos de publicidade com blogs e meios do campo progressista.

De acordo com o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, o critério de repartição da publicidade oficial é historicamente antidemocrático. “O fomento aos meios de comunicação contra-hegemônicos é uma grande dívida dos governos brasileiros, já que esses sempre receberam quantias pouco significativas. Já as famílias que dominam o setor abocanham quase todo o bolo e, comprometidas com o golpe, devem passar a devorá-lo na totalidade”, comenta.

Autor do Blog do Miro, o jornalista critica a atitude de Temer em cortar a verba destinada aos meios alternativos. Para ele, o cenário, que já é de concentração, tende a piorar. “Ao suspender os contratos, Temer escancara a sua intolerância para com a liberdade de expressão e deixa claro: não aceitará divergência durante seu governo”, opina.


Os movimentos populares no Rio-2016

Com os holofotes do mundo apontados para o Brasil, os movimentos populares prometem ocupar as ruas do Rio de Janeiro para reverberar internacionalmente a denúncia do golpe em curso no país. No dia 4 de agosto, véspera da abertura dos jogos, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo concederão entrevista coletiva para a imprensa estrangeira. As Frentes reúnem os principais movimentos sociais brasileiros, de diversas matizes do campo progressista.

O grande ato dos movimentos está marcado para a sexta-feira (5), a partir das 11h, em Copacabana. A bandeira escolhida pelos movimentos é a seguinte: “Fora Temer! Nenhum direito a menos! Contra a calamidade olímpica!”. Mais cedo, às 10h, as “Mulheres pela democracia” realizam protesto na Estação Arco Verde.

Texto original:BLOG DO MIRO

Fonte: o-espinhoso.blogspot.com.br

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Medalha de ouro na roubalheira!
(Ernesto Germano Parés – agosto de 2016)
O Rio de Janeiro foi escolhido para sediar as Olimpíadas de 2016 em outubro de 2009.
Não, não vou debater aqui se foi correta ou não a candidatura ou se a realização das Olimpíadas em nossa cidade será proveitosa e deixará uma “herança” para a população.
Estou escrevendo apenas porque estou abismado com a notícia que acabo de ler em uma página da Internet especializada em matérias sobre o setor de energia elétrica (Portal Ambiente Energia) dizendo que “Light solicita a Aneel Revisão Tarifária Extraordinária para compensar investimento nas Olimpíadas”!
A matéria diz ainda que a presidente da empresa, Ana Marta Horta Veloso, alega que estão “com um pleito de revisão tarifária extraordinária na Aneel, que tem como um dos principais pontos a realização desses investimentos, que são prudentes e seriam feitos pela empresa, mas foram antecipados em função da Olimpíada”.
Isso já seria motivo para um grande protesto, mas a matéria diz ainda que “o processo corre em sigilo, a pedido da própria Light. A distribuidora e a Aneel não revelaram o valor da revisão pleiteada. A expectativa da distribuidora de energia é que a revisão esteja na pauta da reunião semanal da agência reguladora, marcada para o dia 2 de agosto”.
Como assim?
A Light sabia, há sete anos, que haveria necessidade de investimentos. Nada foi feito. Pelo contrário, demitiram trabalhadores e terceirizaram serviços. Agora querem cobrar da população do Rio de Janeiro? Ainda por cima em um processo que “corre em sigilo”?
Desde a sua privatização, em 1996, a Light só prejudicou o povo! Desmandos em cima de desmandos, aumentos absurdos nas tarifas, demissões de trabalhadores, terceirizações de serviços, acidentes e explosões de bueiros, queda de energia e crescimento nos “apagões”!
Agora querem aumento de tarifas por conta das Olimpíadas?
A Light deve estar disputando uma nova modalidade olímpica: ASSALTO AO BOLSO DO CONSUMIDOR! Com o pleno acordo do governo usurpador e ilegítimo que golpeou o Brasil. E, desde já, é candidata ao ouro (nos vários sentidos do termo!)
Roubalheira neoliberal de Temer. No nosso Informativo passado, falamos sobre a venda de um bloco de exploração no pré-sal para uma estatal sueca. Mas ainda não tínhamos o tamanho da roubalheira!
A FUP (Federação Única dos Petroleiros) avalia a negociação como um desastre. Para a organização, ainda que o campo vendesse o barril a US$ 50 dólares, preço do mercado atual em baixa, a expectativa de lucro seria de US$ 5 dólares, já que a Petrobras conseguiu atingir o patamar de custo de US$ 8, muito abaixo da média mundial (US$ 15).
Estima-se que a reserva tivesse em torno de dois bilhões de barris de óleo recuperável, portanto, um lucro de US$ 10 bilhões (R$ 33 bilhões). Para a Petrobras, parte principal no consórcio, caberiam US$ 6,7 bi (R$ 22 bi).
Em rápidas palavras: venderam um patrimônio de 33 bilhões de reais por apenas 8,5 bilhões! Isso lembra os “bons tempos de FHC, quando se vendia a Vale do Rio Doce e outras estatais por ninharia.
Queda na renda do trabalhador. O rendimento médio real habitual do trabalhador brasileiro perdeu 4,2% de seu poder de compra no segundo trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Em junho de 2015, o valor era equivalente a R$ 2.058 (valor corrigido pelo INPC). Ao final do segundo trimestre de 2016, o rendimento ficou em R$ 1.972.
O valor também é 1,5% inferior ao registrado no trimestre encerrado em março deste ano (R$ 2.002, também corrigidos pela inflação). Os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicíli-os (Pnad), divulgados pelo IBGE.
A massa de rendimento real, que é a soma dos rendimentos de todos os trabalhadores, foi estimada em R$ 183,6 bilhões no trimestre encerrado em junho deste ano, representando quedas de 1,1% em relação a março deste ano e de 4,9% na comparação com junho de 2015. Rendimento médio e massa voltaram aos níveis de janeiro de 2013, segundo Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
A taxa de desemprego no país ficou em 11,3% no trimestre encerrado em junho. A taxa é superior aos 10,9% observados em março deste ano e aos 8,3% do trimestre encerrado em junho de 2015. O resultado de junho deste ano é o mais alto da série histórica, iniciada em março de 2012.
Onde está a crise na Petrobras? A produção total de petróleo e gás natural no Brasil em junho bateu recorde, ao totalizar 3,210 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), ultrapassando os 3,171 milhões alcançados em agosto de 2015. O resultado coloca fogo nas discussões sobre a capacidade da Petrobras. Críticos afirmam que a estatal está falida financeiramente e tecnicamente, mas o desempenho – em ambos os campos – comprova que as acusações não têm base na realidade.
Os campos operados pela Petrobras produziram 94,1% do petróleo e gás natural. Outras 23 empresas que dispõem de concessões responderam pelo 5,9% restante.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a produção do pré-sal, oriunda de apenas 59 poços, foi de aproximadamente 1 milhão de barris de petróleo por dia (bbl/d) de petróleo e 38,1 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d) de gás natural, totalizando 1,240 milhão de boe/d, um aumento de 8,2% em relação ao mês anterior.
O campo de Lula, na Bacia de Santos, foi o maior produtor de petróleo e gás natural, produzindo, em média, 519 mil bbl/d e 22,7 milhões de m³/d.
A ANP informou que a produção de total petróleo do país foi de aproximadamente 2,558 milhões de bbl/d, um aumento de 2,9% na comparação com o mês anterior e de 6,8% em relação ao mesmo mês em 2015. A produção de gás natural totalizou 103,5 milhões de m³/d. (Monitor Mercantil, 03/08)
Pão e circo. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a votação da proposta que retira a obrigatoriedade de atuação da Petrobras como operadora única em áreas do pré-sal (PL 4.567/16) deve acontecer na próxima semana, após a análise do Projeto de Lei Complementar 257, sobre as dívidas dos estados.
“Eu tinha nesta semana o PLP 257 e na semana que vem o pré-sal. São as duas pautas econômicas prioritárias. Eu prometi para as primeiras semanas uma pauta econômica”, lembrou o deputado. A primeira parte da pauta já deu errado. Sob críticas de servidores públicos, a votação do PLP 257 foi adiada e, apesar de desmentidos da equipe econômica, o projeto deve ser alterado.
Para Maia, o texto sobre as dívidas dos estados deve somente estabelecer um teto de gastos e deixar para cada ente definir como usar os recursos.
O presidente da Câmara falou que a votação do processo que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não ficará para depois das eleições municipais de outubro: “O ideal é que seja em agosto, mas com certeza não será depois das eleições”, sem conseguir dar uma data precisa.
Segundo ele, a leitura da decisão da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) contra o recurso de Cunha sobre a decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar ficará para a segunda-feira. “Depois a gente vai decidir a data.”
A imprecisão de Maia colide com o Código de Ética da Câmara: uma vez feita a leitura e publicação do parecer do Conselho de Ética, a matéria deverá ser incluída na Ordem do Dia do Plenário dentro de duas sessões, determina a norma. (Monitor Mercantil, 04/08)
Mais sobre a reforma da Previdência. A reforma da Previdência Social também terá como foco mudanças nas aposentadorias por idade (que também exigem um número mínimo de recolhimentos ao INSS, além dos 60 anos, para mulheres, e 65, para homens). A ideia, segundo uma fonte ligada ao grupo que trata do tema, é elevar o mínimo de contribuições, neste caso, dos atuais 15 anos para 20.
A exigência para obter a aposentadoria por idade ainda poderá chegar a 25 anos de contribuição, num futuro breve. Até lá, o governo estuda criar uma regra de transição, exigindo seis meses a mais de contribuição a cada ano, ao longo de dez anos (até chegar dos 20 aos 25 anos). Se a reforma for aprovada, a regra seria modificada no ano seguinte ao da promulgação.
Na semana passada, o governo sinalizou que pretende, com a reforma, criar um regime único de Previdência no país, com as mesmas regras para trabalhadores do setor privado e servidores. Hoje, os empregados da iniciativa privada e os funcionários do setor público são regidos por regras diferentes, assim como os militares. Há ainda os professores, que por terem regime especial, conseguem se aposentar mais cedo do que os demais profissionais.
“Eles” voltaram! Pela primeira vez, desde os governos de Néstor Kirchner (2003-2007) e Cristina Fernández (2007-2015), o FMI está de volta à Argentina e já anunciou que entre agosto e setembro fará um “intercâmbio de informações” com o governo local, conforme estabelecido pelo Artigo IV que obriga todos os países membros a permitir auditorias em seus programas econômicos.
Vale dizer que Venezuela, Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai e Equador haviam rompido com essa exigência e não permitiam que os “auditores” do FMI interferissem nos seus programas econômicos, mas o quadro está mudando e a Argentina, agora, volta a usar a coleira.
Os representantes do FMI, comandados pelo italiano Roberto Caldarelli, já estão em Buenos Aires e passarão alguns dias “dialogando” com funcionários do governo Macri, em especial funcionários do Ministério da Fazenda, do Banco Central e empresários do setor privado.
Após a visita, vão entregar um relatório à direção do Fundo, em meados de outubro, para que a Argentina possa novamente receber empréstimos.
Cristina Fernández denuncia o aumento da pobreza. A ex-presidenta argentina, Cristina Fernández, concedeu nova entrevista alertando para as consequências da política neoliberal de Macri e falou do crescimento da pobreza, do desemprego e da precarização do trabalho.
Ela assegurou que o desemprego está em alta no país e voltou a criticar o tarifaço decretado pelo presidente Macri que, não só retirou os subsídios para as famílias mais pobres, mas aumentou demasiadamente os serviços básicos de uso da população.
Cristina Fernández assegurou que o governo de Macri tenta “distrair as pessoas e esconder a situação econômica” ao manter as acusações de corrupção contra políticos e lideranças de esquerda.
A Argentina, terceira economia da América Latina, sofre agora uma queda em vários setores de sua economia, como construção e indústria, com uma significativa queda no consumo interno em meio a uma inflação de 27% no acumulado do ano! Os sindicatos denunciam cerca de 200 mil demissões no setor privado e no público desde a posse de Macri, em dezembro passado.
Aí está o governo canalha e sua “justiça”! Guardem este nome: Marcelo Martínez de Giorgi. Trata-se do juiz argentino que ordenou a prisão da presidenta da organização Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, de 87 anos!
O “juizinho” safado alega que Hebe de Bonafini está se recusando a responder sobre uma “acusação de supostos desvios de verbas” da organização. Mas a resposta dessa senhora digna e lutadora não ficou barata: “venham me buscar, não me importo”! Em sua declaração, disse: “Quem é esse tal Martínez de Giorgi? Que tome a decisão que quiser, eu não tenho qualquer problema e o estou esperando”!
Imediatamente depois das declarações de Hebe de Bonafini, a Polícia Federal da Argentina tomou a sede da organização “Mães da Praça de Maio” em busca da presidenta. Segundo os policiais, “o juiz decretou a rebeldia da acusada”
Depois da resposta da idosa, líder da organização, dizendo que não iria buscar um advogado e estava pronta para ser presa, o juiz vendido, Matínez de Giorgi, desistiu de interrogá-la, mesmo sabendo que ela estava na sede da organização, acompanhada de uma multidão que saiu às ruas para denunciar a arbitrariedade da medida decretada por Macri.
O governo vendido não esperava tal reação. No mesmo dia, as “Mães de Praça de Maio” realizaram nova marcha e milhares de pessoas saíram às ruas apoiando o movimento.
Dirigindo-se ao povo, disse Hebe: “Tenho muito para agradecer à todas as pessoas que estão se mobilizando. Precisamos denunciar o que este governo está fazendo, libertando militares torturadores e perseguindo lideranças sociais”.
Suspensa ordem de prisão contra líder das Mães da Praça de Maio. O juiz federal argentino Marcelo Martínez de Giorgi resolveu “botar a viola no saco” e suspendeu, na sexta-feira (05) a ordem de prisão contra Hebe de Bonafini. Ele havia ordenado a detenção de Bonafini na quinta-feira (04) após ela ter se recusado a comparecer a duas audiências para tratar do caso de desvio de fundos por meio do projeto social Sueños Compartidos, de construção de moradias populares.
Após a expedição da ordem de prisão, uma multidão se reuniu na Praça de Maio, onde Bonafini se encontrava com outras Mães na vigília semanal realizada pela organização há mais de 30 anos. Os manifestantes formaram um cordão de proteção ao redor de Bonafini e a acompanharam até a sede das Mães da Praça de Maio, diante da qual se postaram para impedir sua prisão. A manifestação popular fez fracassar as duas tentativas da polícia federal de prendê-la, segundo a Télam.
“Não fiquemos tristes, aflitos, calados ou quietos. A mobilização dos povos é o que liberta. As Madres seguiremos nesta posição irredutível, para que não continuem avançando sobre nós. Já fizeram demais em sete meses. Macri, basta”. Eram pouco mais de seis da tarde de quinta-feira (04) quando Hebe de Bonafini falou pela segunda vez no dia a uma multidão que a abraçava.
Um aparato policial, inédito para executar a ordem de detenção de uma mulher de 87 anos, deslocou-se então para a Praça de Maio, na mesma hora em que, desde 1999, as Madres saem para sua ronda histórica. Não puderam cumprir a missão e a notícia começou a se difundir pelo mundo.
“Nos cercaram de policiais, atravessaram um carro na frente da van das Madres, mas saímos por cima. Demos um drible”, contou Hebe, um pouco depois, ao jornalista Víctor Hugo Morales.
“Fizeram uma jogada de Maradona”, respondeu ele.
“Sim, e o povo completou para o gol”, concluiu Hebe.
Macri persegue lideranças sociais. Vale lembrar que o ataque contra Hebe de Bonafini, com 87 anos de idade, não é uma ação isolada do governo neoliberal de Mauricio Macri.
Desde janeiro passado, encontra-se presa a deputada argentina no Parlasul, dirigente da organização Tupac Amaru, Milagro Sala. Ela foi presa em sua residência, na capital da província de Jujuy, e transferida para uma prisão de mulheres por ordem do juiz Raúl Gutiérrez, acusada de “incentivar delitos e tumultos”. O seu marido, Raúl Noro, jornalista, foi preso em julho passado para “investigações”.
Se considerarmos todas as ameaças contra Cristina Fernández e as ameaças de levá-la à prisão, podemos ver o que pretende o governo fascista de Macri.
Enquanto isso... Enquanto persegue uma mulher como Hebe de Bonafini, enquanto mantém presa Milagro Sala sem uma acusação formada, enquanto persegue Cristina Fernández, o governo Macri acaba de mostrar aa sua verdadeira face ao mandar libertar 50 militares condenados por crimes de lesa humanidade cometidos durante a ditadura (1976/1983). Os torturadores e assassinos agora vão cumprir prisão domiciliar, por medida assinada pelo covarde que persegue mulheres lutadoras.
Entre os beneficiados pelas medidas está o ex-general Eduardo Cabanillas, chefe do centro de detenções clandestino “Automotores Orletti”, onde funcionava uma das sedes da Operação Condor, coordenação de inúmeros assassinatos de lutadores no Cone Sul. Ele foi condenado à prisão perpétua, mas agora vai ficar em casa, na boa, por uma “penada” de Mauricio Macri.
O golpe na América Latina está em andamento. O Uruguai deixou a presidência temporária do Mercosul no dia 29 de julho, passado. Pelos Estatutos da entidade, a Venezuela deveria assumir a presidência no dia seguinte, mas o golpe montado por Washington está em andamento e alguns países capachos não querem aceitar a passagem.
O chanceler do Paraguai, Eladio Loizaga, disse que seu país não reconhece a Venezuela como líder da organização. O jornal argentino Clarin (um dos principais apoiadores da campanha de Macri), citando uma fonte oficial do Governo da Argentina, noticiou que seu país também não reconhece a presidência venezuelana. Vale lembrar que o governo paraguaio é ilegítimo, como o brasileiro, depois de um golpe contra o presidente eleito Fernando Lugo.
Enquanto isso, o governo golpista do Brasil também demonstra que está a serviço de Washington. José Serra, ministro das Relações Exteriores do governo interino do Brasil, afirmou na terça-feira (02) que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, “não tem condições” de presidir o Mercosul.
Serra disse que o governo interino acha “razoável” a proposta argentina de criação de uma comissão de embaixadores dos países-membros para dirigir o Mercosul “informalmente” até o fim do ano, quando deveria acabar o mandato venezuelano e começar o mandato argentino na Presidência rotativa do bloco.
“Não podemos ficar presos a situações absurdas de um país que não é uma democracia”, disse Serra. “Não dá para desviar a atenção de aspectos tão importantes da integração econômica em função da dinâmica dos problemas de um governo autoritário na Venezuela”, afirmou, lembrando a proposta do governo interino de doar medicamentos ao país sul-americano e dizendo “torcer para que haja entendimento nacional na Venezuela”.
No Japão, morrer de trabalhar. Em 1994, quando escrevi sobre “Os efeitos do neoliberalismo para a classe trabalhadora”, já alertava para um fenômeno moderno que assustava a área médica do Japão: o Karoshi, ou “morte por excesso de trabalho”. O problema acabou ganhando uma nomenclatura no código de doenças e passou a ser reconhecido internacionalmente.
Agora nos chegam novas notícias do Ministério do Trabalho japonês dizendo que, em 2015, foram registradas 189 mortes naquele país por “fadiga laboral extrema” e os registros de doenças associadas ao karoshi chegaram a 2.310 casos. Mas os especialistas japoneses acreditam que os casos são muitas vezes superiores e estão sendo maquiados pelos registros das empresas.
Itália permite uma base dos EUA para atacar a Líbia. O governo italiano autorizou que aviões dos EUA utilizem a base aérea de Sigonella, ao norte da Sicília, para bombardear a Líbia sob o pretexto de “combater o terrorismo”.
Segundo a ministra de Defesa italiana, Roberta Pinotti, esta é uma maneira de contribuir para que termine de forma mais rápida e efetiva a ofensiva da OTAN em território líbio.
Queda de braço no mar. A disputa marítima entre China e EUA pelo controle do Mar Meridional é cada vez mais preocupante. E isto mostra a importância das atuais manobras militares realizadas pela Rússia e pela China que tiveram início na sexta-feira (05).
O ministro de Defesa chinês, Chang Wanguan, conclamou o Exército, a Polícia e a população para “prepararam-se para uma guerra popular no mar”, referindo-se ao mar da China Oriental, território que é disputado com o Japão, e o mar da China Meridional, em disputa com os EUA.
E é exatamente neste último, no Mar Meridional, que acontecerão os exercícios militares russo-chineses intitulados “Interação Naval – 2016”. Foram cinco manobras conjuntas, nos últimos quatro anos, mas este é o primeiro no Mar da China.
Na verdade, China e Rússia não são oficialmente aliados, mas estão demonstrando cada vez mais interesses em manter objetivos comuns e que estão dispostos a trabalhar para contrabalançar a pressão estadunidense no planeta.
Segundo especialistas militares, com a Rússia dominando o Mar Negro, e a China, construindo ilhas artificiais no Mar Meridional, os EUA estão enfrentando uma crescente ameaça nos mares. “Pela primeira vez, em 25 anos, a Marinha dos EUA se enfrenta com uma concorrência forte no mar”, disse o contra-almirante estadunidense Michael C. Manazir em um encontro sobre segurança realizado pela Comissão de Serviços Armados da Câmara dos Deputados.
Dólar em queda? Segundo a agência avaliadora Morgan Stanley, o dólar deverá cair em torno de 5% nos próximos meses e a Reserva Federal dos EUA deverá aumentar as taxas de juros brevemente.
O diagnóstico está baseado em uma nota publicada pelo chefe de Estratégia Monetária da entidade, Hans Redeker, ao dizer que “estamos bastante pessimistas, antes de tudo, no que diz respeito aos índices que mostrarão que a economia dos EUA durante os próximos meses que demonstram uma tendência de queda na demanda doméstica”.
Segundo o informe, o dólar já teve uma queda de 1,3% depois que o Departamento de Comércio informou que o PIB cresceu apenas a metade do que era esperado no segundo trimestre do ano.
Abrindo as portas para novos assassinatos. É muito curiosa a política estadunidense com as questões de violência interna: quando acontece um massacre em uma escola, matando crianças e professores, fazem uma encenação mundial pedindo solidariedade e “momentos de oração pelas vítimas”; por outro lado, fazem feiras de armas e os grandes fabricantes produzem armas especiais para crianças.
Agora, nesta semana, ficamos sabendo de mais uma medida que demonstra que a indústria de armamentos realmente manda no governo daquele país: o estado do Texas, no sul dos EUA, acaba de promulgar uma lei que permitirá que estudantes maiores de 21 anos possam usar armas no interior dos prédios das universidades públicas. Ou seja, poderão levar pistolas e revólveres para as salas de aulas e todas as demais dependências escolares, incluindo os estacionamentos.
O que esperam com isso?
Opera Mundi publica série especial sobre prisioneiros políticos nos Estados Unidos. Série é composta por quatro blocos com reportagens feitas pelo jornalista Breno Altman, que esteve em 17 cidades dos EUA e entrevistou mais de 40 pessoas, entre advogados e líderes de organizações humanitárias. Toda a matéria pode ser encontrada em http://operamundi.uol.com.br/
ESTADOS UNIDOS OCULTAM INFORMAÇÃO SOBRE PRESOS POLÍTICOS
Dos 54 condenados identificados por organizações de direitos civis, maior parte vem de minorias raciais e está encarcerada há mais de 40 anos
O diplomata Andrew Jackson Young foi figura de destaque quando Jimmy Carter governava os Estados Unidos, entre 1977 e 1980. Nascido em Nova Orleans, negro e democrata, iria completar 45 anos quando assumiu o posto de embaixador nas Nações Unidas. Era este o cargo que desempenhava quando deu, em julho de 1978, célebre entrevista ao jornal francês Le Matin. “Ainda temos centenas de pessoas, em nossas cadeias, que poderia classificar como prisioneiros políticos”, afirmou Young, a respeito de ativistas que tinham sido encarcerados nos anos 60 e 70.

Os Estados Unidos continuam a ocultar que mantêm presos políticos, pois não fica bem para a imagem de uma nação que se autoafirma líder do mundo livre e democrático. Aliás, que explica a ação de seus tanques e aviões ao redor do planeta como exportação da liberdade. Das centenas de presos reconhecidos pelo ex-embaixador, algumas dezenas ainda permanecem em calabouço. Muitos morreram ou cumpriram suas penas. Mas novos dissidentes foram capturados ao longo do tempo.

ANASTASIA, SÍMBOLO DA HIPOCRISIA, FOI DELATADO

Anastasia, símbolo da hipocrisia, foi delatado

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) é um dos governadores delatados por Marcelo Odebrecht, em Curitiba.

Segundo o empreiteiro, o ex-governador de Minas também recebeu recursos de caixa dois durante sua administração, em que a Odebrecht participou de obras relevantes, como a construção da Cidade Administrativa, nova sede do governo estadual.

Relator do impeachment, e braço direito do senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato que perdeu última disputa presidencial e não aceitou o resultado, Anastasia produziu um relatório que propõe a cassação da presidente Dilma Rousseff pelas chamadas "pedaladas fiscais."

Questionado, Anastasia se limitou a dizer que desconhece o teor da delação de Marcelo Odebrecht, segundo informa o colunista Lauro Jardim.

Num artigo recente, o jornalista Janio de Freitas afirmou que nunca se viu tanta hipocrisia no Brasil como em 2016 e disse que Anastasia é seu símbolo maior.

"As 441 folhas do relatório do senador Antonio Anastasia não precisariam de mais de uma, com uma só palavra, para expor a sua conclusão política: culpada. O caráter político é que explica a inutilidade, para o senador aecista e seu calhamaço, das perícias técnicas e pareceres jurídicos (inclusive do Ministério Público) que desmentem as acusações usadas para o impeachment", escreveu Janio (leia aqui). "Do primeiro ato à conclusão de Anastasia, e até o final, o processo político de impeachment é uma grande encenação. Uma hipocrisia política de dimensões gigantescas, que mantém o Brasil em regressão descomunal, com perdas só recompostas, se o forem, em muito tempo – as econômicas, porque as humanas, jamais."


Há algo podre na república das bananas

04/08/2016 10:57 - Copyleft

Há algo podre na república das bananas

O Parlamento caiu ao menor nível de credibilidade, o comando improvisado do Executivo é uma farsa e o Judiciário olhando a banda passar.


José Carlos Peliano*
Anderson Riedel
 
Ao eleger os representantes políticos, nós o povo, eleitores, conscientes ou não de nossos votos, fazemos uma dupla aposta. Na verdade, supomos que funcione o sistema político instituído como também esperamos que os candidatos eleitos sejam, no mínimo, honestos, capazes e combativos.
 
Um cidadão comum que procura viver nesse mundo, conturbado por todos os lados, como de praxe, precisa trabalhar e ganhar sustento para si e/ou sua família. Seus deveres humanos, sociais e políticos já lhe cobram desde que começa a se entender como gente. Adulto digno e responsável.
 
Assim, ou quase isso, se espera de todos nós, um país que nos acolha como habitantes e cidadãos para que o construamos, cada um a sua maneira, e o levemos a ficar suficientemente saudável e acolhedor. Pelo menos no sentido de que nossos direitos básicos sejam atendidos.
 





A história humana de milênios nos mostra, no entanto, a dificuldade de que esse modelo ideal prevaleça. Embora tão simples, singelamente fácil de entender e cumprir, o dever de casa nunca é feito do jeito que é minimamente necessário.
 
Fiquemos na época contemporânea. A globalização trouxe a padronização da produção, dos serviços e dos comportamentos exigidos dos trabalhadores e consumidores diante do mercado. O que era nacional passou a ser também mundial, pelo menos a parte dos grandes capitais, a qual, ao fim e ao cabo, representa o maior quinhão de cada país.
 
Mas como as relações econômicas transformam as relações sociais e humanas, no frigir dos ovos podemos afirmar com alto grau de certeza que vivemos num mercado mundializado. Decisões econômicas no estrangeiro afetam os negócios nacionais. Turbulências sociais igualmente seguem o mesmo rastro.
 
Ao cidadão hodierno, portanto, seus deveres humanos, sociais e políticos se transfiguram no modus operandi da globalização. A padronização econômica exige comportamentos previsíveis de todos nós em quaisquer regiões e países. Caso contrário, nossas terras habitáveis perdem a vez e a voz. Ficam de lado, sem expressão, protagonismo, lugar.
 
Mas para sermos expressivos, protagonistas e soberanos nos cabe mostrar as credenciais. Entre elas, uma economia forte e diversificada, uma sociedade democrática e educada, uma renda nacional bem distribuída, uma representação política digna, saudável e confiável, uma justiça realmente justa e legal, uma mídia informativa, isenta e bem informada.
 
Não é fácil, nem imediato, mas possível e defensável. Pode até ser invisível aos olhos, como diria Saint-Exupéry, mas não às contas, isto é, quanto se distribui entre educação, saúde, saneamento, preservação ambiental, soberania tecnológica, entre outros. A cara do orçamento de um país pode indicar para onde ele segue na rota do desenvolvimento humano, social e econômico. O mais é conversa para boi dormir.
 
Pois o desgoverno interino atual do Brasil retirou recursos consideráveis da área social, além de criar um déficit colossal nas contas públicas por medidas inoportunas e regressivas. Os mais desprotegidos serão castigados enquanto a maior parte de nós pagará pelo buraco fiscal através de aumento de tributos, redução da renda e que tais. Os ricos, mais uma vez, continuarão privilegiados.
 
Ao tempo em que é vendida uma parte significativa do Pré-Sal, rompendo a soberania nacional na produção do petróleo, além de ser enfraquecida a Petrobras, destruída a participação brasileira no Mercosul e alinhado indiscriminadamente com os polos econômicos hegemônicos e opressores mundiais.
 
O que não é novidade, pois vários outros analistas já discorreram sobre esses desmandos e absurdos. O ponto a ser ressaltado aqui é outro. Onde é que fica o mínimo de senso crítico exigido de pessoas ditas normais e civilizadas? Como é que uma turma tapa-buraco no governo, buraco criado pelos próprios, desfaz tudo o que vinha sendo feito, humanamente respeitável, socialmente aceitável e economicamente razoável?
 
A nossa república das bananas está sendo desconstruída econômica, política e socialmente por irresponsáveis, oportunistas e golpistas. A podridão se alastra pelo judiciário onde parte dele se mostra conivente, parcial e injusta. Sem falar na mídia que rasteja pelos dutos da mentira, falsidade e desinformação.
 
Esta página negra de nossa história, como diz a canção popular, mostra que votos não valem nada ou valem somente para legitimar uma representação político-partidária que manda e desmanda apoiada em tramas, conspirações e golpes.
 
O Parlamento caiu ao menor nível de credibilidade, o comando improvisado do Executivo uma farsa, o Judiciário olhando a banda passar, a mídia escolhendo as melhores notícias para enganar o povo, este, coitado, mais uma vez, sem meios de refazer tudo isso, a não ser protestar nas ruas.
 
Sim, protestar nas ruas é hoje imperativo, mais do que nunca. Mas também nas fábricas, nas escolas, nas repartições públicas, nos foros, em todos os locais onde se possa mostrar a indignação, o inconformismo e a impaciência com o estado destruído de coisas.
 
Que se restaure a dignidade, o respeito ao próximo e às urnas, a cidadania plena, a confiança nas instituições! Enquanto houver a desobediência do estado e do governo em relação ao povo, que este faça o mesmo e pratique então a desobediência civil. O pior do erro é se locupletar dele e continuar desvirtuando a boa fé do outro.
 
Nesses dias volta ao Senado a encenação da pantomina do impedimento da Presidenta. Que os seus eleitores e mais outros indignados se juntem para lutar pela recuperação do direito e da justiça já que os encarregados não estão cumprindo seus deveres à altura. É hora de retomar o sentido da democracia tão ultrajada e desonrada nesse país.
 
Também as Olimpíadas é um bom lugar e veículo para se movimentar agora contra os desmandos de toda ordem que se alastram Brasil afora. Ou retomamos   as rédeas da normalidade democrática ou a anormalidade democrática vinga e toma conta das rédeas da nação. Fora corruptos, golpistas, hipócritas, o país é maior que vocês!
 
*colaborador da Carta Maior
 


Créditos da foto: Anderson Riedel

A Luta pela Direita

04/08/2016 11:40 - Copyleft

A Luta pela Direita

Toda defesa escancarada de temas como tortura, estupro, homofobia, privatização do ensino e da saúde públicas já são em si derrotas infligidas à esquerda.


Martonio Mont'Alverne Barreto Lima; Vinícius Madureira Maia
Rovena Rosa / Agência Brasil
– Ousarei
Perturbar o universo?
(T. S. Elliot)









Há que se dar contexto ao polêmico editorial de O Globo, do último dia 24/07/16, em que se proclama o fim do ensino público gratuito no Brasil, tido por “injusto” já desde o seu título. 

“(...) Para combater uma crise nunca vista, necessita-se de ideias nunca aplicadas. Neste sentido, por que não aproveitar para acabar com o ensino superior gratuito, também um mecanismo de injustiça social? Pagará quem puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal. Funciona assim, e bem, no ensino privado. E em países avançados, com muito mais centros de excelência universitária que o Brasil. (...)”

Como tal notícia estaria ainda relacionada com o projeto de lei n° 193/2016, a definir a “Escola sem partido”? Trocando em miúdos, este PL objetiva proibir ao docente a realização de propaganda político-partidária em sala de aula e a incitação de seus alunos a participar de manifestações, atos públicos e passeatas (art. 5°, inc. III)?

Em meados de 2010, quando o governo inglês promoveu um corte maciço no orçamento da educação superior, o então Ministro das Universidades e Ciências, David Willetts (político e teórico do tal “conservadorismo cívico”), foi a público defender, além da suspensão de bolsas concedidas a professores, a triplicação dos custos das anuidades para os estudantes britânicos –– sistema de taxação supostamente “mais justo” ––, insinuando ainda que todos os cursos de graduação seriam pagos muito em breve, à exceção das grades curriculares eminentemente STEM (science, technology, engineering and mathematics). Pouco meses depois, o mesmo Willetts presidiu a publicação do Lord Brownie’s Report, a qual, entre outras medidas, sinalizou cortes de até 80% no orçamento da educação do Reino Unido.

Ano passado, o próprio Ministro da Educação do Japão recomendou às 86 universidades nacionais a adoção urgente de medidas no sentido de abolir os currículos acadêmicos de ciências sociais e humanas em prol de áreas do conhecimento que contemplem o que seriam as reais necessidades da sociedade.

Para Martin McQuillan, a ideia subjacente é de que o Estado passará a não mais investir nessas áreas do conhecimento, e os indivíduos que queiram se dar o luxo de estudá-las deverão se contentar e pagar por elas (“The Privatisation of the Humanities”); é a própria privatização do “uso público da razão” kantiano, em grau abstrato.

Tais episódios se circunscrevem nas difusas consequências desencadeadas, no início do milênio, pela reforma do ensino superior da União Europeia a partir do Processo de Bolonha, cujo mote reside na pragmatização da especificidade do ensino, voltado à produção cada vez mais ampla de um conhecimento socialmente útil a uma rica gama de seekers (empresas, setor público, organizações sem fins lucrativos etc.), em detrimento da formação clássica dos cidadãos de outrora, hoje solversdotados de empregabilidade e internacionalmente competitivos, melhor apropriados na (e pela) dinâmica do capitalismo econômico global.

Não é com dificuldade que se encontram hoje os preceitos e objetivos bolonheses também aninhados entre as finalidades estatutárias das universidades brasileiras, UFC (art. 4°, alínea “d”) e UECE (art. 29, inc. V) inclusas, para citar aqui apenas as instituições de ensino superior de maior relevo para o público cearense.

Com quase um século de antecipação e a experiência e a autoridade precoce de quem também fora, aos 24 anos de idade, professor universitário catedrático, um reconhecido filósofo europeu denunciou o escândalo dessa “nova” perspectiva tectogógica: 

“O inteiro sistema de educação superior da Alemanha perdeu o mais importante: o fim, assim como os meios para o fim. Esqueceu-se que educação, formação é o fim. (...) –– O que as “escolas superiores” da Alemanha realmente alcançam é um brutal adestramento, a fim de, com a menor perda possível de tempo, tornar útil, utilizável para o Estado um grande número de homens jovens. (...) –– A ninguém mais é dado, na Alemanha de hoje, proporcionar aos filhos uma educação nobre: nossas escolas “superiores” são todas direcionadas para a mais ambígua mediocridade, com seus professores, planos de ensino, metas de ensino. E em toda parte vigora uma pressa indecente, como se algo fosse perdido se o jovem de 23 anos ainda não estivesse “pronto”, ainda não tivesse resposta para a “pergunta-mor”: qual profissão?”

E mais adiante, noutra seção do mesmo livro, Nietzsche fez a seguinte observação: “Qual a tarefa de todo ensino superior? –– Fazer do homem uma máquina.”

A essa altura, parece impossível ignorar a mensagem sub-reptícia que os tecnocráticos estatais e os burocratas à frente do poder mal disfarçam quando dessas tomadas de decisão: “essas reformas não seriam a prova manifesta de que quem está no poder conhece muito bem o potencial subversivo dos raciocínios teóricos aparentemente “inúteis”?”. A indagação é de Slavoj Zizek.

Não é emblemático, pois, que o programa “Escola sem partido” tenha eleito como seu antípoda o autor do clássico “Pedagogia do oprimido” (1974), justamente quem mais advogou a educação enquanto ato político indissociável do processo de ensino, insurreto contra o assim chamado modelo bancário de aprendizagem?

Esses dias, ao lado de “Conde Gramsci”, o educador Paulo Freire foi curiosamente apelidado de Nosferatu pelo coordenador desse mesmo movimento, o advogado Miguel Nagib: ambos os intelectuais sugariam com os dentes a independência do espírito estudantilA invocação dos mortos-vivos não se dá aqui de modo vulgar ou por acaso, lembra Zizek: no discurso corrente, recorre-se a juízos indefinidos justamente quando se enfeixa esforços de compreensão de fenômenos aptos a solapar diferenças habitualmente estabelecidas (de classe, gênero, raça etc.), tais como aquelas entre os mortos e os vivos.

O inusitado dessa proposta não é exatamente a sua propalada “neutralidade ideológica”, um engodo cuja posição nem de longe evoca o postulado weberiano da liberdade em relação a juízos de valor [Werturteilfreiheit] (ou “neutralidade axiológica”) do conhecimento histórico-social. Até os menos esclarecidos em questões sóciofilosóficas –– os quais recentemente tomaram Engels por Hegel num equívoco icônico de nascença –– também o reconhecem.

Sua problemática consiste paradoxalmente na abertura mesma da arena de disputa ideológica, na qual os agentes sociais envolvidos desde sempre se digladiam pela conferência da narrativa que há de se impor entre as muitas interpretações ideológicas e determinar, por fim, a percepção geral de um determinado momento ou conflito histórico –– por exemplo, no Brasil de 1964, os militares venceram a luta pela explicação da crise político-econômica do governo Jango e, tanto mais, a forma de “superá-la”: sua trama era a trama do perigo iminente da conspiração comunista internacional.

O que está em jogo novamente é a predominância das razões da crise em que o governo Dilma Rousseff enredou-se e as alternativas para dela sair, ora reivindicadas pela mídia conservadora e sobretudo pelo ascendente populismo nacionalista da direita brasileira –– fenômeno político, como se vê, não restrito à Europa Ocidental contemporânea apenas. Neutralidade ideológica deve ser entendida aqui sem rodeios como anulação da oposição, como instrumentalização obscena de atos políticos genuínos com vistas à sua ulterior deslegitimização.

Por isso, não apenas toda defesa escancarada de temas como tortura, estupro, homofobia, anti-imigração, privatização do ensino e da saúde públicas etc. –– todos muito em voga hoje em dia mundo afora ––, mas também a sua mera invocação pseudoinocente, “tolerante”, “não pedante”, como tópicos legítimos de debate, já são em si derrotas infligidas à esquerda e, em última instância, amostras do esvaziamento paulatino dos grandes axiomas da modernidade advindos do ideário iluminista e revolucionário francês mais ou menos integrados ao domínio imediato da substancialidade ética [Sittlichkeit] da sociedade mundial.

É desse embate que nos chega, afinal, a conclamação sóbria e destemida do filósofo esloveno: “Não podemos permitir que a direita defina os termos da luta”. Toda luta pontual é parte de uma única luta ubíqua. Se fraquejarmos aqui, se lhe fizermos qualquer concessão, estaremos fadados a um fragoroso fracasso universal. A “Escola sem partido”, antes de um atentado à liberdade de cátedra, será uma clara vitória do obscurantismo, a impedir que se conheça todas a aventura humana na Terra: com suas vitórias e suas tragédias. E aqui uma infelicidade a constatar: não se pode dizer que é anti-humana, já que partiu de uma mente humana. Mas comprova que, após o holocausto, o homem provou ser capaz de qualquer coisa.


Créditos da foto: Rovena Rosa / Agência Brasil