sexta-feira, 8 de março de 2019

No Brasil distópico e medieval de Bolsonaro, há muito pouco para as mulheres celebrarem

No Brasil distópico e medieval de Bolsonaro, há muito pouco para as mulheres celebrarem

Fui despertada hoje por centenas de mensagens me felicitando pelo Dia Internacional da Mulher.
Fico muito feliz e agradeço em meu nome, mas sobretudo agradeço em nome das 146 mulheres mortas em uma fábrica de tecidos em Nova York, em março de 1911, mulheres que trabalhavam 12 horas por dia, trancadas em um lugar insalubre, sem pausas no trabalho, comendo apenas para continuarem vivas, e sujeitas a todos os abusos morais e a perigos, como o incêndio que finalmente as matou.
Agradeço em nome de Simone de Beauvoir, de Frida Kahlo, da humanista Olga Benário, enviada pelo Brasil, grávida de uma menina, para morrer em um campo de concentração na Alemanha. Em nome de Dandara, uma das escravas que liderou muitas das quilombolas em Palmares.
Agradeço em nome de Rosa de Luxemburgo, a alemã que deixou um imenso legado humanista, em nome de Rosa Parks (a mulher que lutou contra o Apartheid norte- americano), agradeço em nome de Fátima, filha do Profeta Maomé, que lutou muito pelos direitos da mulher, em nome de Aisha, mulher muçulmana, líder de milhões de homens muçulmanos, mas cuja história o Ocidente tenta silenciar.
Agradeço em nome de Marielle Franco, assassinada há exatamente um ano, em nome de Luiza Mahin, a escrava muçulmana que lutou pela Abolição dos escravos e pela liberdade religiosa no Brasil, agradeço em nome de Ahed Tamimi, ativista palestina que luta contra a ocupação ilegal de Israel nos territórios palestinos e contra o genocídio de crianças e jovens palestinos. Agradeço em nome de Leila Diniz, de Pagu, de Santa Teresa D Ávila, de Maria Madalena e da princesa Fatima, a mulher muçulmana que fundou a primeira universidade do mundo.
Agradeço em nome das centenas de muçulmanas feministas que conheci e entrevistei na Palestina, que lutam pelos direitos da mulher, mas nunca aparecem na sua TV.
Amo ser mulher, fui casada duas vezes, tenho uma filhota linda e sempre tive e tenho relacionamentos longos, amo ter nascido mulher, mas minha alma hoje não vê razões para celebrar o retrocesso do Brasil de Bolsonaro, um dos países com maiores índices de feminicídio do mundo cujo presidente afirma que o feminicídio não existe.
Minha alma se dilacera hoje pelas mais de 60 mil brasileiras assassinadas por seus parceiros, em claros feminicídios, apenas entre 2010 e 2019 no Brasil. Por todas as Lucias, Anas, Isabellas e Helenas que tiveram suas vidas e sonhos ceifados pelo machismo e pela misoginia. Por crimes que colocam o Brasil entre os 5 países onde morrem mais mulheres por violência doméstica no mundo.
Pelas 47 mil mulheres estupradas no Brasil apenas em 2014. Minha alma chora por cada mulher que, segundo a ONU, é violentada a cada 11 minutos no Brasil. Pela hipocrisia dos brasileiros quando dizem que odeiam os muçulmanos porque eles tratam mal suas mulheres, enquanto o que testemunhei na Palestina foi o oposto e enquanto a própria ONU afirma que, estatisticamente, há muito mais estupros e violência contra a mulher na America Latina do que na Palestina.
Desculpem-me, amigos, se eu, a jornalista, escritora e embaixadora da paz, a menina apaixonada pela vida, hoje não vejo muitos motivos para celebrar.

Reinaldo Azevedo para a Lava Jato sobre a nova fundação: “Cadê a grana, valentes?”

Reinaldo Azevedo para a Lava Jato sobre a nova fundação: “Cadê a grana, valentes?”

Publicado em 8 março, 2019 11:25 pm
Do jornalista Reinaldo Azevedo em seu blog no UOL.
A Força Tarefa da Lava Jato divulgou uma nota sobre o acordo espúrio com a Petrobras, que vai lhe permitir criar uma fundação de direito privado com grana bilionária oriunda dos cofres da empresa, que é um atentado à inteligência. 
(…)
A gente deveria, de saída, se perguntar por que pessoas encarregadas de investigar malfeitos e denunciar malfeitores precisa de “assessoria de comunicação”.
A nota que vai acima é um atentado à inteligência.
Os senhores procuradores deveriam dizer em que arcabouço legal se sustentam para criar a fundação. São servidores públicos. Só podem fazer o que a lei prevê. Qual é a lei?
Mais interessante — e hipócrita — é a argumentação de apelo ao social. Estariam fazendo isso para garantir a participação da sociedade civil. Ora vejam a ousadia desses senhores: comportam-se como Legislativo, sem terem sido eleitos por ninguém, e como Judiciário, ao arrepio da lei.
Esse acordo não só tem de ser barrado pela Justiça como seus autores têm de responder por ele na Justiça.
(…)
Desde quando um órgão do Estado se transforma em incubadora de fundações de direito privado, tendo como origem dinheiro público? Sim, o dinheiro original pertence ao erário — no percentual correspondente às ações da Petrobras que pertencem ao Estado; e a outra parte é privada: percentual referente aos acionistas privados.
Entendi.
O Brasil acima de tudo. Deus acima de todos. E Dallagnol acima de Deus.
Ele

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