sábado, 20 de abril de 2019

O terrível racismo em pleno século XXI

20 DE ABRIL DE 2019, 16H47

Dentista do Piauí é condenada por racismo: “Você saiu da senzala, mas a senzala não saiu de você”

Delzuíte Ribeiro de Macêdo foi condenada a dois anos e quatro meses de prisão por conta de mensagens de cunho racista postadas nas redes sociais
Foto: Reprodução/Facebook
A 1.ª Vara da Comarca de São Raimundo Nonato, no Piauí, condenou a dentista Delzuíte Ribeiro de Macêdo a dois anos e quatro meses de reclusão pelos crimes de injúria racial e racismo e três meses de detenção pelo crime de tentativa de lesão corporal leve. A decisão é do juiz Carlos Alberto Bezerra Chagas e foi proferida na última terça-feira (16).
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Delzuíte poderá recorrer à sentença em liberdade.
De acordo com a acusação, a dentista postou mensagens de cunho racista contra um contato de suas redes sociais. “Já vi que você saiu da senzala, porém a sensala ainda não saiu de você”, escreveu em uma das postagens. “Eu só respondo: não amiga! Não me interesso por gente que nunca chegará ao meu tom de pele”, disse em outra, em meio a uma sequência de publicações.
“Uma coisa eu caprichei nessa vida: eu não misturo o meus sangue com merda!”, completou ainda.
Para o juiz, “foi comprovada a prática dos crimes de tentativa de lesão corporal, injúria preconceituosa/racial e racismo qualificado por meio de provas materiais e indícios suficientes de autoria da ré.
As postagens datam de abril do ano passado.
Delzuíte ainda não se manifestu sobre a sentença.

Aragão: Liberdade de expressão não pode ser refúgio de detratores de democracia


Aragão: Liberdade de expressão não pode ser refúgio de detratores de democracia
Agência Brasil

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Aragão: Liberdade de expressão não pode ser refúgio de detratores de democracia


20/04/2019 - 16h28

A imprensa livre não pode ser asilo para discursos de ódio e destruição da democracia
“Os que prezam a democracia devem cerrar fileiras com o STF e não submetê-lo a maior desgaste, porque isso só viria a favorecer os que querem passar por cima do consenso por liberdade, justiça e paz que se construiu com a derrocada da ditadura”
Um país desmoralizado no cenário mundial, confuso, paralisado.
Este é o quadro político que se instalou no Brasil depois do golpe parlamentar de 2016, que destituiu a presidenta legitimamente eleita. Uma Nação desnorteada por lideranças que não se preocupam em liderar, mas em instalar um verdadeiro vale tudo.
Muitos insistem em querer se impor no grito. E, na gritaria geral, parece ganhar quem grita mais alto. Danem-se os bons modos e a missão de informar dos meios de comunicação.
Ninguém se preocupa mais em convencer ninguém. Os que gritam querem intimidar pelo medo ou pelo susto, querem calar quem deles discorda.
O mais recente motivo de gritaria foi uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de retirada de matéria da revista Crusoé e do sítio eletrônico O Antagonista.
Estes haviam divulgado um suposto codinome – “amigo do amigo de meu pai” – que Marcelo Odebrecht usara numa correspondência eletrônica para o Jurídico de sua empresa, a referir-se, segundo teria informado à Força-Tarefa da “Operação Lava-Jato”, ao ministro Dias Toffoli, hoje presidente do STF, quando era Advogado-Geral da União.
A ordem de retirada (ou “censura”) foi dada num inquérito judicial mandado instaurar pelo próprio presidente da corte, para apurar sistemáticos ataques à reputação institucional e de magistrados supremos. É esse inquérito que está sob a relatoria e presidência do ministro Alexandre de Moraes.
Dias depois, o relator revogou a medida sob intensa pressão da chamada “opinião pública”. Para uns, revelou bom-senso; para outros deu sinal de fraqueza.
Foram dois os flancos expostos pela ação do STF. Um, o próprio inquérito e, outro, a dita “censura”.
Em tempos em que atores de todas as frentes políticas estão com os nervos à flor da pele, parece que o tribunal conseguiu a proeza de unir a direita com parte da esquerda num coro contra aquilo que se passou a ver como “usurpação” de atribuições do Ministério Público e violação da liberdade de imprensa e de expressão.
Por outro lado, o momento do país não é de normalidade.
Assistimos a um embrutecimento da linguagem na política e na comunicação social como um todo. Há um evidente ataque a instituições e atores que não se atêm às regras do jogo democrático.
Percebe-se, no espaço público, baixíssima lealdade à Constituição e suas liberdades e garantias, afetando o gozo de direitos e a proteção de grupos vulneráveis.
Se tínhamos, até 2016, uma democracia considerada de baixa intensidade, com a tortura disseminada na prática policial, as execuções sumárias como rotina no enfrentamento da criminalidade, o desrespeito à territorialidade indígena a causar centenas de mortes no campo, assim como a denegação do direito à terra a quem nela trabalha, temos hoje o discurso de ódio contra grupos sociais e políticos vicejando com assustadora “normalidade” no nosso cotidiano.
Há em muitos de nós a sensação de que nos tornamos bárbaros, com a truculência não conhecendo limites.
Alguns meios de comunicação deram inegável contribuição a esse estado de coisas, mas, por vários fatores que a história ainda saberá examinar, as instituições têm tolerado essa violência, principalmente o judiciário, que deveria ser o garante maior das liberdades públicas e dos direitos fundamentais.
Em inúmeros episódios de violação das regras do jogo democrático temos nos deparado com tribunais emasculados, aparentemente com medo de enfrentar a “opinião pública” e preferindo deixar o barco correr.
A percepção que se teve, a partir das iniciativas no STF, é que, com as chamas do fogo fascista chegando a engolfar as torres de marfim de ministros e ministras da corte, seu presidente resolveu reagir. Não em boa hora, pois esta já passou há tempos, mas, espera-se, não tarde demais.
O inquérito aberto pelo ministro Dias Toffoli causou enorme alvoroço corporativo no Ministério Público Federal. Sua Procuradora-Geral se viu passada por cima, sustentando que o STF só poderia agir por provocação e se houvesse algum investigado com foro por prerrogativa de função. Investigar de ofício violaria prerrogativa da PGR e atentaria contra o princípio acusatório.
Os argumentos são fortes. Mas a investigação nos tribunais superiores tem características próprias. Para começar, inquéritos são conduzidos por um ministro-relator e não por procurador.
É verdade que, de regra, o ministro-relator adota postura reativa, deixando que ministério público e polícia deem o impulso processual. Mas isso não retira do relator a presidência do inquérito e, com isso, a última palavra na condução dos atos investigatórios.
Há, ainda, outro pormenor no caso específico do inquérito sob a presidência e relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Sua instauração se deu sob a competência regimental para investigação de crime praticado nas dependências do STF.
Essa competência é do presidente da corte. E, de fato, como as ofensas e os ataques ao STF têm se dado no espaço virtual que penetra o sistema informatizado do STF, não é exagero considerá-los praticados no território do tribunal.
Determina o art. 42 do Regimento Interno do STF que o
Presidente responde pela polícia do Tribunal” e, nesse âmbito, dispõe-se no artigo seguinte, que “ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição, ou delegará esta atribuição a outro Ministro”.
Considerando que os ataques à corte no espaço virtual têm ou pretendem ter inegável impacto na prestação jurisdicional e na relação do tribunal com a sociedade, afetando sua credibilidade, é mui razoável submeter a agressão à polícia do tribunal, ainda mais que, durante meses, o Ministério Público Federal nada fez para enfrentar os ataques.
Diga-se de passagem que referências desairosas a ministros do STF são corriqueiras na rede interna do Ministério Público Federal.
Quando corregedor-geral, tive que chamar atenção de procuradores sobre o dever de decoro no trato dentro do espaço virtual. As reações de muitos colegas foram histriônicas, sempre batendo na tecla da liberdade de expressão, como se essa permitisse a simples falta de educação, a grosseria e os assaques desmedidos contra magistrados ou quaisquer pessoas.
A ausência de atitude mais forte dos órgãos internos do Ministério Público, sem dúvida, contribuiu para o ambiente de ataques à corte e a seus ministros.
Não há, assim, à primeira vista, irregularidade flagrante na iniciativa do presidente do STF e na atuação do ministro Alexandre de Moraes, ao dar curso ao inquérito sobre as agressões ao tribunal.
É possível discutir, em tese, que a colaboração com o Ministério Público Federal poderia resguardar melhor a imparcialidade do STF, mas nada impede que, uma vez aberta vista do inquérito ao órgão acusador, esse passe a assumir o impulso investigativo em articulação com a autoridade policial.
O que não é certo, com todo o respeito que possa merecer a Doutora Raquel Dodge, é a Procuradora-Geral da República “determinar” o arquivamento liminar da investigação por vício de iniciativa, eis que o Ministério Público não tem esse poder, devendo, quando for o caso, requerer o arquivamento do inquérito, situação em que o pedido será submetido ao crivo jurisdicional.
Muito menos poderia determinar o arquivamento sem ao menos ter se inteirado do conteúdo da investigação, como se adotasse uma postura de “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”, ofendida porque lhe escapou a iniciativa. Espera-se mais comedimento e atitude republicana na relação entre o acusador e a jurisdição penal.
Quanto à “censura” do sítio O Antagonista e da revista Crusoé, agora já revogada pelo próprio Ministro Alexandre de Moraes, a ação foi inteiramente justificada, apesar de todo o barulho que se fez.
Em primeiro lugar, a vedação da publicação não foi prévia, mas posterior a sua disseminação na rede mundial de computadores, uma vez constatado que divulgava conteúdo sob sigilo judicial.
Em segundo lugar, a liberdade de expressão não é direito absoluto. Não pode, ela, servir de valhacouto de detratores dos valores essenciais à democracia – como a tolerância, a igualdade, a justiça – ou de abrigo ao discurso de ódio.
Nem se pode querer, com o abuso de direitos comunicativos, colocar em descrédito, sem apego aos fatos, as instituições do Estado de Direito.
O mínimo a se exigir daqueles que se escoram nas garantias constitucionais é que demonstrem e pratiquem a lealdade à Constituição que invocam em sua defesa.
Não é por outro motivo que, ao longo da história, se tem criminalizado o abuso de comunicação.
Exemplo disso está na condenação à morte, pelo Tribunal Militar Internacional (conhecido, também, por Tribunal de Nuremberg), do editor Julius Streicher, que, de 1923 a 1945, era responsável pelo jornal nazista “Der Stürmer”, instrumento de instigação à violência contra minorias, como judeus, ciganos ou homoafetivos.
Mais recentemente, o Tribunal Internacional para Ruanda, cuidou do caso da “Radio Mille Colines”, que propagou o ataque contra os Tutsis, no massacre que vitimou mais de 800 mil ruandenses, entre Tutsis e Hutus moderados.
Ambos os casos são paradigmáticos para o repúdio ao discurso de ódio e de instigação a grave ameaça à ordem pública, que não podem se escorar na liberdade de expressão para contar com a permissividade estatal.
Nessa linha, o art. 19 do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, do qual o Brasil é parte, ao afirmar os direitos comunicativos, deixa claro, em seu segundo parágrafo, que o direito de liberdade de expressão “implica deveres e responsabilidades” e pode, por isso, ser “sujeito a certas restrições que sejam previstas em lei e necessárias” para resguardar “o direito e a reputação de outros”, bem como atender à proteção “da segurança nacional, da ordem pública, da saúde pública ou da moral e dos bons costumes”.
O sítio eletrônico O Antagonista, bem como a revista Crusoé, pertencentes ao mesmo grupo, são notórios detratores da reputação alheia.
Não informam, mas atacam e estimulam o ódio político contra os que elegem como desafetos. A linguagem ácida, agressiva e, até, ofensiva é parte de seu estratagema de desgastar politicamente atores públicos e disseminar sua rejeição social.
A matéria em questão, que teria sido “censurada”, se utilizou de informação obtida clandestinamente dos que manusearam investigações e delações premiadas no contexto da “Operação Lava-Jato” e que se encontrava sob sigilo judicial, para plantar ilações maliciosas contra o presidente do STF e, com isso, desacreditar o próprio tribunal aos olhos da “opinião pública”.
Esse covarde ataque tem por pano de fundo a atitude da corte em relação a abusos de alguns membros da força-tarefa da “Lava-Jato”, suspendendo-lhes, a pedido da Procuradora-Geral da República, acordo com a Petrobrás que lhes permitiria criar bilionária fundação como seu instrumento político.
O ministro Dias Toffoli, ademais, tem, juntamente com outros magistrados do STF, promovido tímidas iniciativas com o intuito de resguardar as garantias fundamentais no processo penal, obviamente desagradando a ala punitivista do Ministério Público Federal.
Não há como separar os ataques que tem sofrido, o presidente do STF, dessas peculiares circunstâncias, indicando a existência de um plano, de um estratagema de intimidar, de exercer pressão sobre o exercício da jurisdição do STF.
A matéria em questão é indubitavelmente parte dessa maquinação e vedar sua disseminação é legítimo meio de defender a integridade do Estado de Direito e de suas instituições.
Não há dúvida de que a Constituição democrática de 1988 está sob ataque.
O STF, infelizmente, parece ter demorado para se aperceber disso e titubeou ao revogar a proibição de publicação.
É esse ataque que colocou sob fogo cerrado de grupos extremados o próprio tribunal e a reação, mesmo retrocedida, foi adequada para prevenir o descrédito institucional e o colapso da função do guardião das liberdades civis e dos direitos e das garantias fundamentais.
Os que prezam a democracia e o Estado de Direito, neste momento, devem cerrar fileiras com o STF e não submetê-lo a maior desgaste, porque isso só viria a favorecer os que hoje querem passar por cima do consenso por liberdade, justiça e paz que se construiu com a derrocada da ditadura militar.
Antagonista e Crusoé mostraram de que lado estão nesse confronto – e definitivamente não parece ser do lado da democracia.
* Eugênio Aragão é ex-ministro da Justiça, subprocurador -geral da República aposentado, professor da faculdade de direito da UnB e advogado do escritório Aragão e Ferraro Advogados.

Engenheiros da Petrobras pedem união contra privatização em carta aberta aos caminhoneiros


20 DE ABRIL DE 2019, 12H10

Engenheiros da Petrobras pedem união contra privatização em carta aberta aos caminhoneiros

“Somente a Petrobras consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do custo de importação e, ainda assim, obter resultados compatíveis com a indústria internacional”, diz o documento
Foto: Stéferson Faria/Agência Petrobras
Felipe Coutinho, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), por intermédio de uma carta aberta aos caminhoneiros, pediu a união da categoria contra a privatização da empresa e na defesa do interesse nacional.
Vejam abaixo a íntegra da carta aberta ao caminhoneiro brasileiro:
Felipe Coutinho
Produzimos petróleo, refinamos e produzimos combustíveis no Brasil, mas a direção da Petrobras, desde 2016, decide adotar preços proporcionais aos da importação para os combustíveis produzidos nas suas refinarias.
Com preços altos em relação ao custo de importação, o diesel da Petrobras fica encalhado nas suas refinarias e parte do mercado brasileiro é transferido para os importadores. A ociosidade das refinarias brasileiras aumenta, há redução do processamento de petróleo e da produção de combustíveis no Brasil. Aumenta a exportação de petróleo cru.
Combustíveis produzidos nos EUA são trazidos ao Brasil por multinacionais estrangeiras da logística e distribuídos pelos concorrentes da Petrobras.
A Petrobras perde com redução da sua participação no mercado. O consumidor paga mais caro, desnecessariamente, com o alinhamento aos preços internacionais do petróleo e à cotação do câmbio.
Ganham as refinarias dos EUA, as multinacionais da logística e as distribuidoras privadas. Também são beneficiados os produtores e importadores de etanol, com a gasolina relativamente mais cara que perde mercado.
Cabe registrar que apesar do preço do diesel nas refinarias representar cerca de 54% do preço final ao consumidor, impostos são proporcionais e quando o preço varia na refinaria também varia nos postos. Quando se eleva o preço na refinaria, o reajuste ao consumidor é mais rápido do que quando se reduz.
O atual presidente da Petrobras diz que a solução é a privatização de metade das refinarias da Petrobras.
Castello Branco afirma: “Vender refinarias não é só bom para a Petrobras. Nós vamos deixar de ser o endereço onde as pessoas batem na porta para reclamar de preço da gasolina, diesel” e acrescentou: “Eu não quero mais ouvir essa expressão, ‘Ah, a política de preços’”. (Reuters, 2019).
Então, estamos assim, com preços mais altos que os custos de importação, apesar de se produzir e refinar no Brasil. Pretendem privatizar e desnacionalizar metade do parque de refino brasileiro para assim não se falar mais de política de preços dos combustíveis. Se o brasileiro quiser reclamar do preço do diesel, ou da gasolina, vai ter que procurar o Papa Francisco. Tudo resolvido? Claro que não.
Ao longo dos anos, motoristas de caminhões fizeram grandes manifestações em vários países, em geral motivados por altos preços de combustíveis. Mas há também um caso patrocinado pela CIA. Assim como no movimento dos caminhoneiros no Brasil, a elevação dos preços dos combustíveis esteve entre os principais motivos para greves históricas em países como Grécia e Colômbia. Mas houve também paralisações que levaram ao reconhecimento de sindicatos e ao estabelecimento de direitos trabalhistas, como nos EUA na época da Grande Depressão. São exemplos históricos: Estados Unidos (1934, 1974, 1979, 1983), Chile (1972), Grécia (2010), Colômbia (2016) e Irã (2018). (Deutsche Welle, 2018).
Somente a Petrobras consegue suprir o mercado doméstico de derivados com preços abaixo do custo de importação e, ainda assim, obter resultados compatíveis com a indústria internacional e sustentar elevados investimentos que contribuem para o desenvolvimento nacional.
No entanto, a política de preços dos combustíveis e a privatização das refinarias pode impedir que a Petrobras exerça seu potencial competitivo para se fortalecer e impulsionar a economia nacional com seu abastecimento aos menores custos possíveis.
Caminhoneiros e petroleiros precisam se unir para mostrar à maioria dos brasileiros que é possível, e necessário, reduzir o preço dos combustíveis e que, para isso, temos de evitar a privatização e a desnacionalização das refinarias da Petrobras.

William Novais, 26 anos, morto na porta de casa de maneira covarde e injustificável


Redação Pragmatismo
VIOLÊNCIA18/APR/2019 ÀS 19:30COMENTÁRIOS

William Novais, 26 anos, morto na porta de casa de maneira covarde e injustificável

Um emprego, uma filha, duas faculdades concluídas, muitos sonhos e 4 tiros à queima roupa que encerraram tudo. O assassino é um policial militar que continua em liberdade e trabalhando

William Novais morto porta de casa covarde injustificável
William Novais (Imagens: Ponte)
Willian Novaes, Ponte
Morrer na porta de casa não é o sonho para ninguém. William Novais Pazaranti, 26 anos, tinha muitos outros desejos ao invés desse fim trágico. Filho de uma vendedora e de um controlador de tráfego, William Novais trabalhava como encarregado de setor, numa rede de supermercados, desde setembro de 2013. Tinha uma vida pela frente, além de uma filha de 7 anos, uma família, um carro, uma moto e duas faculdades concluídas (Análise de Sistema e Logística) e a próxima seria Direito – igual a mim, o Willian Novaes que escreve essa matéria, tinha na sua idade o desejo de crescer profissionalmente.
O meu xará morreu na rua São Roque, uma via curta, de 50 metros, e escura – a mesma que cresceu, no bairro Sol Nascente, na periferia da zona norte de São Paulo, numa noite fria de 28 de março de 2019, por volta das 23h30. Esse era o horário que eu, num passado de quase 15 anos atrás, chegava andando a pé por ruas parecidas, além de escuras e sinistras, do ensino médio e depois da faculdade. O jovem foi baleado por 4 disparos à queima roupa realizados pelo policial militar Francisco Adriano de Sousa Lima, de 32 anos, que estava de folga.
O militar trabalha internamente no 49º Batalhão, em Pirituba, na mesma região do episódio e alegou legítima defesa. Ele informou em seu depoimento, no 33º DP (Vila Mangalot), que William e um outro jovem teriam tentado roubá-lo, ameaçando-o com uma faca. Francisco estava dentro do seu carro, um Cobalt, cor chumbo, estacionado há cerca de 3 ou 4 horas, com a namorada, no final da rua São Roque, com os vidros escurecidos por uma película fechados.
O PM alegou que William bateu no vidro com a faca de cerca de 30 centímetros anunciando o assalto. Ele revidou o ataque saindo do veículo atirando. Acertou os 4 primeiros em William, sendo 2 no tórax, 1 na perna e outro no ombro. O rapaz baleado tentou voltar para casa andando e caiu cerca de 5 metros a diante. Ele não tinha antecedentes criminais. O seu amigo conseguiu correr para o outro lado da via e o policial errou os 2 tiros efetuados. Francisco chamou reforços do seu batalhão que chegou antes mesmo da ambulância do Corpo de Bombeiros e os PMs isolaram o local, com uma fita plástica. Essa é a versão do PM. Francisco continua trabalhando internamente e a sua arma foi tirada até a conclusão da investigação, segundo Benedito Mariano, Ouvidor da Polícia do estado de São Paulo.

Família e comunidade desmentem PM

A reportagem da Ponte foi até a rua São Roque e ouviu vizinhos, jovens e familiares de William que contaram uma outra história. William, seu primo e mais dois amigos, sendo um deles o rapaz de 22 anos que conseguiu fugir da fúria do PM, estavam na frente da sua casa conversando desde às 20h daquela quinta-feira. Eles aproveitaram para ouvir sertanejo universitário e tomar cervejas para comemorar a instalação do portão novo. Um sonho antigo de Ivaneide Novais, 49 anos, a mãe do jovem assassinado. Na casa de oito cômodos viviam apenas os dois. Os seus pais se divorciaram há oito anos.
William e os amigos estranharam o carro parado por tanto tempo. Ele e mais um colega foram até o veículo, andaram por cerca de 10 metros para anotar a placa e checar com a polícia se era roubado ou ver se tinha alguém dentro. Mas com a película escura fica impossível enxergar de fora para dentro. No momento que o jovem colocou o rosto próximo ao para-brisa, o PM saiu atirando. Eufórico e com a arma em punho, o policial ainda ameaçou diversas pessoas que estavam na via. Não deixando ninguém chegar próxima dele e nem do corpo do rapaz estirado no chão, com os braços juntos ao corpo, barriga para cima e apenas com um pé do chinelo calçado.
Para o ouvidor Mariano, a versão do PM tem muitas contradições. “Acho pouco provável a tese do policial de tentativa de roubo em frente da sua casa. São várias testemunhas dizendo outra coisa”, pondera. As testemunhas já prestaram depoimentos para Ouvidoria e Polícia Civil. O inquérito policial está nas mãos da Equipe “B” – Sul da 1ª Delegacia de Homicídios, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). A SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) informou que foram requisitados os exames periciais para a vítima, para a faca e a arma apreendidas. O Ouvidor informou que todos os policiais que participaram da ocorrência vão prestar depoimento.

Novas informações

A Ponte teve acesso a três vídeos inéditos. Neles é possível ver três situações, a primeira é agonizante: o desespero da mãe do rapaz, a vendedora Ivaneide. Ela havia chegado a pouco do trabalho e estava preparando o jantar para a família. A senhora parece não acreditar e grita por socorro, ignorada completamente pelos PMs que cercam o atirador. Numa conversa que parece de amigos, conseguimos ver vários deles se cumprimentando. Dona Neide, como é conhecida na região, pede ajuda para os policiais ainda sem entender o que está acontecendo. Num instante alguém avisa que o atirador é um PM e ela quase desmaia. “Precisamos de justiça, não dá para acreditar que meu filho foi morto na porta de casa por um policial. Ele trabalhava desde os 15 anos, nunca fez nada de errado, não sei o que vou fazer para viver”, contou a mãe em lágrimas.
No segundo instante, uma viatura da Força Tática, de número M 49017 e placa CFY 5723, que estava estacionada na rua na qual os policiais militares já tinham isolado a área específica do crime, manobra de forma brusca e para mais próxima ao corpo de William, que ainda agonizava no asfalto. O veículo cobre a visão dos familiares. Uma pessoa começa a gritar “Cadê o William? Cadê o William?”. Minutos depois um policial sai de trás da viatura calçando uma luva de plástico. Para o ouvidor Mariano, os policiais não poderiam mexer na cena do crime.
A outra situação é quando os Bombeiros estão resgatando a vítima. Nesse instante é possível ver uma faca ao lado do chinelo da Nike que William calçava. As imagens foram enviadas para o Ouvidor da Polícia para serem inclusas no inquérito. A SSP foi questionada por todos esses fatos e respondeu da seguinte forma: “A PM acompanha as investigações. Com relação aos policiais que atenderam a ocorrência, qualquer denúncia de irregularidade durante a ação dos agentes pode ser formalizada junto à Corregedoria da PM para devida apuração”.
Os amigos e familiares de William Novais fizeram uma passeata no último domingo pelas ruas do bairro Sol Nascente. Mais de 100 pessoas acompanharam e se manifestaram. No campo de futebol, todos se reuniram vestindo camisetas com mensagens a William, segurando faixas e fizeram discursos exigindo justiça. “Não dá para acreditar nisso. Nossa rua é tranquila demais, nunca aconteceu isso e agora com um policial militar ainda. Esse menino era inocente”, contou o aposentado Amarildo Gama, 53 anos, que vive há 17 anos na rua São Roque.

Mortes causadas por PM aumentam 46% em março

O assassinato de William Novais por um policial militar contribui para uma triste estatística: o aumento de 46% em casos de pessoas mortas em decorrência de intervenção por PMs em trabalho e folga apenas no mês de março- quando comparado com o mesmo mês de 2018. Em março do ano passado foram 52 mortes, enquanto o registro pula para 76 no mês passado. No primeiro trimestre de 2019 foram computadas 203 pessoas mortas por policiais militares, contra 193 do mesmo período de 2018, acréscimo de 5%.
O Ouvidor Mariano ainda não sabe o motivo dessa mudança brusca. “É complicado, por isso sugerimos que as investigações de pessoas mortas em decorrência de intervenção policial por PMs em serviço e folga precisa ficar a cargo da Corregedoria que já tem toda estrutura pronta. Atualmente os batalhões que fazem esse trabalho, mas a função do batalhão é fazer o policiamento”, informa o Ouvidor. Apenas 3% dos inquéritos são realizadas investigações, como informado em fevereiro pela Ponte.
Para Camila Nunes Dias, socióloga e professora da UFABC, esse avanço na letalidade policial é preocupante. “Pode estar acontecendo dos policiais responderem às mensagens implícitas e explícitas emitidas, como por exemplo, dos governadores de São Paulo [João Doria] e Rio de Janeiro [Wilson Witzel] e até do Presidente da República [Jair Bolsonaro], de enaltecerem as medidas violentas contra supostos bandidos”, disse Camila.
A professora ainda cita o caso do músico Evaldo Rosa dos Santos, de 51 anos, fuzilado com 80 tiros pelo Exército, no domingo (7/4), no Rio de Janeiro “O silêncio do governador, ministro da Justiça e do presidente mostra um apoio implícito, isso não pode acontecer”, conta Dias. Segundo o ouvidor Mariano nenhuma declaração que fortaleça uma ação letal é boa para a instituição. Os dois especialistas criticam o projeto “Anti-Crime” apresentado pelo ministro da Justiça Sergio Moro esse ano. Eles são unânimes em afirmar que a ampliação da legitima defesa para os policiais, pode impactar diretamente no aumento da letalidade policial.

Ricardo Cappelli: a lava jato quer prender Toffoli

Ricardo Cappelli: a lava jato quer prender Toffoli

 
O jornalista Ricardo Cappelli afirma neste Sábado de Aleluia que o principal objetivo dos golpistas é prender Dias Toffoli, presidente do STF, e lista frentes em ação: 1- Bolsonaro quer demolir a política; 2- Guedes quer destruir qualquer suspiro de estado de bem-estar social; e 3- a lava jato quer acabar com o Estado Democrático de Direito, nem que para isso seja necessário guilhotinar ministros do STF na nova “Praça dos Quatro Poderes”.
“Defender o STF é a tarefa democrática do momento”, escreve o articulista.
SÁBADO DE ALELUIA: POR QUE QUEREM MALHAR TOFFOLI, “O JUDAS”?
Ricardo Cappelli*
Esqueçam o debate sobre princípios, liberdade de imprensa e etc. É tudo fumaça. Na guerra insana pelo poder – destampada pelo impeachment de Dilma – os valores viraram suco.
A ala lavajateira do ministério público federal, alçada ao papel de quarto poder, virou um monstro incontrolável de muitas cabeças. Todas lutando ferozmente pelo poder.
É aí que entram Toffoli e o STF. O monstro não aceita limites. Quer ser o novo poder moderador da República. A Suprema Corte resolveu dar um freio nos neopositivistas? Resolveu questionar a prisão em segunda instância? Jogou caixa dois para a justiça eleitoral?
Doutos procuradores marcham para desmoralizar e, quem sabe, destituir e prender algum ministro da Corte.
Já imaginaram a manchete? “Após destituição pelo Senado, PGR pede a prisão preventiva do ex-ministro Dias Toffoli”. Um ex-petista, ex-todo-poderoso do judiciário, na cadeia. Que tal?
Toffoli não foi o primeiro alvo. Gilmar Mendes, o mais corajoso no enfrentamento ao arbítrio, teve sua vida devassada. Chegaram ao acinte de vazar criminosamente informações fiscais sigilosas dele.
Com Lewandowski recolhido e incapazes de alvejar Gilmar, foram atrás do óbvio. Dias Toffoli foi advogado do PT, homem de Zé Dirceu e ex-ministro de Lula. O alvo perfeito, um troféu disputado na luta interna pela sucessão de Dodge.
Como alcançar o prêmio? Que tal pressionar algum delator para incluir Toffoli em sua lista? Pra não comprometer ninguém, vale dizer que é primo do primo do amigo do amigo do vizinho.
Com esse “depoimento bomba”, basta dar uma ligadinha para o porta-voz da “Operação”. Falou em Lava Jato, tá lá o Mainardi sempre com grandes “furos”.
Já são mais de uma dezena de pedidos de impeachment de ministros do STF prometidos no Senado. Ceifado Toffoli, quem garante que os “Jacobinos” ficariam saciados?
Existem três frentes claras. Bolsonaro quer demolir a política. Guedes quer destruir qualquer suspiro de estado de bem-estar social. E a Lava Jato quer acabar com o Estado Democrático de Direito, nem que para isso seja necessário guilhotinar ministros do STF na nova “Praça dos Quatro Poderes”.
O “escândalo” da censura ao Mainardi é de um cinismo impressionante. Quando Fux matou no peito e impediu a Folha de SP de publicar a entrevista com Lula, os atuais defensores da imprensa livre aplaudiram a censura prévia.
Raquel Dodge diz que não existe em nosso regramento legal a figura do juiz que acusa e julga, contestando o inquérito aberto por Toffoli e relatado por Alexandre de Moraes para apurar os ataques à instituição. Quando o juiz Moro acusava e julgava Lula num processo infame, com auxílio da PGR, ela achava normal.
O que teme a PGR? Serão encontradas pegadas de procuradores nas campanhas promovidas contras as instituições democráticas? O inquérito chegará ao responsável pelo vazamento à Crusoé?
O pedido de habeas corpus preventivo coletivo apresentado pela Associação Nacional de Procuradores da República é também estarrecedor. São deuses inimputáveis? Por que não podem prestar depoimento à justiça, como qualquer cidadão?
A Lava Jato quer desmoralizar a única instituição capaz de colocar-lhe um freio. E parte da autoproclamada esquerda, desorientada, faz coro com a Globo e com “próceres” do Instituto Innovare.
Não há espaço para dubiedades. Defender o STF é a tarefa democrática do momento.
*Ricardo Cappelli é jornalista e secretário de estado do Maranhão, cujo governo representa em Brasília. Foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) na gestão 1997-1999.

Defender o STF é a tarefa democrática do momento

Defender o STF é a tarefa democrática do momento. Por Ricardo Cappeli

 
STF. Foto: Nelson Jr./SCO/STF
POR RICARDO CAPPELI
SÁBADO DE ALELUIA: POR QUE QUEREM MALHAR TOFFOLI, “O JUDAS”?
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Esqueçam o debate sobre princípios, liberdade de imprensa e etc. É tudo fumaça. Na guerra insana pelo poder – destampada pelo impeachment de Dilma – os valores viraram suco.
A ala lavajateira do ministério público federal, alçada ao papel de quarto poder, virou um monstro incontrolável de muitas cabeças. Todas lutando ferozmente pelo poder.
É aí que entram Toffoli e o STF. O monstro não aceita imites. Quer ser o novo poder moderador da República. A Suprema Corte resolveu dar um freio nos neopositivistas? Resolveu questionar a prisão em segunda instância? Jogou caixa dois para a justiça eleitoral?
Doutos procuradores marcham para desmoralizar e, quem sabe, destituir e prender algum ministro da Corte.
Já imaginaram a manchete? “Após destituição pelo Senado, PGR pede a prisão preventiva do ex-ministro Dias Toffoli “. Um ex-petista, ex-todo-poderoso do judiciário, na cadeia. Que tal?
Toffoli não foi o primeiro alvo. Gilmar Mendes, o mais corajoso no enfrentamento ao arbítrio, teve sua vida devassada. Chegaram ao acinte de vazar criminosamente informações fiscais sigilosas dele.
Com Lewandowski recolhido e incapazes de alvejar Gilmar, foram atrás do óbvio. Dias Toffoli foi advogado do PT, homem de Zé Dirceu e ex-ministro de Lula. O alvo perfeito, um troféu disputado na luta interna pela sucessão de Dodge.
Como alcançar o prêmio? Que tal pressionar algum delator para incluir Toffoli em sua lista? Pra não comprometer ninguém, vale dizer que é primo do primo do amigo do amigo do vizinho.
Com esse “depoimento bomba”, basta dar uma ligadinha para o porta-voz da “Operação”. Falou em Lava Jato, tá lá o Mainardi sempre com grandes “furos”.
Já são mais de uma dezena de pedidos de impeachment de ministros do STF prometidos no Senado. Ceifado Toffoli, quem garante que os “Jacobinos” ficariam saciados?
Existem três frentes claras. Bolsonaro quer demolir a política. Guedes quer destruir qualquer suspiro de estado de bem-estar social. E a Lava Jato quer acabar com o Estado Democrático de Direito, nem que para isso seja necessário guilhotinar ministros do STF na nova “Praça dos Quatro Poderes”.
O “escândalo” da censura ao Mainardi é de um cinismo impressionante. Quando Fux matou no peito e impediu a Folha de SP de publicar a entrevista com Lula, os atuais defensores da imprensa livre aplaudiram a censura prévia.
Raquel Dodge diz que não existe em nosso regramento legal a figura do juiz que acusa e julga, contestando o inquérito aberto por Toffoli e relatado por Alexandre de Moraes para apurar os ataques à instituição. Quando o juiz Moro acusava e julgava Lula num processo infame, com auxílio da PGR, ela achava normal.
O que teme a PGR? Serão encontradas pegadas de procuradores nas campanhas promovidas contras as instituições democráticas? O inquérito chegará ao responsável pelo vazamento à Crusoé?
O pedido de habeas corpus preventivo coletivo apresentado pela Associação Nacional de Procuradores da República é também estarrecedor. São deuses inimputáveis? Por que não podem prestar depoimento à justiça, como qualquer cidadão?
A Lava Jato quer desmoralizar a única instituição capaz de colocar-lhe um freio.  E parte da autoproclamada esquerda, desorientada, faz coro com a Globo e com “próceres” do Instituto Innovare.
Não há espaço para dubiedades. Defender o STF é a tarefa democrática do momento.