sábado, 4 de abril de 2020

A Peste


Sábado, 4 de abril de 2020
A Peste

“A grande cidade silenciosa não passava então de um aglomerado de cubos maciços e inertes, entre os quais as efígies taciturnas de benfeitores esquecidos ou de grandes homens antigos, sufocados para sempre no bronze, tentavam sozinhos, com seus falsos rostos de pedra ou de bronze, evocar uma imagem degradada do que fora o homem.
Esses ídolos medíocres reinavam sob um céu espesso nas encruzilhadas sem vida, brutos insensíveis que bem representavam o reino imóvel em que havíamos entrado ou pelo menos, a sua ordem última, a de uma necrópole em que a peste, a pedra e a noite teriam feito calar, enfim, todas as vozes.
Mas a noite também estava em todos os corações, e as verdades, como as lendas que se contavam sobre os enterros, não eram feitas para tranquilizar nossos concidadãos. Porque é efetivamente necessário falar dos enterros, e o narrador pede desculpas. Sente naturalmente a crítica que lhe poderia ser feita a respeito, mas a única justificativa é que houve enterros durante toda essa época e que, de certo modo, o obrigaram, como obrigaram a todos os nossos concidadãos, a preocupar-se com enterros.
Não é que ele goste desse tipo de cerimônias, preferindo, pelo contrário, a sociedade dos vivos, e, para dar um exemplo, os banhos de mar. Mas, afinal, os banhos de mar tinham sido suprimidos, e a sociedade dos vivos receava durante todo o dia ser obrigada a ceder lugar à sociedade dos mortos. Era a evidência. Na verdade era sempre possível esforçar-se por não vê-la, fechar os olhos e recusá-la, mas a evidência tem uma força terrível que acaba sempre vencendo.
Qual o meio, por exemplo, de recusar os enterros no dia em que nossos entes queridos precisam ser enterrados? Pois bem, o que caracterizava no início nossas cerimônias era a rapidez. Todas as formalidades haviam sido simplificadas e, de uma maneira geral, a pompa fúnebre fora suprimida. Os doentes morriam longe da família e tinham sido proibidos os velórios rituais, de modo que os que morriam à tardinha passavam a noite sós e os que morriam de dia eram enterrados sem demora. Naturalmente, a família era avisada, mas, na maior parte dos casos, não podia deslocar-se por estar de quarentena, se tinha vivido perto do doente. No caso de a família não morar com o defunto, apresentava-se à hora indicada da partida para o cemitério, depois de o corpo ter sido lavado e colocado no caixão.
(...)
Num extremo do cemitério, num local coberto de árvores, tinham sido abertas duas enormes fossas. Havia a fossa dos homens e a das mulheres. Sob esse aspecto, as autoridades respeitavam as conveniências, e foi só muito mais tarde que, pela força das circunstâncias, este último pudor desapareceu e se enterraram de qualquer maneira, uns sobre os outros, sem preocupações de decência, os homens e as mulheres.
Para todas essas operações era preciso pessoal e este estava sempre prestes a faltar. Muitos desses enfermeiros e coveiros, primeiros oficiais, depois improvisados, morreram de peste. Por mais precauções que se tomassem, o contágio acabava por se fazer um dia. No entanto, quando se pensa bem, o mais extraordinário é que nunca faltaram homens para exercer essa profissão durante todo o tempo da epidemia.
(...)
Mas, a partir do momento em que a peste se apossou realmente de toda a cidade, então seu próprio excesso provocou consequências bastante cômodas, pois ela desorganizou a vida econômica e suscitou assim um número considerável de desempregados.
(...)
Sabia também que, se as estatísticas continuassem a subir, nenhuma organização, por melhor que fosse, resistiria; que os homens viriam a morrer amontoados e apodrecer na rua, apesar da prefeitura, e que a cidade veria, nas praças públicas, os mortos agarrarem-se aos vivos, com um misto de ódio legítimo e de estúpida esperança.”
– Trechos de A Peste, de Albert Camus, 1947.
Leandro Demori
Editor Executivo

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O Brasil da “insanosfera”!
Sim, eu sei que sendo a terra plana como afirma o guru do ex-militar, não deveria haver uma “insanosfera”, mas sim um “insanoplano”, mas não seria o suficiente para envolver todas as loucuras que estamos vendo.
Enquanto o país afunda em uma crise sem precedentes em nossa história, temos um presidente que insiste em incentivar o fim do isolamento social e pede para as pessoas irem para a rua. Pior do que isso, sai por aí “apertando as mãos dos seus seguidores” e sorrindo sem máscara ou vergonha!
O Congresso Nacional, minimamente preocupado com a situação, sabe que se não há renda não há recuperação da economia. Ao contrário do que muitos ficam falando por aí, não é por estarem preocupados com o trabalhador de baixa renda que aprovaram uma ajuda de R$ 600,00 para os temporários, mas porque esperam que esse dinheiro volte para a economia, alimentando o comércio. Mas o demente que nos governa está “enrolando” há dias para liberar o tal dinheiro.
Curioso é que para ajudar seus “amiguinhos” banqueiros e empresários não falta dinheiro. O Banco Central (BC) anunciou, na segunda-feira (23/3), um pacote de medidas para injetar dinheiro no mercado em uma tentativa de mitigar o ambiente de incerteza provocado pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o pacote soma R$ 1,216 trilhão, ou 16,7% do Produto Interno Bruto (PIB), incluindo ações que ainda estão em estudo. Comparado aos R$ 117 bilhões aplicados no socorro aos bancos durante a crise financeira global de 2008 e 2009, que corresponderam a 3,5% do PIB, o montante é quase 10 vezes maior.
Outra medida foi a liberação de empréstimos com lastro em debêntures de empresas, com potencial de R$ 91 bilhões. Na avaliação do ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, é uma ação perigosa, pois o contribuinte pagará a conta se a empresa quebrar no meio da crise. “O BC está aceitando dívida privada como garantia. Isso é muito arriscado”, alertou. Para Sanchez, o BC tenta criar fluxo para um problema que já existe, de R$ 20 bilhões de debêntures encalhadas. “Ele está buscando fazer o mercado girar”, disse.
O Planalto é da “famíglia”! O vereador carioca conhecido como “filho número 03” do ex-militar ganhou uma sala fixa no Palácio do Planalto! A matéria é de uma reportagem da Folha de S. Paulo. Segundo a apuração, a sala, próxima ao gabinete de seu pai, no terceiro andar, já vem sendo utilizada pelo parlamentar desde o início da semana. O espaço pertence ao assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, que segue em quarentena após ter contraído o coronavírus.
Ainda de acordo com a reportagem, Martins deve ser deslocado para o quarto andar do Palácio do Planalto, em um gabinete que era usado pela Secretaria de Governo.
De sua nova instalação, o “filho número 03”, chamado de “relações públicas da milícia”, terá como função coordenar a ofensiva do governo nas redes sociais e também o tom adotado em meio à pandemia do coronavírus. O vereador vem sendo diretamente associado ao último pronunciamento do presidente em que, diferentemente das recomendações sanitárias do Ministério da Saúde em meio ao avanço da Covid-19, questionou a quarentena, defendeu o isolamento vertical a idosos e pessoas com doenças e estimulou a retomada das atividades pela maioria da população.
“Carluxo”, assim como o deputado federal “filho 02”, e outros seguidores da ala olavista, são associados ao gabinete do ódio, uma espécie de bunker ideológico que atua como conselho do governo Bolsonaro. O grupo também é conhecido por disseminar fakenews nas redes sociais.
Taxa de desemprego aumenta. A taxa de desemprego subiu para 11,6% no trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2020 e atinge 12,3 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), divulgados na terça-feira (31), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa de informalidade (40,6%) da população ocupada, que é de 93,7 milhões de pessoas, atinge 38 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, sem direitos, sem renda em épocas de isolamento social para conter a disseminação do coronavírus (Covid-19).
Tanto desempregados quanto informais estão esperando o governo apresentar rapidamente uma solução que garanta a todos o mínimo para sobreviver. Na segunda-feira (30), o Senado aprovou proposta de renda básica de R$ 600,00, mas tem várias travas na lei que impedem que desempregados, por exemplo, recebam o benefício. Mas o demente precisa sancionar e regulamentar para as pessoas começarem a receber. Nas redes sociais já começou a campanha “Libera, Bolsonaro”.
Pode piorar? As condições do mercado de trabalho mostrarão um acentuado enfraquecimento a partir de março, em meio à contração da atividade econômica devido à quarentena de parte do país. Veremos o aumento da taxa de desemprego, o aumento de trabalhadores desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego) que atualmente estão em 4,7 milhões, bem como uma diminuição real na renda média da população.
Os escalões mais vulneráveis ​​da população empregada em situações tão desafiadoras são os do mercado de trabalho informal, porque sua renda é instável. Só para se ter uma ideia, a soma de trabalhadores por conta própria e trabalhadores não registrados é de 36,1 milhões de pessoas. (Mitsubishi UFJ Financial Group, Inc. -MUFG)
Déficit será de 4,5% do PIB. Com as medidas emergenciais que serão adotadas para conter os efeitos da pandemia do coronavírus na economia, o governo central deve fechar o ano com um déficit primário superior a R$ 350 bilhões (4,5% do PIB), informou ontem o Tesouro. A meta para este ano era de um rombo de R$ 124,1 bilhões, mas com a decretação de estado de calamidade pública o governo está livre para descumprir esse resultado. Caso o rombo nas contas de Estados e municípios fique em R$ 30 bilhões, o déficit do setor público consolidado (governo federal, Estados, municípios e estatais) vai se aproximar de R$ 400 bilhões, o que corresponde a mais de 5% do PIB. (Valor Econômico)
O demente pode ser julgado internacionalmente? A Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) protocolou, na quinta-feira (02), uma representação no Tribunal Penal Internacional contra o presidente demente pela prática de crime contra a humanidade. De acordo com a entidade, o Brasil possui, no atual momento, um chefe de governo e de Estado cujas atitudes são total e absolutamente irresponsáveis.
Segundo a ABJD, o ex-capitão está cometendo o crime de epidemia, previsto no art. 267, do Código Penal Brasileiro, que dispõe sobre crimes hediondos. “Os crimes cometidos afetam gravemente a saúde física e mental da população brasileira, expondo-a a um vírus letal para vários segmentos e com capacidade de proliferação assustadora, como já demonstrado em diversos países. Os locais que negligenciaram a política de quarentena são onde o impacto da pandemia tem se revelado maior, como na Itália, Espanha e Estados Unidos”, ressalta.
Diante disso, os integrantes da Associação apontam que o insano despreza as maiores autoridades científicas que prescrevem uma estratégia de guerra para reduzir os efeitos da pandemia. “O Presidente do Brasil faz eco com empresários inescrupulosos e se nega a adotar o padrão mundial de confinamento social, deixa de atuar na estratégia para achatar a curva de infecção e auxilia na expansão e aumento do contágio, o que fatalmente vai fazer com que o sistema de saúde no Brasil entre em colapso”, diz.
Argentina: a diferença de ter um Presidente que não é insano (1). Alberto Fernández, presidente argentino, anunciou a extensão do isolamento social, preventivo e obrigatório até dia 13 de abril, fez dura advertência contra os que demitirem empregados e avisou aos empresários que “chegou a hora de ganharem menos”. Decisões do governo e popularidade do chefe de Estado têm mais de 90% de aprovação, segundo sondagens.
Depois de ter o aval sanitário, Alberto Fernández procurou, por videoconferência, o consenso político com todos os governadores para estender por mais 11 dias, o isolamento total que começou no último dia 20 e que terminaria, inicialmente, no dia 31. Se a nova data não for também prolongada, a Argentina terá ficado 24 dias em quarentena total.
“Se alguma coisa essa pandemia tem de ensinar-nos é a regra da solidariedade. Aqui ninguém se salva sozinho. Aqui, do que se trata, para muitos desses empresários, é de ganhar menos; não de perder”, avisou, com uma mensagem direta aos empresários: “Bom, rapazes, chegou a hora de ganhar menos”.
Esse fenômeno foi medido por várias consultoras privadas de prestígio do país. Segundo a Aresco, 93,9% dos argentinos apoiam a medida de isolamento adotada pelo governo.
Para a Managment & Fit, embora 74,6% dos argentinos consideram que a economia sofrerá um impacto negativo, 91,7% aprovam as decisões de Alberto Fernández para enfrentar o vírus, sendo 65,2% a aprovarem muito e 26,5% a aprovarem um pouco.
Os números da Managment & Fit parecem confirmar os números oficias apresentados pelo presidente: 87,4% garantem que cumprem totalmente o isolamento, 7,6% afirmar cumpri-lo parcialmente e 4,5% dizem não cumprir por pertencerem aos grupos de exceção. Apenas 0,2% admite não cumprir o isolamento.
Argentina: a diferença de ter um Presidente que não é insano (1). O presidente da Argentina atendeu pedido das centrais sindicais do país e decidiu preparar um decreto para proibir demissões no país pelos próximos 60 dias.
Esta foi uma das medidas tomadas pelo presidente argentino para proteger os trabalhadores e as trabalhadoras enquanto durarem as medidas de enfrentamento ao coronavírus (Covid-19), como isolamento social para conter a disseminação da doença. Nesses 60 dias, as empresas só poderão demitir por justa causa, de acordo com o jornal La Nacion.
Ainda segundo o jornal, Alberto Fernández entrou em confronto com a construtora Techint após a empresa demitir 1,5 mil trabalhadores. A demissão teve de ser revogada por determinação do presidente.
Uma guerra pode desviar atenções! Donald Trump anunciou na quarta-feira (01) que navios da Marinha estão sendo transferidos para perto da Venezuela como medida de intensificação das operações antidrogas no Caribe após acusações de narcotráfico contra Nicolás Maduro.
O anúncio surgiu no início da coletiva de imprensa da Casa Branca cujo tema principal é a pandemia de coronavírus, que obrigou grande parte dos EUA a ficar em autoisolamento, e que, de acordo com o governo, poderá causar entre 100 mil e 240 mil mortes.
A mobilização da Marinha dos EUA tem como objeto aumentar pressão sobre Maduro e aliados. Segundo a agência Reuters, no entanto, não se trata de uma preparação de uma ação militar de Washington contra a Venezuela, de acordo com uma fonte familiarizada com a situação.
O plano de mobilização de navios envolve o Comando Sul dos EUA, que deve enviar navios da Marinha para perto da Venezuela, segundo uma fonte familiarizada como a situação. No entanto, não se sabe quão perto os navios ficariam da costa venezuelana, informam fontes.
A operação envolve navios de guerra da Marinha, aeronaves de vigilância com Sistema Aéreo de Alerta e Controle (AWACS, na sigla em inglês) e forças especiais terrestres. (Com Sputnik)
Quanto ódio contra uma pequena Ilha! A China já enviou equipamentos médicos para uma infinidade de países. Só para lembrar alguns: EUA, Japão, Coreia do Sul, Itália, Irã e Espanha, considerados então como os que estavam expostos ao maior perigo, exprimindo assim seu apelo transparente para unir esforços nesta batalha dura e desigual.
Depois enviaram material para a Bélgica, Etiópia, Eslovénia, França, Áustria, Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Países Baixos, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Afeganistão, Bangladesh, Camboja, Laos, Maldivas, Mongólia, Myanmar, Nepal, Paquistão e Sri Lanka. Dias depois envios semelhantes chegavam ao Azerbaijão, Butão, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Vietnam.
Vou simplificar... Depois de tudo isso, uma empresa estadunidense contratada se recusou na última hora a levar aparelhos científicos para Cuba, alegando que havia uma lei do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto contra o país de destino, reforçadas pela atual administração dos EUA, a impediam de fazê-lo.
No entanto... Duramente criticados pelos EUA e pelo Brasil, os serviços médicos cubanos reaparecem, entre aplausos, para combater a pandemia de COVID-19, inclusive na Europa, dando impulso a um programa vital para o desenvolvimento da ilha.
“A possibilidade de uma pandemia é discutida desde o início deste século, e Cuba preparou seu exército de jaleco branco”, afirma Arturo López-Levy, professor da Universidade Holy Names, na Califórnia. “No final da Guerra Fria, Cuba desenvolveu essa capacidade, e é lógico que seja uma ferramenta muito importante de sua política externa”, acrescenta.
Com mais de 11.000 mortos pelo novo coronavírus, a Itália é uma das 14 nações que solicitaram recentemente a intervenção do contingente Henry Reeve, brigada médica especializada em desastres naturais e epidemias.
Estão também na Lombardia (Itália), onde foram recebidos com aplausos; Andorra também os chamou, enquanto outros países europeus os observam de perto. A França aprovou a entrada de médicos cubanos em seus territórios ultramarinos. Em março passado, Cuba tinha 28.729 colaboradores em 59 países. O plano remonta ao ano passado e, agora, chega em um momento oportuno.
O governo de Donald Trump reforçou o embargo em vigor sobre Cuba desde 1962, punindo o apoio a seu aliado venezuelano Nicolás Maduro. Enquanto isso, “se Trump enlouquecer e pedir a colaboração médica cubana, posso garantir que sim, nós ajudaríamos”, afirma o diretor da Unidade Central de Cooperação Médica de Cuba, Jorge Delgado.
Crise o ouro e do petróleo. Para os que gostam de fazer previsões sobre o fim dos tempos, o prato está quase completo. Conheço algumas pessoas que se dizem de esquerda e que passaram os a vida prevendo a crise final do capitalismo “para a semana que vem”. Bem, para esses, creio as parcelas da operação matemática estão quase completas e já podem ser somadas. Não é o nosso caso. Preferimos ter um pouco de lucidez.
Mas os fatos estão aí, diante de nós. O fenômeno do coronavírus + a guerra comercial entre os EUA e a China + o aumento da produção de petróleo dos EUA (revolução do xisto) pode ter como resultado algo de inesperado. E há um outro fator que não está sendo considerado nas análises gerais: a crise do ouro.
Só para lembrar, há pouco houve uma reunião entre países membros da OPEP e aliados não membros, liderados pela Rússia, para reduzir a produção e manter os preços. O encontro terminou sem acordo e o resultado foi uma queda no preço do petróleo.
Para piorar, tentando fazer frente à Rússia, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos propõem aumentar a produção de petróleo em 3,5%, o que diminui ainda mais o preço e agrava a crise no setor. Por outro lado, a revolução do xisto com altos níveis de endividamento, como no caso dos EUA, coloca esse país em desvantagem em comparação à estratégia da Arábia Saudita.
E, no sábado (28), tomamos conhecimento de nova informação de grande importância: “o petróleo WTI caiu 8,52% e afundou abaixo de US $ 20 por barril, de acordo com dados das ações”. No final da noite do sábado, o preço do WTI para entrega em maio caiu para US $ 19,98 por barril, seu pior valor desde fevereiro de 2002. Por sua vez, a marca Brent para entrega em junho perdeu 4,65%, atingindo 26,6 dólares por barril.
Os preços do petróleo aceleraram sua queda depois que o Ministério da Energia da Arábia Saudita informou em 27 de março que não mantém negociações com a Rússia sobre um possível aumento de participantes no pacto da OPEP +, nem sobre medidas para equilibrar o mercado de petróleo.
Para quem não sabe, basicamente, o WTI (West Texas Intermediate) é o petróleo comercializado na Bolsa de Nova York, e se refere ao produto extraído principalmente na região do Golfo do México. Já o Brent é comercializado na Bolsa Londres, tendo como referência tanto o petróleo extraído no Mar do Norte como no Oriente Médio.
Agora, vamos ao outro ponto desse labirinto. Desde o início de 2019, Rússia e China estão aumentando as compras de ouro. Em abril passado a China ampliou suas reservas em ouro e se juntou à Rússia na “corrida dourada” contra o dólar. Segundo analistas, o aumento das reservas russas do metal precioso indica rápido progresso para diversificar [as reservas] em detrimento dos ativos estadunidenses.
Vale lembrar que, atualmente, a China é o maior produtor e consumidor de ouro do mundo. A sua economia mostra certos sinais de desaceleração.
Os dados mais recentes do Banco Popular da China mostram que Pequim está aumentando reservas de ouro em um ritmo constante, como fez entre a segunda metade de 2015 e outubro de 2016. “Se a China continuar acumulando ouro neste ritmo, no fim do ano pode se tornar o maior comprador de ouro depois da Rússia, que adquiriu 274 toneladas em 2018”, afirmou um especialista no assunto.
E esses especialistas estão advertindo sobre uma catástrofe que pode atingir a economia mundial. Os indicativos mais alarmantes são as disputas comerciais, novos impostos, o aumento das taxas de juros e a queda das vendas a retalho.
De acordo com o diretor executivo das empresas de extração de prata e ouro First Majestic Silver e First Mining Gold, Keith Neumeyer, os cartéis estão manipulando os preços dos metais preciosos e acumulando ouro e prata.
Agora, no domingo (29), recebemos uma notícia que traz novas reflexões: “a pandemia de coronavírus provocou um forte crescimento na procura por ouro nos EUA”. A notícia está no Wall Street Journal.
Mas, ainda segundo o WSJ, os investidores e banqueiros que buscam comprar ouro estão enfrentando um grave problema: há pouco ouro e moedas de ouro no mercado! Toda a reserva existente já foi praticamente vendida e alguns distribuidores especializados já começaram a fechar as portas.
Tradicionalmente, desde 1856, o Credit Suisse tem fabricado os lingotes de ouro para a venda, mas, nesta semana, a situação chegou a um extremo e, segundo o WSJ, o banco está orientando os compradores a buscarem o Royal Canadian Mint.
Acontece que o Mint também já anunciou que não pode atender a todos os que procuram. Fora da Rússia e China, agora, a maior parte do ouro existente está nas mãos do Banco da Inglaterra que guarda, aproximadamente, 400.000 lingotes de ouro (ninguém sabe ao certo) que pertencem ao Reino Unido.
O prato está na mesa e os ingredientes estão à disposição. Mas, e a crise final do capitalismo?
(Vejam adiante mais notícias sobre o ouro na parte sobre os EUA)
Por que deslocar navios para a Venezuela? Noticiamos acima sobre a decisão do louco estadunidense de enviar navios para o cerco à Venezuela. Acreditamos que há vários aspectos a serem analisados depois dessa atitude tresloucada. Será apenas a preocupação com as eleições presidenciais de novembro?
Desviando a atenção de seu eventual fracasso na luta contra o coronavírus, Trump, anunciou uma nova operação militar “antinarcóticos” na América Latina e no Caribe, para combater o que ele afirma ser uma ameaça crescente de traficantes de drogas e terroristas que buscam tirar vantagem da crise causada pela pandemia.
Em momentos de crise da saúde, ele tenta desviar a atenção, anunciando que “os EUA estão lançando operações antidrogas robustas no hemisfério ocidental ... Não devemos permitir que os cartéis de drogas explorem a pandemia para ameaçar vidas americanas”.
Obviamente, os países da América Latina e do Caribe não precisam de navios de guerra, aviões militares, drones ou mísseis, e muito menos soldados em seus países: seu problema premente é superar a pandemia. Mas Washington não oferece ajuda à saúde, suprimentos ou médicos ... apenas aproveite a situação para expandir seu poder militar.
Para acalmar seus cidadãos, o presidente disse que essas tropas receberão equipamentos de proteção individual para cuidar de sua saúde, um tanto ilusória, já que os médicos que enfrentam a pandemia no país não conseguiram obter quantidades suficientes.
Mas, por que agora? A má gestão da crise de saúde, bem como os objetivos eleitorais de Trump, são citados como causas do interesse de Washington em implantar uma operação militar no mar do Caribe e no Pacífico Sul, segundo Ricardo Pascoe Pierce, ex-embaixador do México em Cuba.
Pascoe Pierce mencionou que essa situação não é nova, uma vez que a operação ordenada por Washington mostra que “a política dos EUA em relação a Cuba e Venezuela é política interna, e não externa”.
O ex-embaixador observou que os tempos para esse destacamento militar têm uma motivação eleitoral. Em particular, ele destacou o caso da Flórida, um estado que concentra uma grande população de origem latina nos EUA e que, até 3 de abril, possui 9.008 casos confirmados de coronavírus, além de 144 mortes por essa doença.
EUA bateram novo recorde! Nesta sexta-feira (03) os EUA registraram 1.480 mortos pelo novo coronavírus, aumentando o número total de óbitos para 7.406. Os dados marcam um novo recorde no mundo, de acordo com o mapa da Universidade Johns Hopkins.
A nova quantidade representa um crescimento em relação ao balanço do dia anterior, quando as mortes contabilizadas também atingiram uma marca inédita, com 1.169 mortes em apenas um dia.
Até então, o pico anterior havia sido atingido no dia 27 de março, na Itália, onde 969 vítimas perderam a vida. O país europeu é a nação com o maior número de óbitos em decorrência da covid-19, com 14.681. Na sequência aparece a Espanha, com 11.198.
Nova York sofre mais com o “desastre nacional”. Nova York é o estado do país mais afetado pela pandemia, com quase 3.000 mortes e mais de 100.000 afetados. O prefeito da cidade, Andrew Cuomo, descreveu a situação como “desastre nacional” e anunciou que muitos pacientes com coronavírus “morrerão a curto prazo devido à falta de leitos e respiradores artificiais”.
Como as mortes por coronavírus continuam a aumentar, Cuomo anunciou que usará sua autoridade para requisitar respiradores e equipamentos de proteção de hospitais privados e empresas que não os usam. A ordem executiva que ele disse que aprovaria visa evitar a escassez desses kits, tanto quanto possível, e forçou os médicos na Europa a tomar decisões de vida ou morte sobre quais pacientes estão conectados ao ventilador.
Que merda de país é aquele? O comandante do porta-aviões USS Theodore Roosevelt, que relatou um surto de coronavírus no navio, foi deposto. Isso aconteceu depois que o conteúdo de uma carta foi publicado alertando seus superiores sobre a necessidade de tomar medidas decisivas para salvar a vida da tripulação.
“Hoje, sob minha direção, o comandante do USS Theodore Roosevelt, capitão Brett Crozier , foi dispensado do comando pelo comandante do grupo de ataque, o contra-almirante Stewart Baker”, anunciou o secretário interino da Marinha Thomas Modly.
Em uma coletiva de imprensa no Pentágono, Modly disse que Crozier não foi removido por deixar a carta vazar para a imprensa, mas porque “a complexidade do desafio apresentado pelo surto de COVID-19 no navio sobrecarregará sua capacidade de agir profissionalmente quando agir profissionalmente era a coisa mais necessária na época”. O secretário acrescentou que o capitão enviou sua carta através de um sistema não seguro, o que aumentou as chances de vazamento.
A carta a que ele se refere foi endereçada ao comando da Marinha do Pacífico e foi publicada no San Francisco Chronicle. No documento, o comandante do navio escreveu que seu navio carecia de instalações suficientes de quarentena e isolamento e alertou que a estratégia atual desaceleraria, mas não erradicaria o vírus respiratório altamente contagioso. Ele pediu “ação decisiva” e a evacuação de mais de 4.000 marinheiros do navio e que eles fossem colocados em quarentena.
Marinheiros dos EUA aplaudem seu capitão! Centenas de marinheiros do porta-aviões USS Theodore Roosevelt, ancorados após a detecção de casos de coronavírus entre a tripulação, defendem a honra de seu capitão Brett Crozier. O agora ex-comandante foi retirado do comando depois de escrever uma carta exigindo que seus superiores “tomassem uma ação decisiva” para salvar a vida da tripulação.
“Capitão Crozier! Capitão Crozier!” Os marinheiros aplaudiram quando seu ex-comandante desceu a passarela e deixou o navio. Em outro vídeo gravado de cima, Crozier pode ser visto parando no final da passarela e virando brevemente para cumprimentar o navio que ele comandou uma vez.
Ainda o ouro! Interrupções nos suprimentos causadas pela expansão da pandemia provocaram alarmes entre os investidores, que acreditam que não haverá ouro suficiente na Bolsa de Valores de Nova York para atender a toda demanda. É por isso que muitos estão comprando o metal precioso em Sydney.
A produtora australiana ABC Refinery relatou um forte aumento na demanda por ouro da América do Norte na semana passada. As encomendas de investidores europeus à empresa também aumentaram devido a “uma escassez de produção em outras refinarias que tiveram que interromper as operações” devido ao coronavírus, disse à Bloomberg o diretor gerente Phillip Cochineas.
Hoje, a ABC produz barras de ouro de 100 onças e 1 kg. Desde que a empresa estadunidense CME Group, que opera as bolsas de derivativos em Chicago e Nova York, lançou novos contratos futuros para venda, a refinaria teve que expandir seu volume de fornecimento, adicionando barras de 400 onças.
A escassez de oferta disparou os preços. Em parte, esse aumento é devido à recente turbulência nos mercados globais de petróleo e moeda. No início de março, o valor do metal ouro na bolsa australiana de Perth Mint atingiu o pico desde 2013. Agora, seu preço está acima de US $ 1.615 por onça.

Companheiros e companheiras!

Cuidem-se! Respeitem o isolamento e fiquem em casa.
Logo isso passa e precisamos de cada um na trincheira, novamente

PT reage ao pedido de cassação: "ultrajante"

PT reage ao pedido de cassação: "ultrajante"

247 - O PT divulgou na tarde deste sábado nota assinada por sua presidente, Gleisi Hoffmann, em que qualifica de "ultrajante" o parecer favorável  do vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés a um processo que pede o cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores – isto é, a extinção do PT.
Leia:
É ultrajante e fantasiosa a admissibilidade pelo vice-procurador-geral eleitoral Renato Brill de Goés de pedido para cancelamento do registro do Partido dos Trabalhadores junto à Justiça Eleitoral.
Não há provas e nem indícios de que o PT tenha recebido recursos oriundos do exterior, o que nunca aconteceu. A decisão é arbitrária e política, sem amparo em fatos ou na realidade.
O pretexto usado pelo MP Eleitoral é irreal. Mais uma vez temos o lawfare — o uso do direito e do sistema jurídico contra o inimigo — para perseguir os adversários do regime e do atual presidente.
Na história da República, somente em períodos de arbítrio, como nos anos 40 e 60, em que ditaduras calaram a voz de opositores, partidos políticos tiveram seus registros cassados, a exemplo do Partido Comunista do Brasil.
O PT tem 40 anos de história em defesa da democracia e do povo brasileiro, e uma longa tradição em luta pelos direitos sociais no país, contra o abuso do poder político e econômico e por uma sociedade menos desigual.
Ministério Público pode querer calar a voz da oposição, atendendo aos desejos do governo, só isso justifica a admissão de um pedido esdrúxulo e ilegal como este.
Gleisi Hoffmann
Partido dos Trabalhadores