segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Furtado e Florestan nos devolvem a sanidade e o futuro


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Furtado e Florestan nos devolvem a sanidade e o futuro


Curioso que estes dois homens, Celso e Florestan, um nordestino nascido no sertão paraibano e outro paulistano filho de lavadeira pobre e órfão de pai aos 7 anos, tenham nascido no mesmo mês e ano, julho de 1920, e em sua trajetória influenciado gerações de brasileiros. Deixaram uma obra sofisticada e variada que permanece atualíssima

Como se fosse uma sombria maldição já assimilada, o país encaminha-se para alcançar nos próximos dias a fantástica marca de 100 mil mortos pela Covid-19, mais do que a bomba atômica matou em Hiroshima. Com a mesma aparente indiferença de normalidade, assistimos a Bolsonaro manter sua rotina de tergiversações e mentiras, andar de moto e exibir para as emas palacianas o frasco de seu elixir milagroso. Enquanto o público se distrai, seu governo acelera a meta de destruir instituições e políticas públicas nas áreas de saúde, educação e cultura, construídas com muita luta, dedicação e trabalho desde o fim da ditadura. 

Nesta interminável viagem através de uma quarentena cada dia mais tensa a que estamos submetidos, só mesmo parando tudo para buscar energia e sanidade nas comemorações do centenário de dois cidadãos brasileiros exemplares. O economista Celso Furtado e o sociólogo Florestan Fernandes, dois pensadores magistrais, pioneiros no estudo das desigualdades, do racismo, e dos motivos do atraso da sociedade brasileira. Formuladores de um pensamento crítico voltado para dar sustentação às lutas sociais dos explorados, ao mesmo tempo em que projeta no futuro um país com democracia política e social.   

Difícil chegar lá. Há sempre um golpe no meio do caminho. Vindos da universidade pública, ambos veem a educação como o caminho decisivo para alcançar o desenvolvimento. Dois mestres que ensinaram com paixão e sabiam transmitir conhecimento. Viveram suas vidas e exerceram seus papéis sociais com coragem, desafiando os poderosos. Na linguagem futebolística, dois meio-campistas, ambos canhotos, destes que levam a bola de uma intermediária à outra, distribuem o jogo, desarmam o adversário e preparam a finalização. 

Curioso que estes dois homens, Celso e Florestan, um nordestino nascido no sertão paraibano e outro paulistano filho de lavadeira pobre e órfão de pai aos 7 anos, tenham nascido no mesmo mês e ano, julho de 1920, e em sua trajetória influenciado gerações de brasileiros. Deixaram uma obra sofisticada e variada que permanece atualíssima. Neste momento em que a pandemia escancara a crise e o fracasso do neoliberalismo, suas ideias reforçam a importância da presença do Estado na economia. É fundamental para o nosso futuro que sejam apresentados aos jovens pelos professores, que seus livros sejam debatidos nas escolas e universidades. 

Florestan e Celso deixaram um legado interdisciplinar, de natureza política, econômica e cultural, fruto de embates, pesquisas e estudos transformados em livros e teses, sempre com um rumo e um sentido: a formação de uma consciência crítica sobre os privilégios, o racismo e as desigualdades na sociedade. Constituem referência em estudos sobre o país, traduzidos e discutidos em seminários e universidades no exterior. Aqui onde nasceram, neste governo de olavistas e rachadinhas, silêncio absoluto. Por preconceito ideológico ou ignorância, nada se falou sobre o centenário e a atualidade dos dois mestres e cientistas. 

Com essa trajetória subversiva, foram duramente atingidos pela violência da ditadura de 1964. Criador da Sudene no governo JK e ministro do Planejamento do deposto presidente João Goulart, Celso Furtado teve seu nome incluído logo na primeira lista de cassados, o AI nº 1. Seu caminho foi o exílio. Na Universidade de Paris-Sorbonne, fez doutorado em economia. No Chile, lecionou e participou da fundação da Cepal, com o argentino Raul Prebish. Furtado via a industrialização como o principal meio para superação do subdesenvolvimento, ao lado das reformas de base e do Estado.    

Seu livro Formação econômica do Brasil – edição comemorativa dos 50 anos, da Companhia das Letras, tem apresentação de Rosa Freire d´Aguiar, sua viúva, e reúne resenhas e artigos de economistas e historiadores. Na comemoração do centenário, Rosa fez a coletânea Essencial Celso Furtado, na Penguin/Companhia, em que destaca quatro linhas de sua obra: o pensamento econômico, o político, o eixo cultura/ciência  e vários papers sobre formação cultural e responsabilidade de cientistas  e economistas. Disponível nas versões papel e e-book, é uma excelente iniciação para quem quer conhecer o pensamento de Celso Furtado.

Para o sociólogo e professor da USP José de Souza Martins, a obra sociológica de Florestan Fernandes cobre um extenso campo da realidade social brasileira e “constitui um dos mais densos retratos do Brasil, decisiva contribuição para formação de uma autoconsciência científica de nossa sociedade”. Pioneiro no estudo das desigualdades raciais, seu livro A integração do negro na sociedade de classes, publicado em 1965, já antecipava o que agora está em pauta com o movimento Vidas negras importam: as desigualdades raciais não se resolvem automaticamente. Mudanças sociais e urbanização acelerada não fazem desaparecer os problemas mais agudos, ao contrário, eles se tornam mais explosivos e violentos.Suas pesquisas e análises para estudar a consolidação da autocracia burguesa ao longo da formação histórica brasileira estão em outro clássico, A revolução burguesa no Brasil, de 1975, que acaba de ser lançado pela editora Concorrente. Florestan foi ativo participante da vida social e política. Um dos fundadores do PT, eleito deputado pelo partido na Constituinte. Como Celso, seu companheiro de viagem nestes 100 anos que não foram de solidão, também foi vítima da violência do Estado autoritário. Aposentado compulsoriamente de sua cátedra na USP em 1969, deixou o país e foi levar seus saberes para os alunos das Universidades de Columbia e Yale, como professor visitante.

O desafio das esquerdas: retomar o diálogo com as massas


O desafio das esquerdas: retomar o diálogo com as massas
 


 
A irresponsabilidade do governo federal  potencializou os danos da pandemia, e já disputamos com os EUA de Trump o campeonato de mortos e infectados. A economia se dissolve como sorvete no asfalto: depois do pífio crescimento de 1,1% do PIB em 2019, devemos chegar até o final do ano com uma queda em torno de 11%. Até uma mente brilhante como o presidente da FIESP sabe traduzir essa taxa como indicadora de longa onda de insolvências. Não há estimativas confiáveis sobre o número de falências de pequenas e médias empresas, mas sabe-se, hoje, dados do IBGE (Estadão, 1º.07.20) que o desemprego atinge  87,7 milhões de pessoas em idade economicamente ativa, uma população desde sempre precarizada e vulnerável, sem perspectivas de retorno ao mercado de trabalho, atingido pela crise estrutural da economia, pelo aumento da concentração de empresas e pelos avanços acelerados da digitalização, poupadora de mão de obra. Os analistas, e mesmo instituições como o Banco Mundial, estimam um alto crescimento de brasileiros em situação de extrema pobreza. Queda nas exportações, desindustrialização, déficit fiscal, queda da arrecadação, colapso das economias estaduais, renúncia aos investimentos promotores de desenvolvimento, renda e emprego, bem como privatização e desnacionalização de empresas estratégicas.  Nada mais falta para a depressão e o caos social, o grande legado da “pauta Guedes”, ainda a menina dos olhos da grande imprensa e do “mercado”, que comemora o fim das garantias trabalhistas e o desmonte da previdência social.
O pano de fundo é a sistemática investida contra o ensino, a pesquisa, a ciência, a tecnologia, a cultura, o conhecimento. São as agressões ao patrimônio histórico, a depredação do meio ambiente. Um celerado é forçado a deixar o ministério da educação e foge, como mafioso, para Miami. Em seu lugar entra um “técnico”, flagrado como plagiário e mentiroso, dizendo-se possuidor de títulos acadêmicos  que não conquistou. Supõe-se que seja um militar.
Moldura desse quadro de horrores, a cada dia ficam mais evidentes as ligações da família presidencial com as milícias fluminenses – daí as ruas haverem cunhado o termo familícia.
Mais da metade dos brasileiros (54%), informa pesquisa da agência Quest (Site Jota, 22 de junho corrente), consideram o governo do capitão ruim ou péssimo; 71% disseram estar preocupados com o futuro do país e 63% acham que o país está indo na direção errada.
Segundo o Datafolha (26/06/2020), 44% dos brasileiros rejeitam o governo. Pesquisa do Instituto Travessia, divulgada pelo Valor (26/06/2020), diz-nos que 71% dos brasileiros perderam renda, com maior incidência entre os mais pobres, os que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.090,00) ao mês; 52% se dizem a favor das manifestações em defesa da democracia, 56% desaprovam a gestão da crise da pandemia e 41% consideram a administração federal ruim ou péssima.
No entanto, as sondagens de opinião dessas diversas agências e institutos, dizem, na média, que o capitão conserva o apoio de cerca de 32% do eleitorado, um índice de resiliência simplesmente espantoso, que, mantido, poderá assegurar-lhe presença no segundo turno das eleições de 2022. Dentre os que sempre o apoiaram, 92% contam-se entre os mais satisfeitos. Segundo a socióloga Esther Solano, coordenadora de pesquisa qualitativa realizada com moradores da cidade de São Paulo e de cidades da região metropolitana os eleitores de Bolsonaro – sorteados entre ex-votantes, desiludidos e frustrados – disseram que votariam novamente no capitão em 2022 “caso não encontrassem alternativa política ou eleitoral”.
Ainda de acordo com  o Datafolha, o capitão tem o apoio de 42% do eleitorado do sul do país e de 61% do sudeste. O castelo forte da rejeição (52%) é o nordeste.
A enquete do Instituto Travessia também apura a intenção de voto para presidente da república nas próximas eleições. A liderança é do paraquedista, com 25% das menções, seguido por Lula, com 19%, e Moro (12%). Segundo o mesmo Valor (“Retrato de um Brasil em crise”, por Carlos Rydlewski) o capitão vence o ex-presidente no sul (32% a 12%) e no norte/centro-oeste (36% a 13%), ganha no sudeste (23% a 17%) e só perde no nordeste (17% a 30%), até aqui conservado como reduto petista (26,9% do eleitorado nacional)
Para o analista Carlos Melo, citado na matéria do Valor, as últimas pesquisas indicariam que Bolsonaro vem perdendo  apoio entre os mais ricos (embora conserve o apoio entre os empresários, na margem de 51%), “mas ganhando adesão entre os mais pobres”, os brasileiros das chamadas classes C e D, a maioria da população.
Pode-se explicar a queda de popularidade do capitão entre “os mais ricos” como a primeira consequência da oposição que lhe fazem os grandes veículos impressos, jornais e revistas, que não chegam às grandes massas, as quais, por seu turno, escrevem os analistas, estariam sendo conquistadas pelo “coronavoucher”, o auxílio de R$ 600,00 destinado à população de baixa renda.
A oposição da chamada grande mídia – tanto a imprensa gráfica como a eletrônica, e neste caso registro o papel destacado da Rede Globo – reflete as contradições do chamado centro liberal, que, nada obstante seguir apoiando a “pauta Guedes”, ora se incomoda com os maus modos do capitão e sua récua, ora teme que sua incompetência ponha em risco o projeto liberal (a saber, os lucros do “mercado”), ora se molesta com a perspectiva de um regime ditatorial, regido seja pelo capitão seja pelo general seu vice. A postura da Folha de S. Paulo, a propósito, é muito clara, não só quando defende a ordem democrática, mas, talvez principalmente, quando, dirigindo-se aos que não viveram os tempos de terror, resolve trazer para seus leitores a história da ditadura militar, que os generais de hoje intentam reescrever, para negar seus crimes. Ditadura que, aliás, também contou com seu apoio, como contou com o apoio do grupo Globo e do Estadão. Recebamos a postura de hoje, desses veículos intrinsecamente comprometidos com o sistema, como uma autocrítica na ação.
Muito do avanço do bolsonarismo sobre as grandes massas deve ser atribuído mais a deficiências das esquerdas que a méritos do capitão. Além  de ausentar-se dos trabalhos de organização de base e das periferias – deixadas livres para o pasto do pentecostalismo primitivo, dos milicianos e da bandidagem –, nosso campo perdeu para a direita a narrativa política, ao renunciar à batalha ideológica, em nome de um pragmatismo eleitoral de saldo político discutível.
Independentemente de sua justeza e urgência, muitas das teses que mobilizam hoje as lideranças de esquerda e dos partidos democráticos não comovem as grandes massas, condenadas à vida precária das periferias das grandes cidades, assediadas na luta pela sobrevivência diária, lutando por emprego e comida, sem casa para morar, sem transporte, sem escola para seus filhos, sem assistência médica. É preciso muito engenho e arte para convencer as grandes massas precarizadas de que o centro de sua luta seja, a defesa das instituições republicanas, ou a defesa da economia nacional (que não cria riqueza para o povo), ou do Estado, que só chega junto aos pobres (à procura de trabalho) por intermédio de policiais atrabiliários.
A elitização e a burocratização dos partidos acentua a distância entre suas lideranças e as massas. Esse divórcio se profunda a cada dia, pois também a cada dia mais se cava o fosso entre os valores dos quadros dirigentes e os valores dos militantes e das massas. Falamos para nós mesmos e nos encantamos com o eco.
O fascismo ameaça a classe média, que tem a justa compreensão histórica desta mazela, mas em nada assusta as grandes massas de nossas periferias, que vivem já, em qualquer dos nossos regimes, sob uma ordem legal racista, autoritária, segregacionista e  policial.
A inadequação entre o discurso político das lideranças e as necessidades econômicas das massas denuncia alienação e voluntarismo. É preciso ter confiança nas massas, mas é preciso saber ouvi-las e se dispor a dialogar com elas, numa via de mão dupla. Propor-lhes a defesa de valores que não dizem respeito ao seu cotidiano é o mesmo que afastar-se delas.
Sem conviver com as massas é impossível compreende-las e sem compreende-las não podemos pretender lidera-las.
Decifrar essa esfinge é uma exigência da luta contra o bolsonarismo, uma doença que sobreviverá ao mandato do capitão, qualquer que seja seu termo.
Acordão
Surgiu a fumaça azul na chaminé da casa-grande. Militares, mercado, judiciário, congresso se acertaram e “tudo vai ficar como está para ver como é que fica”, pelo menos enquanto o capitão aceitar a camisa-de-força comportamental e a crise social não exigir novo arranjo. Por ora o tea party bolsonarista volta para os estaleiros, o capitão deixa de ameaçar os poderes e não se fala mais em impeachment. O congresso cuidará das reformas da “pauta Guedes” e o povo que se lixe.
 

 

______________

Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia

 
 
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15 DE JULHO DE 2020
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Conheça os prós e contras de cada posição para dormir

Conheça os prós e contras de cada posição para dormir

A melhor posição é a de lado, mas as outras podem ser corrigidas

Poucos hábitos são tão eficientes para melhorar a saúde do que dormir: fortalece a memória, ajuda a controlar a hipertensão e o diabetes, diminui riscos de doenças cardiovasculares e até mesmo previne a obesidade e a depressão! Mas para conseguir todos esses benefícios, só tendo uma noite muito bem dormida. E um dos fatores que podem estragar tudo isso é a posição em que nos deitamos. "Para podermos descansar e relaxar a musculatura, precisamos de suporte adequado para não torcer ou tensionar as articulações", comenta o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Mecidina da Universidade de São Paulo (FMUSP). "Ao dormir em uma posição não adequada, a pessoa pode acordar com dores nos músculos, membros, músculos ou na cabeça, além de sensação de sono não profundo", completa o especialista.

Ficou preocupado com a forma como você dorme? Para você saber se está errando ou acertando nessa hora, desvendamos as principais posições para dormir e indicamos como deixá-las melhores ou até mesmo a aprender a mudar e adotar uma forma mais saudável na hora do sono!

Dormir de lado

Se você costuma deitar-se completamente de lado, parabéns! Essa é considerada a melhor posição para dormir. Você sabe por quê? "A questão é que ao se deitar de lado, você consegue manter a coluna mais alinhada", ensina o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Além disso, é uma posição que permite que tanto a cabeça quanto os pés fiquem da altura do coração, o que facilita muito a circulação, fazendo com que o corpo funcione normalmente durante o período em que você está dormindo.

Como melhorar a posição de lado

Porém, não adianta apenas ficar deitado do jeito certo, alguns ajustes são necessários. Primeiro, o travesseiro: "o ideal é que ele tenha a altura do ombro, para a cabeça não ficar inclinada", estabelece o ortopedista Alexandre Podgaeti, coordenador da Comissão de Campanhas da Sociedade Brasileira de Coluna, membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. "Colocar um travesseiro entre os joelhos também é bom, porque um joelho bate no outro e assim eles ficam alinhados ao tronco", conclui o especialista.

A coluna também é um ponto a se ter atenção: tente respeitar as curvas naturais dessa estrutura, nada de tentar ficar retinho! Manter as pernas levemente flexionadas e o quadril relaxado também são ótimas pedidas para não forçar o nervo ciático. Quanto aos braços, nada de colocá-los para cima. "Dormir com o braço esticado em cima da cabeça pode fazê-lo acordar com dor no ombro, bursite ou tendinite... Isso é um reflexo de um travesseiro muito baixo", reflete Podgaeti.

Dormir de barriga para cima

Essa não é a posição mais indicada, mas também não é de todo ruim para o corpo. O lado bom é que as articulações conseguem relaxar de forma satisfatória, impedindo torções e dores. Porém, a coluna não fica perfeita. "Você acaba retificando seu corpo, e o melhor jeito de manter as curvas da colina perfeita é deitando de lado", pondera Podgaeti. Outra questão é a maior chance de problemas como a apneia ou ronco aparecerem em que se deita nesta posição. "A língua vai para trás, atrapalhando a respiração", comenta o especialista. Lembrando que esse não é único fator que pode causar esses processos.

Como melhorar a posição de barriga para cima

Uma das formas de garantir que você durma melhor de barriga para cima é com o travesseiro. Ao contrário da posição de lado, em que ele fica mais alto, ao deitar-se virado para cima ele deve ser bem baixinho. "Assim, evita-se uma tensão na musculatura cervical", explica Trevizani. Uma forma de garantir um relaxamento das pernas é colocar um travesseiro embaixo dos joelhos, o que permite que eles fiquem menos entendidos, relaxando os músculos da lombar e das coxas.

Já os braços, ao deitar-se de barriga para cima, devem ficar ao longo do corpo, ou com as mãos pousadas levemente sobre o abdômen. Sem por força, é claro, ou você acabará prejudicando a respiração. "Não é indicado colocar os braços para alto, pois acaba ficando desconfortável ao longo da noite", friza o especialista.

Dormir de bruços

Se dormir de barriga para cima é aceitável, dormir de bruços é completamente contraindicado! Além de deixar o corpo reto também, da mesma forma que a primeira posição, ainda tem o agravante do pescoço. "Ao se deitar de lado, você precisa se virar para respirar, torcendo o pescoço cerca de noventa graus. Quando você coloca um travesseiro, então, além de torcer, você o hiperestende, causando dores cervicais", descreve o ortopedista Podgaeti. Infelizmente, no caso dessa posição, não há muito o que resolver, de acordo com os especialistas. "Mesmo que muitas pessoas estejam adaptadas a essa posição e se sintam confortáveis, podem ocorrer problemas de cervicalgia, dor nos ombros, bursite, tendinite e até dor nas costas", enumera o especialista.

Para completar, a posição pode trazer problemas até para os dentes, pois pressionar a região, em longo prazo, pode favorecer dentes tortos. "Ao dormir de bruços, a face recebe pressão, que fica pior se você colocar um braço ou algo firme embaixo da cabeça", explica a odontologista Eliana Avelãs.

E se mudo de posição ao longo da noite?

Infelizmente, só dá para controlar mesmo nossa posição antes de adormecer, depois disso, é normal que nosso corpo busque adaptação para ficar mais confortável, e nós acabemos nos movimentando um pouco. "Isso é normal, então o que você pode fazer é sempre começar seu sono numa melhor posição, o resto não dá pra controlar", aconselha Podgaeti.

Porém, se você se mexe até demais, pode ser indicativo de outros problemas de sono. "Quem se vira muito na cama a noite precisa verificar se não há alteração no sono que pode gerar agitamento. Para isso existem tratamento específicos e é importante procurar um especialista em sono", recomenda Trevizani.

Dá para mudar a posição em que eu durmo?

Outro problema é tentar mudar uma posição a qual seu corpo já está tão acostumado, não é mesmo? Mesmo os pequenos ajustes nas posições normais podem ser incômodos. Para o ortopedista Podgaeti, tudo é uma questão de treino e de insistência. "No começo sem dúvida você acaba voltando a posição ruim sozinho mesmo, mas com o tempo o corpo vai ficando cada vez mais na posição ideal e vai se acostumando", indica o especialista. Pode ser um processo cansativo, mas vale a pena tentar melhorar, para garantir um sono mais leve e reparador, que vai inclusive recuperar você de todo esse esforço!

Tremor nos olhos é sinal comum de estresse: como controlar?

Tremor nos olhos é sinal comum de estresse: como controlar?

Ingerir bastante água e diminuir o consumo de cafeína são algumas das medidas de controle das contrações nas pálpebras

Você já notou um de seus olhos tremendo involuntariamente? Uma das principais causas disso pode ser o estresse. Quando a ansiedade e o nervosismo com o dia a dia crescem, consequentemente, nosso corpo passa a apresentar sinais de que algo não está bem. O tremor involuntário das pálpebras, neste contexto, é um sintoma que deve ser analisado.

Tremor nos olhos e estresse

Quando ocorre a contração involuntária, rápida e espontânea de um ou mais músculos do corpo, damos a ela o nome de mioquimia. Casos comuns são as mioquimias palpebrais - ou os tremores nas pálpebras, que costumam ser benignos e agem como se fossem pequenas contrações indolores na região.

Segundo o oftalmologista André Borba, especialista em oculoplástica pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, a mioquimia é um dos problemas que pode acontecer com qualquer pessoa que esteja com alto nível de ansiedadefadigaexcesso de trabalho e poucas horas de sono revigorante.

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Como controlar o tremor nas pálpebras

Na maioria dos casos, os sintomas são desencadeados pelo estresse. Porém, a condição também pode aparecer pelo excesso de cafeína no organismoaumento do consumo de bebidas alcoólicas e prática de exercícios físicos pesados. "Geralmente, a mioquimia se resolve sozinha com a diminuição do estresse e fadiga do momento", diz o especialista.

Por isso, a maioria dos casos não exige um tratamento específico e apenas uma compressa com água morna auxilia na melhora da tensão muscular do local. Aumentar a ingestão de água, diminuir o consumo excessivo de cafeína e álcool, descansar e meditar também são medidas efetivas.

Mioquimia e blefaroespasmo

É comum a mioquimia ser confundida com blefaroespasmo, contração automática das pálpebras, que atinge geralmente homens e mulheres a partir dos 60 anos e que não tem cura.

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"Normalmente, a doença começa de forma discreta e, aos poucos, vai se intensificando. A pessoa pisca sem parar a ponto de não enxergar direito. Nos casos avançados, o blefaroespasmo ainda pode prejudicar totalmente a visão, atrapalhando o dia a dia e a execução de atividades simples, como cozinhar, dirigir e ler", alerta André.

Quando o tremor prevalece por muitos dias, a ponto de incomodar a rotina diária, é necessário procurar um especialista. "A aplicação de toxina botulínica em pontos específicos pode ser utilizada para imobilizar os músculos, diminuindo as contrações indesejadas e melhorando a qualidade de vida do paciente", acrescenta.

Como diminuir o estresse

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