sexta-feira, 24 de junho de 2016

"Isso é um governo ou uma gangue?"

Manchete de 1ª página do jornal alemão Die Zeit, sobre os ocupantes temporários do Governo do Brasil.

Carta aberta a Sérgio Moro


Carta aberta a Sérgio Moro

 

Paulo Nogueira

Caro Moro:

 

Me desculpe a franqueza, mas o senhor é uma desgraça nacional. Simboliza a justiça partidária que tanto mal faz ao país.

 

O senhor é um antiexemplo. No futuro, quando formos uma sociedade mais avançada, ficará a pergunta: como pudemos tolerar um juiz tão parcial?

 

Sequer as aparências o senhor respeitou. São abjetas as imagens em que o senhor aparece ao lado de barões da mídia como João Roberto Marinho e de políticos da direita como João Dória.

 

O senhor tem ideia do que aconteceria na Inglaterra se um juiz com tanto poder como o senhor confraternizasse com caciques da política e da mídia?

 

Mas o pior não foram as aparências: foram e são os atos práticos.

 

Como o senhor não se envergonhou de participar dos espetáculos circenses em que o objetivo era criminalizar um e apenas um partido, o PT?

 

Como o senhor não se envergonhou em passar para a Globo conversas criminosamente gravadas entre Lula e Dilma?

 

Caro Moro: como o senhor consegue dormir?

 

Vejamos os fatos destes últimos dias. O senhor e sua Lava-Jato foram fulminantes em prender um ex-ministro de Lula e embaraçar o editor de um site que representa um tipo de visão completamente ignorado pelas grandes empresas jornalísticas.

 

Funcionários da Polícia Federal, em extravagantes uniformes de camuflagem e fortemente armados, se deixaram também fotografar em frente à sede do PT em São Paulo.

 

O senhor tem noção do ridículo, do patético disso? Parecia que os policiais estavam indo desbaratar uma célula dos Estados Islâmicos.

 

Mas, ao mesmo tempo, ficamos todos sabendo que vocês fracassaram miseravelmente não uma, mas duas vezes em intimar a mulher de Eduardo Cunha, Claudia Cruz.

 

Vocês não sabem sequer onde ela fica para entregar a intimação? Ou o empenho frenético em investigar e atacar um lado é contrabalançado pela negligência obscena em tratar casos ligados ao outro lado?

 

O senhor tem ideia do desgaste que este tipo de coisa provoca em sua imagem em milhões de brasileiros?

 

Um homem pode ser medido pelos admiradores que semeia. O senhor é hoje venerado pelo mesmo público que idolatra Bolsonaro: são pessoas essencialmente racistas, homofóbicas, raivosas, altamente conservadoras e brutalmente desinformadas.

 

O senhor não combateu, verdadeiramente, a corrupção. O senhor combateu e combate o PT. São duas coisas distintas. Falo isso com a tranquilidade de quem jamais pertenceu ao PT ou teve qualquer vínculo com o partido. Meu pai se elegeu presidente do sindicato dos jornalistas de SP, no começo dos anos 1980, numa disputa épica contra o representante do PT, Rui Falcão. Jamais superei certas mágoas do PT até porque meu pai era meu norte e meu sul, meu leste e meu oeste.

 

Não fossem os delatores, as roubalheiras de gente como Aécio, Temer e Jucá permaneceriam desconhecidas e intocadas.

 

Não fossem as autoridades suíças, as contas secretas que finalmente liquidaram a maior vocação corrupta das últimas décadas no Brasil não seriam conhecidas, e Eduardo Cunha continuaria a cometer seus crimes.

 

Caro Moro: o senhor há de ter o mesmo destino de um homem que teve um papel igual ao seu na política brasileira, Joaquim Barbosa.

 

A mídia o usou e espremeu ao máximo, e depois o descartou. JB não é nota sequer de rodapé dos jornais e revistas. Não é ouvido para nada.

 

O senhor, como JB no Mensalão, está tendo seus dias de Cinderela, porque é útil à plutocracia. Mas Gata Borralheira sempre ronda a Cinderela, como o senhor sabe.

 

Sinceramente.

 

Paulo

 

Temer paga à mídia a conta do golpe


Postado em 21/06/2016 5:19

Temer paga à mídia a conta do golpe

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Midiagolpedemocracia
Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:
É tudo tão previsível.
O Brasil, de fato, se tornou a maior república de bananas do planeta.
Os poucos meios de comunicação que fazem crítica, de maneira organizada, profissional, jornalística, ao golpe, ao governo Temer, aos grandes conglomerados de mídia, são perseguidos à luz do dia.
Não é de hoje. Os executivos da Globo, há alguns anos, começaram a processar judicialmente blogueiros. No Paraná, o governo do Estado mandou e o TRE aplicou multa de 200 mil reais num blogueiro – o Tarso, para o qual fazemos campanha de arrecadação até hoje.
Após o golpe, uma das primeiras iniciativas do governo tem sido, como acontece em qualquer golpe, em qualquer ditadura, a tentativa de silenciar a crítica.
Há duas ou três semanas a grande mídia vem repetindo e requentando matérias sobre a verba que os blogs ditos políticos “iriam” ganhar – e ganhar de maneira honesta, normal, como centenas ou milhares de sites brasileiros ou hospedados no Brasil.
Neste final de semana foi a vez da Globo dar matéria, como chamada na capa, página inteira no miolo, sobre o “corte da verba aos blogs”.
O governo Temer, atendendo às ordens da Globo, mandou suspender contratos já feitos com blogs e sites para o ano de 2016, mas seu foco específico era alguns blogs progressistas, sem ocultar que se trata de perseguição política e ideológica.
O “representante” do governo ainda teve o desplante de confessar que a obsessão para prejudicar os blogs era tão grande que, sem conseguir “diferenciar” totalmente os blogs que deveriam ser perseguidos, decidiu-se suspender os contratos de publicidade com todos os sites e blogs. Inclusive aqueles que essa nova entidade misteriosa que se tornou subitamente, sob o beneplácito da mídia corporativa, o juiz moral e político da liberdade de expressão no país, não queria censurar, como o site do El Pais, o Observatório da Imprensa. Todos esses recebem vultosos anúncios estatais, mas não entraram na lista negra do Globo/Temer.
É sinal de insegurança, do governo e da mídia, esse ataque a um punhado de blogs. O exército de zumbis da mídia, boa parte deles vítimas inconscientes da manipulação que sofrem diuturnamente, ajuda a fazer o serviço sujo, disseminando desinformação contra a imprensa antigolpe.
Entretanto, não são os blogueiros os principais prejudicados.
Na verdade, quanto mais a mídia, governo e zumbis perseguem blogs, mas a gente ganha notoriedade. Os blogs são fenômenos darwinistas. Eles ganham força na adversidade. São como pequenos mamíferos ágeis que se adaptam facilmente num mundo que já não consegue alimentar os dinossauros.
O problema é a ascensão do fascismo, que floresce de forma muito rápida nessa atmosfera de opressão, perseguição e censura.
O Cafezinho pede desculpas a estes sites que, por culpa da obsessão do governo contra blogs como o nosso, acabaram pagando o pato. Eu tenho admiração por qualquer site de informação ou de debate político, inclusive os de direita, desde que seja bem escrito e conduzido com responsabilidade. Acho que um governo democrático deveria ter iniciativas para que produtores de conteúdo de diversas orientações ideológicas tivessem acesso a publicidade institucional, de maneira a oferecer, à sociedade brasileira, um painel rico de opiniões, debates e informações. Tenho escrito isso há anos. Uma solução simples e democrática, por exemplo, seria a criação de um sistema randômico público.
Em 2016, dar ao governo – e ainda mais um governo golpista, corrupto e reacionário como este -, a prerrogativa de escolher que sites e blogs poderão receber publicidade estatal, é uma temeridade!
Eu considero o universo da opinião e do debate tão importantes quanto o universo da informação pura (que nem acho que existe). Espero, portanto, que todos estes sites voltem a celebrar contratos com o governo, que tenham publicidade institucional, que existam e sejam fortes, porque a pior coisa que pode acontecer ao Brasil é continuar refém de meia dúzia de barões da mídia.
Quanto ao Cafezinho, entramos na lista negra do governo e da Globo (a da Globo é a pior, porque ela é quem manda hoje no país). Ainda temos um bannerzinhos institucionais aqui e ali no blog, mas suponho que estão com os dias contados, nem estou seguro sobre seu pagamento.
Não se preocupe o leitor, contudo. Não com o Cafezinho, pelo menos. Sempre vivemos sem anúncios do governo, e quando eles finalmente apareceram, aos 44 minutos do segundo tempo, vem o golpe, o governo cai e o seu substituto manda não pagar.
Continuamos vivendo de assinaturas, na luta para que a ditadura Temer/Globo e seu clima horrível de ameaça a quem ousa criticá-la, se afunde em sua própria lama autoritária.
Conhecemos muito bem, além disso, a história das lutas sociais, e sabemos que os que resistem hoje serão os grandes vencedores de amanhã.
Os vencedores do golpe, por sua vez, já tem lugar garantido no lixo da história.
A Globo publicou um gráfico para não deixar dúvidas sobre a “lista negra”. Somos “mídia política” e não podemos receber nenhum tipo de publicidade institucional. Eu fico imaginando, por exemplo, o Pasquim: não seria também “mídia política”?
A censura voltou, mais disfarçada, porém igualmente brutal – vide o caso dos jornalistas paranaenses, perseguidos por juízes, ou de Marcelo Auler, agredido judicialmente por meganhas da Lava Jato.
A lista negra da Globo, naturalmente, serve também para assustar possíveis anunciantes privados.
Eu considero que o empresariado brasileiro, em seu conjunto (não falo de meia dúzia de golpistas da Fiesp), também é vítima do monopólio da mídia e do clima de golpe, porque a situação que vivemos trouxe insegurança jurídica e política para todos.
Qualquer empresa ou cidadão pode ser destruído pela mídia, se esta entender que ele ou ela estão em seu caminho. O Judiciário não defende o cidadão, porque para isso teria de enfrentar os grandes meios de comunicação, o que não acontece, até porque os juízes também estão sob constante ameaça.
O juiz que não obedece às tácitas diretrizes da grande mídia é imediatamente linchado em jornais, portais e tv.
Como resultado, o Judiciário entrou no jogo da mídia e tem embarcado alegremente em qualquer conspiração, desde que ao final dela seus salários e benefícios aumentem ainda mais.
Uma das primeiras medidas do governo Temer foi – em meio a uma grave recessão – dar aumento ao judiciário.
Sobre o conceito de “mídia política”, o governo Temer está na contramão das democracias modernas. A tendência de democracias contemporâneas é um ambiente de debate plural, rico, diverso. Na comunicação, há uma tendência à opinião, ao debate, até porque a informação pura está migrando para as fontes primárias.
A perseguição aos blogs, por parte do governo e da mídia (que faz matérias hostis, sem ouvir o outro lado, sem informar ao leitor que os blogs ampliaram de maneira espetacular sua audiência, aumentaram a produção de conteúdo próprio, e que há um setor influente da sociedade que se sente representado pelos blogs) é parte da conta paga pelo apoio ao golpe.
Os blogs criticam a mídia, então a mídia, num lampejo incrível de magnanimidade e espírito democrático, usa sua influência junto a um governo fraco, quase natimorto, desesperado por agradar aos barões midiáticos e, com isso, se salvar da derrocada política ou mesmo da prisão, para asfixiá-los financeiramente!
Delenda blogs!
A outra parte da conta, o governo está tentando pagar através de medidas provisórias para isentar os empresários bilionários da mídia de pagamentos de impostos, como a MP 713, onde o governo adicionou vários penduricalhos neste sentido.
Então é assim: a grande mídia brasileira acumulou capital, poder e ganhou mercado durante a ditadura militar. De lá para cá, abocanhou a maior parte dos recursos do Estado. Leis foram feitas, durante a ditadura e ao longo dos últimos governos, para agradar e enriquecer os bilionários donos da mídia brasileira. E aí, quando o governo Dilma começa a distribuir migalhas para a internet, a mídia patrocina um golpe, após o qual o governo corta o incipiente processo de democratização da publicidade estatal e, em plena recessão, tenta subsidiar um punhado de bilionários da comunicação.
Detalhe: a grande mídia é sonegadora de impostos e faz campanha para a sonegação de impostos.
O Estado, ao invés de cobrar os impostos que elas devem, quer lhes conceder mais privilégios fiscais.
Enquanto isso os pequenos são perseguidos, porque os poderosos sabem que o debate não pode ser livre. Apenas uma narrativa pode prevalecer.
A narrativa do golpe.
Evidentemente vão perder, porque, ao nosso lado, temos Zé Keti: podem me bater, podem me prender, podem até me deixar sem comer, que eu não mudo de opinião, daqui do blog eu não saio não.
Boa noite, sacripantas!

Golpe no Paraguai: 4 anos de devastação social e econômica neoliberal


Golpe no Paraguai: 4 anos de devastação social e econômica neoliberal

A primeira ação dos golpistas paraguaios foi atacar os movimentos sociais. Estava anunciado o tom do próximo governo.

 

Mariana Serafini
Legenda: Fernando Lugo assiste à sua destituição em seu gabinete no Palácio do Governo | Foto: Rafael Alejandro Urzúa
O presidente Horacio Cartes foi eleito pouco mais de um ano depois do golpe. Com margem estreita frente aos golpistas do Partido Liberal Radical Autêntico, o Partido Colorado voltou ao poder, depois dos quatro anos de Lugo. Era o fim do curto ciclo progressista e uma volta triunfal do neoliberalismo, com toda a legitimidade que um Estado democrático garante. 

O economista paraguaio Gustavo Codas, que ocupou a diretoria geral da usina hidrelétrica Itaipu Binacional no período de 2010 a 2011, conversou com o Vermelho sobre como está seu país quatro anos após o golpe de Estado. “O golpe foi dado, supostamente, com o argumento de que o governo Lugo estava ‘pisoteando’ as instituições da República. Mas hoje, quatro anos depois, o país está entregue em um quadro muito preocupante. O contrabando, o narcotráfico e o crime organizado não somente têm penetrado nas instituições, como parecem completamente fora de controle. Obviamente isso não é de hoje, mas o descontrole completo é uma novidade”. 

O governo de Lugo foi marcado por pequenos avanços sociais, mas que em um país dominado por mais de 60 anos consecutivos pelos Colorados, significavam muito. Em pouco tempo, todas as conquistas desapareceram e o novo presidente escancarou as portas para a exploração estrangeira sem nenhum pudor. Em reunião com investidores no Brasil, Cartes usou o infeliz slogan da marca de departamento C&A “use e abuse” para apresentar as beneficies de seu governo: “usem e abusem do Paraguai”. E para deixar claro que não estava enganado sobre o que disse, em outra ocasião, no Uruguai, não teve nenhum receio em afirmar que o Paraguai era como uma “mulher linda e fácil”.

Codas acredita que um dos principais impactos negativos do golpe foi este retrocesso. Ele afirma que “o país voltou a experimentar as políticas neoliberais mais duras”. Piores até que o projeto anacrônico dos anos 90. Porém, mesmo com o apoio do Congresso e do Senado, as políticas econômicas e de segurança pública de Cartes são desastrosas. O narcotráfico atingiu o ápice do descontrole e os tão prometidos empregos não foram gerados. 


Recentemente um dos grandes chefes do tráfico foi assassinado em Pedro Juan Caballero, região de fronteira com o Mato Grosso, com uma metralhadora capaz e derrubar aviões. O crime organizado agiu de forma espetaculosa. Em seguida, a polícia despreparada promoveu mais uma das tanta ações desastrosas, já características da Era Cartes, invadiu uma fazenda no interior, aparentemente sem muito preparo tático, e assassinou uma criança de três anos de idade. Além de deixar outra pessoa gravemente ferida. Não se sabe os motivos. Este é só um retrato da politica de segurança pública do presidente que oferece o país para ser usado e abusado. 

Estes casos levaram o ministro secretário da Secretaria Nacional Anti-drogas, Luis Rojas, a pedir exoneração. A imprensa local anunciou que o novo ministro será indicado Pela DEA o órgão de polícia federal do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, tamanha é a influência norte-americana no governo Colorado. 

“Então nós encontramos um país que voltou ao passado não só porque o governo impulsiona um projeto neoliberal, mas também porque a polarização social com o empobrecimento de muitos e o enriquecimento de poucos e o enfraquecimento das instituições do Estado frente ao crime organizado são elementos muito presentes. Talvez como poucas vezes aconteceu, ou nunca, desde a redemocratização, em 1989. Isso mostra que um golpe de Estado, como sofreu o presidente Lugo, desestabiliza, polariza e coloca o país numa zona de risco muito acentuada. Um golpe de estado nunca é normalizador. É uma anormalidade que deve ser combatida”, afirma Codas. 

O neoliberalismo devastador de Cartes

Segundo Codas, a estratégia do governo neoliberal de Cartes é oferecer as difíceis condições do país como se fossem uma vantagem ao investidor estrangeiro. “Houve uma atração de investimento, mas tem a ver como oferecer o Paraguai como o país onde se paga poucos impostos, baixos salários e benefícios e baixas taxas de energia elétrica. São supostas ‘vantagens competitivas’, mas que na verdade são os problemas que o país sofre”. 

As políticas públicas impulsionadas por Lugo foram enfraquecidas ou extintas e não foram substituídas por um processo de investimento em larga escala, como prometido durante a campanha presidencial de Cartes. O presidente planejou transforar o país em uma imensa “fábrica de produtos de baixo valor agregado”, para o investidor estrangeiro interessado em vender no Brasil. Isso porém, em troca de abrir mão de todos os direitos sociais. “Estes investimentos não vieram em quantidade importante, e os que vieram são com a condição de que não tenha sindicatos, isso cria novos focos de conflito”, explica Codas. 

Ele denuncia que o Ministério do Trabalho tem mais de 200 pedidos de criação de sindicatos não reconhecidos para que os empresários possam demitir e controlar os funcionários sem restrições. Afinal, se não há um sindicato da categoria, não há proteção trabalhista. É como se o Ministério do Trabalho fosse uma grande agência do empresariado.

A Operação Lava Jato e o Massacre de Curuguaty

Para Codas, a Operação Lava Jato está para o Brasil como o Massacre de Curuguaty está para o Paraguai. “No caso brasileiro foi uma operação muito mais sofisticada para gerar oportunidade [para o golpe]: a manipulação das informações da Operação Lava Jato”. 

O Massacre de Curuguaty foi um episódio trágico que chocou o Paraguai exatamente sete dias antes do golpe e impulsionou a opinião pública a exigir o impeachment de Lugo. Trata-se de um conflito no campo, na região de Curuguaty, onde uma emboscada policial com o objetivo de expulsar camponeses de um terreno resultou em 17 mortes. Até hoje o crime não foi elucidado.
Codas explica que a direita precisa de tempo e oportunidade para voltar ao poder e nem sempre é possível fazê-lo por meio da via eleitoral. Por isso quando o cenário não é favorável, é preciso cria-lo. “Obviamente há uma ascensão da direita porque ela tem força. Foi derrotada nas urnas, mas na sociedade continua viva, na economia continua viva e na globalização continua viva. Além disso, a esquerda e seu projeto progressista encontra contradições a serem resolvidas e é necessário criar condições para o golpe. A oportunidade do imperialismo pode surgir ou pode ser provocada. No caso do Paraguai, hoje faz 4 anos do golpe e 4 anos e 7 dias do Massacre de Curuguay”. 

Codas explica que tanto no Brasil, como no Paraguai, a imprensa hegemônica teve papel fundamental para construir o cenário do golpe. Nos dois casos um episódio foi manipulado e veiculado incessantemente até gerar comoção social e justificar a “necessidade de um impeachment”. “Basta pegar um evento e torna-lo um escândalo através da manipulação e da insistência. É um ambiente que se cria. Nós vimos aqui no Brasil como se criou em torno da Operação Lava Jato”. 

Tanto aqui como lá, os objetivos dos golpes são parecidos: “interromper um governo democrático popular e impor uma agenda neoliberal”. Para Codas, o governo de Temer é uma volta completa ao passado. “É tão à direita que está revertendo inclusive conquistas que não são do ciclo progressista, mas dos anos 80. É uma regressão completa”. 

O peão do xadrez imperialista no continente 

“Aquilo que o governo dos Estados Unidos gostaria que fosse dito, que fosse colocado, o governo paraguaio está sempre à disposição para tomar a iniciativa”. É assim que Codas define o papel do Paraguai no Mercosul e nos outros organismos de integração. Um Estado pronto para “fazer o jogo sujo” a serviço do imperialismo contra a integração e a democracia.
O economista deixa claro que apesar do pouco peso político e econômico de seu país no cenário internacional, o governo de Cartes não tem nenhum pudor em ser quem fica “queimado” diante dos outros Estados porque “é o peão do jogo de xadrez da direita continental”. 

Codas explica que mesmo a direita latino-americana tem sido “ponderada” em alguns aspectos, coisa que não passa nem perto da cabeça de Cartes. O Paraguai é o pivô da política anti-Venezuela no Mercosul, enquanto isso, o presidente Argentino, Mauricio Macri, se passa por “democrático” e “equilibrado”. 

“No Paraguai as vertentes mais retrógradas da direita são ainda muito expressivas. É como um museu vivo da direita do século 20”, finaliza Codas. 




Créditos da foto: Legenda: Fernando Lugo assiste à sua destituição em seu gabinete no Palácio do Governo | Foto: Rafael Alejandro Urzúa

O “fascismo light” de Jair Bolsonaro

Postado em 23/06/2016 11:16

O “fascismo light” de Jair Bolsonaro

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Por Altamiro Borges
Nesta terça-feira (21), o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente decidiu abrir duas ações penais contra o fascista Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que agora se torna réu pelos crimes de apologia ao estupro e de injúria. Caso seja condenado, o herói da direita nativa ficará inelegível pelos próximos oito anos, o que inviabiliza a sua ambição presidencial para 2018. Logo após a decisão, o valentão se acovardou novamente, pedindo desculpas com “humildade”. Mas em uma conversa informal com um jornalista, que ele imaginou ser advogado, ele admitiu: “Me fodi. Tomei de quatro a um [no STF]”. Nem mesmo o afago dos mercenários do Movimento Brasil Livre (MBL) serviu de consolo ao deputado fascista.
Os ministros do STF, por quatro votos a um, acataram a denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e a queixa da deputada Maria do Rosário (PT-RS), agredida pelo fascistoide. Em seu parecer, o relator do processo, Luiz Fux, concluiu que Jair Bolsonaro praticou crime ao afirmar, em dezembro de 2014, que não estupraria a parlamentar “porque você não merece”. Para o ministro, a grosseria “não apenas menospreza a dignidade da mulher, como atribui às vítimas o merecimento dos sofrimentos”. Já o ministro Luís Roberto Barroso acrescentou que a imunidade parlamentar não prevê a violação da dignidade humana. “Ninguém deve achar que a incivilidade, a grosseria e a depreciação do outro são formas naturais de viver a vida… Ninguém pode se escudar na imunidade parlamentar para chamar alguém de ‘negro safado’, para chamar alguém de ‘gay pervertido'”.
Fascista se traveste de democrata
A decisão do STF pode até não redundar na perda dos direitos políticos do famoso fascista, mas serve para desgastar ainda mais a sua imagem. Nos últimos tempos, segundo reportagem recente da Folha, Jair Bolsonaro estava tentando ampliar seu eleitorado, hoje composto basicamente por fascistoides da pior espécie e por “midiotas” desinformados. Seu intento, conforme relato da repórter Thais Bilenky, seria o de criar “uma extrema direita light” no Brasil:
“Pré-candidato à Presidência pelo PSC, o deputado Jair Messias Bolsonaro, 61, tenta ampliar o seu apelo eleitoral em temas como economia e sistema penal, ainda que mantenha os arroubos que já lhe renderam cerca de 30 pedidos de cassação em 26 anos de mandatos na Câmara Federal. A defesa de um projeto desenvolvimentista para o país, herança da ditadura (1964-1985) – da qual ele é admirador – agora divide espaço com falas pró-mercado. Respostas legalistas substituem elogios do passado ao autoritarismo”. A repórter lembra que em 1999, durante entrevista ao programa “Câmera Aberta”, ele afirmou que era “favorável à tortura”, elogiou a ditadura militar e disse que, se fosse eleito presidente da República, fecharia o Congresso Nacional e “daria um golpe”.
Agora, porém, ele tenta se travestir de democrata para iludir os ingênuos. Na maior caradura, garante que nunca defendeu a ditadura ou as torturas. “Na tentativa de ampliar seu eleitorado, o deputado Jair Bolsonaro diz que abriu mão de posições polêmicas como a defesa da pena capital. ‘A Constituição não permite pena de morte, prisão perpétua nem trabalho forçado’, declarou. O mesmo argumento é usado ao comentar o direito ao aborto em caso de estupro. “Não vou discutir, já que é lei. Se alguém apresentar projeto para revogar, é outra história'”. Em seu pragmatismo, o “católico praticante” até foi batizado em Jerusalém pelo Pastor Everaldo, em maio último. Haja oportunismo!
Apesar desta jogada de marketing, não será nada fácil tirar da sua testa o carimbo de fascista, racista, machista e homofóbico. A própria Folha, que ajudou a projetar o deputado golpista, concorda que sua mudança de postura em busca do eleitorado “light” de direita não será simples. “Não significa que ele tenha se convertido totalmente. Uma das últimas mostras disso ocorreu durante a votação na Câmara do impeachment de Dilma Rousseff, em que homenageou o coronel Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-Codi, órgão repressor da ditadura onde a presidente afastada foi torturada”. Ao tornar réu pelos crimes de apologia ao estupro e injúria, o STF ajuda a ampliar a ficha corrida do fascistoide.
Ainda sobre o repugnante Jair Bolsonaro, vale reler artigo de Guilherme Boulos, publicado na Folha  em 21 de abril de 2016:
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Bolsonaro e a miséria humana“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”.
Assim o deputado Jair Messias Bolsonaro votou no último domingo (17) pelo impeachment da presidente Dilma. Para os que não conhecem a história do país suas palavras podem ter passado desapercebidas em meio ao show de horrores daquela várzea que se tornou a Câmara dos Deputados. Mas não.
Carlos Alberto Brilhante Ustra foi o comandante do DOI-Codi –órgão de repressão da ditadura militar– entre 1970 e 1974. Neste período, é responsabilizado pelo assassinato de pelo menos 50 pessoas e pela tortura de outras tantas. Torturou e matou de forma atroz e covarde, sendo lembrado como um dos maiores carrascos da ditadura.
Torturou a militante política Amelinha Teles na presença de seus filhos, então com 4 e 5 anos de idade. “Ele levou meus filhos para uma sala, onde eu me encontrava na cadeira do dragão [instrumento de tortura utilizado na ditadura militar em que a pessoa era colocada sentada e sofria choques com fios elétricos atados em diversas partes do corpo], nua, vomitada, urinada… e ele leva meus filhos para dentro da sala? Para mim, foi a pior tortura que eu passei. Meus filhos tinham 5 e 4 anos”.
Torturou a irmã de Amelinha, Criméia de Almeida, grávida: “Apanhei muito e apanhei do comandante. Ele foi o primeiro a me torturar e me espancou até eu perder a consciência, sendo que era uma gestante bem barriguda. Eu estava no sétimo mês de gravidez”.
Torturou por mais de doze horas seguidas o ex-deputado Adriano Diogo, após matar seu colega, o estudante Alexandre Vannuchi Leme: “Tirou o capuz e falou: Acabei de mandar o Minhoca (apelido de Alexandre) para a Vanguarda Popular Celestial. Você vai ser o próximo”.
Torturou o vereador paulistano Gilberto Natalini: “Tiraram a minha roupa e me obrigaram a subir em duas latas. Conectaram fios ao meu corpo e me jogaram água com sal. Enquanto me dava choques, Ustra me batia com um cipó e gritava me pedindo informações”.
Torturou também a presidente Dilma Rousseff, de forma verdadeiramente pavorosa, com choques, pau de arara e arrancando seus dentes: “Era aquele negócio meio terreno baldio, não tinha nem muro direito. Eu entrei no pátio da Operação Bandeirante e começaram a gritar: ‘Mata!’, ‘Tira a roupa’, ‘Terrorista’,’Filha da puta’. Você vai ficar deformada e ninguém vai te querer. Ninguém sabe que você está aqui. Você vai virar um ‘presunto’ e ninguém vai saber…”, disse ele então à presidente.
Um deputado federal render, às vistas de toda a nação, homenagem a um torturador – como justificativa do voto contrário a uma pessoa por ele torturada – é uma perversidade inominável. É ademais crime de apologia à tortura, como denunciou a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Numa cínica inversão de valores, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fala em cassar o deputado Jean Wyllys, que, legitimamente enojado com os insultos de Bolsonaro, deferiu-lhe uma cusparada. Ora, o que foi a cusparada de Jean – que representou o desejo de milhões de brasileiros – perto dos elogios canalhas a Brilhante Ustra? Se as leis que protegem os direitos humanos valessem algo no Brasil, Bolsonaro teria saído da seção de domingo cassado e algemado.
Muitos são os que preferem enxergá-lo como a caricatura do louco, um psicopata. Isso seria aboná-lo. Seria considerar também como loucos os milhares que o exaltam como “Bolsomito” e o 5% do eleitorado que o tem como seu candidato a presidente da República.
Ao exaltar torturadores, agredir minorias de forma covarde e conclamar a eliminação dos inimigos, Bolsonaro ganha espaço por despertar um ponto sensível da miséria humana. Aquilo que Kant chamou de mal radical e Freud de destrutividade da pulsão de morte.
Diz Freud, em “O Mal Estar na Civilização”: “Sob circunstâncias propícias, quando estão ausentes forças contrárias que a inibem, a agressão se exterioriza espontaneamente, desmascara os seres humanos como bestas selvagens. Em consequência, o próximo representa uma tentação para satisfazer nele a agressão, escravizá-lo, usá-lo sexualmente sem seu consentimento, humilhá-lo, infligir-lhe dores, martirizá-lo, assassiná-lo”.
Este é o estado de espírito do torturador. É também o sentimento que Jair Bolsonaro desperta em seus “Bolsonetes”, criando uma verdadeira comunhão do ódio. Aí florescem as sementes do fascismo.
Pela memória de Alexandre Vannuchi Leme e de todos os mortos da ditadura; pela honra de Amelinha e de todos os torturados da ditadura; por todos eles, é preciso dizer não ao fascista Jair Messias Bolsonaro.

23/06/2016 - Clipping Internacional


23/06/2016 - Clipping Internacional

O Congresso brasileiro se articula para acabar com o banimento de sete décadas a cassinos e jogos de azar e busca atrair investidores norte-americanos.

 

Carta Maior
reprodução
BRASIL
Quaterly Americas, EUA
A grande aposta brasileira. O Congresso brasileiro se articula para acabar com o banimento de sete décadas a cassinos e jogos de azar e busca atrair investidores norte-americanos.
http://americasquarterly.org/content/brazils-big-bet

Pagina 12, Argentina
O deputado fascista será julgado. O STF julgará Bolsonaro por incitação ao estupro e por injúria. Em 2014, Bolsonaro disse a uma colega de parlamento que não a violava porque “ela não merecia”. Ao votar a favor do impeachment de Dilma em abril, o deputado dedicou seu voto a um torturador da ditadura.

http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-302399-2016-06-23.html

Foi aberto novo processo contra Cunha no STF
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/subnotas/4-78172-2016-06-23.html

El País Brasil, Espanha
Dilma: “governo se diz de salvação nacional, mas é de salve-se quem puder”. Em entrevista ao jornal, Dilma chama Temer e aliados de “horda de hunos”.
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/22/politica/1466621398_081819.html

Diário de Notícias, Portugal
Lava-jato: uma bênção para os advogados. Detenções por corrupção deram origem a um mercado próspero para os escritórios de advogados, incluindo os estrangeiros
http://www.dn.pt/mundo/interior/lava-jato-uma-bencao-para-os-advogados-5243316.html

Supercomputador usado em pesquisas sobre zika parado por falta de verbas. As despesas com energia chegam a 500 mil reais (131 mil euros) por mês, o que equivale a 80% dos recursos do laboratório
http://www.dn.pt/sociedade/interior/supercomputador-usado-em-pesquisas-sobre-zika-parado-por-falta-de-verbas-5243338.html

RFI, França
A cientista social brasileira Carmen Barroso recebe nesta quinta-feira (23) o prêmio Populações da ONU. Ela é membro do Grupo Independente de Especialistas da Estratégia Global da ONU sobre Saúde da Mulher, Crianças e Adolescentes, em Nova York, e é considerada pioneira em estudos de gênero.
http://m.br.rfi.fr/brasil/20160622-cientista-social-carmen-barroso-ganha-premio-populacoes-da-onu

BBC Brasil, Inglaterra
Como o plebiscito na Inglaterra sobre a saída da União Européia pode afetar os brasileiros no Reino Unido
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-36600879

Huff Post Brasil, EUA
Antes herói do impeachment, hoje apenas uma mesa vazia para Eduardo Cunha

http://www.brasilpost.com.br/francisco-toledo/mesa-vazia-eduardo-cunha_b_10596624.html?utm_hp_ref=brazil

MUNDO (especial: Brexit)

The Guardian, Inglaterra
O colunistas John Harris fala sobre o plebiscito de hoje na Inglaterra. “O Reino Unido é agora duas nações, olhando-se através de um fosso político. O eleitor da saída da União Européia não são apenas lemingues pulando de um pico, e a esquerda precisa urgentemente  de entender essa escolha
https://www.theguardian.com/commentisfree/2016/jun/23/united-kingdom-two-nations-political-chasm-left

Huffington Post, EUA
O país sente uma fissura geracional com respeito ao Brexit. Os jovens votam para permanecer na União Européia e os mais velhos para sair dizem as pesquisas.
http://www.huffingtonpost.com/entry/brexit-call-your-nan_us_5769c165e4b0c0252e77a042?section=&utm_hp_ref=world

Britânicos votam no “Brexit” com o futuro do país na mira. O resultado da eleição, atualmente cabeça a cabeça, terá impacto significativo em todo o mundo
http://www.huffingtonpost.com/entry/britain-brexit-eu_us_576b4215e4b065534f48f1d0?section=

The Independent, Inglaterra
40 fatos sobre o Reino Unido e a União Européia.
http://www.independent.co.uk/news/uk/politics/eu-referendum-facts-brexit-immigration-trade-economy-fishing-leave-remain-what-will-happen-a7095046.html

Publico, Portugal
Com a Europa de nó na garganta, britânicos decidem o lugar que querem ocupar no mundo. Incerteza é a única palavra certa sobre o desfecho do referendo à permanência do Reino Unido na UE. Mobilização dos eleitores trabalhistas e dos mais jovens serão decisivos após campanha que dividiu o país.

https://www.publico.pt/mundo/noticia/com-a-europa-de-no-na-garganta-britanicos-decidem-o-lugar-que-querem-ocupar-no-mundo-1736033

Le Monde, França
Quais as consequências concretas do Brexit?
http://www.lemonde.fr/referendum-sur-le-brexit/article/2016/06/23/quelles-consequences-concretes-en-cas-de-brexit_4956191_4872498.html


The Intercept, EUA
Brexit pode empurrar a Europa mais fundo na xenofobia e na busca de bodes expiatórios
https://theintercept.com/2016/06/22/brexit-could-push-europe-deeper-into-scapegoating-and-xenophobia/

L’Humanité, França
O governo cede diante da pressão sindical e dos cidadãos e autoriza a grande manifestação contra a nova lei do trabalho em discussão no parlamento.
http://www.humanite.fr/le-gouvernement-cede-face-la-pression-syndicale-et-citoyenne-610387

The Nation, EUA
Quão severa é a crise na Venezuela?
https://www.thenation.com/article/how-severe-is-venezuelas-crisis/

'Só a polícia disparou', um testemunho da repressão em Nochixtlán

'Só a polícia disparou', um testemunho da repressão em Nochixtlán

'Vi um grupo de policiais chegando, mas vinham a paisana. Carregavam galões e foram despejando gasolina sobre os veículos que estavam no acostamento.'

 

Arturo Cano, para o La Jornada, do México
reprodução
O velho professor deixa por um momento sua coragem e se permite um sorrisinho burlesco quando perguntado sobre se votou por Gabino Cué, o famigerado governador do Estado de Oaxaca, no sul do México: “se te digo a qual partido pertenço, não vai acreditar”. Não espera pela nova pergunta: “sou do PRI desde 1964, entrei no partido quando o grande Carlos Madrazo o dirigia”.

A conversa ocorreu em meio ao bloqueio intermitente realizado pelos professores de Tamazulapan –os veículos ficam retidos durante 15 ou 20 minutos, até que os deixam passar após as revisões de praxe. O repórter pede para falar com algum secretário geral do movimento ou um líder estudantil, mas os jovens preferem que este professor mais experiente fale em nome do grupo, e ele não diz seu nome, mas oferece todos os dados sobre sua biografia.

O velho professor acaba de regressar de Nochixtlán, no Estado de Oaxaca. Foi para lá com uma comissão que levou medicamentos para os feridos na jornada de domingo passado. “Eu mesmo comprei alguns dos remédios”, diz ele, mas sem intenção de se gabar, outros colegas também o fizeram.

Os professores e moradores mobilizados compartilham a comida e a água, escutam a rádio alternativa e se revesam para cuidar da barreira – uma enorme tábua cheia de pregos – que garante que nenhum veículo passe sem aguardar durante algum tempo.


O homem que fala pelo movimento já tinha 15 anos docência quando o atual secretário de Educação, Aurelio Nuño, veio ao mundo. E embora milite orgulhosamente no partido do governo, o velho professor é um duro crítico: “não é possível fazer uma reforma educativa sem os professores, sem a sociedade, sem os especialistas, sem os que enfrentam diariamente a missão de educar, mas o senhor secretário teima em querer ser o próximo presidente da República, já não digamos candidato, e sim presidente…”

– Provavelmente, o governo calculou que vocês não aguentariam tanto tempo.

– O senhor secretário de Educação não conhece este país, menos ainda os Estados do sul. E não sabe nada da escola pública. Quando o escutamos falar de educação? Só fala em reprimir. Nós queremos somente diálogo, e ele pensa que a educação se resolve com balas, com mortos e feridos.

“De onde vem?”, perguntam os manifestantes, no bloqueio seguinte, no belo povoado de Santo Domingo Yanhuitlán, também em Oaxaca. Enquanto revisam os porta-malas, dois homens pedem que se diga que estão deixando as passarem e que aqui não há nada mais que professores. “Eu sou a autoridade aqui no povoado, libera uma das pistas. O que mais interessa a vocês já ficou para trás: viu os federais no caminho? Porque nos disseram que virão mais.

Os mesmos rumores se propagam em Nochixtlán, alguns quilômetros adiante, enquanto o palácio municipal ainda sente a fumaça e ouve o coro da população, com o grito de “assassinos” e os nomes do presidente da República, do governador de Oaxaca e de Daniel Cuevas, identificado como o cacique político local – sua família ocupa a maioria dos cargos importantes.

Estão abertos somente alguns bares e armazéns de beira de estrada. Na entrada do acampamento, grupos de professores e moradores conversam. Sobre as suas mesas, havia um montão de gazes, vendas e garrafas de álcool, que serviram para atender os mais de 100 feridos.

Um dos homens revisa duas cartolinas na parede, que estão resguardadas por outros manifestantes. Estão escritos ali os nomes das crianças que perderam seus pais no momento do ataque da Polícia Federal. “Escreva aí que o que aconteceu em Nochixtlán foi obra do povo. E mais, que estavam apenas 20% dos professores, mas somos muitos mais, e assim nos organizamos”, pede o homem.

Algumas ruas mais adiante, os letreiros fora de uma loja ilustram o que ele quis dizer com “obra do povo”. Na verdade, é o escritório de uma transportadora: “este terminal está apoiando os professores, pais e a população em geral”. Outra cartolina afirma: “nota: esta empresa não presta serviço à Polícia Federal”.

O encarregado do negócio diz: “é preciso escolher um lado, e nós estamos do lado do povo”. Logo, ele aponta um hotel que fica bem em enfrente ao seu local, e que está fechado: “os federais, da outra vez, ficaram aí, e depois não queriam pagar, por isso, agora o dono preferiu fechar”. Outro hotel, que também hospedou os federais, e que segundo os moradores locais é de propriedade de um parente do coronel do lugar, sucumbiu ao fogo dos protestos.

“Foram disparos diretos”

Perto dali, na direção da saída do povoado, a cena que produzida pela atuação das forças federais parece a de uma minissérie de zumbis. Esqueletos de trailers e outros veículos, montes de restos de calotas queimadas, vidros e pedras que voaram de um lado para outro, bombas molotov que nunca explodiram.

Moradores e repórteres caminham sobre os escombros buscando restos, alguma pista, cartuchos de bala, indícios dos disparos que, segundo a versão governamental, saíram das armas de grupos radicalizados.

“Não acredite em nada disso”, diz o professor Roberto, que insiste em dizer que só a polícia disparou, como também afirmam outras testemunhas dos fatos de domingo.

Uma parte do seu relato diz assim: “eu vi um grupo de policiais chegando, mas vinham a paisana. Carregavam galões e foram despejando gasolina sobre os veículos que estavam no acostamento. Quando avançaram, os uniformados foram ateando fogo. Depois, começaram a atirar. Os disparos foram diretos. Um dos nossos companheiros foi executado a queima roupa, outro foi alvejado quando estava escondido debaixo de um carro”.

Algumas horas antes, os habitantes de Nochixtlán fizeram uma homenagem de corpo presente a três dos oito falecidos.

Um orador menciona o presidente Enrique Peña Nieto, e o governador de Oaxaca, Gabino Cué. “Assassinos! Assassinos!”, é o grito que acompanha os seus nomes.

O pai de David Jiménez Santiago diz que este governo “já se apropriou do lema de, Ulises Ruiz (velho coronel local), de que em Oaxaca não está acontecendo nada”. Fala também de defender a educação pública, e pergunta: “qual é a nossa missão agora? Manter-nos firmes e continuar lutando”.

Naquele momento, ninguém sabia que as mais altas autoridades do país e do Estado de Oaxaca estavam numa coletiva de imprensa, na que garantiam que o caso será investigado, para se descobrir de onde saíram os disparos, embora os representantes da Comissão Nacional de Segurança Pública tenham dito que seus elementos não foram os autores, porque estavam desarmados.

A alguns passos do local onde um pai de família conversa com os jornalistas está a estátua de Abraham Castellanos Coronado, famoso educador nascido em Nochixtlán, contemporâneo da Revolução Mexicana e homem ligado ao general Salvador Alvarado. Sobre a efígie, se observa um grande livro aberto, com a célebre frase do filho predileto deste povoado: “para formar pátria, o segredo está na educação das massas”.

Tradução: Victor Farinelli



Créditos da foto: reprodução

A marcha do retrocesso neoliberal

A marcha do retrocesso neoliberal

Dados econômicos mostram que a política econômica recessiva, de diminuição do tamanho do Estado, gera piora nas contas públicas e aumento do desemprego.

 

Tatiana Carlotti
Lula Marques
Entre os dias 15 e 16 de junho, a Fundação Perseu Abramo (FPA) promoveu o seminário “O Brasil do Golpe: o Plano Temer sob análise”. Na pauta, o desmonte das políticas sociais, culturais e emancipatórias (leia mais aqui) e, evidentemente, o retrocesso neoliberal na economia.

A subordinação externa do país e a política econômica, imposta pelo governo golpista, foram debatidas por Arno Augustin (economista e ex-secretário do Tesouro Nacional), Gilmar Mauro (dirigente nacional do MST) e Giorgio Romano (Universidade Federal do ABC - UFABC).

Ao analisar a eficácia da política econômica, em curso, Augustin foi categórico: “todos os dados econômicos mostram que a política econômica recessiva, de diminuição do tamanho do Estado, gera piora nas contas públicas e aumento do desemprego. Ela não gera crescimento econômico”.

A saída é justamente o contrário, apontou, ao explicitar como os governos Lula e Dilma, entre 2003 e 2014, superaram as restrições ao crescimento econômico, a partir de “um Estado que atuou conscientemente” estimulando os investimentos no país a partir do financiamento, a baixo custo, pelos bancos públicos; de melhorias na infraestrutura; e da distribuição de renda, através das políticas sociais, criando um dinâmico mercado interno.


Neste período, destacou, o Tesouro Nacional emprestou quase R$ 500 bilhões ao BNDES. “Esses recursos foram jogados na economia sob a forma de financiamentos com baixo custo que fazem com que o país tenha – e teve - melhorias nos seus níveis de formação bruta de capital”. Essas medidas, explicou, “estavam criando um Brasil soberano”, capaz de “trabalhar com um crescimento de médio e longo prazo mesmo em situações de crises e difíceis”.

O golpe, porém, encerrou este processo.

“O que estamos vivendo é uma tentativa de recolocar o Brasil em condições de não crescimento, impossibilitando a retomada dos investimentos”.  Um exemplo é o impacto perverso nos investimentos da atual taxa de juros SELIC - a 14,25%.

Concessões e falsas ilusões

Augustin também criticou a política econômica adotada pelo governo Dilma em 2015. Em sua visão, após a eleição, as medidas adotadas na seara econômica “já prenunciavam algumas coisas que hoje estão bem mais avançadas e bem mais radicalizadas no governo Temer”.

Ponderando que a concessão se tratou de um recuo tático, “decorrente da pressão de setores empresariais e financeiros que estavam impondo um programa que ganhou a sua versão máxima depois do golpe”, o ex-secretário do Tesouro foi taxativo: “certas concessões têm responsabilidade grande no que aconteceu, mas, certamente, elas não justificam o golpe”.

Em sua avalição, agora é o momento de “propor à sociedade brasileira, com firmeza, o que faz o Brasil crescer a médio e a longo prazos”. E, sobretudo, aprender a não ter ilusões, como a de acreditar que “comportar-se segundo as regras da especulação financeira vai gerar algum resultado positivo. Não vai”.

Augustin destacou, ainda, dois aspectos que, embora não justifiquem, explicam a forte reação dos setores financeiros contra os governos petistas: a queda da SELIC que, em 2012, chegou a 7,25% (metade do valor atual); e a diminuição do espaço de investimentos das instituições financeiras privadas no país.

Em 2015, as instituições financeiras privadas respondiam por 66% do que era emprestado no país, já as públicas representavam 34%. Em 2014, ocorreu uma completa inversão: as públicas respondiam por 54% dos recursos emprestados, enquanto as privadas representavam 46%. “Essa mudança de comportamento fez com que as públicas ganhassem mercado significativamente”, explicou.

Em sua avalição, “um mercado financeiro perdendo espaço (prevalência do sistema financeiro público sobre o privado) e uma SELIC baixa mexeram, evidentemente, com a especulação financeira e o rentismo, tradicionalmente fortes no Brasil. Isso gerou uma reação muito forte que acabou no golpe”.

Ameaça Temer

Augustin também analisou algumas medidas econômicas anunciadas pelo governo interino – e ilegítimo – de Michel Temer. Entre as mais preocupantes, destacou o teto para os gastos públicos nas áreas da Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia. “Uma política que, de forma alguma, constrói desenvolvimento em médio e longo prazos”, apontou.

Ao mencionar o gasto de R$ 500 bilhões do governo federal apenas com o pagamento de juros da dívida, dada à alta taxa de juros SELIC, ele destacou que esse montante, pago em juros, “é muito mais relevante do que o ganho que, eventualmente, se terá em termos fiscais com o teto dos gastos primários em Educação, Saúde, Ciência Tecnologia”.

Ele também destacou que boa parte das pessoas acredita que dinheiro gasto em juros é diferente do montante gasto em Educação, Saúde etc. “Não é. É dinheiro igual ao outro. Não há nenhuma diferença”.

Para que o golpe seja derrotado, avaliou, “é preciso mostrar à sociedade uma política econômica de crescimento que permita um Brasil com maior soberania como o país pode ter, deve ter e vinha tendo”.

“Agora é o momento de reagir à contraofensiva neoliberal, com a força que temos de mobilização e a força de um programa econômico e social que já demonstrou ser o melhor para o Brasil”, complementou.

Um político no comando do Itamaraty

Na sequência dos debates, Giorgio Romano, professor de relações internacionais na Universidade Federal do ABC (UFABC), analisou as mudanças na política externa brasileira, destacando a atuação de José Serra à frente da pasta de Relações Exteriores.

“Ele dá um sentido à política externa totalmente distorcido e limitado”, apontou Romano, citando uma série de medidas recentes que mostram, claramente, a intenção do tucano de transformar o Itamaraty em “um outro núcleo para fazer política econômica e se projetar”.

Entre elas, o deslocamento da APEX (agência que faz promoção da exportação, com forte presença no exterior) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) para o Itamaraty, ampliando consideravelmente a receita do órgão. E, também, a tentativa do novo ministro em ser, também, o secretário executivo da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) que passaria à área presidencial.

Romano também chamou a atenção para o discurso de posse do novo ministro: “superficial, com muito marketing e poucas propostas viáveis ou concretas”.  Desse discurso, destaca três pontos principais: o anúncio de mudanças em relação a algo que nunca existiu; a continuidade política do que já estava em curso, mas é apresentado como algo novo; e, efetivamente, o que há de novo.

Do primeiro ponto, Romano avaliou a notória obsessão do tucano em desconstruir a “política altiva e ativa de país” dos governos Lula e Dilma. Com forte apoio da imprensa, Serra vem construindo a ideia de que os governos petistas promoveram uma política externa “megalomaníaca” e “ideológica”, responsável pelo “isolamento do país”.

No cerne do discurso, o mote: “antes existiam preferências ideológicas na política externa brasileira; mas, agora, será trabalhada a ideia de Estado e Nação”. Curiosamente, analisa Romano, durante os governos Lula e Dilma, foram os diplomatas e não os políticos que estiveram no comando do Itamaraty. Agora, porém, “há um político, com intenção política, dizendo que vai defender uma política externa independente”.

Outro discurso disseminado, internamente inclusive, é o do esvaziamento do Itamaraty. Esquecem, afirma Romano, que durante os anos Lula houve “um forte aumento de vagas e concursos no Itamaraty” e que a “política externa ganhou um enorme peso político”. Exemplos não faltam: “a forma como o Brasil entrou nos BRICS, no G-20 e ganhou a votação para estar na frente da FAO e da OMC”.

Apropriação de acordos já firmados

Romano também destrinchou as “novas medidas” anunciadas pelo ministro Serra. “Esses acordos bilaterais, praticamente acordos e solicitações de investimentos, com o Chile, com o México, com a Colômbia e com o Peru foram assinados com o Governo Dilma”.

Outro exemplo citado foi a negociação entre o Mercosul e a União Europeia. “Essa era uma política do governo Lula. A oferta do Mercosul foi feita no dia anterior à votação que tirou a Dilma [ do poder]. O Brasil trabalhou esse acordo, que só não avançou pela insistência da União Europeia. Agora o Serra vai para Paris: ‘eu vou resolver a parada’. Dias depois, o Estadão publica uma citação dele dizendo que o obstáculo do acordo não foi o Mercosul, mas a União Europeia”.

Já em termos de “novidades” no Itamaraty, o professor de relações internacionais apontou o avanço do conservadorismo na política externa. Em sua avaliação, “passadas as eleições municipais, teremos um governo muito mais conservador, mais conservador do que o governo Fernando Henrique”.

A diferença, apontou, está na visão de mundo:

“Nós olhávamos para um mundo em transição, rumo a uma multipolaridade (diminuição da hegemonia dos Estados Unidos) que poderia dar um espaço maior ao Brasil, caso o país se articulasse aos países do Sul, para ter mais força de negociação com os países do Norte. Daí toda a lógica da UNILA, UNASUL, participação no G-20”.

“Não há dúvidas de que o atual governo é “muito mais simpático ao capital norte-americano”, concluiu.

Tempos de luta
Em sua análise, Gilmar Mauro, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), levantou uma série de questões voltadas ao fortalecimento da resistência contra o golpe.

Entre elas, a necessidade de novas formas ofensivas para o enfrentamento da ordem do capital em escala planetária. “Não temos uma Internacional, atuante e ativa, neste momento que mais carecemos. E carecemos não só do ponto de vista ideológico, mas econômico corporativo concreto”, apontou.

Ao analisar o fim de um cenário no Brasil, “calcado na demanda internacional das commodities agrícolas, no investimento público direto na economia e na abertura de crédito geral à população”, ele apontou a quebra do pacto entre a classe trabalhadora e a elite brasileira. E lembrou: “não fomos nós que rompemos [o pacto]”.

Destacando que, ao longo deste período, “o capital privado não investiu na economia brasileira, disputando, sempre e cada vez mais, os ajustes na perspectiva de manter taxas de lucros altíssimas na ciranda financeira”, Gilmar Mauro questionou:

“É possível ainda pensar em aliança com setores da burguesia social? ”

“Se não tem mais nenhum setor interessado neste projeto, seria a classe trabalhadora que o assumiria? ”

“Qual tipo de programa político e de alianças precisamos? ”

Crítico à perspectiva de que todos devem ganhar, “os empresários ganham, os trabalhadores ganham”, afirmou: “no nosso modo de ver, a conta não fecha desse jeito. No capitalismo alguém sempre tem que perder”.

“Eles estão impondo a perda deles para cima de nós. Daí o ajuste, visando a maior fatia da mais valia social produzida pela classe trabalhadora e juros, dividendos de grandes investimentos. É por isso que é preciso discutir que tipo de projeto nós queremos”, complementou.

O preço da despolitização

Mauro também criticou a ideia disseminada, “principalmente no Governo Dilma”, do crescimento da classe média brasileira. De forma equivocada, sustentou, essa ideia despolitizou a sociedade brasileira. “Sob uma perspectiva da sociologia norte-americana, disseminaram um conceito que não leva em consideração a propriedade, mas o indivíduo e a possibilidade individual de ascensão social”.

Na realidade, explicou, “o que temos no Brasil e no mundo é um aumento da classe trabalhadora com diferenciações sociais imensas. Uma parte com alguns direitos e ganhos evidentemente elevados se comparada com a outra parte, uma grande maioria com dificuldade de se estabilizar e precarizada. Mas, todas as partes dentro do grande espectro da classe trabalhadora”.

Em sua avaliação, essa despolitização está custando um alto preço ao país: “o grande conjunto da classe trabalhadora assiste à luta política no Brasil como se estivesse vendo uma partida de tênis”. Ele também chamou a atenção para a necessidade da renovação das formas organizativas dos movimentos sociais, populares, sindicais e dos partidos políticos.

“O que nós produzimos é o que de melhor a gente tem. Mas, o que a gente tem ainda é insuficiente para enfrentar a luta de classes neste tempo histórico”, considerou, ao chamar a atenção para necessidade, urgente, “do aprofundamento político e de um balanço crítico”, capazes de criar as condições necessárias de enfrentamento ao longo do próximo período.

“Serão tempos muito difíceis”, avaliou.

Leiam também: O desmonte das políticas sociais, culturais e emancipatórias.



Créditos da foto: Lula Marques