segunda-feira, 16 de maio de 2016

Senadores brasileiros denunciam golpe em encontro de parlamentares de Europa e América Latina


Senadores brasileiros denunciam golpe em encontro de parlamentares de Europa e América Latina

'Sabia que teríamos apoio, mas não imaginávamos que fosse unânime', disse Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sobre solidariedade de parlamentares na EuroLat
Parlamentares brasileiros em Portugal receberam nesta segunda-feira (16/05) a solidariedade e o repúdio ao possível impeachment da presidente brasileira, Dilma Rousseff, de seus pares latino-americanos que participam da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-América (EuroLat). O encontro reúne 150 representantes políticos e segue até quarta-feira na Assembleia da República, em Lisboa.
Entre os sete brasileiros participantes, cinco condenaram a destituição de Rousseff: os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), que preside a ala latino-americana do evento, Gleisi Hoffmann (PT-PR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lindbergh Farias (PT-RJ) e Lídice da Mata (PSB-BA). Os outros brasileiros presentes são o deputado federal Arthur Maia (PPS-BA) e o senador José Medeiros (PSD-MT).
Marana Borges / Opera Mundi

Os senadores brasileiros Vanessa Grazziotin (PcdoB-AM) e Lindbergh Farias (PT-RJ) durante reunião na EuroLat
"Sabia que teríamos algum apoio contra o impeachment, mas não imaginávamos que fosse unânime, inclusive vindo de partidos conservadores da América Latina", declarou a senadora Grazziotin a Opera Mundi.
Na reunião desta segunda-feira, Myriam Suazo, deputada de centro-direita de Honduras – cujo ex-presidente Manuel Zelaya foi destituído em 2009 após um golpe militar –, leu uma moção repudiando a composição dos ministérios nomeados pelo presidente interino, Michel Temer, que não inclui mulheres. O documento, formulado por vontade da Comissão da Mulher da EuroLat, foi recebido com surpresa e agrado pela delegação brasileira, que o desconhecia.

'Tem cheiro de golpe', diz ex-presidente uruguaio Mujica sobre afastamento de Dilma Rousseff

The Independent: Homens ricos e brancos na política e na mídia alimentaram impeachment desde eleição

Michel Temer 'fracassou na estreia' como presidente interino, afirma jornal Le Monde

PUBLICIDADE
Para Grazziotin, é grave a decisão do governo interino de incorporar o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos à pasta da Justiça: "As minorias e os movimentos sociais viraram uma questão de segurança nacional, como acontecia na ditadura militar", afirmou.
Marana Borges / Opera Mundi

A senadora brasileira Gleisi Hoffman (PT-RS) durante reunião nesta segunda-feira na EuroLat
O senador Lindebergh Farias (PT-RJ) foi enfático durante a reunião: "As ruas estão do nosso lado, por isso acredito que ainda podemos reverter o processo se convencermos dois senadores", falou no Salão Nobre da Assembleia de Portugal. Na fase de julgamento do impeachment, ainda sem marcação, são necessários dois terços dos votos favoráveis dos senadores (54). Na primeira votação no Senado, houve 55 votos a favor e 22 contra a admissão do processo de impeachment.
A EuroLat elaborará recomendações sobre vários pontos, como o processo de paz na Colômbia, o combate aos paraísos fiscais, a abertura comercial entre Cuba e Estados Unidos, a precarização do trabalho e, de modo proeminente, a crise política no Brasil. Estão previstas diversas manifestações de ativistas brasileiros e portugueses contra o impeachment de Dilma Rousseff durante a semana em Lisboa.

Michel Temer 'fracassou na estreia' como presidente interino, afirma jornal Le Monde


Michel Temer 'fracassou na estreia' como presidente interino, afirma jornal Le Monde

Matéria faz balanço de primeiros dias de governo interino e considera 'chocante' gabinete composto exclusivamente por 'homens, brancos e com mais idade'
Um artigo publicado no jornal francês Le Monde nesta segunda-feira (16/05) afirma que o presidente interino Michel Temer “fracassou na estreia” em sua tentativa de “reconciliar” um país dividido.
O texto, assinado pela correspondente da publicação em São Paulo, Claire Gatinois, começa com a resposta “em tom firme e decidido” do novo ministro das Relações Exteriores, José Serra, aos governos latino-americanos que repudiaram o afastamento da presidente brasileira, Dilma Rousseff, fato que tem causado “comoção” na América Latina.
A matéria classifica o impeachment como “uma verdadeira bomba em um regime presidencialista” e diz que a “leveza” com que o assunto é minimizado não deixa de surpreender observadores estrangeiros.
Lula Marques/Agência PT

Matéria do jornal Le Monde diz ser  “chocante” que a equipe de Temer seja composta apenas por homens brancos e com mais idade
Segundo o texto, Michel Temer “fracassou na estreia” na suposta tentativa de “acalmar um país à beira do abismo econômico” e de “reconciliar uma nação dividida entre contra e a favor do impeachment” de Dilma.
De acordo com a matéria, Temer causou controvérsia antes mesmo de tomar posse “ao tentar oferecer o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia a um criacionista", em referência ao presidente nacional do PRB, o bispo licenciado da Igreja Universal Marcos Pereira. O bispo foi depois substituído por Gilberto Kassab (PSD) no novo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações - amálgama dos ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação e Comunicações.
 

Wikileaks: Michel Temer discutiu eleições de 2006 com Estados Unidos

Ministério de Temer desencoraja mulheres e minorias na política, diz pesquisadora canadense

The Independent: Homens ricos e brancos na política e na mídia alimentaram impeachment desde eleição

PUBLICIDADE
O texto também afirma ser “chocante” que a nova equipe de Temer seja composta exclusivamente por "homens, brancos e com mais idade", além de comentar a fusão do Ministério da Cultura à pasta de Educação e a redução do número de ministérios de 32 para 23. 
“Mais preocupante”, de acordo com o texto, é a nomeação de sete ministros citados na Operação Lava Jato.
“Se todos os líderes incompetentes ou impopulares julgados nas democracias modernas fossem destituídos, alguns terminariam o mandato que lhes foi atribuído pelo voto universal", disse aoLe Monde a historiadora Armelle Enders, autora do livro "Nova História do Brasil".
A respeito do novo governo formado por Michel Temer, Armelle afirmou que a equipe tem o "carimbo" da continuidade e de conservadorismo.
"Os ministros são raposas velhas que participaram de todos os governos recentes, de Fernando Henrique Cardoso a Dilma

'Mídia alternativa tem que somar forças', diz Paulo Cannabrava


'Mídia alternativa tem que somar forças', diz Paulo Cannabrava

Criador dos Cadernos do Terceiro Mundo e fundador da Revista Diálogos do Sul fala sobre a parceria com Opera Mundi
“A mídia alternativa tem que somar forças. Não podemos ficar dispersos”, diz Paulo Cannabrava, ao anunciar a parceria entre a revista eletrônica Diálogos do Sul e o site Opera Mundi: “É uma integração que está dando certo. Vamos crescer juntos”.
Reprodução/ YouTube

Com mais de 50 anos atuando como jornalista, Cannabrava é editor da Revista Diálogos do Sul
A partir desta semana, a revista Diálogos do Sul  faz parte do catálogo de sites do Portal Opera Mundi, que tem passa a reunir:
- Opera Mundi — veículo especializado em política internacional, política externa e economia, numa perspectiva global;
- Revista Samuel — a primeira publicação brasileira a reunir textos da imprensa independente mundial, como jornais e revistas, blogs, sites alternativos, publicações de institutos de pesquisa e de universidades;
- Diálogos do Sul — voltada à integração latino-americana e ao fortalecimento do diálogo sul-sul através da formação de uma rede de comunicadores;
- Blogs Opera Mundi  Suelto (escrito por Max Altman, traz comentários sobre o que a mídia está noticiando); Postais do Mundo (organizado por José Carlos Daltozo dedica-se a cartões postais); Bidê (escrito por Luka Franca, aborda racismo, feminismo e LGBT);Transtudo (Carolina de Assis escreve sobre sexo, gênero, feminismos e sacanagens); Ágora(Haroldo Ceravolo Sereza escreve sobre cultura e política); Blog das Perguntas (o que é melhor para entender o mundo: respostas ou perguntas? essa é a questão principal trazida por Armando Antenore);
- TV Opera Mundi — seção do portal responsável pela produção de vídeos e material multimídia. Em parceria com a TVT (TV dos Trabalhadores), Opera Mundi TV produz o programa Aula Pública.
Assista à entrevista de Paulo Cannabrava explicando a parceria com Opera Mundi:

Opera Mundi e TVT lançam nova temporada de Aulas Públicas na Universidade Metodista

Aula Pública Opera Mundi: 3ª temporada

Aula Pública Opera Mundi: Como o Estado Islâmico influencia a geopolítica mundial?

PUBLICIDADE
Diálogos do Sul
“A revista Diálogos do Sul nasceu da cobrança das pessoas que pediam a volta dos Cadernos do Terceiro Mundo”, lembra Cannabrava. Criada em 1975, em Buenos Aires, a publicação durou 30 anos, com a circulação de 35 mil exemplares e distribuição em todos os continentes. “Os cadernos quebraram e se tornou inviável os custos de distribuição”, lembra o jornalista.
Editada de maneira bilíngue, com dois sites espelhados: o Diálogos do Sul, em português — que pode ser acessado clicando no banner da publicação presente em todas as páginas do portal Opera Mundi —  e o Diálogos del Sur, em espanhol — acessado a partir do site em português, clicando em "lea en español".
Para Cannabrava, no entanto, “o tempo dos Cadernos do Terceiro Mundo se esgotou” pela dificuldade de manter uma publicação impressa quando a internet facilita a divulgação e publicação de conteúdos de forma mais integrada. Assim, os Diálogos do Sul nascem em 2009 com o objetivo de ser “uma proposta de diálogo sul-sul” entre os países em desenvolvimento, retomando e aprofundando a proposta dos Cadernos do Terceiro Mundo.
Reprodução
Em seu manifesto “Os Desnorteados”, os fundadores do site defendem que “assim como ser orientado é ter etimologicamente o Oriente como referência, ser norteado seria estar sob a influência do Norte. Portanto, nós nos consideramos desnorteados, porque não aceitamos ter essa influência. Somos, ao contrário, sulientados, no melhor sentido deste neologismo”.
Ainda no texto de apresentação do site, a revista reivindica que “na condição de herdeiros deCadernos do Terceiro Mundo, como nos reconhecemos, (…) propomo-nos transformar este espaço num cenário de debate dos principais problemas do Brasil e da América Latina. Pretendemos igualmente torná-lo um fator de estreitamento das relações Sul-Sul, englobando países do Mediterrâneo, do Oriente Médio, da Ásia e da África, que são ou foram vítimas do mesmo processo espoliador. Nosso projeto está aberto à colaboração de todos os que pensam da mesma forma”.

PC francês: golpe 'pretende substituir soberania popular e desconsiderar vontade legítima do povo'


PC francês: golpe 'pretende substituir soberania popular e desconsiderar vontade legítima do povo'

Partido Comunista Francês manifestou solidariedade à presidente Dilma Rousseff e afirmou que tentativa de destituí-la é 'ataque brutal contra a democracia'
O Partido Comunista Francês (PCF) emitiu na última quinta-feira (12/05) uma nota de solidariedade com a presidente brasileira, Dilma Rousseff, e de denúncia contra o golpe de Estado no Brasil. "Trata-se de um ataque brutal contra a democracia e as aspirações do povo brasileiro às políticas de transformações políticas e sociais progressistas", afirma o PCF.
Lula Marques / Agência PT

O presidente interino, Michel Temer, e seus ministros durante a posse na última quinta-feira (13/05)
Leia a íntegra da nota:

O PCF condena o golpe de Estado e reafirma sua solidariedade com a presidente Dilma Rousseff

O Partido Comunista Francês exprime sua mais profunda preocupação após o voto indigno do Senado brasileiro que, sem apresentar nenhuma prova válida para respaldar suas acusações, deu seu acordo para que a presidente Dilma Rousseff seja submetida a um processo de destituição.

Trata-se de um ataque brutal contra a democracia e as aspirações do povo brasileiro às políticas de transformações políticas e sociais progressistas.

 

El Salvador diz não reconhecer governo Michel Temer e convoca embaixadora

Sociólogo Manuel Castells envia apoio a Dilma e defende mobilização para derrotar golpe

The Independent: Homens ricos e brancos na política e na mídia alimentaram impeachment desde eleição

PUBLICIDADE
Qualquer governo saído desse verdadeiro golpe de Estado será ilegítimo e ilegal. Ele será representativo das máfias e dos grupos de interesses que dominam o Congresso brasileiro e que agem em nome das oligarquias e do capital financeiro.

Em face desse ataque contra a democracia em um país amigo e parceiro, o silêncio do governo francês e a inércia da União Europeia são no mínimo surpreendentes.

O PCF condena o golpe de Estado em curso e afirma mais uma vez sua solidariedade ao povo brasileiro e com as forças da esquerda e os movimentos sociais que entram em uma nova fase de sua luta para impedir o golpe de Estado em curso e para exigir o retorno da presidente Dilma Rousseff, e para defender a democracia e as conquistas obtidas nos últimos anos.

O processo de golpe de Estado no Brasil pretende substituir a soberania popular e desconsiderar a vontade legítima do seu povo. Em razão disso, fazemos um chamado aos povos do mundo a ficarmos alerta e prontos para defender a democracia, a presidente Dilma Rousseff e os processos de unidade e integração em nossos países.

Tradução por Blog Resistência

Ministério de Temer desencoraja mulheres e minorias na política, diz pesquisadora canadense

Ministério de Temer desencoraja mulheres e minorias na política, diz pesquisadora canadense

Em entrevista à BBC, Jennifer Berdahl afirma que escolha de ministros 'cria a impressão de que só brancos e homens têm chances'
A decisão do governo Michel Temer de nomear apenas homens brancos para os ministérios desencoraja mulheres e minorias a buscar espaços na política do Brasil, afirmou à BBC neste sábado a professora Jennifer Berdahl, da Universidade de British Columbia, no Canadá.
Valter Campanato/ Agência Brasil

De acordo com pesquisadora canadense, nomeação de Michel Temer “cria a impressão de que só brancos e homens têm chances”
A pesquisadora, que é especialista em diversidade e igualdade de gênero no trabalho, disse que a nomeação feita por Temer “é mensagem realmente má e perigosa que ele manda à população”.
“Numa democracia, a ideia é ter líderes que representem a população e seus interesses. Isso é difícil se não houver ninguém que se sentiu na pele de uma mulher ou de uma minoria”, diz.
De acordo com ela, decisão “cria a impressão de que só brancos e homens têm chances”.
“É desejável que só um quarto dos brasileiros [proporção aproximada de homens brancos no total da população] pensem que podem se tornar líderes?”, questiona Jennifer, que prossegue. “Eles são uma minoria e, no entanto, dominam completamente o governo”, diz.
A especialista disse concordar que escolhas sejam feitas baseadas em mérito, que foi o argumento utilizado por Michel Temer para as nomeações. Entretanto, ela acredita que “o mérito é igualmente distribuído entre gêneros e raças, portanto os percentuais de mulheres e minorias em posição de liderança deveriam seguir os do resto da população".
“Se você só nomeia homens brancos, ou você acredita que só eles têm méritos, ou o sistema na verdade não é baseado no mérito”, diz.

Itamaraty: posição de El Salvador demonstra 'desconhecimento da legislação brasileira'

Michel Temer 'fracassou na estreia' como presidente interino, afirma jornal Le Monde

Ex-agente dos EUA admitiu envolvimento da CIA em prisão de Nelson Mandela, revela jornal

PUBLICIDADE
A pesquisadora considera também que a diversidade contribuiria para aumentar a qualidade do trabalho e das decisões do governo.
“Sempre que há cabeças diferentes na mesa, com visões diferentes sobre como o mundo opera, ideias mais diversas tendem a surgir”, disse.
Sobre políticas de gênero, Jennifer afirmou que há homens que se preocupam e defendem os direitos das mulheres, mas entende que as mulheres tendem a ser mais sensíveis em relação a esse tema.
"Se você for pegar 50 pessoas aleatórias, as mulheres serão mais sensíveis à causa das mulheres que os homens, simplesmente porque elas precisam ser", disse.
Ao comentar sobre o ministério de seu país, considerado o mais diverso da história do Canadá com igualdade no número entre homens e mulheres e com presença de membros indígenas e de comunidades imigrantes, Jennifer afirmou que houve “murmúrios” de setores conservadores.
No entanto, segundo a professora, “acho que as pessoas aceitaram o argumento do (primeiro-ministro) Justin Trudeau: o de que ele teria um ministério assim porque afinal estávamos em 2015”.
“Os ministros estão representando os percentuais de eleitores de cada grupo. As crianças poderão vê-los como modelos e pensar: ‘eu posso estar lá’”, disse.