Coluna Rubens Nóbrega: O sucesso do quero morar na Granja

Atilado membro do governo tentou esta semana, em roda de papo no Ponto de Cem Réis, justificar os denunciados exageros no consumo de lagosta, camarão, filé e outras carnes nobres que o contribuinte paraibano paga para saciar o apetite e o requintado paladar dos moradores da Granja Santana.
– Lá não só come a família do governador, não. Tem o pessoal da cozinha, da limpeza, da segurança... São mais de cem refeições por dia! – disse o camarada, indignado diante das críticas às presumíveis comilanças e outras mordomias financiadas com dinheiro público.
Pacato cidadão que ouvia atentamente a defesa da refinada gastronomiada residência oficial do Governador resolveu meter a colher na caldeirada. Com ar de inocência, aparentando ingenuidade pura, levantou uma lebre que deixou o defensor do luxo embatucado, além de aperreado e doido para mudar de assunto.
– Quer dizer então, Doutor, que o pessoal que trabalha na Granja também come lagosta, camarão, mero, filé mignon, lombo de bacalhau do porto, ou seja, tudo do bom e do melhor que é servido ao homem e à sua família, é? – quis saber o inconveniente.
O rapaz do governo não respondeu. Fez de conta que não era com ele. Mas Potinho de Veneno, presente ao debate, não perdeu tempo nem viagem. Cuidou de repreender o curioso na frente de todo mundo.
– Assim não dá, amigão. Tu vem aqui se entrosar no papo da gente e já estreia fazendo pergunta difícil... – disse, com aquele ar de riso quase imperceptível que acompanha suas maldades.
Regime de engorda
A propósito, Potinho de Veneno encontrou-se ontem com Gosto Ruim, que foi logo dando nota dos visíveis quilos a mais na silhueta do amigo.
– Qu’é isso, Veneno, estás dando pra engordar? – perguntou, com indisfarçável malícia. Claro que teve troco, no ato. Assim, no melhor estilo Potinho:
– Dando não, Gosto, mas comendo muito, comendo muito e bem. E tu aí, com inveja, por não ser convidado para comer na Granja. Onde você acha que ganhei peso?
Hino do novo bloco
Recebi de dois diferentes colaboradores duas versões distintas do hino do bloco ‘Quero morar na Granja’. As duas são boas paródias da famosa marchinha ‘Mamãe eu quero’. Uma delas já tem até clipe no Youtube e virou hit na Internet.
Sendo assim, adiante prefiro dar divulgação à letra menos conhecida. Ela será apresentada hoje à noite na Praça do Bispo, durante a concentração do Cafuçu, a mais irreverente das atrações do Folia de Rua da Capital paraibana.
Confiram a seguir, cantem e depois me digam se essa versão é ou não tão boa quanto a primeira.
Mamãe eu quero, mamãe eu quero,
Mamãe eu quero mamar!
Morar na Granja, morar na Granja,
Pois é na Granja que eu vou me esbaldar
Mamãe eu quero, mamãe eu quero,
Mamãe eu quero mamar!
Dá a chupeta! Dá a chupeta! Dá a chupeta
Dá a chupeta pro neném não chorar!
Lá tem muita lagosta e muito camarão
Por conta dos bestas, bota na conta do cão
A Granja é um paraíso que tem vista para o mar
Tem boquinha não, lá também quero morar
Mamãe eu quero, mamãe eu quero,
Mamãe eu quero mamar!
Morar na Granja, morar na Granja,
Pois é na Granja que eu vou me esbaldar
Um bloco concorrente?
Soube que tentaram anteontem à noite, no desfile das Muriçocas, emplacar um bloco contraponto ao ‘Quero morar na Granja’. Conforme me relatou Gosto Ruim, o novo bloco desfilou de camiseta laranja onde se podia ler, bem visível, uma frase dizendo assim: “Deixa o Mago trabalhar”.
“Esse bloco devia ser chamado de A Turma do Contracheque”, comentou Gosto, fazendo alusão aos participantes do tal bloco que seriam em sua maioria aspones e comissionados de determinado governo.
Já Potinho de Veneno, que pulou até cansar na Quarta-Feira de Fogo, garante que não viu o ‘Deixa o Mago trabalhar’ na avenida. Vestindo laranja ele diz que só viu mesmo o pessoal de um outro bloco do qual nem sabia da existência, mas o meu amigo garante que fez tanto sucesso quanto o ‘Quero morar na Granja’.
- E que bloco é esse Potinho? – perguntei.
- O nome é ‘Girassol não é flor que se cheire’ – informou, novamente fazendo aquele arzinho de riso com que diz e comete suas perversidades.