terça-feira, 15 de março de 2016

O desfile de domingo

SEBASTIÃO COSTA
Médico pneumologista

O desfile de domingo

Há dias rola na quadra da Globo os ensaios para o desfile de domingo. A bateria começou a bater no PT desde a sexta-feira passada, durante o circo midiático armado numa parceria Moro/PF/rede Globo. Até o JN do sábado a batucada vai ser essa, convocando os foliões para a farra do dia 13.
Abrindo o desfile, o mestre-sala Aecioporto, portando a bandeira de três delações na Lavajato.
Na Comissão de Frente, Alckmin vai fantasiado de superfaturamento da merenda escolar, Zé Agripino desfila enrolado no estandarte da propina de 1 milhão e Paulinho da Força vai exaltar na avenida os desvios do BNDES, abraçado com seu amigo Eduardo 5 Mi Cunha.
No carro alegórico da Privataria vamos ter muito samba-no-pé, com Serra e sua filha Verônica.
O samba-enredo, "Ética na Política", vai ser puxado pelo sambista Cássio da Borborema e no comando da bateria, exibindo o brasão da R F, a rede Globo faz uma homenagem à sonegação de 615 milhões.
Puxando a ala dos coxinhas, com fantasia cheia de estrelas e alegorias, o 'general' Bolsonaro.
E fechando o desfile, o passista FHC sambando ao som da música "Compra de Votos para a Reeleição".
À noite, no Fantástico, a apoteose do maior desfile já ocorrido em terras brasileiras, desde a "Marcha dos 100 mil," que em 1964 jogou o país nas trevas da ditadura militar.

LULA E O MINISTÉRIO DA REPACTUAÇÃO NACIONAL

LULA E O MINISTÉRIO DA REPACTUAÇÃO NACIONAL
Saul Leblon
Duas tentativas seguidas de prender Lula em um intervalo de menos de uma semana (Moro, em 04/03; Conserino, em 10/03).
Invasão de uma plenária do PT no sindicato dos metalúrgicos de Diadema nesta 6ª feira, 11/03, por destacamento da PM fortemente armado.
Ataques com pichações na sede da UNE e do PCdoB, faixas de apoio a Lula queimadas no Rio;
Editoriais de órgãos de imprensa, a exemplo do Estadão mimetizando o ‘Basta’ do Correio da Manhã, de 31 de março de 1964.
Manifestações de entidades empresariais convocando marchas pelo golpe nas grandes capitais do país neste domingo…
O relógio da história apertou o passo no Brasil.
Os ponteiros apontam para o golpe de Estado, dê-se a isso o nome que se quiser.
 
Moro ou Conserino, não importa o quão patético seja um, e bonapartista se avoque o outro: as disputas entre facções e centuriões para saber quem arrebatará o troféu do butim - a cabeça de Lula e o mandato de Dilma- não mudam a qualidade do enredo.
Ingressamos em um período em que os fatos caminham à frente das ideias.
De diferentes ângulos da economia e da democracia emergem avisos de saturação estrutural.
Um ciclo de desenvolvimento se esgotou; outro precisa ser construído.
O desgaste intrínseco a essa transição foi catalisado e magnificado pela ação de um conservadorismo inconsolável com a derrota de seu projeto em 2014. Mas em certa medida também pelas escolhas equivocadas do governo diante da travessia.
O conjunto acelerou o passo da história e conduziu o impasse ao ponto em que chegamos.
Massas de interesses antagônicos transbordam pelos anteparos que separam a democracia de um regime de fato.
A indivisa conjunção entre justiça e política nas ações da Lava Jato reflete essa dissolução, reafirmada nas palavras de ordem trazidas às ruas e às manchetes sulforosos deste domingo de março, 52 anos depois daquele de 1964.
Vive-se a antessala de uma nova ruptura.
Ela soterrará as respostas progressistas que insistirem em ter como referência o Brasil pactuado nas urnas de outubro de 2014.
Esse Brasil não existe mais.
Para afrontar o golpe será preciso redesenhar outro.
Um recomeço indispensável inclui redesenhar a organização atomizada do campo progressista e fundir direções ainda desprovidas de um comitê centralizado.
Mas, sobretudo: fazê-lo a tempo de agir - o que significa imediatamente já, hoje em convocação expedita; ou será tarde demais.
Os que ainda hesitam devem pesar o custo de sua autopreservação na balança da história.
A troca do sectarismo por uma frente ampla progressista mudaria a correlação de forças nas ruas.
Um comando unificado ampliaria a margem de manobra para repactuar as bases do desenvolvimento, sem retrocesso democrático.
Trata-se do futuro. De décadas talvez.
Afogar-se abraçado a esquematismos escravizantes é a punição da história a inação radical.
Disputar a sorte do país com o golpe, em contrapartida, não autoriza ilusões de consensos entre interesses antagônicos.
Quando nenhum dos lados dispõe de força e consentimento para impor a sua hegemonia, a alternativa ao limbo corrosivo consiste em trazer os conflitos e pendências para uma mesa repactuação do passo seguinte do desenvolvimento.
Apesar do alarido massacrante da mídia e da Paulista ainda é disso que se trata hoje.
Estamos falando de metas, salvaguardas e concessões politicamente negociadas em grandes câmaras setoriais; que preservem direitos e hierarquizem conquistas; que fixem compromissos para preços e salários; para o emprego e o investimento; para o juro e o equilíbrio fiscal; para a produtividade e o PIB; que estabeleçam parâmetros de curto, médio e longo prazo para a retomada do investimento, do crédito e da infraestrutura, socializando macrodecisões, de modo a assegurar um fôlego persistente à demanda agregada que alimenta o crescimento.
Estamos falando em retirar a sociedade brasileira da areia movediça em que se encontra e para a qual não há alternativa da ‘Ciência Econômica’ vendida pelos charlatões do mercado.
Ninguém tem tanto interesse nisso quanto as famílias assalariadas e os milhões de brasileiros pobres que avançaram pela primeira vez da soleira da porta para ingressar no mercado e na cidadania desde 2003.
A economia brasileira não tem problemas insolúveis.
Ao contrário, dispõe de alavancas potenciais – mercado interno, pré-sal, agronegócio e fronteira de infraestrutura -para assegurar uma reordenação bem sucedida de ciclo de crescimento.
Esta não ocorrerá, porém, sem um novo arcabouço político à altura das tarefas postas pela transição em curso.
Duas ilusões devem ser afastadas nesse percurso.
O empresariado precisa saber que não existem condições históricas para repetir um ciclo de expansão ancorado no arrocho pós-golpe de 1964; tampouco na onda de privatizações dos anos 90.
A transição rural/urbana impulsionada pela ditadura militar, a partir da modernização conservadora do campo, criou uma irrepetível válvula de escape social.
Cerca de 30 milhões de pessoas foram deslocadas da área rural para as periferias dos grandes centros urbanos em duas décadas.
Nenhum país rico concluiu essa transição em tão curto espaço de tempo.
A singularidade brasileira gerou um custo ainda não liquidado, cada vez mais visível e audível: periferias conflagradas em cidades sem cidadania, nem infraestrutura.
Ela deu um amortecedor de mobilidade social à ditadura ao custo de marmorizar o território, a economia e a democracia com um grau de desigualdade ferozmente preservado pelas comportas de distribuição de renda monopolizadas pelas elites.
Hoje o Brasil figura como a nação mais urbanizada entre os gigantes do planeta, com 85% da população nas cidades.
As periferias estão saturadas; as cidades rugem por melhores condições de vida; a carência de serviços de saúde, educação, transporte e lazer catalisa as aspirações pelo passo seguinte da nossa história.
Exige mais Estado e recursos do que o êxodo rural promovido nos anos 60.
Não há fronteira geográfica ‘virgem’ para amortecer essa panela de pressão no interior do espaço urbano’. E tampouco no campo: a luta pela reforma agrária terá que reinventar-se em torno da agroecologia para simultaneamente produzir alimentos e cidadania e preservar os recursos que formam a base da vida na terra.
Erra quem acha que um novo estirão de entrega do patrimônio público seria suficiente para contornar as pressões desse vagalhão histórico.
Privatizações concentram ainda mais a renda; definham adicionalmente o fraco poder indutor do Estado brasileiro.
A fronteira que resta a desbravar é a do desenvolvimento inclusivo.
Mas esta também requer um modelo distinto daquele seguido nos últimos 12 anos, que também se esgotou.
A conjunção favorável de cotações recordes de commodities, farta liquidez internacional e forte expansão do comércio deixou de existir e não ressurgirá tão cedo.
Ela favoreceu um entroncamento de intensa circulação de capitais na economia brasileira por mais de uma década.
O fluxo novo viabilizou a redistribuição de um pedaço da riqueza na forma de ganhos reais de salários, políticas sociais emancipadoras, pleno emprego, crédito ao consumo e maiores oportunidades à juventude.
Hoje, a riqueza nova capaz de estreitar o abismo social é o pré-sal.
A classe média da Paulista não sabe, porque não é informada pelos seus colunistas de estimação.
Mas é no fundo do mar que se encontra a brecha histórica para que ela possa um dia viver em uma sociedade mais segura, um país educado e convergente - sem que para isso seja preciso uma revolução sangrenta.
Não dispensa, todavia, os conflitos inerentes à construção de uma democracia social no coração da América Latina.
Se o regime de partilha não for revogado, como quer Serra, no médio e longo prazo, o Brasil terá condições de assegurar aos seus 204 milhões de habitantes um padrão digno de saúde pública e uma educação gratuita de boa qualidade, ademais de dispor de um derradeiro impulso industrializante para sanar seu hiato de alta tecnologia e competitividade internacional.
As urgências do presente, porém, não podem esperar pelo fluxo incremental da riqueza de longo prazo, que lhes assegura um horizonte promissor.
Sua mitigação imediata terá que ser contemplada pela taxação do patrimônio já sedimentado no alto da pirâmide de renda.
Os alvos são as grandes fortunas, os bancos, os dividendos, os lucros financeiros, as remessas e demais ganhos de capitais.
A opção a isso é o caos.
A reedição de um novo ‘1964’ exigiria uma octanagem fascista drasticamente superior à original, para prover o aparelho de Estado do poder de coerção capaz de devolver a pasta de dente ao tubo.
Não é pouco o que está em jogo.
Trata-se de comprimir o ensaio de mobilidade social do ciclo petista de volta aos becos e barracos de periferias desprovidas de presente e de futuro.
E é sob esse pano de fundo que deve ser avaliada participação de Lula em um ministério do governo Dilma.
Não se trata apenas de blindar o ex-presidente da matilha que o enxerga como troféu de caça.
Mas de reconhecer nele o pilar indispensável de uma travessia cujo êxito requer a mobilização de todas as forças e interesses que enxergam os riscos - e as oportunidades - da encruzilhada atual.
Lula pode ser a peça-chave na construção desse pacto, desde que integrado a um ministério que antecipe em sua composição a pluralidade capaz de devolver à sociedade o comando do seu destino.
Nunca é demais recordar, era assim que Celso Furtado descrevia o sentido profundo da palavra desenvolvimento, indissociável –no seu entender- de democracia, soberania, engajamento e justiça social.
O resto é arrocho e recessão. Ou golpe.
 

Aos militantes do PSB.

AOS MILITANTES DO PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO
Prezada amiga e prezado amigo:
Dirijo-me a vocês pela última vez como militante do Partido que tenho o orgulho de haver ajudado a reorganizar-se, e a cuja construção dediquei três décadas da minha vida. Despeço-me da legenda para poder continuar defendendo o socialismo e sua proposta de fazer de nosso país uma nação soberana, desenvolvida e socialmente inclusiva. O Partido que ajudei a refundar-se em 1985 era o PSB herdeiro da Esquerda Democrática, fundado em 1947 por João Mangabeira, para empunhar a bandeira do socialismo com liberdade.
Em 1985 éramos poucos, meia dúzia de intelectuais movidos por uma convicção ideológica: vencida a ditadura, findara com ela o papel dos partidos-frente, abrindo caminho para os partidos programáticos. A História dizia que podíamos ter no Brasil um partido socialista e democrático, e nos entregamos a essa faina. Já naquele ano vestibular disputávamos as eleições municipais e em 1986 elegemos nossos primeiros deputados. No comando, liderando-nos, o senador Jamil Haddadque, num desprendimento de que só são capazes os socialistas de boa cepa, dedicava seu mandato à construção partidária.
Os fados, sempre generosos comigo, presentearam-me com a missão de convidar Evandro Lins e Silva (que vinha da Esquerda Democrática e do PSB de Mangabeira), Jamil Haddad (deputado socialista cassado pelo o regime militar), Evaristo de Morais Filho, o grande advogado de perseguidos políticos, e Antônio Houaiss, militante socialista e diplomata cassado. Tive a honra de estar em todos os momentos seguintes ao lado de Jamil, que presidiu a Comissão Provisória após Antônio Houaiss, nosso primeiro presidente, e foi seu grande construtor até decidir, por extrema magnanimidade e invulgar desprendimento, passar o bastão a Miguel Arraes, que nos presidiria até sua morte. A trajetória de nosso Partido, da refundação até agosto de 2014, foi muito difícil, e muito difícil foi a vida política. Ainda a braços com nossa organização, frágil, e arduamente lutando pela sobrevivência legal, enfrentamos desafios que pareciam superiores às nossas forças. Tivemos, porém, atuação destacadíssima, pela esquerda, na Constituinte. Éramos poucos – é preciso lembrar as atuações de Jamil Haddad, Ademir Andrade, José Carlos Saboya e Raquel Capiberibe – mas conseguimos marcar a presença do pensamento socialista. Concomitantemente, exercemos corajosa oposição, sempre pela esquerda, ao governo Sarney, a lembrança da ditadura no Brasil redemocratizado.
Coube-me, em 1989, na companhia de Ronaldo Lessa e Walteir Silva, convidar o governador Miguel Arraes, queacabara de anunciar suas divergências com a candidatura de Ulysses Guimarães, a ingressar no PSB. Sua filiação, sem condicionantes, valeu-nos, então, como o certificado da correção de nossa política. Nas memoráveis eleições daquele ano, fomos dos principais construtores da Frente Brasil Popular, e participamos da chapa majoritária com a indicação do senador José Paulo Bisol como vice de Luiz Inácio Lula da Silva. Combatemos com firmeza o governo Collor e nos destacamos no seu impeachment. No Parlamento nossas vozes principais eram Jamil Haddad e José Paulo Bisol; no julgamento do ex-presidente no Senado Federal, eram nossos companheiros Evandro Lins e Silva e Sérgio Sérvulo os advogados da sociedade brasileira. Apoiamos a transição, participando do governo Itamar Franco com Jamil Haddad assumindo a pasta da Saúde e Antônio Houaiss a da Cultura.  Desse governo nos afastamos, a pedido de Miguel Arraes, quando Fernando Henrique Cardoso tomou para si as funções de virtual primeiro-ministro e impôs uma política neoliberal, a mesma que em 2014 seria defendida pelo candidato do PSDB. Disputamos, sempre no campo das esquerdas, apoiando a candidatura Lula e as eleições de 1994 e 1998. Crescemos política e eleitoralmente, obtivemos nosso registro definitivo e vencemos a ‘cláusula de desempenho’. Após havermos ousado entrar na disputa eleitoral com candidatura própria, em 2002, levando a cabo uma campanha à esquerda do espectro que então disputava as eleições, apoiamos a candidatura Lula no segundo turno e participamos de seus dois governos, integrando seu ministério, como apoiamos a candidatura de Dilma Rousseff em 2010 e participamos de seu governo até o momento em que decidimos disputar com  ela, com candidatura própria, as eleições de 2014. Naquele ano, lançamos à liça nosso próprio presidente.
O projeto eleitoral do PSB, que ensejou ao povo brasileiro a possibilidade de alternativa de poder, foi, todavia, decepado pela tragédia conhecida. Nas circunstâncias, presidindo o partido,dediquei-me a conduzir a campanha eleitoral e lutar pela unidade partidária. É preciso pôr de manifesto, naqueles momentos difíceis, a grandeza e o sacrifício da companheira Luiza Erundina. Pondo em risco sua própria reeleição, mas pensando acima de tudo no coletivo, assumiu a dificílima coordenação de nossa campanha presidencial, quando o posto, em plena crise, foi abandonado pelo seu antigo titular. A inevitabilidade da candidatura majoritária de Marina Silva criou a expectativa de um projeto eleitoral promissor, ao final desperdiçado, ao tempo em que aprofundava nossa crise ideológica, cuja fermentação, ressalte-se, não era recente, nem muito menos superficial. O caruncho da reação roía nossas entranhas sem que muitos se dessem conta, enquanto outros o alimentavam. O grau de degradação ficou evidente quando o partido, no segundo turno do pleito de 2014, traindo seu programa, rasgando sua história, decidiu-se por apoiar o projeto da classe dominante. O pior de tudo é que essa decisão esdrúxula afigurou-se como um desdobramento natural do que vinha sendo a política partidária.
Decaído ideologicamente, o PSB se alia ao projeto elitista, e agora também golpista, que sempre combatera. Combateram-no a vida toda nossos fundadores e seus continuadores, como João Mangabeira, Hermes Lima, Osório Borba, Domingos Vellasco, Antonio Cândido, Joel Silveira, Rogê Ferreira, Jamil Haddad, Antônio Houaiss, Evandro Lins e Silva. Combateram-no nossos ícones Barbosa Lima Sobrinho, Francisco Julião, Miguel Arraes, Pelópidas da Silva, Aurélio Viana, Jáder de Carvalho.
A crise ideológica mergulha o Partido, afinal, na crise ética.
 Sem projeto, tentando seguir a direção dos ventos conforme sopram, o Partido de hoje negocia alianças eleitorais no varejo da pequena política; abriga quadros que em nada se aproximam das bandeiras da esquerda democrática. É esse PSB que agora tenciona navegar na onda da retomada do poder pelos derrotados nos pleitos de 2002, 2006, 2010 e 2014 – retomada que pleiteiam não pela via legítima do voto, mas pela escapadela espúria do golpe midiático-jurídico, que atropela direitos e garantias individuais, vilipendia a soberania popular e visa a deter a  emergência das massas.
Esse PSB de hoje nega o PSB histórico, aquele que lutou contra a ditadura do Estado Novo, defendeu o monopólio estatal do petróleo e a Petrobras, defendeu a posse (1951) e o governo Vargas que combatera eleitoralmente, defendeu a posse de JK (1955), combateu a tentativa de golpe de 1961 e defendeu o governo Jango, do qual participaria com a presença de João Mangabeira no ministério da Justiça. Esse PSB não se compadece do regresso social.
Estes nossos tempos são a hora da resistência e do avanço, e quando mais difíceis parecem ser as condições de luta – ante o avanço das teses do neoliberalismo e das forças de direita, em todo o mundo – maior deve ser nossa convicção de que o socialismo é a única alternativa para futuro da humanidade.
Despeço-me do PSB que se nega a si mesmo para manter-me coerente com minha vida. Faço-o de alma leve, certo de que escolho a melhor senda rumo ao futuro.
Vida longa à militância socialista!
Roberto Amaral

Líderes políticos internacionais manifestam apoio à Lula

“Estamos com Lula”.
(Em Opera Mundi) Líderes políticos internacionais, incluindo atuais e ex-chefes de Estado da América Latina e da Europa, manifestaram apoio nesta sexta-feira (11/03) ao ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva. Os ex-presidentes José Mujica (Uruguai) e Cristina Kirchner (Argentina) estão entre os 14 nomes que já assinaram a declaração de apoio a Lula.
“Lula não se considera nem está acima das leis, mas tampouco pode ser objeto de injustificados ataques à sua integridade pessoal”, afirma o documento. “Preocupa à opinião democrática a tentativa de alguns setores de destruir a imagem deste grande brasileiro”, segue o manifesto, pontuando que o governo Lula “aprofundou a democracia, estimulando a diversidade política e cultural do país”.
No decorrer da última semana, líderes latino-americanos se manifestaram em apoio ao ex-presidente após ele ter sido conduzido de forma coercitiva (obrigatória) para depor na Polícia Federal na última sexta-feira (04/03) durante a 24ª fase da Operação Lava Jato.
Nomes como Evo Morales (presidente da Bolívia), Rafael Correa (presidente do Equador) e Ernesto Samper (secretário-geral da Unasul e ex-presidente colombiano) declararam apoio a Lula, cuja prisão preventiva foi pedida nesta quinta-feira (10/03) pelo Ministério Público de São Paulo.
Leia abaixo a declaração na íntegra com os nomes dos 14 signatários:
Durante várias décadas, Luiz Inácio Lula da Silva destacou-se como sindicalista, lutador social, criador e dirigente do Partido dos Trabalhadores.
Eleito Presidente da República, em 2002, Lula levou adiante um ambicioso programa de mudança social no Brasil, que tirou da pobreza e da miséria milhões de homens e mulheres. Sua política econômica permitiu a criação de milhões de empregos e uma extraordinária elevação da renda dos trabalhadores.
Seu Governo aprofundou a democracia, estimulando a diversidade política e cultural do país, a transparência do Estado e da vida pública. O Executivo, o Ministério Público e o Poder Judiciário puderam realizar investigações de atos de corrupção eventualmente ocorridos na administração direta ou indireta do Estado.
Preocupa à opinião democrática, no entanto, a tentativa de alguns setores de destruir a imagem deste grande brasileiro.
Lula não se considera nem está acima das leis. Mas tampouco pode ser objeto de injustificados ataques a sua integridade pessoal.
Estamos com ele e seguros de que a verdade prevalecerá.
Cristina Kirchner (Argentina)
Eduardo Duhalde (Argentina)
Carlos Mesa (Bolívia)
Ricardo Lagos (Chile)
Ernesto Samper (Colômbia)
Maurício Funes (El Salvador)
Felipe González (Espanha)
Manuel Zelaya (Honduras)
Massímo D”Alema (Itália)
MartinTorrijos (Panamá)
Nicanor Duarte (Paraguai)
Fernando Lugo (Paraguai)
Leonel  Fernandes (República Dominicana)
José Mujica (Uruguai)
Juan Manuel Insulza (OEA)

Ataques a Lula e Dilma são tentativa de "liquidar processo progressista" na AL, diz Havana

 Ataques a Lula e Dilma são tentativa de 'liquidar processo progressista' na AL, diz Havana
Redação Opera Mundi São Paulo - 07/03/2016 - 13h1
O Ministério de Relações Exteriores de Cuba manifestou repúdio à operação da Polícia Federal brasileira que levou o ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva para depor de forma coercitiva na 24ª fase da Operação Lava Jato na última sexta-feira (05/03).
Para o Ministério, “ações judiciais e parlamentares injustificadas e desproporcionais” contra Lula e a presidente brasileira, Dilma Rousseff, têm o “o propósito de desacreditar e criminalizar um líder emblemático de Nossa América, desqualificar uma das organizações políticas mais combativas da região, derrocar o governo legítimo da presidenta Dilma Rousseff e liquidar o processo progressista regional”.
O governo cubano afirmou não ter dúvidas “de que a verdade prevalecerá e o povo trabalhador do Brasil se organizará em sua defesa, assim como na salvaguarda dos avanços políticos e sociais alcançados pelos governos do Partido dos Trabalhadores”.
A declaração do Ministério foi publicada nas edições desta segunda-feira (07/03) do Granma, jornal oficial do Comitê Central do Partido Comunista cubano, e do Trabajadores, periódico da Central de Trabalhadores de Cuba.
Leia a íntegra em português do comunicado do Ministério de Relações Exteriores de Cuba:
O Ministério de Relações Exteriores rechaça o ataque contra a Constituição e a democracia no Brasil, que converteu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder histórico do Partido dos Trabalhadores, assim como o governo liderado pela presidenta Dilma Rousseff, em alvos de ações judiciais e parlamentares injustificadas e desproporcionais.
A manipulação indignante da luta contra a corrupção tem o propósito de desacreditar e criminalizar um líder emblemático de Nossa América, desqualificar uma das organizações políticas mais combativas da região, derrocar o governo legítimo da presidenta Dilma Rousseff e liquidar o processo progressista regional.
A condução coercitiva de Lula e a tentativa de golpe parlamentar contra Dilma têm levantado uma onda de repúdio em seu país, desde o governo e seus aliados até organizações populares, sindicatos e movimentos sociais, que têm saído às ruas de dezenas cidades de todo o Brasil. Por sua vez, multiplicam-se as expressões de rechaço em numerosos países latino-americanos e caribenhos.
Com estes métodos sujos, setores dos aparatos policiais, legislativos e judiciais de alguns Estados de nossa região, em estreita aliança com grupos transnacionais de comunicação, de oligarquias e do imperialismo, pretendem impor através da força o que não foram capazes de vencer nas urnas.
Os companheiros Lula e Dilma Rousseff têm demonstrado valentia e determinação admiráveis ao enfrentar esse ataque.
O governo da República de Cuba não tem dúvidas de que a verdade prevalecerá e o povo trabalhador do Brasil se organizará em sua defesa, assim como na salvaguarda dos avanços políticos e sociais alcançados pelos governos do Partido dos Trabalhadores.

Manifestação de 13 de março: onde estavam os negros na Paulista?

Manifestação de 13 de março: onde estavam os negros na Paulista?

O racismo da classe média que fala grosso contra a corrupção, mas aceita o preconceito e simula até 'enforcamento' de negro, com manifestante fazendo blackface
   
Entre as milhares de pessoas que invadiram a avenida Paulista neste domingo (13/3), quase não havia negros. Assim como aconteceu há um ano, a grande maioria dos negros que foram ao coração de São Paulo – e a outras capitais brasileiras – estava trabalhando. Eram babás ou ambulantes (ou policiais militares). Esse quadro trata de reproduzir a posição subalterna dessa parcela da sociedade brasileira, desde a escravidão até hoje.
Entre as demandas por honestidade, havia zero cartazes pedindo igualdade de direitos, cotas ou conquistas trabalhistas das empregadas domésticas. Ao contrário. O que se viu na avenida Paulista foi a representação do desejo da classe média alta e da elite branca do Brasil em manter seus privilégios. A manifestação está para a justiça social assim como a casa grande está para a senzala. Idêntico e escancarado.IMG_2016-03-13forcaProcure um negro | Foto: Christian Braga
Jornalistas Livres

Manifestantes faz blackface na Paulista
“Essa marcha não é somente contra a Dilma e a favor do impeachment. Ela é também contra os direitos humanos e as conquistas sociais”, define o administrador de empresas e educador negro Antonio Nascimento, militante de direitos humanos na Bahia.
Sob a cortina do combate à corrupção, o que se coloca é o desejo de uma elite e classe média brasileiras defendendo os próprios interesses. Não à toa, os atos deste domingo aconteceram em locais nobres das cidades: a orla da zona sul carioca, a Avenida Paulista, o Farol da Barra, em Salvador, ou a Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. “A elite viu nesse governo a sustentação de seus privilégios sendo ameaçada. Não está preocupada com a moralidade ou com a honestidade porque sempre conviveu com governos desonestos.”
Mas as manifestações foram muito além e deixaram escapar esse desejo. O que se viu em alguns lugares foram cenas de racismo explícito: um homem pintado de negro (os “blackfaces”, movimento teatral escravocrata que tem por objetivo ridicularizar a população negra) simulava uma “Forca da Inconfidência”.
Senhoras, senhores e crianças brancas posavam ao lado dessa representação, sorrindo e sem se abalarem; em outra cena, um homem branco segurava um cartaz no qual se via a presidenta Dilma, pintada de negra, imitando o comediante negro Mussum, com os dizeres “Dilma Rouseffis, só no forevis”; e por fim, as dezenas de cenas de babás negras empurrando carrinhos de bebês brancos, com os patrões caminhando adiante.
 

'O que fizeram com Lula é um atentado aos direitos humanos', diz presidente do Equador

'Estamos com Lula': em declaração conjunta, líderes internacionais expressam apoio a ex-presidente

Vivemos um arquipélago de democracia - e mesmo esse arremedo corre sério risco neste domingo

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Racismo explícito na avenida que pede Justiça | Foto: Edgar Bueno
Racismo explícito na avenida que pede Justiça | Foto: Edgar Bueno
“Acho que a maioria das pessoas não se deu conta do que está em jogo”, afirma a socióloga Marcia Lima, professora de “desigualdades raciais” na USP (Universidade de São Paulo). “O Brasil mudou. Temos uma reação conservadora às conquistas deste grupo [a população negra]”, explica Marcia.
A população negra não é mais minoria no Brasil. Desde 2011, mais da metade dos brasileiros é negra (pretos e pardos, segundo o IBGE). Atualmente, corresponde a 53,6% da população total do Brasil. Significa dizer que mais de 110 milhões de pessoas não estavam retratadas nos atos pró-impeachment. “Andei duas horas na manifestação. Não tinha pobres nem negros”, constatou a advogada Eliane Dias, produtora do grupo de rap Racionais MC’s.
De fato, para falar em democracia, é preciso se referir a toda a sociedade. “É muita irresponsabilidade, por exemplo, simular o enforcamento de um homem negro no meio da Paulista. Vi várias famílias lá dando risadinha disso”, relata Eliane. Para ela, violência semelhante é levar uma babá negra para esse contexto. “É uma humilhação. Você coloca lá uma mulher negra, num domingo, num lugar onde não tem nenhum negro… Isso representa a submissão”, constata.
choquemanifa13marco_SnapseedNo que se refere às questões raciais do país responsável pela maior e mais longa escravidão do mundo, nada mudou em um ano. As manifestações de março de 2015 ja mostraram como os defensores do impeachment são brancos. Esse cenário faz os versos dos Racionais cada vez mais contundentes e atuais: