terça-feira, 26 de julho de 2016

O Botão de Pérola: A memória necessária e o silêncio dos midiotas

O Botão de Pérola: A memória necessária e o silêncio dos midiotas

Remexendo no pó da terra e no fundo das águas, o poeta Patricio Guzmán alerta para o perigo que corremos com o esquecimento, o silêncio e com a omissão.


Léa Maria Aarão Reis*
reprodução
Quatro anos atrás, numa entrevista a Carta Maior, o documentarista chileno Patricio Guzmán, um dos mais brilhantes cineastas vivos em atividade, falava sobre temas que ganham vida no Brasil de hoje.
 
Guzmán enfatizava a importância e a necessidade da memória “como instrumento político de identidade de um país e de seus indivíduos.” Comentou o papel vital ocupado pelo filme documentário na história de uma nação: “Um país sem documentário é como uma família sem álbum de fotografias.” E lancetou a chaga da comunicação de massa no nosso continente: ”A televisão nasceu como o meio mais importante e pedagógico do século XX, e foi convertido em um terrorismo áudio-visual espantoso; a nossa televisão latino-americana é imoral e insuportável.”
 
Na travessia dramática vivida atualmente pelo Brasil, com uma parcela expressiva da população, os midiotas, vivendo a  “cultura de sofá”, como diz Guzmán,  - “gente que está sentada no divã, assistindo a televisão” -, não só a palavra poética do documentarista, mas também o seu cinema leva à reflexão, convida à ação, e, no caso das imagens dos filmes, deslumbram pela extraordinária beleza. A beleza triste e trágica, importante de ser mostrada e relembrada, da América Latina. 
 
El botón de nácar, Urso de Prata de Melhor Roteiro do Festival de Cinema de Berlim do ano passado, é o doc mais recente do diretor chileno que vive em Paris. Acaba de estrear em um único (!) cinema do Rio de Janeiro. É o duplo, o contraponto do memorável A Nostalgia da Luz, (2010) lançado aqui em 2015, e prolongamento da célebre trilogia de seus filmes políticos. A Batalha do Chile, (1974/1979) considerado pela critica francesa um dos dez mais importantes docs políticos já realizados, O Caso Pinochet (2001) e Salvador Allende, de 2004. 





 
No seu trabalho, Guzmán procura revolver a memória coletiva e individual. “Os países sem memória são anêmicos, conformistas e não se movem. A minha obra é permeada pela tensão entre memória e esquecimento,” ele diz.
 
Esta tensão está viva e mais aguda no Brasil de hoje. De um lado, ela é revelada na memória dos que continuam lutando pelo restabelecimento da democracia plena e a denúncia formal de fatos ocultos durante a ditadura civil-militar há mais de trinta anos. São os mesmos, mais velhos, e os descendentes, que procuram, agora, resistir ao golpe de estado em curso, a reprise maquilada de 64. 
 
Do outro lado se encontram os que emudecem refestelados no silêncio cômodo e preferem esquecer o passado mal resolvido, e que por não ser purgado insiste em assombrar e retornar.
 
A Nostalgia é a saga da memória, das pacientes escavações de mulheres chilenas em busca de pequenos, mínimos vestígios dos  parentes assassinados pela fúria de Pinochet e asseclas. Seus corpos foram jogados na poeira do deserto do Atacama, norte do país, um dos locais mais secos do planeta. Neste O botão de pérola (tradução equivocada do título original - El botón de nácar, ou seja, O botão de madrepérola) Guzmán se desloca para o sul, para as águas que banham a Patagônia e levanta um véu de silêncio que caiu, durante mais de século, sobre o massacre dos índios kawéskar, um dos quatro grupos de indígenas da região. E, mais recente, faz um paralelo sobre o destino dos cadáveres de dissidentes do regime de Pinochet jogados de helicópteros e de aviões no fundo do Pacífico.
 
“O meu objetivo é procurar que se devolvam os corpos,“ disse Guzmán, em uma bela entrevista que deu, na Alemanha, durante o Festival de Berlim, ano passado. ”Para que os mortos terminem de morrer e os vivos sigam com vida.”
 
Na primeira parte da sua narrativa, ele apresenta os indígenas das terras geladas onde os Andes mergulham no mar e se transformam em arquipélago de mil ilhotas, esses “nômades da água” cuja chegada por lá precedeu em milênios o colonizador que os dizimou. 
 
No prefácio do filme no qual é o próprio narrador, o diretor relata: “Eles viajavam pela água. Viviam submetidos à água e em comunhão com o cosmos.”
 
Na segunda metade do doc, faz um paralelo com os dissidentes que eram drogados ou já tinham sido mortos antes de serem atirados dos helicópteros no mar, os corpos amarrados a pesadas barras de trilhos de ferro.
 
O botão de madrepérola é o fio condutor de Guzmán. Visitando o museu de Punta Arenas ele conheceu a macabra história do botão com o qual os colonizadores seduziram um jovem indígena batizado depois como Jemmy Button, para fazer a experiência de levá-lo para a corte espanhola, transformá-lo em cavalheiro europeu e devolvê-lo depois ao seu lugar de origem; ao qual, é claro, nunca mais se adaptou.
 
E no museu Villa Grimaldi, em Santiago, prisão tristemente célebre como local de tortura na época, conheceu a história de um segundo botão de madrepérola. “Vi um daqueles trilhos aos quais os torturadores fascistas amarravam suas vítimas antes de afogá-las, com um botão colado sobre seus corpos. Imediatamente fiz a ligação com o outro botão e o filme se construiu a partir dessa relação.”
 
Um dos aspectos que mais chamaram a nossa atenção, na voz de Guzmán narrando o filme, foi esta observação: “Os chilenos eram um povo silencioso”. Referia-se aos tempos de Allende, que rompeu mais de um século de silêncio sobre o extermínio dos indígenas da Patagônia devolvendo-lhes as terras usurpadas. Apenas 19 dos kaweskar sobreviveram e vivem nelas até hoje. 
 
E, com a ditadura, o silêncio sobre os corpos de dissidentes esquartejados, degolados ou estuprados, queimados com ácidos e drogados, e afogados no mar.
 
Guzmán é protagonista no processo de restabelecer a memória do seu povo que se encontra na poeira e no cascalho do deserto do norte e nas águas profundas do oceano, no sul.
 
No Brasil de agora, como escreveu, há dias, o jornalista e escritor Felipe Pena sobre a doença do silêncio e do esquecimento, “os golpistas contam com a espiral do silêncio causada pelo medo da solidão social. Ele se propaga em espiral. A ameaça de exclusão alimenta a espiral do silêncio. Ela é o vetor totalitário que perpassa a construção de um falso consenso e constrói a ponte para o passado. Ela é o terror das vozes dissonantes. Ela é o atraso.”
 
Revolvendo a memória chilena, e mais: a memória  geral latino-americana, remexendo no pó da terra e no fundo das águas, o poeta Patricio Guzmán alerta para o perigo que  corremos com o esquecimento, o silêncio e  com a omissão, o seu fruto covarde. 
 
Seu filme é imperdível e traz este recado dirigido também para nós,  nestas próximas semanas decisivas.
*Jornalista
Créditos da foto: reprodução

Cunha ameaça “derrubar” Temer. Fedeu!

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Cunha ameaça “derrubar” Temer. Fedeu!

Por Altamiro Borges

Os tiques nervosos do Judas Michel Temer devem ter piorado nos últimos dias. Uma nota publicada neste final de semana na coluna Radar, da revista Veja, é perturbadora. "Um interlocutor de Eduardo Cunha saiu apavorado de uma conversa recente com o político. Bem ao seu estilo, em que recobre a megalomania com tonitruâncias, o ex-presidente da Câmara soltou uma ameaça retumbante: 'Ficarei conhecido por derrubar dois presidentes do Brasil'", relata o jornalista Maurício Lima. Após chefiar a "assembleia dos bandidos" que detonou a queda de Dilma, o correntista suíço agora ameaça derrubar o aliado que ajudou a tomar de assalto o Palácio do Planalto. O covil golpista está em pânico!

O motivo da "ameaça retumbante" já é conhecido. Eduardo Cunha se acha traído pelo Judas Michael Temer. Após ter liderado o "golpe dos corruptos", ele considera que simplesmente foi descartado como bagaço pelo usurpador. Na alcova, em pleno sábado à noite, ele até tentou um acordo com o interino. Prometeu renunciar ao cargo de presidente da Câmara Federal para manter seu mandato de deputado federal e evitar a prisão. Especula-se que na ocasião o achacador até fez ameaças ao seu ex-aliado. A negociata, porém, parece que desandou. O resultado da eleição para a presidência da Câmara, com a vitória do demo Rodrigo Maia, fez soar o sinal de alerta. O capacho de Eduardo Cunha na disputa, o tal de Rogério Rosso (PSD-DF), foi tratorado sem dó nem piedade pelo Palácio do Planalto.

Derrota humilhante na Câmara Federal

Segundo reportagem da Folha, publicada em 17 de junho, o resultado da votação irritou o jagunço. "A falta de respaldo do presidente interino, Michel Temer, à candidatura de Rogério Rosso na reta final da disputa pelo comando da Câmara causou fúria no ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e no 'centrão', bloco que agrega partidos pequenos e médios e do qual Rosso faz parte... Cunha disse a aliados, em conversas nos últimos três dias, que se sentiu 'traído' e 'abandonado' por Temer, enquanto deputados do 'centrão' afirmaram à reportagem que pode haver retaliação ao governo em votações". 

Já como presidente eleito, o demo Rodrigo Maia ainda humilhou o seu ex-aliado. Em entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, ele afirmou que sua cassação no plenário era inevitável e até fixou a data do abate: "A votação deverá ocorrer na segunda semana de agosto". A mesa da Câmara também determinou o fim de todas as mordomias do ex-presidente - como carros e seguranças - e a entrega da sua luxuosa residência oficial, que oneravam os cofres públicos em quase R$ 500 mil ao mês. A medida foi vista como uma facada desfechada por deputados que foram financiados em suas campanhas pelo próprio Eduardo Cunha - fala-se em 120 eleitos com o apoio do lobista.

Nos dias seguintes à votação, as coisas só se agravaram. A Justiça Federal de São Paulo suspendeu o passaporte diplomático do seu filho, Felipe Dytz da Cunha. A regalia era um absurdo, já que o rapaz é dono de quatro empresas - o Itamaraty fixa que só filhos e enteados que não exerçam atividades remuneradas sejam considerados dependentes. A decisão foi encarada como represália pelo vingativo lobista. Para piorar o clima, a Procuradoria Geral da República anunciou que até aceitaria o acordo de delação premiada de Eduardo Cunha, mas com uma condição: a de que ele cumpra alguns anos de prisão em regime fechado. A sensação do lobista é de que o cerco está se fechando!

"Uma granada na mão"

Diante da iminência de ser cassado e até preso - juntamente com a sua esposa e filha -, o correntista suíço parece que está decidido a entregar todos os bandidos, a começar do chefe Michel Temer. Como argumentou a jornalista Natuza Nery, em matéria publicada na Folha no sábado (23), ele já não tem outra saída... "Se perder seu mandato em agosto, ele fica com uma granada na mão. Restará lançar o artefato longe - no colo de outros? - para não ser detonado". E os estragos serão imensos, podendo encurtar de vez o mandato ilegítimo do usurpador Michel Temer. A jornalista é enfática: 

"Eduardo Cunha sabe muito. Em seus 17 meses de domínio (e até mesmo antes de se tornar o mais poderoso presidente da Câmara da história recente), esteve no centro de todas as decisões da Casa. Negociava com banqueiros, industriais, gente graúda do PIB. Pautava tudo que era matéria tributária e distribuía favores a parlamentares. Mandava no PMDB da Câmara, intermediava financiamento de campanha para partidos e aliados. Segundo o jornal 'O Globo', ele chegou a promover encontros de Temer com o empreiteiro Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez. Poderia esclarecer o que motivou a reunião e sobre o que se discutiu ali – até para que não paire dúvida sobre a conduta de ninguém... Abrir o verbo é também uma forma de se redimir do que a Lava Jato lhe imputa. Talvez já esteja chegando a hora de começar a piscar para alguém, quebrar o silêncio. Fala, Eduardo Cunha".

Caso o achacador resolva, de fato, abrir o bico, o covil golpista de Michel Temer poderá implodir em poucos minutos. A edição da revista CartaCapital desta semana traz uma consistente reportagem do jornalista André Barrocal que indica que Eduardo Cunha teria gravado conversas com o usurpador do Palácio do Planalto. O suposto grampo reuniria os segredos sobre as parcerias entre os dois no setor portuário. Ambos teriam atuado para mudar a Lei dos Portos e favorecer o Grupo Libra, que doou R$ 1 milhão para a campanha eleitoral do Michel Temer. Haja tique nervoso!

Temer bate o recorde histórico de rejeição

terça-feira, 26 de julho de 2016

Temer bate o recorde histórico de rejeição

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Michel. Michel Temer. Mas pode chamá-lo de Michel 6% Temer.

O resultado da pesquisa Ipsos divulgada hoje é categórico: Temer é um fiasco. Um monumental fiasco.

Apenas 6% dos brasileiros aprovam o interino. Isto é metade do que Dilma tinha em sua etapa final na presidência, sob bombardeio ininterrupto da mídia e da Lava Jato.

Quer dizer: não é metade. É menos que metade. Dilma tinha quase 14% de aprovação.

Pronto. Isto é Michel 6% Temer. A mídia o protege descaradamente, a Lava Jato sumiu de circulação, a cobertura de corrupção de jornais e revistas virou nada: mesmo assim, Temer é amplamente rejeitado pelos brasileiros.

Num mundo menos imperfeito, os 6% seriam manchete dos jornais, e ocupariam vários minutos do JN.

Mas este nosso mundo é extremamente imperfeito, e então a mídia silencia. Mas isto não elimina os 6%.

É o pior índice de aprovação desde que este tipo de coisa passou a ser pesquisada. Collor, na véspera de seu impeachment, era aprovado por 9% das pessoas. Desnecessário dizer que nenhum jornal notou isso. Notariam se fosse um petista. Gritariam, melhor.

O Brasil, em suma, não quer Temer.

A plutocracia subestimou os brasileiros, este é o ponto. Achou que podia ludibriá-los. Os golpistas inventaram um pretexto que se revelou uma farsa cínica, as pedaladas.

Quando se tornou consenso que não houve pedaladas, a plutocracia alegou que isso não importava. Dilma seria afastada fosse inocente ou fosse culpada.

O golpe ficou inteiramente avacalhado. Não é justo com o Paraguai chamá-lo de golpe paraguaio.

É típico de um país ridículo montar um julgamento de meses cujo resultado se conhece de antemão porque os juízes são políticos sem nenhuma qualificação ética e moral.

O resultado disso é Michel 6% Temer.

É certo

Isso só vai piorar, caso o impeachment se concretize. Parece ter-se consolidado, com os fatos escabrosos em torno do golpe, a ideia de que Temer é o vilão e Dilma a vítima da história.

A Ipsos mostrou que diminuiu 13 pontos porcentuais o número de brasileiros que apoiam o impeachment de Dilma. De 61% passou a 48%.

Um vice decorativo não se transforma em estadista porque os Marinhos, os Frias e os Civitas querem.

Michel 6% Temer está aí para provar.

O machista Serra ataca no México

terça-feira, 26 de julho de 2016

O machista Serra ataca no México

Da revista Fórum:

Envolvido em mais um caso de machismo, o ministro das Relações Exteriores José Serra fez uma piada sem graça durante sua visita ao México, na noite desta segunda-feira (25). Segundo ele, o país da América do Norte “é um perigo” porque metade das senadores são mulheres.

“Devo dizer, cara ministra, que o México, para os políticos homens no Brasil, é um perigo porque descobri que aqui quase a metade dos senadores são mulheres”, disse Serra à secretária de Relações Exteriores do México, Claudia Ruiz Massieu.

Não contente, o chanceler brasileiro insistiu no comentário ao reforçar o convite à sua colega para ir aos Jogos Olímpicos do Rio. “Quero muito que você vá, mas será um perigo porque chamará a atenção para este assunto”, comentou.

Serra admitiu que no Brasil as mulheres não representam nem 20% das cadeiras do Senado e que o país nunca teve uma ministra de Relações Exteriores mulher. Serra foi derrotado por Dilma Rousseff nas eleições presidenciais de 2010.

Essa não é a primeira vez que o tucano é envolvido em piadas que reforçam estereótipos negativos contra as mulheres. Em dezembro do ano passado, quando ainda era senador, Serra chamou a ex-ministra da Agricultura Katia Abreu (PMDB-TO) de “namoradeira”. Kátia Abreu reagiu ao comentário e jogou uma taça de vinho contra o político do PSDB.

“Eu fiz o que qualquer mulher honrada faria. Respondi à altura de quem preza a sua honra”, disse Kátia Abreu à época. “Você é um homem deselegante, descortês, arrogante, prepotente. É por isso que você nunca chegará à Presidência da República”, teria dito ao tucano.

A “piada” foi feita também meses depois do governo interino comandado por Michel Temer ter sido criticado por não nomear nenhuma mulher para os ministérios.

MBL cancela ato pró-golpe dos corruptos

terça-feira, 26 de julho de 2016

MBL cancela ato pró-golpe dos corruptos

Por Altamiro Borges

As últimas pesquisas de opinião - com exceção do Datafolha, que "erra e persiste no erro", segundo a crítica da própria ombudsman da Folha - apontam acelerado desgaste do "golpe dos corruptos" que afastou a presidenta Dilma. A índice de rejeição do Judas Michel Temer já bate recordes históricos, conforme comprova a sondagem divulgada nesta terça-feira (26) pelo instituto Ipsos. O usurpador é apoiado por apenas 6% dos brasileiros. Estas pesquisas - mais o grito de "Fora Temer" que contagia as ruas do país - explicam porque o grupelho fascista Movimento Brasil Livre (MBL) cancelou a sua participação nos atos em defesa do "golpe do corruptos" agendados para o próximo domingo (31).

Em nota oficial divulgada nesta semana, a seita golpista - que até hoje não revelou as fontes do seu sustento - dá uma resposta esfarrapada para a sua desistência. "Considerando que, diferentemente das informações que tínhamos anteriormente, a votação do impeachment de Dilma no Senado acontecerá no final de agosto, e que temos recebido frequentes mensagens com reclamações sobre a data – por ser volta das férias escolares e por coincidir com as manifestações marcadas por grupos petistas – decidimos focar os nossos esforços em atos que serão marcados em data mais próxima da votação”. Os fascistas mirins talvez não leiam jornais e nem frequentem a escola, tamanha a desinformação.

A decisão do MBL foi acompanhada por outras duas gangues - Revoltados Online e Nas Ruas -, mas parece que desagradou os outros grupelhos. "Estamos firmes com praticamente todos os movimentos, foram só uns dois ou três que saíram. Todos os manifestantes estão sabendo dessa data e até agora é o nosso segundo evento com mais convidados no Facebook",  alfinetou Rogério Chequer, líder do Vem Pra Rua. Nos bastidores, as diferenças entre estas seitas têm crescido. O MBL, que conquistou maior visibilidade - seu líder, Kim Kataguiri, já batizado de "Kinta Catiguria", inclusive virou articulista da Folha -, parece que já decidiu trilhar o caminho institucional.

O projeto eleitoral dos fascistas mirins

Após enganar muitos "midiotas" com o discurso do apartidarismo, o MBL pretende lançar dezenas de candidatos a vereador e a prefeito nas eleições de outubro próximo. Matéria da Folha de 19 de julho informa que o fundador do movimento, Rubinho Nunes, disputará a prefeitura de Vinhedo, no interior de São Paulo. "Ele e Renan Santos fundaram, logo após a reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, o movimento 'Renova Vinhedo' para protestar contra a vitória petista. Em março do ano seguinte, já como MBL, eles convocaram a primeira manifestação nacional pelo impeachment". Na prática, o projeto dos jovens "apartidários" já era eleitoreiro, mas eles esconderam a ambição dos "midiotas".

Eles e outros fascistas mirins do MBL também nunca tiveram qualquer compromisso com o combate à corrupção. Apenas se travestiram de paladinos da ética para enganar os "coxinhas" desinformados. Tanto que Rubinho Nunes será candidato pelo PMDB de Michel Temer, Eduardo Cunha e de outros falsos moralistas. A matéria da própria Folha, também sem moral, apontou a falsidade dos líderes do MBL. "Questionados sobre a contradição de um movimento contra a corrupção lançar candidatos em partidos envolvidos na Lava-Jato, como o PMDB, os líderes dizem que é preciso 'infiltrar' pessoas e ideias novas em um sistema corrompido. 'Tem alguns nomes do PMDB que decepcionam qualquer pessoa, mas, para exercer a política, você tem que estar dentro de um partido', diz Rubinho". Outro líder do MBL, Fernando Holiday, será candidato a vereador na capital paulista pelo DEM. Haja ética!

Voltamos a ter um mundo unipolar, diz Cristina Kirchner


Voltamos a ter um mundo unipolar, diz Cristina Kirchner

Em entrevista a veículos internacionais, a líder argentina disse não ter medo de ser presa e que ideia de integração regional está sendo abandonada
Em entrevista coletiva concedida a meios de comunicação internacionais, a ex-presidente argentina Cristina Kirchner afirmou na noite deste sábado (23/07) que seu país vive uma “diminuição intensa do Estado de Direito”, disse não ter medo de ser presa, diante do que considera ser uma perseguição judicial à sua figura e ressaltou o avanço de uma “direita conservadora” na América do Sul.
A seguir, publicamos os melhores trechos da conversa com os jornalistas de La JornadaReuters,Sputnik NewsAl Jazeera y Telesur.
Acusações
Eu fui denunciada quatro vezes de não ser advogada e de ter diploma falso. Me investigaram por enriquecimento ilícito desde 1995 até 2012. (…) Nunca encontraram nenhuma conta minha no Panamá, não tenho nenhuma conta no exterior, nenhuma conta secreta.
Reprodução/ Facebook

Cristina considerou que governo de Maurício Macri está promovendo retrocessos no país vizinho
(…)
Com relação ao medo de ser presa, não o tenho. Se tivesse, não teria feito as coisas que fiz no meu governo e também não teria militado nos espaços políticos que militei desde muito jovem. Ser peronista nunca foi fácil neste país. E nunca foi de graça.
Judicialização da política
Creio que o fenômeno que se vive na Argentina [de judicialização da política] tem ocorrido em outros lugares do mundo. Pelo menos em determinadas regiões vemos muito claramente o aparecimento de um partido midiático que julga publicamente, um partido judicial que é como o espelho desse partido midiático.
Na região é muito claro, como no do Brasil, onde podemos ver muito claramente a intervenção desse partido judicial.
Avanço da direita
Parece que há um retrocesso com relação ao que foram os governos nacionais e populares na região. Há um avanço do que podemos denominar direita conservadora ou restauradora quanto à exclusão social, quanto a abandonar a unidade regional, que primou tanto o espírito [de iniciativas] como a Unasul, o Mercosul ou Celac.
Reprodução/ Facebook

Cristina respondeu apenas seis perguntas; uma de cada jornalista
(…)
O que mais me preocupa [na Argentina] é que há uma diminuição muito notável da intensidade do Estado de Direito. Sempre a vigência do Estado de Direito tem sido um obstáculo para a imposição de programas [que provocam] miséria, fome, transferência de renda dos setores assalariados e classes médias aos setores mais ricos. Antes eram necessários golpes de Estado para colocar tais programas em marcha. Hoje, fazem por meio do partido midiático e do partido judicial.
Multipolaridade
O Mercosul está muito debilitado, a Unasul e a União Europeia também.

Argentina: operação policial em imóveis é 'abuso de poder e perseguição política', diz Cristina Kirchner

Após congelar bens de Cristina, juiz determina congelamento de contas de ex-presidente argentina

Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai adiam decisão sobre passar Presidência do Mercosul à Venezuela

 
O Brics se apresentava como uma alternativa com o fundo especial do organismo, que seria um tipo de fundo alternativo ao FMI, mas depois tiveram dificuldades econômicas.
(…)
Em termos de economia e blocos econômicos, parecia que estava surgindo uma multipolaridade crescente no mundo, mas a situação de debilitamento da UE [União Europeia] nos revela como o que parecia ser uma multipolaridade sofreu uma deterioração e temos novamente um mundo unipolar ou algo que se parece bastante com isso.
Continente em disputa
Eu penso que [esta ideia de] continente em disputa começa a tomar forma claramente quando os governos nacionais e populares – Brasil, Argentina, Venezuela, Bolívia – começam a ter relações comerciais, políticas e econômicas com outros atores internacionais, fundamentalmente com a República Popular da China e com a Rússia.
A participação do Brasil com o Brics e a criação do fundo alternativo ao FMI, criou um alerta vermelho em um país como os Estados Unidos, que não está pensando em quem vai ganhar as eleições, se Hillary [Clinton] ou [Donald] Trump: o sistema norte-americano é o mesmo ganhe um ou outro.
Outra coisa fundamental: somos o grande produtor de alimentos, de matérias-primas no mundo. Por isso, somos uma região estratégica para o desenvolvimento e manutenção de qualquer país potência hoje no mundo. Eu considero que isso deve estar movendo os interesses, pensamentos e ações de tal maneira que exista uma limitação ao ingresso ou abertura dos nossos países a governos que obviamente também têm disputas comerciais e geopolíticas.
Veja a íntegra da entrevista (em espanhol):
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