sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sebastião Salgado diz que impeachment é golpe de estado imoral

Sebastião Salgado diz que impeachment é golpe de estado imoral

mediaO fotógrafo brasileiro Sebastião SalgadoREUTERS/Suzanne Plunkett
O renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, que acabou de ingressar na seção de fotografia da Academia Francesa de Belas Artes, deu nesta terça-feira (19) uma entrevista à rádio France Inter, na qual afirmou que o processo de impeachment contra Dilma Rousseff é um golpe de estado imoral e analisou o legado do PT para o Brasil. Leia abaixo.
Vamos falar primeiramente do Brasil, um país atualmente dividido. De qual lado você está?
Com certeza não estou do lado que deu um golpe de estado. A esquerda chegou ao poder com uma proposta interessante. Durante 400 anos tivemos apenas uma classe dominante no comando do país e, nos últimos 13 anos, houve uma verdadeira redistribuição de renda. São mais de 40 milhões de brasileiros que estavam abaixo da linha da pobreza e que passaram à classe média. Há políticas sociais muito mais interessantes que antes, mas a elite que perdeu o poder tentar voltar de todas as maneiras. Temos uma imprensa de direita que combate o PT. Não sou filiado ao partido, mas não concordo que se elimine a democracia no Brasil através de um golpe de estado imoral.
Você acha que se trata de uma revanche política?
Totalmente. Além disso, a classe que quer voltar ao poder é a classe mais corrupta que podemos imaginar. No mandato anterior de Dilma, houve 1.200 processos contra a corrupção.
O PT mantém suas promessas sociais? O país realmente foi transformado?
O PT não estava realmente pronto para promover mudanças das dimensões propostas. Havia uma base do partido que era corrupta e que teve o mesmo comportamento dos outros partidos. Temos também que cobrar o PT. Mas o balanço é o mais positivo que o Brasil já teve.
O que nós choca aqui na França quando escutamos o termo "golpe de estado" é que não faz muito tempo que o Brasil passou por uma ditadura. É legítimo falar de golpe?
Poderíamos usar outro termo, mas parece um golpe. Estão tentando destituir um governo legítimo e democrático, é a primeira etapa de uma grande luta.
O que você achou do Prêmio Pulitzer dado a fotos de refugiados (dividido entre a agência de notícias Reuters e o jornal New York Times, este com fotos do brasileiro Mauricio Lima)?
Dizem que o fotojornalismo está morto, não é verdade. Ele conta a história. O que eu vejo nessas fotos é o espelho de uma sociedade. Hoje falamos muito de correntes migratórias como se fosse algo novo. Mas elas sempre existiram: a única diferença é que agora elas chegam à Europa. A história é exatamente a mesma.
A história é a mesma, e os dramas humanos continuam. A originalidade das suas fotos é o preto e branco. Por que essa escolha?
Nunca fotografei em cores. A cor provoca uma perda de concentração no momento de fotografar. Podemos dar poder e dignidade com o preto e branco. Desde 1980, trabalho com essa estética.

A legitimidade do impeachment construída pela grande mídia

A legitimidade do impeachment construída pela grande mídia

[Por Mônica Mourão e Helena Martins/Intervozes] A ausência de discussões profundas sobre a situação do país e o excesso de discursos reacionários que vimos no domingo 17 não se restringiram às falas deparlamentares na Câmara dos Deputados. Nos últimos meses, foram recorrentes também nos meios de comunicação brasileiros.
Desde o ano passado, toda uma construção de sentidos veio legitimando a aprovação da admissibilidade do pedido de impedimento da Presidenta Dilma Rousseff. Assim, a “opinião pública” – em essência, a “opinião publicada” pelos órgãos de comunicação hegemônicos –, um elemento essencial deste processo, se mostrou garantida neste jogo.
Não era preciso, portanto, ir muito além neste domingo. Assim, a cobertura do dia da votação foi permeada por uma maior sutileza em relação à exposição dos posicionamentos dos grandes conglomerados midiáticos – seguindo a tendência dos últimos dias, como já tínhamos mostrado neste blog.
Exceções em tom mais agressivo ficaram a cargo de emissoras de rádio como a Jovem Pan, que transmite em cadeia nacional e manifestou sistematicamente, num discurso grosseiro e conservador, seu apoio à queda do governo.
A TV Globo anunciou que acompanharia as movimentações no Congresso Nacional a partir das 9h da manhã. Poucos minutos depois, começou a entrar com flashes do jornalismo em meio à programação de esportes e entretenimento.
A partir das 14h, com o início da sessão na Câmara, deu exclusividade à cobertura política. Durante todo o dia, o equilíbrio da reportagem foi bem maior do que no início da crise, quando a Globo atuou como agente político importante, conclamando a população a ir às ruas contra o governo.
Contudo, o equilíbrio pretendido foi apenas aparente. Uma análise atenta permite perceber as artimanhas do discurso. Até o início da votação, ele se baseou principalmente em dois pilares complementares: a defesa da legitimidade do processo de impeachment e das manifestações de rua a favor da derrubada da Presidenta.
Logo em sua primeira participação, Alexandre Garcia tratou da derrubada de Fernando Collor, comparando os dois processos. Segundo o jornalista, desta vez, houve bem mais tempo entre o pedido de saída da Presidenta e sua análise pela Câmara do que ocorreu com Collor, em 1992.
Garcia também afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) legitimou o processo, ignorando as opiniões contrárias de dezenas de juristas que defendem não haver motivos legais para o impedimento de Dilma e o fato de o Supremo ter se debruçado sobre o rito e não sobre o mérito da questão.
Mais tarde, destacou os atos pró-impeachment, dizendo que “a cidadania está nas ruas, mostrando que não fica em casa pra ver a banda passar”. As “ruas” foram identificadas com uma parte dos manifestantes apenas, constituindo mais um argumento a favor da legitimidade da mudança no comando do país.
Ao longo das entradas ao vivo dos atos, os milhares de manifestantes que saíram às ruas em todo o país contra a medida foram caracterizados como ligados a partidos políticos, à base aliada do governo, a centrais sindicais e ao PT (representado pela cor vermelha, ignorando que o simbolismo político dela é mais amplo e anterior à existência deste partido).
Na manhã da segunda 18, a manchete na capa do portal d’O Globo era nítida: “Manifestantes contra Dilma comemoram; petistas choram”. Dessa forma, a legitimidade das “ruas” foi construída de acordo com a agenda política da emissora, que optou inclusivepor invisibilizar setores críticos ao governo, mas que protestaram em defesa da democracia.
Cobertura rasa
A estratégia do Grupo Globo, seguida por boa parte da mídia brasileira, também se manifestou na cobertura rasa dos fatos e na ausência de jornalismo de fato. Registros dos atos e de declarações de deputados foram abundantes. Não se viu, contudo, apuração, investigação, contextualização e problematização do processo em curso.
Os argumentos que embasam o pedido de impeachment não foram apresentados, muito menos os de sua defesa. Nenhum convidado externo – nem mesmo um “especialista” alinhado ao posicionamento da Globo – foi convidado a discutir a situação do país.
Ao longo de toda a manhã, a GloboNews, principal canal jornalístico do país, se limitou a acompanhar atos favoráveis e contrários ao impeachment em diversas cidades, na cobertura comandada por Leilane Neubarth e Raquel Novaes. Uma vez mais, a escolha dos ângulos das imagens, em geral, favoreceu o primeiro grupo. Imagens muito abertas ou muito fechadas do ato em Copacabana contra o impeachment deram a entender que a quantidade de presentes era menor do que a realidade.
No Salão Verde da Câmara, após uma das entrevistas de Cristiana Lôbo com deputados, ao falarem dos parlamentares indecisos, Novaes chegou a questionar se a indecisão era porque eles não teriam chegado a uma conclusão jurídica ou se, de fato, o processo estava completamente “politizado”. A pergunta ficou sem resposta.
Apesar da crise profunda que vivemos, a política foi reduzida pelos meios de comunicação a artimanhas de bastidores e o processo do impeachment, a uma troca de ocupantes da cadeira. Assim, a suposta imparcialidade escondeu, na verdade, a escolha de não aprofundar a análise do fato e de suas implicações para o presente e o futuro do país.
A mesma abordagem tem marcado a cobertura do dia seguinte à votação. Os principais canais de TV insistem apenas em recuperar os números e movimentações que ocorreram no domingo e a descrever as próximas etapas do afastamento, agora no Senado. As críticas, uma vez mais, ficam a cargo da imprensa internacional.
O conservador La Nación, da Argentina, falou em “vergonhosa tentativa de golpe”. OPágina 12 tamém destaca, na capa desta segunda, a ocorrência de um golpe, anunciado em letras garrafais na edição. A votação de domingo é definida assim: “em um virtual golpe institucional, a Câmara dos Deputados do Brasil, presidida pelo político mais denunciado por corrupção, aprovou o impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff”.
Cunha protegido
Se lá fora a ficha corrida de Eduardo Cunha é considerada um elemento central deste processo, por aqui ela está longe de ganhar destaque. A TV Globo, antes da votação, cuidou de contextualizar seletivamente as figuras políticas envolvidas no jogo. Enquanto o líder do governo José Guimarães (PT) mereceu uma associação ao irmão José Genoíno, condenado no processo do mensalão, o presidente da Câmara não teve sua reputação posta em xeque.
William Bonner chegou a lembrar que ele é alvo de processos, mas sem explicar quais ouinformar que já há provas contundentes de corrupção praticada por Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal e investigado pela Comissão de Ética da Câmara. Afinal, colocar dúvidas sobre quem conduz o processo de impeachment seria questionar a própria legitimidade da ação contra Dilma.
A imprensa escrita também aliviou para Cunha. Em matéria da Folha de S. Paulo que detalha biografias de participantes dos processos de Collor e de Dilma, Cunha é descrito como “presidente da Câmara dos Deputados, acolheu pedido de impeachment contra Dilma após ter perdido apoio do PT contra sua cassação”.
Já Dilma é a “acusada de ter praticado as pedaladas fiscais, entre outros” e Lindberg Farias é “senador (PT-RJ) investigado pela Operação Lava Jato, é um dos defensores de Dilma; afirma que o impeachment é ‘golpe’”.
Ao olharmos para a imprensa internacional, a diferença de abordagem fica clara. Nos últimos dias, The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post, os três principais jornais americanos, destacaram as acusações que pesam contra aqueles que conduzem o processo de impeachment, especialmente Eduardo Cunha.
Nesta segunda, o britânico The Guardian, ao comentar a derrota do governo, não apenas citou corruptos como Cunha, Paulo Maluf e vários outros deputados que votaram contra Dilma quanto destacou o teor reacionário de suas falas.
“Numa noite escura, o ponto mais baixo foi quando Jair Bolsonaro, um deputado de extrema direita, dedicou o seu voto ‘sim’ à Carlos Brilhante Ustra, um coronel que chefiou a unidade de tortura do Doi-Codi contra a ditadura. Rousseff, uma ex-guerrilheira, estava entre os torturados”, escreveu o correspondente, fazendo críticas a diferentes partidos políticos brasileiros.
Depois das falas ouvidas neste domingo na Câmara, está claro que os desafios colocadossão enormes. Um deles, até hoje não efetivado, embora reivindicado historicamente, é umamudança estrutural no sistema de comunicação do país. Ou enfrentamos esse debate, mesmo em meio à crise, ou não garantiremos qualquer diversidade de vozes e opiniões na mídia, e o poder da liberdade de expressão seguirá nas mãos de poucos.
Outras vezes veremos a democracia ser atropelada pela articulação de instituições que se valem de seu poder político, econômico e simbólico para definir os rumos da vida coletivado país. O Brasil acordou hoje mais cinza. E isso se deve também à ausência de reformas e à atuação dos meios de comunicação no jogo político.
* Helena Martins e Mônica Mourão são jornalistas e integram o Intervozes. Colaborou Iara Moura.

Na Venezuela, Evo Morales se reúne com Nicolás Maduro para falar sobre golpe no Brasil

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Presidente venezuelano pediu ao mandatário da Bolívia, que encontrará Dilma na conferência da ONU em Nova York, que transmita sua 'solidariedade' à brasileira
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O presidente da Bolívia, Evo Morales, fez nesta quarta-feira (21/04) uma escala na Venezuela em sua viagem a Nova York. Morales participou de um encontro com o mandatário do país, Nicolás Maduro, no qual conversaram sobre o processo de impeachment contra Dilma Rousseff, que foi qualificado como "golpe de Estado".
Agência Efe/Palácio Miraflores

Durante encontro, Evo Morales e Nicolás Maduro avaliaram situação da América Latina, especialmente caso brasileiro
Na reunião, segundo Maduro, eles avaliaram a situação da América Latina diante da “investida” da direita contra movimentos progressistas, especialmente o processo contra Dilma Rousseff.
"Estivemos conversando largamente (...) estivemos avaliando a situação da América Latina, toda esta investida da direita (...) o golpe de estado contra a presidente Dilma e estivemos falando da mudança climática também", disse Maduro no Aeroporto Internacional Simón Bolívar de Maiquetía, onde se reuniu com Morales antes que o presidente boliviano seguisse rumo a Nova York.
Morales chegou a Caracas acompanhado do chanceler boliviano, David Choquehuanca, e ambos foram recebidos pela chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez.
Nos Estados Unidos, Evo participará, junto com Dilma e outros chefes de Estado, da cerimônia de assinatura do Acordo de Paris sobre Mudança do Clima, que envolve metas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa por parte dos países signatários.

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"Ele [Morales] vai conversar com ela [Dilma] e pedi que lhe transmitisse toda minha solidariedade", declarou Maduro.
Assessores da Presidência da República do Brasil informaram à agência de notícias Reuters que, durante seu discurso na sede da ONU, a presidente deverá falar sobre seu processo de impeachment, ao qual se refere como um "golpe" contra um governo democrático e legítimo.
No domingo (17/04), a oposição na Câmara dos Deputados do Brasil reuniu os 342 votos necessários para que prossiga o processo de impeachment contra Dilma, que agora é analisado pelo Senado.
(*) Com Agência Efe

Copppal rechaça 'golpe institucional' contra Dilma Rousseff

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Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina e Caribe diz que 'rejeita toda tentativa desestabilizadora para minar a democracia no Brasil'

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A Copppal (Conferência Permanente de Partidos Políticos da América Latina e Caribe) rejeitou, nesta terça-feira (19/04), o que qualifica como um “golpe institucional” contra a presidente brasileira, Dilma Rousseff.
Antonio Augusto/ Câmara dos Deputados

Segundo Coppal, golpe institucional "é um fato que afeta toda a região"
Por meio de uma nota lida pelo vice-presidente da entidade, Francisco Rosales, em Manágua, capital da Nicarágua, a Coppal afirma que “rejeita toda tentativa desestabilizadora para minar a democracia no Brasil”.
De acordo com a nota, a América Latina promove “uma integração regional sem precedentes, com plena autonomia e determinação”, que contribuíram na luta contra a pobreza e a geração de empregos.

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No comunicado, a entidade diz que seus membros estarão "alertas" para qualquer tentativa de “desconhecimento das expressões do voto popular”.
A Copppal, que agrega cerca de 60 partidos de esquerda, declarou que um golpe institucional "é um fato que afeta toda a região", como ocorreu em 2009 em Honduras, com a destituição de Manuel Zelaya, e em 2012 no Paraguai, quando Fernando Lugo sofreu impeachment no Congresso do país.
No domingo (17/04), a Câmara dos Deputados aprovou o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff e encaminhou a questão ao Senado, que analisa o pedido.

'Sistema político brasileiro não está à altura do país', afirma ex-presidente uruguaio José 'Pepe' Mujica


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Em entrevista à revista Búsqueda, Mujica disse que considerou 'fato trágico' que maioria dos deputados tenha aprovado "com alegria" impeachment de Dilma
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O senador e ex-presidente do Uruguai José 'Pepe' Mujica afirmou que “o sistema político brasileiro não está à altura do país", em entrevista publicada nesta quinta-feira (21/04) no site darevista uruguaia Búsqueda.
Efe/arquivo

Para Pepe Mujica, é “um fato trágico” que a maioria dos parlamentares tenham votado "com alegria" a favor da destituição de Dilma
À publicação semanal, Mujica disse sentir-se “muito preocupado” com o que ocorre no Brasil, onde a Câmara dos Deputados aprovou, no domingo (17/04), um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Mujica contou ter acompanhado de perto a votação e considerou “um fato trágico” que a maioria dos parlamentares tenham votado "com alegria" a favor da destituição de Dilma.
Para ele, o sistema político do Brasil não está “à altura” do país ao qual tenta representar.
“Falo de um sistema político que não está á altura do país que tenta representar. Há um fanatismo, uma cegueira, que não condizem com esse discurso que o vice-presidente [Michel Temer] já preparou e em que pede um acordo nacional. Que tipo de acordo nacional vão encontrar com esse caminho?”, questionou.
De acordo com o ex-presidente, o processo de votação no Congresso “do ponto de vista estritamente legal pode parecer correto, o problema é que passam por cima de uma decisão que a população tomou em seu momento”.
Além disso, disse que Dilma tem sido “bode expiatório” em meio à crise brasileira.

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“Boa parcelas das classes médias nunca veem as contradições que o capitalismo tem, que opera com ciclos de baixa e necessita de bodes expiatórios. Agora estão agarrados no bode expiatório de uma presidente. Em outros tempos eram os judeus ou comunistas, mas esse filme já vimos muitas vezes”, disse.
Mujica afirmou também que, se fosse investidor, evitaria o país. “Hoje não sou investidor e nunca serei, mas pensaria quatro vezes antes de investir no Brasil com o que pode vir”.
Segundo ele, “há corrupção em todos os partidos políticos do Brasil”, o que tem causado “desmoralização junto ao povo”. O risco, disse, é que o atual momento conduza a uma “descrença” em relação à política.
“O que pode ocorrer é que muita gente desacredite na política e não acredite em nada, e uma sociedade que não acredita em nada termina mal”, declarou.

'A traição do Brasil': matéria de capa da The Economist diz que impeachment não resolverá crise econômica

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Revista britânica diz que toda a classe política decepcionou os brasileiros e não apenas a presidente Dilma Rousseff; publicação defende eleições gerais
Em matéria de capa intitulada “A Traição do Brasil”, veiculada nesta quinta-feira (21/04), a revista britânica The Economist afirma que toda a classe política decepcionou os brasileiros e não apenas a presidente Dilma Rousseff. Apesar de acreditar que a possível saída da mandatária não provocará um sentimento de luto entre os brasileiros, a revista afirma que o impeachment não resolverá as crises política e econômica atravessadas pelo país.
“Não foi apenas Dilma que falhou. Toda a classe política decepcionou o país por meio de uma mistura de negligência e corrupção. Os líderes brasileiros não irão ganhar de volta o respeito de seus cidadãos ou superar os problemas econômicos a não ser que seja feita uma meticulosa limpeza”, escreveu a Economist.
Antonio Augusto/Fotos Públicas

Câmara dos Deputados durante votação do processo de impeachment; classe política decepcionou brasileiros, diz Economist
A publicação acredita que a saída para crise política no país seria a realização de novas eleições gerais.

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Capa da revista britânica 'The Economist'
Capa da revista britânica 'The Economist'
Para a publicação, a melhor saída para o Brasil seria a realização de eleições gerais, para que os eleitores tenham a chance de “se livrar de um Congresso Nacional infestado de corrupção”.
“Apenas novos líderes e legisladores poderão realizar as reformas fundamentais que o Brasil precisa”, argumenta a revista.
No entanto, ela reconhece que novas eleições podem tardar a ocorrer, visto que é “improvável” que o Congresso aprove a emenda constitucional necessária para a realização de um pleito geral ou até mesmo presidencial. Assim, “existe uma boa chance de que o Brasil continue condenado a se debater sob a atual geração de líderes descreditados” até as próximas eleições, conclui a publicação britânica.

'Deixemos que comunidade internacional veja novo golpe brasileiro pelo que ele realmente é', diz jornal russo

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'Imbecilidade demonstrada por bando de crianças malcriadas foi chocante', escreveu editor sobre votação pelo impeachment

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O jornal russo Pravda, em artigo assinado pelo editor-Chefe da publicação em português, Timothy Bancroft-Hinchey nesta quinta-feira (21/04), criticou a condução do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados e ressaltou que se trata de um golpe contra a mandatária.
O editor comparou os deputados federais brasileiros a “crianças malcriadas” devido ao comportamento que tiveram durante a votação. O veículo ainda afirmou que os representantes insultam a classe trabalhadora do país.
“Quem assistiu a sessão do último domingo [17/04] ficou chocado com a imbecilidade pueril demonstrada pelo que parecia ser um bando de crianças malcriadas dando um chilique, uma imagem espelhada de macacos de zoológico após bananas serem jogadas dentro da jaula”, disse..

Nilson Bastian/Fotos Públicas

"[Deputados federais] pareciam crianças malcriadas dando um chilique" durante votação, diz jornal russo
Para o editor, que também é colunista da versão em inglês e russo, nenhum dos deputados “elitistas” possuía moral para votar no processo. Bancroft-Hinchey se referiu a Jair Bolsonaro (PSC-RJ)  chamando-o de “porco fascista” por dedicar seu voto a um conhecido torturador da ditadura militar brasileira, o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Assim, o artigo duvidou da legitimidade da Câmara em aprovar a continuação de um processo de impeachment contra uma presidente “eleita democraticamente com mais de 50 milhões de votos e contra quem não há nem um pedaço de prova que aponte para atividade criminal”.

Em Minas Gerais, Pepe Mujica diz temer efeito da crise política brasileira sobre jovens

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“Que legitimidade tem um bando de elitistas que sempre foram privilegiados para julgar uma presidente cujo trabalho e cujo partido [PT] provocou benefícios sociais visíveis para milhões de pessoas? (...) Esta sujeira nojenta, mais suja do que qualquer coisa que nada em qualquer esgoto, tem a audácia de acusar uma presidente democraticamente eleita sem possuir uma única prova contra ela?”, questionou Bancroft-Hinchey.
Por fim, o editor afirma que o posicionamento dos representantes insulta os brasileiros, visto que os deputados não representam a classe trabalhadora, mas falam em nome dela. “Então eles buscam enriquecer aceitando subornos para em seguida falar em nome do povo trabalhador? Querem insultar a população brasileira?”, ponderou o coluninsta.
“Vamos investigar o histórico desses ilustres deputados e publicá-los. Então veremos quem vai rir por último. Enquanto isso, deixemos que a comunidade internacional veja esse novo golpe brasileiro pelo que ele realmente é”, finalizou o autor.

Em Minas Gerais, Pepe Mujica diz temer efeito da crise política brasileira sobre jovens

Em Minas Gerais, Pepe Mujica diz temer efeito da crise política brasileira sobre jovens

'Democracia é falha, mas a pior derrota é o desencanto', afirmou o ex-presidente do Uruguai durante homenagem no Estado
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O senador e ex-presidente uruguaio José 'Pepe' Mujica recebeu, nesta quinta-feira (21/04), em Minas Gerais, o Grande Colar, grau máximo da Medalha da Inconfidência. Durante a cerimônia, comentou que o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff pode ter efeito negativo sobre os jovens, resultando em um desencanto pela política.
Agência Efe

Segundo José 'Pepe' Mujica, que recebeu homenagem em Minas Gerais, "p
ior que as derrotas é este desencanto” 
“Por que digo isso, mineiros? Porque o resultado que pode ter, para as novas gerações, o conflito que está vivendo o Brasil, é que muita gente jovem termine com esta conclusão: a política não serve para nada e são todos iguais. Há que se salvar a política. E não é um problema de um partido. É um problema do Brasil. (...) Pior que as derrotas é este desencanto”, declarou.
"A vida me ensinou algumas coisas. Os únicos derrotados são os que deixam de lutar. Mas vocês têm que saber que não há um prêmio no fim do caminho. O prêmio é o próprio caminho. A nossa luta é muito bela”, disse ele.

Governo do Uruguai manifesta 'preocupação' com processo de impeachment contra Dilma

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Homenagem
O Grande Colar é a maior condecoração de Minas Gerais e é concedido às personalidades que prestaram serviços relevantes ao Estado, ao Brasil ou à humanidade.
A distinção foi entregue a Mujica pelo governador do Estado, Fernando Pimentel (PT), em cerimônia realizada na cidade histórica de Ouro Preto.
 
Mujica foi recebido com honras militares e acompanhou o governador na entrega de flores no monumento a Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
O ex-presidente uruuguaio também participou de um ato que marcou o início da Marcha pela Democracia em Minas Gerais, que sairá de Ouro Preto nesta quarta-feira (21/04) e deverá chegar a Belo Horizonte em 26 de abril.