sábado, 9 de abril de 2022

O que a Uber tem a esconder?

 

Sábado, 9 de abril de 2022
O que a Uber tem a esconder?


Visitamos a obra da sede-fantasia da empresa em Osasco.

No meio de 2021, a Uber anunciou a construção de sua nova sede brasileira. Localizado na Vila Yara, em Osasco, na Grande São Paulo, o Uber Campus fica num terreno de mais de 30 mil metros quadrados. Os croquis publicados pela empresa projetam um prédio com cara de universidade, como o nome indica. São 12 mil metros quadrados de área construída cercados por 18 mil de área verde. 

"Ele está sendo desenhado para incluir salas de reuniões amplas, restaurante, cafeteria, academia, sala de amamentação, além de áreas para a prática de yoga, alongamento e meditação e para receber os cachorrinhos de estimação dos funcionários", publicou a empresa em um comunicado. A previsão para a inauguração era 2022. 

O repórter Paulo Victor Ribeiro, que está cobrindo a CPI dos Aplicativos da Câmara Municipal de São Paulo desde outubro do ano passado, participou de uma diligência dos parlamentares à sede da Uber em Osasco. Entre os pontos visitados estava o terreno do futuro Uber Campus. Chegando lá, no entanto, decepção: não há nada além de um terreno vazio e uma antiga concessionária de automóveis abandonada. Nenhum indício de obra do tal "campus" futurista, o que torna a inauguração em 2022 improvável.

Os vereadores estranharam. Assim como também desconfiaram da atual sede da Uber, num prédio de escritórios compartilhados. Sem aviso prévio, a comitiva formada por políticos de um espectro que vai do União Brasil ao Psol foi até lá de surpresa. Eles queriam entender as razões pelas quais a Uber se instalou em Osasco apesar de concentrar suas operações na capital paulista. A suspeita deles: evasão fiscal. 

Assista aqui ao vídeo. 

Os aplicativos de transporte estão em uma brincadeira de gato e rato com os vereadores paulistanos. Quando seus executivos aparecem para depor, normalmente já têm direito de ficarem calados graças a habeas corpus obtidos pelos advogados das empresas, como mostramos nesta reportagem

Os vereadores enviaram uma série de perguntas ao departamento jurídico das empresas de entregas e transporte. Queriam saber, por exemplo, o número de casos de assédio, de acidentes, o tempo em que os motoristas e entregadores ficam trabalhando diariamente. Perguntas básicas, que o pessoal da Fair Work também fez, cujas respostas permitiriam entender como é a rotina de trabalho dos profissionais que prestam serviços para as empresas (e que elas insistem em chamar de "parceiros"). Mas, de forma geral, a CPI só recebeu evasivas.

Vamos nos concentrar na Uber, foco da diligência do final de março. A empresa foi questionada sobre o número de motoristas que se acidentaram, morreram ou acionaram o seguro oferecido pelo aplicativo. A resposta? "A Uber não possui no momento um relatório de segurança referente à sua atividade de intermediação no Brasil e, portanto, não tem como compartilhá-lo ou divulgá-lo", diz o documento da empresa enviado à CPI. Em outro requerimento, que perguntava à Uber se "foram registradas mortes de prestadores de serviços em decorrência de acidentes", a empresa tergiversou. Disse que "não possui 'prestadores de serviços'" e que é uma plataforma utilizada "livremente pelos parceiros usuários". Quantos se acidentaram com motoristas exaustos? Ficamos sem saber.

Os vereadores também questionaram qual a média de viagens feitas pelos motoristas e quanto tempo eles ficam logados diariamente na plataforma – uma forma de tentar calcular as horas de trabalho. De novo, a empresa foi escorregadia. "A plataforma Uber é usada por parceiros e funcionários à sua exclusiva discrição. Assim sendo, não há de se falar em média de viagens, pois os motoristas e entregadores parceiros estão livres para gerar renda se e quando quiserem, nos horários em lhes sejam mais convenientes".

O Ministério Público do Trabalho, que esteve na CPI na última terça, entrou com uma ação civil pública para que o tempo de engajamento dos motoristas no app seja limitado, além de querer, também, que a Uber reconheça o vínculo empregatício de seus motoristas. Mas a ação corre em segredo – graças a mais um dos habeas corpus dos diligentes advogados da empresa. 

Depois das visitas dos vereadores paulistanos, o prefeito de Osasco, Rogério Lins, do Podemos, telefonou para seu colega da capital paulista, Ricardo Nunes, do MDB, reclamando da operação. "O pessoal tem que saber perder também, né", disse Lins. Na última terça-feira, uma comitiva da prefeitura osasquense divulgou uma visita ao campus da Uber com entusiasmo. Segundo a divulgação oficial, as obras estão "a pleno vapor" e devem ser entregues em dezembro de 2022. Não foi o que pareceu. 

Tatiana Dias
Editora Sênior

Destaques

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NOTAS

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Pastores defenfem que evangélicos não votam em bloco e resistem a imposições de Macedo e Malafaia
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Programa trilha do nordeste, do brasildefato/capibaribe/TVT 8 de abril

  https://youtu.be/FsxbTI-n3xk*

Revista Focus, N° 53

 

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares, n° 960

 


 

 

 


Ou o Brasil se livra do insano ou...

O demente atualmente no poder continua sua política de cortes, desta vez vetou o projeto de lei chamado “Paulo Gustavo”, que concedeu aproximadamente 822 milhões de dólares a estados e municípios para combater a pandemia de Covid-19 no setor de cultura.

A Lei que foi liderada pelo senador Paulo Rocha leva o nome do ator Paulo Gustavo, que morreu em decorrência de complicações da Covid-19, em maio de 2021, “tornando-se um dos ícones da luta da sociedade civil contra a má gestão do Pandemia de Covid-19 pelo governo”.

A Lei Paulo Gustavo, aprovada pelo Senado na terça-feira, 15 de março de 2022, foi registrada como Projeto de Lei Complementar (PLC) 73/2021.

A Lei foi vetada pelo insano, mas ainda há condições de luta. O Congresso pode derrubar o veto! Constitucionalmente, o veto poderia ser anulado se fosse revogado por maioria absoluta dos votos dos deputados e senadores, ou seja, 257 votos dos deputados e 41 votos dos senadores, computados separadamente.

Na minha infância havia uma praga para as plantações: a formiga saúva! Na época criaram um slogan muito curioso que dizia “ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil”! Creio que as saúvas estão agora sob controle e já não são uma praga para nossa agricultura. Mas está na hora de acabarmos com mais uma praga que está destruindo o país!

Por falar em praga... (1). A política econômica do insano e seu ministro está destruindo a produção no país. De todos os índices analisados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para a composição dos Indicadores Industriais de fevereiro, apenas o relativo a horas trabalhadas na produção apresentou crescimento, na comparação com janeiro. Segundo a entidade, os índices relativos a faturamento e emprego recuaram, interrompendo a sequência de três altas consecutivas. Para a CNI, o resultado mostra “desaceleração”.

Os demais índices analisados pela confederação não apresentaram grandes variações, o que, segundo a equipe técnica da CNI, representa uma “imobilidade preocupante para a atividade econômica”.

O faturamento real da indústria de transformação recuou 0,2% em fevereiro de 2022, na comparação com janeiro (série livre de efeitos sazonais). “O recuo ocorre após três altas consecutivas, período no qual o faturamento havia crescido 5,7%. Na comparação com fevereiro de 2021, o faturamento registra queda de 5%”, diz o levantamento.

O emprego industrial manteve-se “praticamente estável”, segundo a CNI, apresentando recuo de “apenas 0,1%” na comparação com janeiro. No somatório dos três meses anteriores esse índice havia crescido 0,8%. Na comparação com fevereiro de 2021, o emprego aumentou 2,9%”.

O rendimento médio real dos trabalhadores da indústria caiu 0,1% entre janeiro e fevereiro de 2022. Na comparação com fevereiro de 2021, o rendimento do trabalhador teve, na média, uma pequena alta, de 0,7%, enquanto a inflação medida no período (12 meses), segundo o IBGE, ficou em 10,54%.

Por falar em praga... (2). Quase três milhões de brasileiros, ou 81% dos trabalhadores e trabalhadoras que estão desempregados há mais de dois anos no país, são das classes D e E.

Essa parcela mais pobre da população, a que mais sofre com a falta de uma colocação no mercado formal de trabalho, é vítima do golpe de 2016, que destituiu a presidenta Dilma Rousseff (PT) e colocou no lugar presidentes comprometidos com os patrões.

Um dos maiores culpados pela atual crise econômica é o ilegítimo e golpista Michel Temer, também conhecido como “manequim de funerária”, criador do Teto de Gastos Públicos (EC nº 95), de 2017, que congelou os investimentos do governo por 20 anos, de acordo com o índice da inflação.

E, é claro, ele não está sozinho nessa façanha. O governo do atual demente tem grande parcela de culpa também já que não só manteve a restrição de investimentos públicos como também vem impedindo que as estatais como a Petrobras, possam ser utilizadas como indutoras do crescimento, preferindo distribuir lucros bilionários aos acionistas estrangeiros.

O resultado dessa nefasta condução da economia é sentido diretamente pela população mais pobre que não consegue nem arrumar um emprego para subsistir, explica a professora e economista da Unicamp, especialista no mercado de trabalho, Marilane Teixeira, ao analisar o levantamento feito pela Tendências Consultoria Integrada, que mostra que são os trabalhadores das classes D/E, com renda mensal de até R$ 2.800, que estão há mais de 24 meses desempregados. Segundo a pesquisa são 2,9 milhões de pessoas (81%) de um universo de 3,7 milhões, se somadas as pessoas desempregadas de todas as classes sociais.

Por falar em praga... (3). Em março, o valor do conjunto dos alimentos básicos aumentou em todas as capitais em que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. As altas mais expressivas ocorreram no Rio de Janeiro (7,65%), em Curitiba (7,46%), São Paulo (6,36%) e Campo Grande (5,51%). A menor variação foi registrada em Salvador (1,46%).

São Paulo foi a capital onde a cesta apresentou o maior custo (R$ 761,19) em março, seguida pelo Rio de Janeiro (R$ 750,71), por Florianópolis (R$ 745,47) e Porto Alegre (R$ 734,28). Nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta é diferente das demais capitais, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 524,99), Salvador (R$ 560,39) e Recife (R$ 561,57).

A comparação do valor da cesta em 12 meses, ou seja, entre março de 2022 e março de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preços, com variações que oscilaram entre 11,99%, em Aracaju, a 29,44%, em Campo Grande.

O preço do feijão aumentou em todas as capitais. Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as altas oscilaram entre 1,43%, em Recife, e 14,78%, em Belo Horizonte. Já o preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, apresentou taxas entre 1,07%, em Porto Alegre, e 6,80%, em Vitória. Mesmo com a fraca demanda interna, houve elevação dos preços devido à baixa oferta do grão carioca e à redução da área plantada. Em relação ao tipo preto, a alta verificada nas cidades pode estar associada ao crescimento da procura nos centros consumidores. O óleo de soja registrou aumento em todas as capitais, entre fevereiro e março. As variações positivas oscilaram entre 2,81%, em Belém, e 15,89%, em Salvador. Os aumentos no mercado externo e no varejo podem ser explicados pelo alto preço do petróleo, que torna vantajosa a produção de biocombustíveis. Além disso, houve aumento da demanda externa por óleo de soja, devido à redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia e de óleo de palma na Indonésia.

E o preço do quilo do pão francês aumentou em todas as cidades, em consequência da redução da oferta de trigo no mercado externo, uma vez que Rússia e Ucrânia estão entre os maiores produtores mundiais do cereal. As altas mais expressivas foram observadas em Aracaju (6,63%), Goiânia (6,36%), Porto Alegre (6,13%) e Natal (5,87%).

A Bolívia avança. O governo do presidente Luis Arce emitiu uma declaração intitulada “A unidade do povo é a garantia da democracia intercultural”, interpretada como um chamado para disciplinar sua militância, mas também como uma denúncia contra a estratégia da oposição e da direita regional contra a os governos e as correntes de esquerda que começam a se multiplicar no continente.

Entre os pontos mais relevantes do documento, e talvez um dos que mais irritaram a oposição, está a reafirmação da liderança de Evo Morales na liderança do Movimento ao Socialismo-Instrumento Político para a Soberania dos Povos (MAS-IPSP).

A verdade é que quase 18 meses após o início de seu mandato, mais da metade da população boliviana avalia como positiva a gestão do presidente Luis Arce, um valor muito alto em comparação com a maioria dos presidentes da região, revelou a última pesquisa realizada pelo Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (Celag).

51,1% dos bolivianos não acreditam que um novo golpe de estado possa ocorrer em um futuro próximo. Há um grau maior de estabilidade social, política e econômica, porque está ocorrendo uma recuperação lenta, mas progressiva, destaca o diretor do Celag, o espanhol Alfredo Serrano Mancilla.

A oposição parece incapaz de formular um projeto alternativo ao MAS-IPSP, razão pela qual aposta na sua implosão como a única alternativa imaginável para reconquistar o poder. Faz parte da última estratégia da direita e do imperialismo, por isso deve ser levado a sério, a apenas três anos das próximas eleições gerais, diz José Galindo.

Violência cresce antes das eleições. No dia 29 de maio o povo colombiano estará nas urnas para escolher o novo Presidente. Como nosso Informativo tem noticiado, semanalmente, a Colômbia é um dos países mais violentos do planeta para jornalistas e opositores do governo de direita, marionete da Casa Branca. A história é conhecida: Washington domina da Colômbia, mantendo cinco bases militares no país, para tentar dominar a Nossa América. É um aliado importante para a Casa Branca.

Mas, com a aproximação das eleições e a possibilidade da direita de Iván Duque sair perdedora nas urnas, a violência está aumentando assustadoramente.

Em meio à campanha eleitoral para a Presidência, à grave crise estrutural e à emergência sanitária por causa do coronavírus, a violência na Colômbia continua ainda mais crítica: um relatório das Nações Unidas indicou que nos dois primeiros meses de 2022, mais 274 mil pessoas foram afetadas pela violência, com um aumento de 621% na criminalidade em junho do ano.

Enquanto isso, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz)  denunciou vários crimes contra lideranças sociais, ex-combatentes e a população civil: nos três meses de 2022, a Colômbia já registra 30 massacres.

Durante 2021, o Indepz registrou 114 massacres e observou que pelo menos 198 líderes sociais foram mortos, para um total de 1.284 líderes mortos após a assinatura dos Acordos de Paz em 2016. Acrescentou que em março foram somadas 15 vítimas de homicídios contra líderes sociais.  Desde a assinatura do Acordo de Paz entre o Governo e os então guerrilheiros das FARC-EP, foram registrados 1.334 assassinatos de homens e mulheres.

Os assassinatos em março ocorreram nos departamentos de Bolívar, Boyacá, Chocó, Caquetá, Cauca, Putumayo, Norte de Santander, San Andrés Isla e Tolima. Desde 2016, o Indepaz registrou 310 assassinatos contra signatários da paz, sendo que 11 desses eventos ocorreram durante este ano de 2022.

Encontro de Alberto Fernández com Gabriel Boric! Na manhã de segunda-feira (04), o presidente chileno Gabriel Boric se reuniu na Casa Rosada com seu par argentino, Alberto Fernández. Após firmarem acordos bilaterais sobre políticas de direitos humanos, comerciais e migratórias, realizaram uma breve conferência de imprensa no Museu do Bicentenário. É a primeira visita de Estado de Boric ao país e a primeira viagem internacional como presidente do Chile.

Na conferência, os mandatários destacaram a disposição em trabalhar pela integração da América Latina em geral, e nas políticas que dizem respeito à cooperação entre o Chile e a Argentina em particular, como a soberania da região patagônica (que abarca ambos os países) e o projeto do corredor interoceânico.

“Como parte da necessidade de unir a América Latina, devemos buscar concretizar, de uma vez por todas, o corredor interoceânico entre o Atlântico e o Pacífico”, pontuou Alberto Fernández, ao lado de Boric. “A Argentina aspira a concretizar esse projeto o mais rápido possível para, assim, unir o Brasil ao Chile e multiplicar nossas capacidades comerciais”, disse o mandatário.

Por sua vez, Boric afirmou haver “muitas possibilidades de melhorar as relações” com a Argentina. “Se caminhamos separados, afundamos separados, mas podemos salvar-nos se estamos juntos”, disse. O presidente chileno se colocou como “aliado e cúmplice” do governo argentino e reforçou a postura que pretende manter em sua administração. “Mesmo que durante muito tempo apontamos a muitas direções, ao norte ou ao Pacífico, a partir da América Latina vamos construir cooperação e internacionalismo”.

Nossa América volta a caminhar...

Rússia está muito perto de Nossa América! A Rússia e os países latino-americanos estão desenvolvendo medidas para efetuar pagamentos em suas moedas nacionais, disse o diretor do departamento latino-americano do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexandr Schetinin.

“O trabalho nessa direção com nossos parceiros regionais foi e está sendo feito independentemente da situação política internacional. É imperativo se realmente queremos construir um modelo financeiro e econômico global mais justo”, disse Schetinin em entrevista à agência Sputnik.

A autoridade russa observou que a situação na Ucrânia mostra que a América Latina continua sendo “uma direção independente de política externa” da Rússia. A Rússia está disposta a cooperar com a Argentina no uso de energia nuclear para fins pacíficos, disse Schetinin.

O diplomata lembrou que em fevereiro passado, o presidente russo, Vladimir Putin, confirmou o compromisso de Moscou de colaborar com Buenos Aires no campo da energia.

Moscou e Caracas estão trabalhando no desenvolvimento de contatos para cooperação nos setores de energia, mineração e outros setores industriais, apesar das sanções impostas contra ambos os países, disse o diretor do departamento latino-americano do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.

“As relações entre a Rússia e a Venezuela estão se desenvolvendo no âmbito da cooperação estratégica. (...) Estamos trabalhando em futuros contatos bilaterais em várias esferas de cooperação, incluindo energia, transporte, saúde, biotecnologia e farmacêutica, agricultura, mineração” disse.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia declarou que Moscou segue trabalhando com países da América Latina na transição para acordos mútuos em moedas nacionais.

O que acontece com o Peru? Nosso Informativo já falou muito e apoiou a eleição de Pedro Castillo, um professor rural que foi escolhido pelo povo para presidir o país. Mas já mostramos, também, que há toda uma ação orquestrada por Washington para não permitir que ele governe.

Castillo está cometendo alguns erros? Sim, está! Ele não está acreditando em sua base social e está mudando muitas vezes de programas de governo. Mas que as ações da direita para derrubá-lo são flagrantes nós não temos dúvidas. E agora estamos vendo uma tática muito conhecida e que deu certo no golpe contra Salvador Allende, no Chile. Os grandes donos de transportadoras forçam os caminhoneiros a uma greve para derrubar o governo.

O governo do Peru decretou toque de recolher para terça-feira (05) na capital, Lima, devido aos atos violentos produzidos como resultado dos protestos registrados pela greve nacional dos transportadores de carga.

Os políticos que participam do bloqueio alimentar contra Cuba, afetando milhões de crianças inocentes, e apoiam a sabotagem econômica contra a Rússia que invadiu a Ucrânia, agora lamentam o alto preço dos alimentos e outros.

O que seria, se tivéssemos que sofrer as sanções que a Venezuela sofre por não se submeter ao mestre continental? Mas ainda subjugada, a fome que sofremos hoje é consequência das decisões tomadas pelo nosso mestre imperialista. Como isso é explicado?

Nenhum país subjugado tem soberania alimentar e quem se rebelar será punido de forma exemplar para que ninguém mais se atreva. As pessoas protestam, mas não entendem que a globalização está nos punindo, mesmo que as sanções sejam contra os inimigos do maior empregador que servimos. É que os mecanismos da estrutura de dominação têm um mecanismo de interdependência, que nos envolve. Já está claro que os EUA são quem administra a Ucrânia acima da soberania deste país.

O nazista se reelegeu. O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, reivindicou a sua vitória nas eleições parlamentares da Hungria, realizadas no domingo (03). Peter Marki-Zay, líder da frente única de oposição, reconheceu a derrota diante dos resultados preliminares da votação.

Com 75% dos votos apurados, o Fidesz, partido de Orbán, de perfil nacionalista de direita e autoritário, tinha recebido 54,5% dos votos, enquanto a frente única de oposição, Unidos pela Hungria, tinha 34%, segundo o órgão responsável pela organização das eleições. O resultado posiciona Orbán para exercer seu quarto mandato consecutivo como primeiro-ministro.

Em um discurso de dez minutos a seus apoiadores, em Budapeste, antes dos resultados finais, Orbán afirmou que seu partido tinha obtido uma “vitória imensa”. “Tivemos uma vitória tão grande que você pode vê-la a partir da Lua, e você certamente pode vê-la a partir de Bruxelas”, disse. O primeiro-ministro Húngaro é ferrenho crítico da União Europeia, que com frequência o questiona por retrocessos democráticos e suspeitas de corrupção.

O Estado terrorista e genocida... Forças a serviço de Israel reprimiram no domingo os palestinos que celebravam o Ramadã em Jerusalém, deixando um saldo de 19 feridos e 10 detidos, segundo a mídia local.

As forças sionistas invadiram o jejum realizado em um dos portões da cidade velha e usando balas de borracha e bastões tentaram interromper a cerimônia.

Em resposta a esses acontecimentos, o porta-voz do Movimento de Resistência Islâmica Palestina (Hamas) condenou o ataque sionista contra os presentes no portão de Al-Amoud e garantiu que essa agressão aumentará as tensões e não ficará impune.

Terrorista e genocida. As forças de ocupação israelenses mataram 18 menores palestinos no decorrer deste ano.

El Comité de Prisioneros y Exprisioneros en la Franja de Gaza denunció que las fuerzas de ocupación israelíes han detenido a más de 200 menores de edad palestinos en el transcurso de este año, en el marco de la celebración del Día del Niño en Palestina este martes 5 de abril.

O comitê observou que desde 1967 o número de crianças presas pelas autoridades israelenses é superior a 50.000. Também aponta que existem atualmente 160 menores em prisões em Israel.

Por sua vez, o membro da organização palestina, Abdul-Nasser Farwaneh, afirmou que aproximadamente 300 crianças palestinas foram detidas pelas forças israelenses durante o ano passado.

Por outro lado, o ministro do Desenvolvimento Social, Ahmed Majdalani, alertou que o alto nível de violência praticado pelas autoridades israelenses afeta as crianças palestinas, que são privadas dos direitos humanos mais básicos.

De olho na França. A eleição presidencial da França de 2022 está prevista para acontecer no dia 10 de abril (primeiro turno) e em 24 de abril (segundo turno). Os franceses vão às urnas para decidir quem será o próximo presidente do país.

O atual mandatário, Emmanuel Macron, disputa a reeleição, e aparece empatado na margem de erro de diversas pesquisas com a a ultradireitista Marine Le Pen, que tenta pela terceira vez chegar ao Palácio do Eliseu.

Tanto a esquerda, como a extrema direita foram rachadas para a eleição. Jean-Luc Mélenchon, do França Insubmissa, é o candidato de esquerda melhor posicionado nas pesquisas. Por sua vez, Le Pen viu boa parte de seus votos se esvaírem com a entrada na disputa do jornalista Éric Zemmour, também de extrema direita.

A campanha para o primeiro turno da eleição presidencial francesa, que acontece em 10 de abril, entra em sua reta final. Uma nova pesquisa de intenção de votos divulgada nesta segunda-feira (04/04) aponta que o presidente Emmanuel Macron, que tenta sua reeleição, continua na frente, mas a segunda colocada, a representante da extrema direita Marine Le Pen, se aproxima gradualmente. O candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, também vem ganhando mais pontos.

Segundo a pesquisa Harris Interactive-Toluna para o primeiro turno, Macron aparece com 26,5%, enquanto Marine Le Pen está com 23%. Mélenchon teria 17% dos votos enquanto Éric Zemmour, também da extrema direita, e Valérie Pécresse, da direita tradicional, dividiriam o quarto lugar, com 9,5% cada.

Quem vai ganhar com isso? Nosso Informativo passou três dias muito intrigado a partir das notícias divulgadas pela imprensa “tão livre e isenta” do ocidente falando de um “massacre” ocorrido na cidade de Bucha (Ucrânia), com acusações ao exército russo.

Desde o início procurei acompanhar a notícia e verificar as informações. E, sim, achei que são incoerentes: os discursos dos líderes ocidentais dizem uma coisa, mas as imagens e a lógica dos acontecimentos mostram outra coisa.

Vejamos alguns dados a serem questionados: 1) no vídeo usado para a publicidade contra a Rússia aparecem centenas de corpos jogados ao chão pela cidade, alguns com sinais de tortura. Porém, algumas imagens mostram vítimas com um lenço branco amarrado ao braço, um suposto símbolo de identificação de não agressão. Mas a nossa imprensa “esquece” de dizer que são os soldados russos que usam um lenço branco ou vermelho para se identificar no terreno, enquanto os soldados ucranianos utilizam um lenço azul ou amarelo. Portanto, tem algo errado na imagem que mostram; 2) em outro dos vídeos usados aparecem supostos “cadáveres” de civis ucranianos. Mas tem um fato curioso: no vídeo, um dos “cadáveres” recolhe o braço quando passa um veículo militar ucraniano. Não é genial: até parece aquele tempo da televisão, quando ainda não exista VT e o artista que havia “morrido” na novela levantava e perguntava se já tinha acabado a gravação. Os mais velhos, como eu, vão lembrar disso!

Mas, voltamos para a questão inicial: quem ganha com isso? A quem interessa manter esse pânico no ocidente exatamente quando as negociações apontavam para um acordo? Afinal de contas, pelas notícias internacionais, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, já havia declarado que renunciava à Criméia e da região do Donbass. As negociações caminhavam para um acordo. Mas surgem esses vídeos criando pânico e tentando mostrar o que seria um “crime de guerra” muito sério.

No dia seguinte da notícia, logo pela manhã, lendo alguns jornais internacionais e o “mistério” foi esclarecido. Quem vai ganhar com isso? Resposta simples quando lemos que os EUA acabam de fechar um contrato para venda de caças do modelo F-16 para a Bulgária, no valor de 1,6 bilhão de dólares!

A venda foi aprovada pelo Departamento de Estado na segunda-feira (4). Além dos caças F-16, a Bulgária, que é membro da OTAN, deve receber uma gama de mísseis, sensores e peças de reposição.

E tem mais... O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken enfatizou que, desde o início do mandato de Joe Biden, os EUA concederam mais de US$ 2,4 bilhões (R$ 11,1 bilhões) em “assistência à segurança” à Ucrânia.

Blinken anunciou no dia 5 de abril que Washington destinará US$ 100 milhões (R$ 465 milhões) em ajuda militar adicional a Kiev, incluindo sistemas antiblindagem.

“Além do que fornecemos, mais de 30 países se uniram a nós para prestar assistência de segurança à Ucrânia [...] Juntos, estamos fornecendo assistência todos os dias e aceleramos os envios de mais armas e equipamentos de defesa que a Ucrânia utiliza para se defender”, assegurou.

Sinceramente, nosso Informativo acredita que agora todos podem enxergar o que está acontecendo: a Ucrânia já tinha aceitado todas as condições da Rússia para terminar a guerra, mas foi obrigada a voltar à guerra porque Washington precisa alimentar seu complexo industrial militar.

Por que mudar as cláusulas? A Ucrânia apresentou um esboço de seu projeto de acordo de paz com a Rússia, que contém cláusulas que diferem das propostas feitas em Istambul, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

“Ontem [6 de abril] o lado ucraniano apresentou seu projeto de acordo ao grupo de negociação, que mostra um afastamento das cláusulas mais importantes fixadas na reunião de Istambul em 29 de março”, disse a manchete russa.

No entanto, a Rússia continuará a negociar com a Ucrânia, apesar de todas as provocações, anunciou o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov.

A linha política de Kiev tenta “atrasar e até minar” as negociações, desviando-se dos acordos alcançados anteriormente.

A “raiz” do problema! A presença de 60 laboratórios biológicos nas fronteiras da Rússia e da China ameaça a estabilidade desses países, considerou a autoridade.

O chefe das tropas russas de proteção radiológica, química e biológica, Igor Kirillov, informou na quarta-feira sobre a existência de 60 laboratórios biológicos nas fronteiras da Rússia e da China que contam com o apoio do Departamento de Defesa dos Estados Unidos (EUA) para sua modernização.

Kirillov compareceu perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) dando especificações sobre a natureza da atividade biológica-militar dos EUA em território estrangeiro, que põe em risco a segurança mundial.

Com o apoio de dados do Ministério das Relações Exteriores da China, o chefe das Tropas Russas de Proteção Radiológica, Química e Biológica declarou que Washington controla pelo menos 336 laboratórios fora de seu território nacional destinados ao desenvolvimento de patógenos transmissíveis.

Semanas atrás, as autoridades russas revelaram investigações lideradas pela Casa Branca sobre a transmissão de infecções perigosas através de aves migratórias, que foram realizadas nas cidades ucranianas de Kiev (capital), Kharkov e Odessa.

Kirillov qualificou de imprudente e irresponsável o exercício biológico militar realizado pelos EUA naqueles territórios, porque não permite o controle das consequências.

Biden? Quem é ele? O presidente dos EUA, Joe Biden, tenta convencer os cidadãos de suas conquistas limitadas como forma de ganhar apoio para seu Partido Democrata a sete meses das eleições legislativas.

Para reverter a tendência negativa em seus índices de popularidade antes das eleições legislativas de meio de mandato, o presidente destacará outros aspectos, como a ampliação do acesso ao seguro médico sob a Lei de Saúde de Baixo Preço, mais conhecida como Obamacare.

A situação do mercado de trabalho, considerada pelo governo como uma conquista da recuperação pós-pandemia, é ofuscada pela alta dos preços dos alimentos e da gasolina, quando a inflação atinge o maior patamar dos últimos 40 anos.

Os ganhos salariais recordes de 5,6 por cento registrados no ano passado, por exemplo, vêm contra os preços ao consumidor que subiram 7,9 por cento, lembrou uma análise da Associated Press.

O anúncio de Biden na semana passada de liberar um milhão de barris de petróleo por dia da reserva estratégica dos EUA para os próximos seis meses foi um reconhecimento dos danos que a inflação está causando à economia e também às suas próprias ambições políticas.

O descontentamento popular com a gestão do ocupante do Salão Oval se reflete em pesquisas como a do NORC Center for Public Affairs Research, que indica que aproximadamente sete em cada 10 pessoas veem a economia nacional em mau estado e dois terços desaprovam a liderança de Biden.

Recessão nos EUA! Os EUA entrarão em recessão em 2023, já que a Reserva Federal do país (Fed, na sigla em inglês) está elevando as taxas de juro ante a crescente inflação.

“A economia dos EUA deverá sofrer um forte impacto com o endurecimento [das taxas] do Fed até o final do próximo ano e início de 2024”, observaram os economistas David Folkerts-Landau e Peter Hooper, do Deutsche Bank, citados pela Bloomberg.

De acordo com os especialistas, o banco central americano aumentará as taxas em 0,5 pontos percentuais em suas próximas três reuniões, e até o início de 2023, a taxa de juro superará os 3,5%.

Folkerts-Landau e Hooper detalharam que, até o final do próximo ano, a Reserva Federal reduzirá a quantidade de ativos em quase US$ 2 bilhões (R$ 9,4 bilhões), dos US$ 8,9 bilhões (R$ 41,9 bilhões) atuais, o que equivale a três ou quatro aumentos adicionais de 0,25 pontos percentuais.

Rompida a corrente! Há décadas denunciamos que há uma grande repressão nos EUA contra os trabalhadores e as tentativas de organização sindical independente. A Wall Mart, maior rede de mercados do planeta, tem uma cláusula na contratação de funcionários que os impedem de participar de alguma organização sindical. Mas, parece, a “coisa” está mudando!

Pela primeira vez, trabalhadores de um armazém da Amazon, hoje a segunda maior empresa em número de funcionários do país, votaram pela sindicalização, uma vitória trabalhista com grandes implicações nacionais.

Com uma contagem de 2.654 votos contra 2.131, os organizadores dos mais de 8.300 trabalhadores do armazém e centro de distribuição em Staten Island em Nova York derrotaram os esforços antissindicais de uma das empresas mais poderosas do país, cujo fundador, Jeff Bezos, é o homem mais rico do mundo.

Essa vitória dos assalariados locais ganhou imediatamente repercussão nacional, pois repercutiu não só por marcar a primeira vez que os trabalhadores daquela empresa que detém enorme poder sobre vários setores da economia votaram pela sindicalização, mas também marca o início de um processo de sindicalização.

Ainda mais surpreendente é que a campanha pela organização da classe trabalhadora foi conduzida por um grupo independente local, o Sindicato dos Trabalhadores da Amazônia (ALU), e não por um dos sindicatos nacionais (embora o Unite Here e o UFCW tenham fornecido apoio logístico e legal aos organizadores). A ALU está a promover mais uma iniciativa para fazer o mesmo noutro armazém da gigante das vendas pela Internet nesta mesma cidade, onde as eleições iniciais estão marcadas para o final deste mês.

TORTURA: DA APOLOGIA AO DEBOCHE Irretocável e imprescindível artigo de Aldemário Araujo Castro

 

sex., 8 de abr. às 23:14
TORTURA: DA APOLOGIA AO DEBOCHE

Aldemario Araujo Castro
Advogado
Mestre em Direito
Procurador da Fazenda Nacional
Brasília, 8 de abril de 2022

Em texto datado de 1o de abril de 2022, sustentei que a sociedade brasileira deve banir (usei a conhecida frase “nunca mais”): a censura, a ditadura, a tortura e o presidente Bolsonaro.  

Afirmei, com veemência, que a prática da tortura é uma daquelas mais evidentes fronteiras civilizatórias. Afinal, provocar, em alguém indefeso ou sem possibilidade de reação, intenso sofrimento físico ou mental caracteriza a suprema covardia e uma das mais sórdidas afrontas à dignidade da pessoa humana. Disse, com todas as letras, que o torturador  encarna a ausência de sentimentos humanos fundamentais como a empatia, a compaixão e o amor.

Destaquei algumas das falas, mais recentes e mais antigas, em que o atual presidente da República, o senhor Bolsonaro, faz apologia à tortura e homenagens aos torturadores, especialmente em relação ao ex-coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Ocorre que a barbárie bolsonarista mostrou uma nova face marcada pela mais pura perversidade. Numa espécie de competição com o pai, o deputado Eduardo Bolsonaro protagonizou um dos momentos mais revoltantes da cena política brasileira. O registro consta no site da Folha de S. Paulo (folha.uol.com.br):

“O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ironizou a tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo, durante a ditadura militar.

No Twitter, o parlamentar compartilhou uma imagem da última coluna dela no veículo e escreveu ‘ainda com pena da [emoji de cobra]’.

Míriam foi presa e torturada enquanto estava grávida por agentes do governo durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Em uma das sessões de tortura, ela foi deixada nua numa sala escura com uma cobra”.

O senhor Eduardo Bolsonaro, na desumana trilha já aberta pelo pai, o senhor Jair Bolsonaro, resolveu debochar publicamente de Miriam Leitão em função da conhecida jornalista ter sido uma das vítimas da tortura realizada nos porões da ditadura militar brasileira.

A cruel referência realizada pelo repulsivo parlamentar equivale a uma inusitada realização, agora pública, de uma nova sessão de tortura. Diante da impossibilidade de renovar os atos macabros, o senhor Eduardo Bolsonaro debocha da vítima, da torturada. Salienta a forma torpe da tortura a que foi submetida uma mulher grávida. Assim, submete a jornalista (mais uma vez), as mulheres e toda a sociedade ao repugnante universo da tortura.

Não há como tergiversar ou dourar a pílula. A família Bolsonaro dá mostras diárias e contundentes de carregar o DNA da barbárie, do desprezo mais vil pela essencial e inafastável dignidade da pessoa humana. A presença desses senhores no universo da política brasileira é um permanente convite a mais aberta forma de degenerescência moral. Falas como a destacada demonstram, de forma inequívoca, o tamanho da insensibilidade a que pode chegar um exemplar da espécie humana. O caminho evolutivo a ser percorrido por um espírito desse jaez parece muito longo e penoso.

A escala de valores desses “homens de bem” está recheada de toda sorte de deturpações, vilanias e discriminações. Se esses senhores não demonstram empatia com o sofrimento humano decorrente da tortura, como imaginar alguma sensibilidade em relação a toda sorte de sofrimentos. Por que demonstrariam alguma preocupação, mesmo política, com o sofrimento decorrente da falta de emprego, da falta de comida, do preconceito racial ou de gênero?

Vários parlamentares e setores da sociedade civil manifestaram profunda repulsa pelas falas do senhor Eduardo Bolsonaro. Consta que algumas representações já foram apresentadas perante o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Diante da ampla repercussão do caso, o deputado Eduardo Bolsonaro fez novas afirmações absurdas relacionadas com uma suposta necessidade de provas da sessão de tortura. "A Miriam Leitão certamente não se sentiu ofendida, ela só tem a palavra dela, dizendo que foi vítima de uma tortura psicológica quando foi jogada dentro de uma cela junto com uma cobra. Eu já fico com a pulga atrás da orelha, porque você não tem um vídeo, não tem outras testemunhas, não tem uma prova documental, não tem absolutamente nada” (fonte: noticias.uol.com.br).

O circo de horrores apresentado pela família Bolsonaro parece não ter fim ou limites. Depois de comemorar publicamente o sofrimento alheio, o que parte da premissa de que ele existiu, utiliza covardemente como argumento defensivo a arguição da ausência de provas da sessão de tortura. O bisonho parlamentar exige testemunha, vídeo ou alguma demonstração documental dos atos violentos realizados.

Cheguei a ouvir um questionamento importante. Quem é o pior doente (em termos de convívio social, até porque os males psicológicos devem ser avaliados pelos especialistas)? O pior doente social é o torturador ou aquele que faz apologia à tortura, homenageia os torturadores e debocha dos torturados? Prefiro não estabelecer escalas de monstruosidade e colocar todos esses senhores no mesmo balaio do que há de pior no gênero humano. Aliás, se isso tudo é o bem (como os Bolsonaros afirmam encarnar), o que seria o mal? Não custa lembrar Marco Aurélio, um dos mais conhecidos imperadores romanos, em suas Meditações, quando afirmou: “Não apenas deixar de fazer o mal como nem sequer pensar nele”.

É preciso, ainda, fazer um alerta muito relevante. Se vale torturar, se vale fazer apologia à tortura, se vale homenagear torturadores, se vale debochar de torturados, o que não vale no convívio humano em sociedade para essa turma que governa o Brasil? E governa com o apoio de muita gente que se afirma espiritualizada e comparece de corpo (não de alma) todo final de semana à missa ou ao culto em reverência ao maior dos presos políticos barbaramente torturado, Jesus Cristo.

Em evento nos EUA, Moro equipara Lula a Bolsonaro e ouve de professor de Harvard: 'isso é uma grande distorção histórica' "

 

Em evento nos EUA, Moro equipara Lula a Bolsonaro e ouve de professor de Harvard: 'isso é uma grande distorção histórica'

"Não há uma simetria possível entre os dois no exercício do cargo público e no respeito às instituições", disse o professor de Harvard Hussein Kalout ao ex-juiz parcial

www.brasil247.com -
(Foto: Reprodução)
 

247 - O ex-juiz parcial Sergio Moro (União Brasil-SP) participou neste sábado (9) de um painel do Brazil Conference, nos Estados Unidos, onde passou por uma espécie de sabatina que contou com a presença do advogado Augusto de Arruda Botelho e da jornalista Eliane Cantanhêde.

Ele foi perguntado sobre a viabilidade da terceira via no Brasil e se disse um "soldado da democracia", afirmando que seu nome está "à disposição" do "centro democrático" para concorrer à Presidência da República.

Para atacar seus dois opositores, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Lula (PT), líder de intenções de voto nas pesquisas eleitorais, Moro os colocou como extremistas, tentando estabelecer alguma equivalência entre o autoritário chefe do governo federal e Lula, que governou democraticamente o país por oito anos.

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O moderador do painel, o professor e pesquisador de Harvard, Hussein Kalout, ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República no governo Michel Temer (MDB), tratou de corrigir Moro: "eu queria fazer um esclarecimento para não parecer que eu estou tomando partido dos lados dessa contenda. Como cientista político, gostaria de dizer que quando a gente fala de extremismo, colocar duas forças políticas como extremadas, talvez isso não reflita a realidade. Acho que sim, o presidente Bolsonaro se mostrou um político extremista, se mostrou sim um político radicalizado e ele procura fazer isso constantemente no exercício da função pública na condição de presidente da República. O senhor reconheceu que ele aviltou as instituições, impediu a implementação de uma política anticorrupção nas instituições públicas brasileiras, mas eu acho que - e isso não se trata da defesa do presidente Lula e nem do PT - não é apropriado trazer uma avaliação colocando um governo ou uma instituição partidária que exerceu o poder durante 13 anos, vencendo quatro eleições presidenciais, como extremada no exercício da política nacional".

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"Acho que sim, pode haver críticas às políticas públicas, é importante, mas rotular com extremismo é um pouco perigoso. É importante que isso seja dito. O PT quando foi impichado reconheceu o resultado jurídico do processo do impeachment, houve uma transição pacífica do poder. O presidente Lula, quando sua prisão foi determinada pelo senhor [Sergio Moro], cumpriu a decisão judicial, não a desafiou. Então isso reflete um pouco também um espírito democrático, ainda que haja discordância sobre sua política pública ou sua conduta. É importante reconhecer isso. Acho que colocar Bolsonaro e Lula na mesma equivalência me parece uma grande distorção histórica, ainda que se possa criticar o ex-presidente. Não há uma simetria possível, equivalente entre os dois lados no exercício do cargo público e no respeito às instituições".