quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Os destaques da noite no 247

 

Câmara dos Estados Unidos aprova impeachment de Donald Trump

Defesa de Lula já analisa mensagens entre Moro e procuradores da Lava Jato

General Mills anuncia fechamento de fábrica da Yoki no Brasil: é a terceira empresa dos EUA em uma semana

ONG global de Direitos Humanos acusa Bolsonaro: sabota combate ao coronavírus, incentiva violência policial e queimadas

 

Record demitirá jornalista Adriana Araújo por críticas a Bolsonaro

 

Genoino defende ocupação e estatização de fábricas da Ford no Brasil

Mais notícias

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O bolsonarismo avança sem contraponto ideológico

 

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O bolsonarismo avança sem contraponto ideológico
 
Roberto Amaral
 
     A tentativa de putsch trumpista vem ensejando especulações sobre o que se deve esperar de um país como o Brasil, que em tudo procura copiar o modelo do império, até na má escolha de seus presidentes, ou nos erros de suas respectivas oposições, sempre dispostas à política da conciliação, sempre refratárias ao enfrentamento, sempre receosas de rupturas, sempre preocupadas com a ordem e a segurança.  O que lá ocorre deve sempre ocorrer aqui, em medidas subdesenvolvidas quase sempre caricatas como toda macaquice, o que recomenda, a quem as tem, pôr as barbas de molho.  Entre nós a aparente boa vida do capitão, ainda bafejado por apoio popular,  pouco se deve às suas artes de feiticeiro, mas ao fato de, até aqui, nada obstante a resistência da opinião pública aos seus desmandos, não haver sido possível organizar uma oposição à altura do desafio, como ficou escandalosamente evidente no recente episódio da sucessão da mesa do senado, quando o PT abre as negociações apoiando o candidato de Bolsonaro, à troca de uns poucos cargos na direção daquela casa legislativa, enquanto sua bancada na câmara dos deputados ingressa com pedido de impeachment contra o ainda presidente da república. O que o PT espera estar assinalando para o povo?  Faltam-lhe, à oposição, corpo e alma, desde o desastre de 2016. Falta-lhe competência para a justa compreensão do quadro político, e de seu papel nele.  É difícil, porém, pensar em uma ossatura vigorosa enquanto o maior partido de centro-esquerda não superar sua crise existencial, e o principal líder popular observar o quase silêncio de hoje. Por consequência, o governo navega sem contraponto ideológico. Na ausência do discurso de esquerda, a oposição que funciona é a meia oposição da direita, bem representada pelo deputado Rodrigo Maia, que, dissidente político, mantém sua filiação ao neoliberalismo e à política que dilacera nossa economia, ainda quando não mais esconda divergências, todas de ordem comportamental, com seu executante do momento. Não se deve rejeitar a companhia do atual presidente da Câmara dos Deputados, ao contrário, louvada deve ser sua atual postura, mas é evidente que a oposição de esquerda não pode conformar-se com sua liderança. De nosso campo mais se deve exigir e reclamar urgência em uma revisão de análise e métodos, pois a história não espera pelos retardatários.
     Em artigo recente, José Dirceu lembra que a esquerda brasileira vive presentemente um momento de recuo, evidência com a qual todos concordam. Enquanto aguardamos a complementação de sua boa  análise – como sair das cordas ? – reponho na mesa tema frequente neste espaço: muitos dos problemas da esquerda brasileira (a começar pelo recuo presente) se devem à renúncia ao debate político-ideológico que marca sua trajetória principalmente a partir de 2002 e se torna evidente nas políticas dos governos de centro-esquerda, obrigados a composições com a direita e o fisiologismo, o preço cobrado  pela  realpolitik para sua sustentação, mesmo assim ameaçada nos idos de 2005 e 2006. Essa aliança, aliás, foi ampliada com os afagos que fizemos ao sistema financeiro. Lula, a propósito, sempre está a lembrar que os banqueiros nunca ganharam tanto neste país como em nosso governo.  E quando a coalizão partidária e a conciliação com a burguesia  foram rompidas, pela direita, a casa veio abaixo, e a presidente Dilma Rousseff foi deposta apesar das concessões representadas, por exemplo, pela nomeação de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda, uma indicação do presidente do Bradesco. Não se trata, pois, de discutir a necessidade de alianças em nosso sistema presidencialista pluripartidário,  no qual o partido que elege  o presidente da República chega ao Congresso na condição de legenda minoritária. Na câmara que se instala em 2003 o PT detinha 90 cadeiras, num colégio de 513 deputados. A questão radica no caráter dessa composição, nos compromissos assumidos pelas partes, e nas concessões ideológicas  e programáticas que o governo se vê na contingência de fazer. 
   De outra parte,  impõe-se sempre a separação entre governo e partido, livre este para, ademais da vigilância sobre seu governo (que vai além da ocupação de cargos) prosseguir em seu trabalho de organização das massas e proselitismo político, a que renunciaram todos os partidos da base de centro-esquerda. A partir deste ponto vejo as dificuldades presentes na compreensão do caráter que deve ter a oposição ao regime que nos preside. O distanciamento do governo real das linhas partidárias e de seus representantes, o distanciamento entre as direções partidárias e a militância, entre o discurso da esquerda  e as expectativas das grandes massas – que se reflete no pronunciamento eleitoral – são apenas a face amarga de uma mesma moeda: a cooptação dos quadros pela burocracia, no governo e nos partidos.
     O ponto de separação das linhas está em menos cuidar do atual governo em si  e de seu chefete e mais voltar-se para seu substrato ideológico, uma formação conservadora e reacionária com franca presença na classe-média e em setores populares. Bolsonaro não construiu qualquer  doutrina, nem formulou o  que seja que se possa assemelhar a um programa com meio e fim claros. Seu discurso é um amontoado de sandices. O mérito do capitão está em de haver identificado entre nós uma corrente de pensamento (ou simplesmente sentimentos) reacionária, ultraconservadora, inteiramente à mingua de representação e liderança. Neste sentido, ele responde a uma necessidade social, cuja existência não nos fôra dado perceber  quando a serpente era apenas um ovo por ser eclodido, ludibriados que fomos pelos nossos feitos eleitorais, que nada diziam respeito à consagração de nossas ideias, pois simplesmente refletiam o prestígio de então de um líder de massas carismático.
     Nos EUA, a questão central não é Trump, possivelmente uma página virada na política eleitoral do império. O que importa, na análise,  é considerar o espírito que estava por trás dos vândalos do capitólio e que, antes, assegurara a histórica votação do quase ex-presidente. [Embora derrotado, por pequena margem de votos, aliás,  Trump sagrou-se o 2º presidenciável mais votado da história dos EUA; esses dados devem ser lidos como sinal de que a radicalização seguirá por um bom tempo.) Este espírito persiste como ameaça ao futuro governo Biden, e pode mesmo pôr em risco a estabilidade institucional da maior potência nuclear do mundo dilacerada em suas entranhas por um conflito etnoracialsocial sem esperança.  Também na metrópole, o trumpismo não foi obra mercadológica de Donald Trump. Coube-lhe dar voz e expressão ao que de mais atrasado sobrevive, forte, na sociedade americana, e que se reflete em sua divisão aparentemente irremediável. Outro ingrediente, que não deve ser descartado, é a obviedade do anacronismo do sistema político daquela que até há pouco se apresentava ao mundo como modelo de democracia representativa. Mas esta distonia está longe de morar no cerne da questão.
    A insurreição no Congresso em Washington, bem como a ascensão de Bolsonaro em nosso processo político, não devem, pois, ser vistas como “pontos fora da curva”. Por trás do fenômeno brasileiro se encontram fileiras de militares, a grande burguesia, os grandes partidos (MDB e PSDB à frente), os setores mais atrasados da ação religiosa, e, coroamento ideológico, os grandes meios de comunicação de massa em sua pertinaz campanha contra a política, contra as esquerdas e, mais especificamente contra o Lula e o PT.  Como nos observa o sempre mestre Paulo Sérgio Pinheiro (“O golpe de estado em Washington: lições para o Brasil”), a vilania  [o assalto ao capitólio com direito à bandeira confederada]“foi construída a partir de uma campanha consistente, durante quatro anos de solapamento das instituições democráticas, pelo presidente Trump, desde a campanha eleitoral até as acusações ao novo governo eleito”. Mutatis mutandis, o mesmo se aplica ao Brasil de hoje e ao possível Brasil de amanhã. Desde que assumiu o governo, coerente com seu passado e agora com as costas largas da sustentação dos generais, o ainda presidente Bolsonaro vem, impunemente,  investindo contra as instituições republicanas, na expectativa de uma oportunidade de virada do jogo democrático, de que que, aliás, já esteve próximo. O antídoto é o confronto ideológico. E este só será possível pela esquerda, que, no entanto se encontra em recuo que se diz tático, mas que terminará por tornar-se estratégico, se não encontrar forças e argumentos para ocupar o posto de vanguarda que a história costuma oferecer-lhe, mas no qual não tem cadeira cativa.

***

Tem que vender essa porra logo” . Assim se pronunciou o inefável Paulo Guedes sobre a privatização do maior banco brasileiro, um patrimônio de nosso povo, o Banco do Brasil.  Para facilitar o negócio com seus parceiros da máfia financeira, o ex “Posto Ipiranga” acelera   o desmonte do Banco, que acaba  de anunciar   5000 demissões e o fechamento de 361 agências. Instituição fundada em 1808, o Banco do Brasil figura entre as instituições financeiras mais sólidas do mundo, e em 2020 (o ano da pandemia e da retração dos negócios)  deu, de lucro, a bagatela de R$ 10 bilhões (quase R$ 17 bi em 2019). Sua privatização é sonho antigo da burguesia nativa. Vai passar em branco?

A frente de esquerda como ela é. Um grande acordo (PT, PSDB e PSL), tendo como base a distribuição de cargos da mesa diretora, selou a recondução  do vereador Milton Leite (DEM) para a presidência da Câmara Municipal de São Paulo. Leite concorria com Érika Hilton, candidata do PSOL.


 

Portal tutameia entrevista Maria Fernanda Coelho, ex-presidenta da CAIXA ": eles têm pressa em pilhar o patrimônio público"

 

SGeral <sgeral@mst.org.br>
À :SGeral
mer. 13 janv. à 13:28

 

“Eles têm pressa em pilhar o patrimônio público"

 

“É uma marca histórica, 160 anos. Infelizmente, a gente chega a essa data sob um risco muito grande. O que temos visto depois do golpe contra a presidenta Dilma, no governo Michel Temer e, sem dúvida, de forma muito mais avassaladora, no governo de Bolsonaro, é o esvaziamento da instituição. Há a venda de seus ativos, inviabilizando que ela cumpra o seu papel de banco público, da prestação de serviços. É um processo de esvaziamento bastante contundente, em que se vê claramente um caminho que leva à privatização”.

Essa é a avaliação que faz Maria Fernanda Ramos Coelho, presidenta da Caixa Econômica Federal de 2006 a 2011 (governos Lula e Dilma), em entrevista ao TUTAMÉIA nesta terça-feira, 12 de janeiro, quando a instituição completou 160 anos, dia marcado por manifestações de seus funcionários em defesa da empresa.

“A Caixa nasce com esse compromisso [com a sociedade brasileira], no século 19. Era o Monte de Socorro, onde os escravos depositavam suas economias em busca da alforria. Ao longo de sua história vem cumprindo um papel fundamental”.

Não sem sofrer ataques, como lembra a executiva, que hoje está aposentada: “Na década de 1990, houve um processo enorme de sucateamento das empresas estatais brasileiras. Era o período do auge do neoliberalismo, já se vivia esse sucateamento. Em 2002, a Caixa já estava pronta para ser privatizada. Eles falavam no grande tripé da instituição, e a ideia era a instituição ser esvaziada criando três grandes bancos –uma instituição de fomento, um banco comercial e uma prestadora de serviços”.

Não aconteceu. Veio o governo Lula: “No governo do presidente Lula, e a gente passa a ressignificar e a trazer conteúdo que diz o seguinte: num país tão desigual como o nosso, a presença de uma instituição pública é fundamental. Na crise de 2008, o que se percebeu foi exatamente isso: os países que tinham bancos públicos conseguiram superar muito melhor aquela crise”, diz Maria Fernanda (clique no vídeo abaixo para ver a entrevista completa e se inscreva no TUTAMÉIA TV)

Com o golpe e os governos de Temer e Bolsonaro, essa vocação é corrompida. “A Caixa é uma instituição de Estado, sem dúvida. Mas toda a proposta da gestão, do que é a estrutura, ela passa por um projeto de governo. E o projeto de governo de Bolsonaro é o de não ter qualquer compromisso com as famílias brasileiras, com as empresas brasileiras. Não tem, por exemplo, neste momento de crise, uma estratégia de oferta de crédito direcionada às empresas em algumas cadeias produtivas que pudessem alavancar, gerar postos de trabalho. Fizemos isso em 2008: o programa Minha Casa, Minha Vida era uma política contracíclica. Estimulava a construção civil, que era um setor basicamente nacional, e teve a capacidade de gerar, em quatro anos, um milhão e setecentos mil empregos.”

Lembrando os governos de Lula e Dilma –e sua própria atuação na presidência da Caixa, quando teve como uma das missões conduzir o Minha Casa, Minha Vida–, Maria Fernanda prossegue: “Essa é a vocação dos bancos públicos: ser esse instrumento que possibilite não só a inclusão bancária e a inclusão social, como possibilite que o país tenha uma capacidade de reagir às adversidades. O crédito bem trabalhado e direcionado tem uma capacidade de movimentar a economia muito rapidamente.”

Imagem removida pelo remetente.

A capacidade da empresa é tamanha, diz a ex-executiva, que, mesmo sob ataque dos privatistas, consegue feitos como os realizados no ano passado: “A Caixa se supera ao ser demandada para o pagamento do auxílio emergencial. No ano de 2020, mais de 120 milhões de pessoas passaram pela Caixa. Isso dá oito em cada dez adultos no Brasil que tiveram algum contato com a Caixa no ano passado, seja para o auxílio emergencial, pagamento do PIS, do FGTS… A instituição tem capacidade de fazer esse atendimento por causa de sua capilaridade, do compromisso de seus empregados. No entanto, nesse momento vemos o presidente da instituição e o ministro da Economia falando em monetizar toda essa base de clientes que aderiram à sua poupança digital e isso virar um banco digital. E aí se esvazia essa vocação que a instituição tem. É muito sério.”

O ataque vem sob disfarces do palavreado: “Quando os trabalhadores, os sindicatos se mobilizam, a mensagem é de que Bolsonaro não vai privatizar a empresa. Eles criaram um discurso em que usam outros nomes. A palavra privatização não existe. Mas, no fundo, a intenção é fazer exatamente a mesma coisa usando sinônimos para tratar do mesmo. Dizem que não vão privatizar, mas sim fatiar, desinvestir, desalavancar”.

Os números, porém, não permitem esconder as intenções do governo Bolsonaro, diz Maria Fernanda: “Em 2019, foram vendidos mais de 15 bilhões de reais em ativos da Caixa. Se você pegar as grandes estatais –BNDES, Petrobras, Banco do Brasil, Eletrobras–, foram mais de 130 bilhões de reais em ativos que foram vendidos. Isso é um crime! Um crime de lesa pátria, literalmente. Vender essas estatais, que são lucrativas, que têm um desenvolvimento extraordinário –mesmo em patamares internacionais–, elas têm uma capacidade de dar um resultado para o país que é extraordinário. O governo Bolsonaro foi eleito sem nenhum programa. Foi eleito com base e um discurso de ódio que ele continua aprofundando cada vez mais.”

Mais exemplos: “Na véspera do Carnaval do ano passado, na sexta-feira de Carnaval, a Caixa manda para a Bolsa de São Paulo a proposta de venda da Caixa Seguridade, que é o quarto maior grupo segurador do Brasil, que cuida exatamente dessas operações da Caixa –capitalização, seguro, consórcio. Daí dizem: ‘Não estamos privatizando a Caixa. Estamos vendendo participações, estou vendendo ativos, vamos tornar a Caixa mais eficiência’. Não falam na palavra privatização, mas usam todas essas nomenclaturas para fazer exatamente a mesma coisa. Isso traz um processo de enfraquecimento da empresa por dentro”.

Outra faceta da política de desmonte é o ataque aos recursos humanos: “Há um brutal assédio em relação aos empregados. A Caixa abriu inúmeros processos internos contra seus empregados. São demissões imotivadas, perseguições, transferências. É um processo em que primeiro perde a memória da empresa. Segundo tem um discurso interno que visa minar a resistência coletiva, processos contra sindicatos e associações. São várias frentes. É uma coisa estratégicas, muito bem urdida, muito bem arquitetada, em que se enfraquece a instituição por dentro”.

Em resumo, o que se vê, na avaliação de Maria Fernanda Ramos Coelho, é um “processo célere de privatização da Caixa. Eles têm muita pressa em pilhar o patrimônio público. Para mim, privatizar a caixa, o Banco do Brasil, essas outras estatais, é abdicar do futuro, é abdicar da possibilidade de um futuro com redução de desigualdade social, com harmonia, com a preservação do meio ambiente, com inclusão social, com trabalho e renda para as famílias, com as pessoas tendo direito a três refeições por dia –o grande sonho do presidente Lula. É isso que é o processo de privatização. É muito grave, é muito sério”.

 

Exemplo no combate à covid-19, Vietnã inicia novos testes com vacina nacional

 CORONAVÍRUS

Exemplo no combate à covid-19, Vietnã inicia novos testes com vacina nacional

Etapa, que ainda está na primeira fase de análise, administrou injeções com dosagem de 0,075mg em cinco voluntários

REDAÇÃO OPERA MUNDI

São Paulo (Brasil)

A Universidade Médica Militar do Vietnã iniciou nesta terça-feira (12/01) novos testes clínicos com a vacina nacional contra o coronavírus chamada Nano Covax, desenvolvida pelo laboratório Nanogen Pharmaceutical Biotechnology JSC. 

Nessa nova etapa dos ensaios, que ainda estão na primeira fase de análises, foram administradas injeções com dosagem de 75mg em cinco voluntários. O processo faz parte do calendário de pesquisa que dividiu o estudo em três séries: primeira dosagem com 25mcg (0,025mg), segunda com 50mcg (0,05mg) e, por fim, 75mcg (0,075mg). O processo de estudo da Nano Covax é realizado com as três medições, em duas doses e com intervalo de 28 dias entre as aplicações. 

Segundo os especialistas, nenhum sinal de efeito colateral foi apontado, apenas sintomas esperados, como febre leve e dor na região onde a injeção foi aplicada. 

Os pesquisadores esperam que, ao longo deste ano, consigam obter dados clínicos completos que possam apresentar às autoridades de saúde e, assim, avaliar a imunização em massa da população. Segundo o portal Vietnam News, todos os voluntários são cobertos por um programa especial de seguro de saúde.

Reprodução/@VNGovtPortal
Primeira fase da Nano Covax reuniu cerca de 60 candidatos para participar das etapas de estudo

Considerado um exemplo no combate à covid-19, o Vietnã registrou durante toda a pandemia do novo coronavírus apenas 1.521 casos positivos e teve somente 35 mortes causadas pela doença.

Segundo Chu Van Men, diretor do Centro de Ensaios Clínicos e Bioequivalência da universidade, essa fase envolve menos pessoas, já que nela é visado "avaliar a segurança da vacina".

Os cientistas esperam iniciar em breve a segunda fase, que pode durar de dois a quatro meses, e, por último, a terceira fase, que deverá se alongar de três a seis meses, contando com 10 a 30 mil voluntários. 

Criticado após Ford deixar o RS, Dutra hoje merece pedido de desculpa, diz economista

 


Criticado após Ford deixar o RS, Dutra hoje merece pedido de desculpa, diz economista

Olívio Dutra (PT) não cedeu à pressão da Ford por incentivos fiscais; a empresa, então, saiu do RS para a Bahia em 1999

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
 
Governador Olívio Dutra (1999-2003) foi duramente criticado por imprensa gaúcha quando Ford deixou o estado em 1999
Governador Olívio Dutra (1999-2003) foi duramente criticado por imprensa gaúcha quando Ford deixou o estado em 1999 - Foto: Divulgação

Muito próximo, à época, do governo gaúcho de Olívio Dutra (1999-2003), o economista Sérgio Kapron reagiu, nesta terça-feira (12), a comentários feitos por uma jornalista da RBS a respeito da saída da Ford do Rio Grande do Sul em 1999, após o então governador Dutra rejeitar pedidos de incentivos fiscais feitos pela empresa, o que a fez se transferir do Rio Grande do Sul para Camaçari, na Bahia. O tema volta à tona um dia após a Ford anunciar o fechamento de suas três fábricas no Brasil — na Bahia, em São Paulo e no Ceará.

:: Saída da Ford deve fechar 60 mil vagas na Bahia, onde 19,8% já estão desempregados :: 

Na segunda-feira (11), a jornalista Rosane de Oliveira (RBS) publicou um texto em que anunciava que a "profecia" de Olívio Dutra havia se concretizado. É que, em 1999, quando a Ford deixou o RS alegando falta de incentivos fiscais, o então governador Olívio Dutra comentou: "Essa empresa quer incentivos fiscais que as nossas [as empresas brasileiras] não têm. O dia que achar que o Brasil não serve mais, vai embora e nem dá 'tchau'". 

Kapron rebateu a jornalista, afirmando que não se tratava de uma "profecia", e sim de uma posição política em defesa do dinheiro público. Para o economista, o texto da jornalista não leva em conta os fortes ataques contra Dutra feitos pela empresa em que ela trabalha, a RBS, sendo considerado insuficiente para reparar o dano causado à imagem do governador.

"O que o Olívio, do alto da responsabilidade de governador do RS, afirmou era uma leitura simples e coerente. Diria, até, óbvia, pois embasada em inúmeros analistas e estudiosos do subdesenvolvimento e da globalização financeira. Restava claro que as políticas neoliberais de benefícios às multinacionais, às custas da destruição da capacidade fiscal dos estados, não traria desenvolvimento sustentado e ainda tirariam a capacidade de manter investimentos nos serviços básicos e na infraestrutura, fundamentais ao desenvolvimento", argumentou Kapron em nota. "Lamento, mas esta tua tentativa de deferência a Olívio Dutra não faz justiça histórica. Talvez um pedido de desculpas, por que não?", arrematou.

Sérgio Kapron participou das negociações com a Ford em 1999, junto de José Carlos Moraes (Zeca Moraes), falecido em 2009, que era secretário de Desenvolvimento Econômico e Assuntos Internacionais no governo Olívio Dutra (1999-2002).

:: Dos investimentos bilionários ao fechamento de fábricas: por que a Ford está de saída ::

Contexto histórico

Logo no primeiro ano de Olívio Dutra (PT) à frente do governo do Rio Grande do Sul, a Ford pressionou o governo gaúcho por mais incentivos fiscais, mesmo já tendo assinado um contrato de instalação de uma fábrica. A empresa, então, passou a afirmar que, caso mais incentivos fiscais não fossem dados, a empresa abandonaria o estado e iria para a Bahia, o que de fato aconteceu.O governador não cedeu, tentando obrigar a empresa a cumprir o contrato. No entanto, Dutra foi fortemente criticado pela imprensa da época, principalmente pela maior empresa de comunicação do estado, a RBS, historicamente aliada aos interesse empresariais.

Segundo reportagem do Sul21, o contrato entre o estado do Rio Grande do Sul e a Ford do Brasil foi assinado em 21 de março de 1998, estabelecendo benefícios fiscais e de crédito para viabilizar a implantação da montadora em Guaíba.

Além disso, foi concedido um financiamento do Banrisul no valor de R$ 210 milhões, em cinco parcelas de R$ 42 milhões. O total de benefícios superava os R$ 450 milhões, sendo que a primeira parcela do empréstimo do Banrisul chegou a ser liberada. Na segunda parcela, em março de 1999, já no governo Olívio Dutra, o Banrisul exigiu antes uma prestação de contas, como estabelecia o contrato. A Ford considerou que o atraso na liberação da parcela configurava quebra de contrato e utilizou isso como desculpa para abandonar o terreno ganho do município de Guaíba e montar a fábrica na Bahia.

Em 2000, a Procuradoria Geral do Estado (PGE) ingressou com uma ação cível contra a Ford, por quebra unilateral de contrato, reclamando ressarcimento dos valores repassados à empresa. Nove anos após, em sentença de primeiro grau, a 5ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre reconheceu a quebra de contrato por parte da Ford e determinou o ressarcimento dos valores recebidos para sua instalação no Rio Grande do Sul.

Confira o texto de Sérgio Kapron, reproduzido na íntegra, sem edições:

"Cara Jornalista Rosane Oliveira, eu não tenho elementos para avaliar o quanto de jornalismo tem nesta sua declaração sobre o anúncio da Ford de ir embora do Brasil e a suposta profecia de Olívio Dutra. Tampouco para desmerecer tua capacidade que, pela posição que ocupas, deve ser das mais elevadas possíveis.

Mas tenho plena capacidade e obrigação de contrapor a duas de tuas afirmações.

E não porque, há 20 anos, me coube a responsabilidade profissional de estar ao lado do competente e saudoso secretário Zeca Moraes na mesa de negociação onde a Ford decidiu, unilateralmente, abandonar seu projeto no RS. Mas porque tinha, e espero manter, discernimento e capacidade de interpretação de que o projeto iniciado por FHC e Antônio Britto, de destruição das capacidades do Estado nacional, seria maléfico para o desenvolvimento do Brasil e do RS, apesar dos ganhos passageiros que eram ostentados. E por ser um dos milhares que, junto com Olívio e Zeca, sofreram os “ataques dos adversários” ampliados por câmeras, microfones e páginas 10 vezes mais privilegiadas.

1) Não foi profecia. Olívio Dutra é uma instituição viva da política, decente, honesto, coerente e comprometido com a melhoria da vida da população que mais precisa. E para isso não precisa ser profeta. O que o Olívio, do alto da responsabilidade de governador do RS, afirmou era uma leitura simples e coerente. Diria, até, óbvia, pois embasada em inúmeros analistas e estudiosos do subdesenvolvimento e da globalização financeira. Restava claro que as políticas neoliberais de benefícios às multinacionais, às custas da destruição da capacidade fiscal dos estados, não traria desenvolvimento sustentado e ainda tirariam a capacidade de manter investimentos nos serviços básicos e na infraestrutura, fundamentais ao desenvolvimento.

As multinacionais promoviam uma competição espúria, buscando salários mais baixos e flexibilidades ambientais que já não encontravam em seus países sede. E de brinde, exigiam e levavam benesses que tiraram recursos da saúde, da educação, da segurança e do desenvolvimento da população dos países e estados que a elas se ajoelhavam. Mas claro, possuíam e ainda possuem grande simbolismo pelos empregos que geravam, pequenos impactos localizados e, claro, por suas gordas contas publicitárias.

2) Os “ataques dos adversários por ter ‘mandado (sic) a Ford embora’” foram gerados, amplificados, repetidos mil vezes e constituídos como uma fraude histórica desde as redações e bancadas deste teu lugar de fala, cara Rosane. Restou provado na justiça, com direito a ressarcimento financeiro pela Ford ao povo gaúcho, que foi ela quem foi embora. Mas por ter lado na disputa política e defender os interesses das multinacionais e grupos financeiros contra o desenvolvimento do povo gaúcho e brasileiro é que a maior empresa de comunicação do RS deu vida a tal mito, assim como a outros que se seguiram. Petistas, Olívio Dutra, Zeca Moraes e um RS Democrático e Popular foram achincalhados desde este teu lugar de fala. As reformas destruidoras do setor público seguem sendo prioridade na mesma proporção em que a economia do RS e do Brasil seguem definhando, para o  sofrimento de nosso povo. Pior que a montadora, é a vida digna de um povo ser mandada embora.

Lamento, mas esta tua tentativa de deferência a Olívio Dutra não faz justiça histórica.

Talvez um pedido de desculpas, por que não?

De qualquer forma, o mal está feito. E segue sendo feito com a linha editorial de reformas anti povo e destruidoras do patrimônio público, ancorado na mesma ladainha e publicidades de 20 anos atrás: o Estado está quebrado! Mas a história segue. E sabemos muito bem quem pode andar de cabeça erguida e dormir com a consciência em paz."

Sérgio Kapron, economista