quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Boletim do NPC

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27 de fevereiro de 2019
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Vão começar as aulas da turma de 2019 do Curso de Comunicação Popular

ARTIGOS

A cobertura de encenações em cenários de guerra

NOTÍCIAS DA TEIA

MAB publica dossiê sobre o crime da Vale em Brumadinho

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Livro de poemas ‘Matrioskas’ será lançada no Rio dia 13 de março

A COMUNICAÇÃO QUE QUEREMOS

Websérie “Pretas” é lançada no Luxardo e no Youtube

DE OLHO NA MÍDIA

Com jornalistas em estado de greve, Jornal do Brasil vira alvo da Justiça do Trabalho

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Venezuela, a bola da vez na guilhotina da grande mídia

DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO

Daniel Fonseca fala sobre ‘quem controla a mídia no Brasil’ em entrevista ao Democracia Participativa

PROPOSTA DE PAUTA

Manifestações do 8 de março ocorrerão pelo país inteiro

RADIOGRAFIA DA COMUNICAÇÃO SINDICAL

Reforma da Previdência em pauta na Rádio Trabalhador

DE OLHO NA VIDA

Escola de amestrados, país de robôs!

DE OLHO NA VIDA

STF vê infiltração de PM em atos anti-Copa como ilegal e anula condenações dos 23

MEMÓRIA

26 de fevereiro de 1869: Nascimento de Nadezhda Krupskaya

DICAS

Minha tese de doutorado

DICAS

Bloco de carnaval do Rio de Janeiro, Comuna que Pariu! completa dez anos

PÉROLAS

Por Spike Lee, na cerimônia do Oscar 2019

Edição 378
Para jornalistas, dirigentes, militantes e assessores sindicais e dos Movimentos Sociais
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REFORMA DA PREVIDÊNCIA É REJEITADA PELA PRÓPRIA BASE ESFACELADA DO GOVERNO

“AUMENTAR O TEMPO DE TRABALHO É UM CRIME CONTRA OS PROFESSORES”

    “Aumentar o tempo de trabalho é um crime contra os professores”

Presidente da CNTE critica a reforma da Previdência que, se aprovada, equipara idade de professoras e professores se aposentarem e aumenta tempo de contribuição
 
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O governo apresentou na quarta-feira 20 a proposta de Reforma da Previdência ao Congresso. A proposta ainda precisa ser aprovada na Câmara e no Senado para começar a valer.

A proposta prevê mudanças na aposentadoria dos professores das redes públicas e privadas. Entenda as alterações:

Professores da rede pública

Se aprovada, os servidores públicos passam a ter como idade mínima para a aposentadoria 60 anos, além de um tempo de contribuição de 30 anos.
Na regra atual, mulheres tinham como idade mínima 50 anos e 25 anos de tempo mínimo de atividade; os homens, 55 anos e 30 anos de atividade.

Professores da rede privada

Os professores da rede privada, regidos pela CLT, tanto homens como mulheres passam a se aposentar com a idade mínima de 60 anos e tempo de contribuição de 30 anos.
Antes, não tinha uma idade mínima para a aposentadoria da categoria. Professoras tinham que contribuir por 25 anos e professores 30 anos.

Reação

Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, a proposta é vista como “um grande prejuízo e um forte ataque à categoria, formada 80% por mulheres”.
“Na nossa sociedade machista brasileira, é preciso lembrar que além do trabalho na escola, as mulheres cumprem jornada em casa”, coloca, criticando a equiparação da idade mínima para se aposentar entre mulheres e homens.
Araújo também condena o aumento do tempo de contribuição dos professores, já que, muitos, tendem a se afastar por problemas de saúde. “Os professores sofrem de doenças devido à carreira, más condições de trabalho, pressão em sala de aula. Aumentar o tempo de trabalho para poder garantir direito à aposentadoria, é cometer um crime contra profissão que é tão importante e fundamental para a sociedade”, declara.

O que eu gostaria que a minha professora soubesse?

O que eu gostaria que a minha professora soubesse?

"Toda vez que pergunto - O que eu gostaria que a minha professora soubesse? - me sinto mais humana. Reforço a minha crença de que outra educação é possível"
 
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Créditos: divulgação
Por Luana Tolentino

Escrevo com alguns dias de atraso. A vida anda muito difícil. Escrever também. Ainda que eu tente, é impossível não ser afetada pelo cenário de dor, de injustiça, de ódio e de descrença que paira sobre o país. Como se não bastasse, escrevo sobre Educação.
Eu que sempre sou muito esperançosa, me sinto constrangida em expressar otimismo no momento em que o 13º salário dos professores da Rede Estadual de Educação Minas Gerais foi parcelado em 11 (onze!) vezes.
Esse mesmo constrangimento dificulta o meu processo de escrita quando lembro que em vários municípios mineiros, as aulas terão início somente após o carnaval. Prefeitos/as e Secretários/as parecem ter esquecido que, além da educação de qualidade ser um direito, “a escola é também um equipamento público de proteção social, alimentação, segurança e convívio” para toda a comunidade escolar, conforme apontou o Fórum Estadual Permanente de Educação de Minas Gerais (FEPEMG).
Sempre que recordo da declaração do atual Ministro da Educação, Ricardo Véllez Rodrigues – “As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual.” – me pergunto: o que vou dizer aos leitores e leitoras da minha coluna?
Pensei em desistir. É como se escrever não fizesse sentido, pelo menos por enquanto. Ana Luiza Rodrigues Basílio, editora da Carta Educação, certamente ficaria desapontada, mas, paciência….Quando já estava completamente tomada pelo desânimo, lembrei das palavras do mestre Paulo Freire, uma verdadeira luz no meu caminhar:
É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo.
Nesse esforço para não desanimar, para manter viva a minha esperança, para continuar partilhando por meio das palavras “a dor e a delícia” de ser professora de uma escola pública periférica, decidi escrever sobre uma prática pedagógica que tenho adotado desde 2015.
Inspirada pelo trabalho da educadora norte-americana Kyle Schwartz, no início do ano letivo, peço aos estudantes que respondam à seguinte pergunta: O que eu gostaria que a minha professora soubesse?
Embora seja uma atividade aparentemente simples, as respostas são verdadeiros tesouros que me auxiliam na elaboração de metodologias de ensino que respeitem as particularidades e as pluralidades de cada estudante. Mais do que isso: através desse exercício, é estabelecida uma relação de confiança, apreço e respeito entre os estudantes e eu.
Parto do princípio de que as crianças e os adolescentes com quem aprendo e ensino são seres únicos, dotados de saberes e múltiplas trajetórias de vida, que impactam diretamente na maneira como cada um concebe a escola e as pedagogias difundidas nela. Desse modo, considero um tanto quanto injusto exigir que sujeitos com os mais variados pontos de partida, tenham o mesmo ponto de chegada.
É importante mencionar que, ao propor essa prática educativa, fico receosa de encontrar resistência por parte dos estudantes, mas não é isso que acontece. Penso que eles compreendem que, ao pedir que dividam comigo algumas de suas vivências, na verdade, estou tentando dizer: Além de ser professora de História, eu também me importo com vocês!
Na tentativa de mostrar aos que me leem quão valorosa essa atividade pode ser, reproduzo algumas respostas elaboradas por estudantes com idade entre 12 e 19 anos:
Eu gostaria que a minha professora soubesse…
“Que tenho um irmão de dois anos. Ele é a minha vida.”
“Que o meu sonho é ser jogador de futebol para ajudar a minha família.”
“Que o meu pai está com câncer em estado terminal.”
“Que eu faço parte da família LGBT.”
“Que eu sou inteligente e aprendo rápido. Aprender não é um obstáculo para mim.”
“Que a minha mãe me abandonou na rua quando eu tinha cinco meses.”
“Que eu quero fazer faculdade de Medicina, apesar de não ter condições de pagar.”
“Que eu virei vegetariana depois que vi um porco morrer.”
“Que eu descobri que não posso ver o meu pai e isso é muito triste.”
“Que eu sou casada e tenho uma filha de dois anos.”
“Que eu tenho muito dificuldade para aprender a matéria.”
“Que ter o direito de expressar minhas opiniões e ideias é algo proibido pra mim em casa. Então, o único lugar que sou livre é aqui na escola.”
“Que eu não gosto de esperar para ir ao banheiro, porque eu não consigo segurar.”
Durante a leitura, transito entre a surpresa, o riso e a emoção. Compreendo ainda mais o caráter político e social da educação. Quando me deparo com algum relato de dor ou de injustiça, miro o meu pensamento nas ferramentas que possuo enquanto professora e no modo que posso utilizá-las para ao menos amenizar as dificuldades que se apresentam no caminho dos meus alunos e alunas.
Toda vez que pergunto – O que eu gostaria que a minha professora soubesse? – me sinto mais humana. Tenho a impressão de que humanizo a sala de aula também. Me encanto. Entendo que mais do que nunca, esperançar é um dever. Reforço a minha crença de que outra educação é possível.
Luana Tolentino é mestra em Educação pela UFOP. Há 10 anos é professora de História em escolas públicas da periferia de Belo Horizonte e da região metropolitana da cidade. Suas práticas pedagógicas partem do princípio de que é preciso construir uma educação antirracista, feminista e inclusiva, comprometida com o respeito, com a justiça e com a igualdade. É autora do livro Outra educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula, lançado em 2018 pela Mazza Edições.