quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

PARA NÃO ESQUECER – 28 DE JANEIRO DE 1853 * NASCE JOSÉ MARTÍ – MENTOR DA REVOLUÇÃO CUBANA

 

PARA NÃO ESQUECER – 28 DE JANEIRO DE 1853
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NASCE JOSÉ MARTÍ – MENTOR DA REVOLUÇÃO CUBANA
(Ernesto Germano Parés)
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Escreveu Ernesto Che Guevara: “Martí foi o mentor direto da nossa Revolução (...) Suas ideias estão incorporadas à nossa luta e são nosso lema, são nossa bandeira de Combate”.
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Fidel Castro disse, em seu julgamento pelo ataque ao Quartel de Moncada: “Trago no coração as doutrinas do Mestre!”
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José Julián Martí Pérez nasceu em Havana, no dia 28 de janeiro de 1853. Era filho de Mariano Martí, natural de Valência, e de Leonor Pérez Cabrera, natural de Tenerife, nas ilhas Canárias.
Intelectual nacionalista, jornalista, filósofo e poeta! Fundou o Partido Revolucionário Cubano (PRC) e foi o principal organizador da Guerra de 1895 ou Guerra Necessária.
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Martí foi muito influenciado pelo antigo professor na escola secundária de Havana, Rafael María de Mendive, iniciando sua vida política escrevendo e distribuindo um pequeno jornal com conteúdo separatista. E sua atividade cresceu ainda mais quando o mestre Mendive foi preso e deportado.
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Em 1869, com apenas dezesseis anos, publicou a folha impressa separatista "El Diablo Cojuelo" e o primeiro e único número da revista "La Patria Libre". No mesmo ano, passou a distribuir um periódico manuscrito intitulado "El Siboney". Pouco depois, foi preso e processado pelo governo espanhol por estar de posse de papéis considerados revolucionários. Foi condenado a seis anos de trabalhos forçados, mas passou somente seis meses na prisão. Em 1871, com a saúde debilitada, sua família conseguiu um indulto e obteve a permuta da pena original pela deportação à Espanha.
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Mas não sossegou e, logo ao chegar, publicou seu primeiro trabalho, “O presídio político em Cuba”, onde denunciava a situação dos prisioneiros, o terror e as crueldades cometidas. Na Espanha, obteve o título de Doutor em Leis, Filosofia e Letras, pela Universidade de Saragoça, em 1874. Martí acreditava que um povo deve “ser culto para ser livre. Saber ler é saber andar. Saber escrever é saber subir”.
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Martí passou a ser um lutador pela independência de Cuba e escrevia sobre a unificação da América Latina, no que ele chamava de “Pátria Grande”. O argentino Gonzalo Armúa, secretário da Aliança Bolivariana os Povos de Nossa América (Alba): “Em relação à América Latina, o maior legado que nos deixou Martí foi a concepção de toda a América Latina com uma unidade cultural, identitária, de luta e de resistência frente ao colonialismo”. E aí reside o centro da questão: quando José Martí gritou “Nossa América” era para diferenciar da América “deles”, dos do Norte!
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Saiu da Espanha e mudou-se para o México iniciando suas atividades como jornalista. Casou-se com a cubana Carmen Zayas-Bazán y Hidalgo e com ela teve seu único filho, José Francisco. Com o objetivo de voltar a Cuba, permaneceu um tempo na Guatemala, onde foi professor e jornalista.
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Voltando para Cuba, Martí decidiu-se a reorganizar o movimento independentista, que se chamaria “A Guerra Pequena”. Mais uma vez foi preso e novamente deportado para a Espanha. De lá, seguiu para a França, Estados Unidos e, por fim, foi para a Venezuela. Na terra de Simón Bolívar, Martí desenvolveu sua ideia mais internacionalista: “Da América sou filho: me devo a ela”.
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Mais tarde, voltando aos Estados Unidos, começou a organizar a chamada “guerra necessária”, para tornar Cuba de vez independente da Espanha. No final de 1889, em Washington, Martí proferiu um discurso para 18 governos latino-americanos. Nele, advertiu sobre os perigos da “águia imperial” e chamou os países latino-americanos para se unirem, ao mesmo tempo em que não devem se submeter a Washington. Sobre sua estadia em terras do Tio Sam ele escreveu: “Vivi no monstro e conheço suas entranhas”.
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Voltou à ilha em 1895 e no dia 18 de maio daquele ano, um dia antes de cair em combate, Martí redigiu uma carta a um amigo do México, Manuel Mercado, onde dizia: “Já estou todos os dias em perigo de dar minha própria vida pelo meu país e pelo meu dever — posto que entendo e tenho ânimos de realizar — de impedir a tempo, com a independência de Cuba que os Estados Unidos se estendam pelas Antilhas, e caiam, com mais força, sobre nossas terras da América [...]. As mesmas obrigações menores e públicas dos povos — como esse seu e meu — mais vitalmente interessados em impedir que em Cuba se abra, pela anexação dos imperialistas de lá e dos espanhóis, o caminho que é necessário impedir, e com nosso sangue estamos impedindo, de anexação dos povos de nossa América ao Norte revolto e brutal que os deprecia”...
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Em 19 de maio de 1895, no comando de um pequeno contingente de patriotas cubanos, após um encontro inesperado com tropas espanholas nas proximidades do vilarejo de Dos Ríos, José Martí foi atingido por três tiros e veio a falecer em seguida. Seu corpo, mutilado pelos soldados espanhóis, foi exibido à população e posteriormente sepultado na cidade de Santiago de Cuba, em 27 de maio do mesmo ano.
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Martí também elogiou a capacidade criadora dos povos e falou de uma emancipação definitiva: “Somente perdura a riqueza que se cria e a liberdade que se conquista com as próprias mãos”. Em um dos seus últimos escritos ele diz: “A Pátria é a Humanidade”!
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Poucos sabem, mas a música Guantanamera, de Compay Segundo, utiliza um trecho de um poema de José Marti:
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Escreveu Martí: “Yo soy un hombre sincero / De donde crece la palma / Y antes de morirme quiero / Echar mis versos del alma Yo vengo de todas partes / Y hacia todas partes voy / Arte soy entre las artes / En los montes, monte soy”
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Eis a música: “Yo soy un hombre sincero, dijo Martí / De donde crece la palma / Y antes de morirme quiero / Cantar mis versos del alma / Guantanamera / Guajira, Guantanamera / Guantanamera / Guajira, Guantanamera”
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VIVA JOSÉ MARTÍ, MARTIR DE NOSSA AMÉRICA!
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Nas imagens: 1) José Martí; 2) De Martí a Fidel; 3) A urna com os restos de Martí, em Santiago de Cuba; 4) Memorial José Martí (Havana)
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A tragédia indígena é militar

 

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🪖 A tragédia indígena é militar

É preciso nomear o partido responsável pelo Brasil dos últimos anos

Bolsonaro não tinha um partido ou um grupo político organizado para tocar a máquina pública brasileira depois que foi eleito em 2018. O que fez? Usou as Forças Armadas como partido.

Quando se vence uma eleição, bem, é necessário... governar. A campanha fica pra trás e o dia a dia da máquina pública aparece na sua frente. Como nomear ministros, diretores de estatais, de agências reguladoras e todos os cargos que a administração de um país precisa pra FUNCIONAR?

Nas democracias do mundo todo, essa tarefa cabe aos partidos e seus quadros. É assim no Brasil, nos EUA, na França, no Japão. O que fez Bolsonaro? Sem partido nenhum, isolado na vida pública como sempre foi, o presidente eleito recorreu aos militares. Ministérios, estatais e agências foram ocupados por fardados.

O Tribunal de Contas da União identificou mais de 6 mil militares em postos civis no governo. Quase metade deles, identificou a Controladoria Geral da União, eram irregulares – "há militares que não poderiam estar exercendo a função civil e outros estavam mais tempo cedidos à administração pública do que a legislação permite. Há ainda aqueles que estavam recebendo mais do que deveriam, quase R$ 40 mil reais por mês".

Só em cargos comissionados era 2.673 militares em 2021. Com um detalhe: 2.075 são da ativa. Eles não fazem falta nas unidades militares que serve originalmente? Ao menos abre-se aqui um debate sobre a utilidade (ou inutilidade?) de usarmos impostos para manter esses empregos. Aparentemente, com o fim do governo Bolsonaro, não precisamos deles nos quartéis.


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As principais estatais do Brasil foram comandadas, via de regra, também por militares: Infraero, Correios, Petrobras, Itaipu…

Na Funai, órgão que deveria ter evitado o holocausto indígena que vimos nas últimas semanas, dos 39 coordenadores regionais, 22 eram militares — apenas dois eram civis servidores de carreira. Como poderia dar certo? Bem, de certa forma, deu certo: em um áudio publicado pela agência de jornalismo O Joio e o Trigoum coordenador da Funai prometeu liberar garimpo em terras indígenas.


Qual a conclusão de tudo isso? Simples: que o governo Bolsonaro foi um governo MILITAR. Um governo militar que chegou ao poder pelo voto.

A tragédia, a desumanidade, a ofensa, a humilhação, a incompetência e a destruição que vimos nos últimos anos são, por consequência, MILITARES, e que assim passem à história.