domingo, 28 de outubro de 2018

LUTO

A democracia está de luto. Isso exige de todos os brasileiros patriotas continuar lutando em prol do desenvolvimento com justiça social e do respeito irrestrito à soberania nacional e ao patrimônio do povo brasileiro. À LUTA!

A ameaça do apocalipse

Política

Opinião

A ameaça do apocalipse

por Mino Carta — publicado 28/10/2018 20h21
Bolsonaro traz uma nova fórmula golpista a evocar os piores aspectos do passado e que faria de todo brasileiro uma cobaia
PAULO WHITAKER /REUTERS
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Os generais apoiam, o Judiciário já se curva. Mas seriam estes os soldados do exército bolsonarista?
Ainda não entendemos se por linhas tortas ou retas o Brasil corre o risco de sofrer um singular golpe dentro do golpe, a confirmar a nossa indiscutível liderança da imbecilidade política mundial. Temíamos que os golpistas de 2016, na ausência de um seu candidato potável, inventassem uma nova exceção para cancelar o pleito.
Prender Lula não era garantia bastante ao projeto posto em prática desde o impeachmentde Dilma Rousseff. Erramos, e lá vem Bolsonaro como avalista da continuidade respaldado por fardados e togados.
As ameaças do capitão, proferidas no vídeo exibido domingo 21 na Avenida Paulista, ecoam sinistramente o tempo em que comunista comia criancinhas, enquanto no ar pairava o anátema: Brasil, ame-o ou deixe-o.
Bolsonaro alude aos “vermelhos”, ou seja, amplia o alvo de quantos haverão de escolher entre o exílio e a prisão, se não for a morte. Simples perceber que “vermelhos” são os crentes da democracia e da igualdade.
Bolsonaro não é um hipócrita, diz o que pensa ao negar os valores democráticos baseados no respeito da diversidade, na prática do diálogo e no livre debate. A se ouvir o tonitruante capitão, a democracia passa a ser sonho impossível de um povo que raríssimas vezes se aproximou dela.
Mas, sejamos claros, Bolsonaro sujeita-se à esperteza marqueteira do seu “Posto Ipiranga”, o economista Paulo Guedes, defensor do neoliberalismo extremado, embora seja sincera a continência à bandeira dos EUA. Não está sozinho na ribalta, exalta-o o apoio dos generais, da ativa e os de pijama.
E logo minimiza a fala do filho que não hesitaria em prender ministros do Supremo para apresentá-lo com um sorriso condescendente como um impulsivo afoito por saber que este Judiciário golpista não justifica qualquer resquício de preocupação.
Não é por acaso que a senhora Rosa Weber surgiu ao lado do general Etchegoyen para anunciar ao País que tudo corre às mil maravilhas no mesmo momento em que Bolsonaro esbravejava na Paulista. Mas que esperar de uma baixíssima Corte que desonra o Brasil, encabeçada por um certo Toffoli?
Ele a pretende sentinela de uma Constituição rasgada em mil pedacinhos, literalmente picada. Esta Justiça desvendada é de longe a principal responsável pelo golpe de dois anos atrás. Poderia ter impedido o impeachment e o governo ilegítimo de Michel Temer, e também os desmandos da Inquisição curitibana, e não lhe faltavam o suporte e os motivos oferecidos pela própria lei. Na rota inversa, estreitou a aliança com as quadrilhas no comando dos outros dois Poderes da República.
Aviada a receita bolsonarista, ganharíamos, nós todos brasileiros, o papel de cobaias de nova fórmula golpista que se conecta com o neoliberalismo a infelicitar o mundo e, de certa forma completa e reforça a anterior, com o retoque do autoritarismo elevado à enésima potência.
Recomenda-se anotar que, a despeito de faltar até agora uma definição mais precisa dos rumos de um governo Bolsonaro, a essência está suficientemente clara, graças aos gestos e às palavras do capitão.
Suas ameaças, proferidas em tom militaresco e português capenga, não deixam dúvidas, sem exclusão do anúncio da liberação do comércio de armas em um país recordista mundial em homicídios, cerca de 64 mil no ano passado.
Conforme esta edição haverá de mostrar, Bolsonaro é profissional do WhatsApp que valoriza a versão em vez do fato. É por aí que a nova prescrição golpista adquire sua inequívoca natureza brasileira: a vitória dos imbecis no auge da era digital.
CartaCapital encara a situação com a tranquilidade de quem cumpriu dignamente a tarefa da sua competência, alicerçada na fidelidade canina à verdade factual, no exercício desabrido do espírito crítico e na fiscalização do poder onde quer que se manifeste.
Quem me iluminou a respeito, décadas atrás, foi um notável redator-chefe do New York Times, que talvez Bolsonaro considere jornal “vermelho”. Quanto a nós, continuamos onde estamos e com os mesmos propósitos a nos conduzirem até aqui.
À mídia sempre alinhada de um lado só nos permitimos dirigir um apelo ao senso de responsabilidade que o momento exige. Do antipetismo midiático brotou a terrificante conjuntura em que precipitamos. No fundo, cabe percorrer o enredo desde o início. Primeiro ato: o lançamento da Lava Jato. Segundo: a reeleição de Dilma. Terceiro: o impeachment, a condenação de Lula, enfim a prisão.
Estamos na véspera do quarto e o termômetro da tensão bate no teto. Neste enredo, a mídia entregue ao seu antipetismo uivante traiu deliberadamente a verdade factual para satisfazer os interesses patronais.
Foi decisiva na manipulação da audiência, mas os seus profissionais chegaram, nesta véspera eleitoral carregada de justificados temores, a perguntar aos seus botões se porventura a ameaça Bolsonaro não os inclui.
O caso da Editora Abril, cuja nau capitânia é Veja, implacável veículo de falsas informações (até agora não entendo por que devemos chamá-las fake news em lugar de mentiras): os filhos de quem levou a editora à ruína fugiram para Miami (e onde mais?) com 10 bilhões de dólares em segurança em paraísos fiscais sem  haver cumprido suas obrigações legais com algumas centenas de empregados.
Quantos leitores, ouvintes, telespectadores acreditaram nas falsas informações e assim fortaleceram sua descrença na política e nos políticos e sua certeza de que era indispensável uma mudança radical?
Sem excluir a possibilidade de naufragar na ilusão, CartaCapital acredita que seria de elevada conveniência para o Brasil se a mídia ocupasse a área abandonada pela mediação e recuperasse a verdade dos fatos. Esperamos haver ainda editorialistas, articulistas, colunistas, analistas, comentaristas que conhecem a diferença entre jornalismo e propaganda.
CartaCapital apoiou o candidato Haddad, mas manteve as críticas a respeito de sua peculiar disposição em tecer o elogio de Sergio Moro, algoz de Lula e primeiro motor do golpe de 2016. Segundo Haddad, Moro prestou um serviço ao levantar o problema da corrupção, embora tenha errado ao condenar o ex-presidente sem provas.
A bem do candidato derrotado, evoco algumas passagens do artigo de Luigi Ferrajoli, um dos mais respeitados juristas europeus, publicado com exclusividade por CartaCapital na edição de 22 de novembro do ano passado.
Declarava-se impressionado negativamente “por três aspectos inconfundíveis de práticas inquisitivas”, desde a confusão entre juiz e acusação, até “a demonização do imputado pela mídia alimentada pelo protagonismo dos juízes”, depois de inserir no permeio a denúncia da “premissa de um procedimento dedutivo que assume como verdadeiras somente as provas que a confirmam e como falsas todas aquelas que a contradizem”.
Ao se referir a Moro, Ferrajoli diz ser claro “que uma similar figura de magistrado é a negação da imparcialidade” ao exercer “um poder despótico” para levá-lo inclusive a antecipar o juízo, prática inaceitável em todos os países civilizados, ao expor “motivos óbvios de abstenção e afastamento do juiz”.
E conclui: “Os princípios elementares do justo processo foram e continuam a ser desrespeitados. As condutas aqui ilustradas dos juízes brasileiros representam, de fato, um exemplo clamoroso daquilo que Cesare Beccaria, no § XVII, no livro Dos Delitos e das Penas, chamou processo ofensivo, em que o juiz – contrariamente àquilo por ele chamado um ‘processo informativo’, onde o juiz é ‘um indiferente investigador da verdade’ – se torna inimigo do réu, e não busca a verdade do fato, mas procura no prisioneiro o delito, e o insidia, e crê estar  perdendo o caso se não consegue tal resultado, e de ver prejudicada aquela infalibilidade que o  homem reivindica em todas as coisas; como ‘se as leis e o juiz’, acrescenta Beccaria no § XXXI, ‘tenham interesse não em buscar a verdade, mas de provar o delito’.
É, ao contrário, na natureza do juízo, como ‘busca indiferente do fato’, que se fundam a imparcialidade e a independência dos juízes, a credibilidade de seus julgamentos e, sobretudo, juntamente com as garantias da verdade processual, as garantias de liberdade dos cidadãos contra o arbítrio e o abuso de poder”.
Quando visitei Lula na excelente companhia de Fernando Morais, dia 11 passado, ele queixou-se do tom baixo da campanha do seu candidato, insistiu na necessidade de atacar o “mercado” e, em relação ao juiz que o condenou sem provas, manifestou-se de maneira pouco parlamentar. Haddad tomou a rota oposta, não sei se com a aprovação de alguns ou muitos companheiros do partido.
Sobra para CartaCapital, e para mim, entre o coração e alma, a tristeza pela prisão do ex-presidente e por seu generosíssimo sacrifício. Trata-se de uma dor funda e inescapável para este amigo de Lula por mais de 40 anos e que esteve ao lado dele nas horas boas e más. Sempre fui lulista conquanto não me tenha filiado ao PT, apesar da insistência de outro amigo, Jacó Bittar. Expliquei que jornalistas têm de manter a independência.
Foi o que me permitiu inúmeras vezes ser crítico do partido e do seu líder, mesmo porque, no caso de Lula, a franqueza é própria da amizade verdadeira. Com ele já lamentei a crença na conciliação, de exclusiva frequentação das elites, a admiração com que prestigiou Meirelles, a Carta aos Brasileiros da campanha de 2002, saída da pena de Antonio Palocci, a demora em agir contra a ameaça do golpe desde a reeleição de Dilma Rousseff. E não faltaram outras situações de discordância.
Quanto ao PT, jamais desisti de registrar que, no poder, portou-se como as demais agremiações no Brasil tidas como políticas. Nada disso impedia que, durante os governos petistas, CartaCapital fosse apontada à execração pública na qualidade de “revista chapa-branca”, e tampouco adiantou demonstrar que outros veículos nativos foram muito mais largamente premiados pela publicidade governista do que a esta semanal que tenho a honra e o prazer de dirigir.
Tão logo tenha autorização para tanto, voltarei a abraçar o velho e caríssimo amigo. Neste momento, ocorre-me a figura de outro grande sacrificado, Getúlio Vargas, mais um qualificado “vermelho” para a lista de Bolsonaro. Duas grandes figuras da história brasileira, unidas no empenho e no sacrifício.

João Paulo Rodrigues: "Não é hora de paranoia e medo; é hora de levantar a cabeça"

RESISTÊNCIA

João Paulo Rodrigues: "Não é hora de paranoia e medo; é hora de levantar a cabeça"

Após vitória de Bolsonaro, dirigente do MST divulgou mensagem de luta à militância

Brasil de Fato | São Paulo (SP)
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O dirigente nacional do MST, João Paulo Rodrigues / Foto: Guilherme Santos/Sul21
João Paulo Rodrigues, dirigente nacional do MST, divulgou, na noite deste domingo (28), por meio das redes sociais, um recado de motivação à militância de esquerda após a vitória do candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno das eleições presidenciais.
"Apesar de sairmos da eleição com uma derrota eleitoral, saímos com uma grande vitória política. Vitória essa que vai nos permitir fazer grandes lutas no próximo período, em defesa da classe trabalhadora, em defesa dos direitos, e acima de tudo em defesa da democracia", disse, em vídeo, referindo-se à união de diversos atores políticos em torno da candidatura de Fernando Haddad (PT) e Manuela D'ávila (PCdoB).
João Paulo ressaltou que a vitória de Bolsonaro, apoiada por uma campanha ilegal de disseminação em massa de notícias falsas por meio das redes sociais, foi uma continuação da ofensiva conservadora que teve início com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) e prosseguiu com as retiradas de direitos patrocinadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer (MDB) e com a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"No próximo período, vamos ter de reafirmar nossas bandeiras de luta e preparar uma agenda de resistência. Vamos viver dias difíceis, com um governo que possivelmente será um governo opressor, um governo sem compromisso com os interesses nacionais e muito menos com o povo brasileiro. É hora de levantar a cabeça; não de cair em paranoia e medo e correr pra debaixo da cama. É um momento de muito cuidado, mas ao mesmo tempo de muita energia. Seguimos em luta!", concluiu.
Edição: Diego Sartorato

DISCURSO DE ÓDIO Hoje os 'inimigos' são vermelhos. Amanhã serão os amarelos, os verdes e os azuis, diz professora da UFF


DISCURSO DE ÓDIO

Hoje os 'inimigos' são vermelhos. Amanhã serão os amarelos, os verdes e os azuis, diz professora da UFF

Jaqueline Muniz analisa surgimento de patrulhas políticas e morais causadas pelo discurso de Bolsonaro. "O líder não precisa mandar ordem direta, basta estimular, que isso vai acontecer"
por Redação RBA publicado 27/10/2018 14h08
TÂNIA RÊGO EBC/REPRODUÇÃO
Discurso de ódio
À Rádio Brasil Atual, Jacqueline aponta que discurso de "inimigo comum" possibilita a criação de milícias autônomas de ódio
São Paulo — A antropóloga Jaqueline Muniz avalia que  operadores da Justiça no país têm feito "leitura pelo extremo" da legislação e reforçado a ascensão da intolerância e da "síndrome do pequeno cidadão", expressada pela onda de violência cotidiana contra opositores de Jair Bolsonaro (PSL). Jaqueline é professora do Departamento de Segurança Pública e do Instituto de Estudos Comparados na Mediação de Conflitos da Universidade Federal Fluminense (UFF), uma das 25 instituições de ensino invadidas nestas semana por policiais e fiscais de tribunais eleitorais, .
"Quem tem que ser procurado pela polícia é quem está violando direitos constitucionais com suas falas, com suas campanhas, e não aqueles que estão defendendo as regras do jogo democrático e o Estado de direito", defende a professora, sobre a censura à manifestação das comunidades acadêmicas contra o fascismo expressada em um cartaz retirado pela Justiça.
Em entrevista ao jornalista Rafael Garcia, da Rádio Brasil Atual, Jaqueline analisa que, a partir de discursos como o do candidato a presidente pelo PSL, estejam sendo produzidas "patrulhas políticas e morais". E que essa modalidade de censura amplia o temor e a insegurança dos cidadãos. "Hoje os inimigos são vermelhos, amanhã serão os amarelos, os verdes e os azuis", diz em referência a criação de um "inimigo comum" colocada por Bolsonaro. "Até porque, a bandeira brasileira, com as suas cores, pertence aos 146 milhões de eleitores e a toda a população brasileira."
"O líder não precisa mandar uma ordem direta, basta ele estimular, basta ele dizer que isso vai acontecer e todos aqueles, lá embaixo, começam a se animar em torno disso, acionando seus preconceitos, ódios, ressentimentos e recalques ali no cotidiano, criando milícias autônomas de ressentimento, de ódio e vingança", observa a professora, que acrescenta às críticas contra o candidato da extrema-direita como a representação de um projeto pessoal que não permite a oposição e a civilidade.

Ouça a entrevista completa


https://soundcloud.com/redebrasilatual/invasao-a-universidade-provoca-repudio-entre-professores-parte-1


https://soundcloud.com/redebrasilatual/invasao-a-universidade-provoca-repudio-entre-professores-parte-2

Mídia internacional prevê a democracia em perigo no Brasil

28 DE OUTUBRO DE 2018, 22H15

Mídia internacional destaca chegada da extrema-direita ao poder e dias negros para a democracia no Brasil

Diferentemente da mídia elitista brasileira, os jornais estrangeiros tratam abertamente a vitória de Bolsonaro como chegada da extrema-direita ao poder e prevêem que a democracia deve enfrentar momentos difíceis em nosso país a partir de janeiro.
A eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para a Presidência da República neste domingo (28) foi tratado com tom obscuro pelos principais sites de notícias internacionais. Diferentemente da mídia elitista brasileira, os jornais estrangeiros tratam abertamente a vitória de Bolsonaro como chegada da extrema-direita ao poder e preveem que a democracia deve enfrentar momentos difíceis em nosso país a partir de janeiro.
Em destaque na página principal, o New York Times diz que um “Populista de extrema direita” foi eleito presidente do Brasil. Segundo a publicação, os brasileiros optaram por “um novo curso radical para a maior nação da América Latina”. “Jair Bolsonaro venceu com um profundo ressentimento no status quo em um país assolado pelo aumento do crime e dois anos de turbulência política e econômica”, diz a chamada da reportagem.
O espanhol El País, em sua versão em português, vai na mesma linha e diz que “Bolsonaro leva a extrema direita ao poder”, trazendo com ele “uma agenda conservadora que vai testar os limites do Judiciário”.
“O estilo do novo presidente já ficou claro quando foi votar. Seguiu com um casaco verde da cor do Exército, e um colete a prova de balas, cercado de seguranças. Levará militares para seu ministério e promete seguir a disciplina do Exército para realizar o seu projeto de país”, diz o jornal da Espanha.
Em editorial, a agência de notícias alemã Deutsche Welle diz que o “Brasil mergulha na escuridão”. “Vitória de Jair Bolsonaro ameaça levar o país de volta a um dos capítulos mais sombrios de sua história”, diz o texto, assinado pela editora-chefe do DW Brasil, Francis França.
Em Portugal, o Público se manifestou em um editorial que diz que esse domingo foi “um dia negro para a democracia”. “Bolsonaro é o derradeiro capítulo de um processo de autodestruição das elites políticas brasileiras. Como todos os outros capítulos, é uma vergonha e uma desgraça”, afirma o site português.
Na França, o jornal de centro-direita Le Figaró chamou o “candidato de extrema-direita” de “Trump dos trópicos”, que venceu depois de “uma campanha particularmente tensa”.
O Le Monde, de centro-esquerda, disse que o candidato de “extrema-direita” promete “mudar o destino” do país.

Fonte: Fórum

AMEAÇA REAL Alinhado a Bolsonaro, governo Temer desmonta proteção à Amazônia




AMEAÇA REAL

Alinhado a Bolsonaro, governo Temer desmonta proteção à Amazônia

Clima é de medo que, em caso de vitória de Bolsonaro, seja iniciada uma violenta caça às bruxas contra servidores que vêm atuando no combate ao desmatamento e na proteção das terras indígenas
por Maurício Thuswohl publicado 28/10/2018 08h46
CHICO BATATA/AMAZONIA REAL/CC 4.0
Desmatamento Amazonia
Rio de Janeiro – O desmonte dos órgãos de proteção ambiental do governo federal prometido pelo candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) já está acontecendo na prática, com a colaboração do governo de Michel Temer. Em reunião realizada esta semana pela superintendência do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) no Rio de Janeiro, seus servidores e pesquisadores foram avisados que as equipes do Instituto que ficam baseadas nas Unidades de Conservação do Estado do Pará e têm como principal missão proteger a floresta amazônica foram orientadas a desmontar seus acampamentos a partir da próxima segunda-feira (29), dia seguinte ao segundo turno das eleições.
O relato foi feito à Rede Brasil Atual por um servidor do ICMBio, órgão subordinado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) que, com medo de represálias, pediu para não ser identificado. Ele conta que todos os fiscais e pesquisadores do Pará serão transferidos para a Região Sudeste. A alegação do governo Temer para justificar a transferência às pressas é que as equipes foram ameaçadas de morte e sua integridade física corre risco em caso de vitória de Bolsonaro.
"Segundo meus colegas do Pará, as ameaças, em caso de vitória de Bolsonaro, são reais contra eles e suas famílias. Não vai ter mais ninguém do ICMBio no Pará a partir de sábado. Eles vão ter que sair para proteger a própria vida e a vida de suas famílias", lamenta a fonte.
Também foi divulgado na mesma reunião um ofício publicado pela direção da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão subordinado ao Ministério da Saúde com a missão de atender as populações indígenas nas questões de saúde.
O documento informa aos servidores que a Secretaria encerrará suas atividades em 1º de novembro com a transferência de toda sua equipe e até mesmo o recolhimento dos carros utilizados no trabalho de campo: "Desmontaram a equipe em uma ação clara no sentido de tirar o foco das minorias", diz o servidor do ICMBio.
Ele relata que nos dois órgãos o clima é de medo que, em caso de vitória de Bolsonaro, seja iniciada uma violenta caça às bruxas contra servidores que vêm atuando no combate ao desmatamento e na proteção da integridade das Terras Indígenas (TIs): "Para quem acha que nada está acontecendo e que é balela a violência que está vindo junto com o Bolsonaro, é bom levar em consideração estes dois fatos concretos", diz. O objetivo dos servidores é resistir ao desmonte: "Não vamos deixar de trabalhar, mas agora viramos um grupo de risco".

VÍDEO: Em Niterói, bolsonaristas ovacionam o Exército após a eleição ESQUECERAM A DITADURA MILITAR?

VÍDEO: Em Niterói, bolsonaristas ovacionam o Exército após a eleição

 
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Fátima Bezerra vence e Rio Grande do Norte amplia vitória da esquerda no Nordeste


ELEIÇÕES 2018

Fátima Bezerra vence e Rio Grande do Norte amplia vitória da esquerda no Nordeste

Senadora petista venceu Carlos Eduardo (PDT) por 58% a 42% do votos válidos
por Redação RBA publicado 28/10/2018 18h44
DIVULGAÇÃO
Fátima Bezerra eleita no RN
Fátima Bezerra (PT) foi uma das seis parlamentares que ocuparam a mesa do Senado contra a votação da reforma trabalhista
São Paulo – Com mais de 938 mil votos (58% dos válidos) de um total de 92% apurados, a senadora Fátima Bezerra (PT) venceu a eleição para o governo do Rio Grande do Norte. Ele superou Carlos Eduardo  (PDT), que teve 700 mil (42%).
No primeiro turno, dia 7, Fátima recebeu 748.150 votos (46,17%), ficando próxima da vitória. Carlos Eduardo teve 525.933 (32,45%). 
Votos em branco e nulos somam 8,5%. Abstenções totalizam 18,22%, ante 17,12% no primeiro turno.

Fátima, 63 anos,  é pedagoga e exerce mandato de senadora. A coligação inclui o PCdoB e o PHS. Ela foi uma das cinco parlamentares – ao lado de Gleisi Hoffmann (PT), Regina Souza (PT), Lídice da Matta (PSB) e Vanessa Grazziotin (PCdoB).
Com sua eleição, o Nordeste passa a ter oito governadores considerados de centro-esquerda, somando-se a Flávio Dino (PCdoB-MA), Wellington Dias (PT-PI), Camilo Santana (PT-CE), João Azevêdo (PSB-PB), Paulo Câmara (PSB-PE), Belivaldo Chagas (PSD-SE) e Rui Costa (PT-BA), além de Renan Filho (MDB), eleito com apoio do PT>
Carlos Eduardo, advogado, 59 anos, foi prefeito de Natal. Sua coligação incluiu PP, MDB, Pode e DEM.