domingo, 9 de junho de 2013

Histórico: o Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares edição n° 500


 

 

 

 


Número 500!

Companheiros.

No dia 6 de Outubro de 2003 foi enviado para um pequeno grupo de companheiros o primeiro número do nosso Informativo Semanal com este nome. Antes eu já havia produzido dois outros materiais, também semanais, com informações sobre a conjuntura, mas só em 2003 a idéia começou a tomar uma dimensão mais geral.

Naquele número já notificávamos os efeitos de uma crise que se anunciava dentro do sistema capitalista. Em uma matéria única, mostrávamos que os chamados “gigantes” da indústria estadunidense estavam em crise e que jogavam sobre os trabalhadores todo o peso dos desmandos neoliberais. Mostramos as demissões de trabalhadores na Ford e na Chrysler, empresas de ponta da economia estadunidense, e os efeitos da crise mundial sobre os trabalhadores em cada parte do planeta.

Curiosamente, no mesmo número noticiávamos pela primeira vez a formação de um grupo de países “em desenvolvimento”, o G22, liderado por Brasil e Índia, para defenderem os seus interesses agrícolas contra os subsídios que os países ricos dão aos seus produtores. Aquela reunião comandada pelo novo governo brasileiro derrubou e decretou o fim da reunião ministerial da OMC, em Cancún. A partir daquele momento houve uma mudança no jogo de forças da economia mundial, até o surgimento do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), grupo que hoje é parte do centro de decisões.

Curiosamente, naquele mesmo número 01 do nosso Informativo comentávamos que o governo estadunidense estava preocupado com sua imagem no mundo. Uma pequena estudante estadunidense, entrevista por um canal de TV em Nova Iorque, havia feito uma pergunta ao então presidente W. Bush: “por que nos odeiam tanto?”. O tema se tornou tão preocupante que o governo convocou um seminário, realizado em Washington, e Bush criou um comitê especial de assessores da Casa Branca para analisar “por que cresce no mundo o antagonismo aos EUA”.

Dez anos depois, creio que os assuntos ainda são atuais. A crise do sistema se agravou e se estendeu pelo planeta, enquanto as ações estadunidenses contra a humanidade vão mostrando cada vez mais o motivo de serem tão odiados.

Um abraço a todos os companheiros que semanalmente acompanham o nosso Informativo.

Livro conta assassinatos de trabalhadores rurais. O livro “Camponeses Mortos e Desaparecidos: Excluídos da Justiça de Transição”, lançado no dia 24 de maio pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), pretende auxiliar a Comissão Nacional da Verdade no reconhecimento oficial de 1.196 casos de assassinatos e desaparecidos no campo de 1961 a 1988, em função das diversas formas de repressão política e social. Esse período foi estabelecido na Lei 9.140/1995, que reconhece que pessoas foram perseguidas e assassinadas pela ditadura militar (1964-1985).

Para o secretário de Política Agrária da CONTAG, Zenildo Pereira Xavier, esta obra é importante porque esclarece muitos casos. “Muitos companheiros(as), ao longo da ditadura militar, perderam suas vidas na luta pela distribuição de terra e democratização do país. Além de contar uma história, esse livro aponta fatos que até hoje acontecem porque os trabalhadores e as trabalhadoras rurais persistem em combater o latifúndio.”

Apesar de o livro apresentar um número expressivo de vítimas, apenas 51 casos foram analisados pela Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos e, desses, 29 tiveram a causa da morte relacionada à questão Política. O dirigente da CONTAG entende que o Estado brasileiro deve investigar todos os casos identificados na pesquisa realizada pela SDH/PR. “É preciso fazer justiça a todos os trabalhadores e lideranças assassinadas e suas famílias”. (FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi - com informações da Agência Brasil)

Vergonha brasileira. A Anistia Internacional confirmou na terça-feira (04) que gás lacrimogêneo produzido no Brasil tem sido usado pela polícia turca para dispersar manifestantes nos protestos dos últimos dias. A organização condenou o uso do gás contra os manifestantes.

“Canhões de água e gás lacrimogêneo não deveriam ser usados contra manifestantes pacíficos. Estamos particularmente preocupados com o uso de gás lacrimogêneo em ambientes confinados, que representa um grande risco para a saúde”, disse o diretor da Anistia Internacional para Europa e Ásia Central, John Dalhuisen, em comunicado divulgado na segunda-feira (03).

A empresa Condor Tecnologias Não Letais, sediada na Baixada Fluminense, confirmou que fornece gás lacrimogêneo para a polícia turca e que é a única fornecedora brasileira desse tipo de armamento para a Turquia.

No final de 2011, ativistas já haviam relatado que gás lacrimogêneo brasileiro estava sendo usado contra manifestantes no Bahrein, provocando inclusive vítimas fatais. A Condor negou que vendesse o produto ao país, apesar de “fornecer produtos para mais de 35 países, inclusive países árabes”. No entanto, “por obrigações contratuais de confidencialidade, a empresa não pode informar detalhes de seus fornecimentos”. De acordo com a empresa, naquela ocasião, o equipamento foi provavelmente usado por tropas de outros países árabes que são clientes da empresa brasileira e ajudaram o governo baremita.

A atuação da polícia turca contra manifestantes foi criticada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pediu às autoridades daquele país que investiguem abusos cometidos pelos agentes.

É uma vergonha! (Matéria em Agência Brasil) Existe profissão de homem e de mulher? A maioria dos estudantes do 3º ano das escolas públicas da cidade de São Paulo respondeu que sim. O resultado faz parte de um trabalho feito pela organização Ação Educativa com cerca de 500 alunos, em que 80% deles responderam afirmativamente à questão, mostrando que os valores de gênero norteiam as escolhas profissionais dos jovens.

A assessora do Programa Juventude da Ação Educativa, Raquel Souza, que faz parte do projeto, diz que os motivos das respostas variam. Alguns estudantes acham que mulheres têm características que favorecem o desempenho delas em profissões de cuidado, já os homens estariam mais aptos ao raciocínio e a atividades que demandam vigor físico. “Mesmo que as coisas tenham mudado muito nas relações de gênero e mesmo que as mulheres ocupem posições de poder, ainda há um estereótipo em relação a qual lugar as mulheres deveriam ou estariam mais aptas a ocupar”, diz Raquel.

Golpistas paraguaios a serviço dos EUA. Em um número anterior do nosso Informativo já falamos do envolvimento dos golpistas paraguaios com narcotraficantes, inclusive brasileiros, e suas perigosas relações com o contrabando na região. Mas agora eles estão também fazendo o “jogo sujo” da CIA que se esforça para desestabilizar os governos populares em nosso continente.

O Senado do Paraguai acaba de aprovar uma declaração de solidariedade a deputados venezuelanos de direita que comandaram os protestos contra a posse do presidente eleito, Nicolás Maduro, e reivindicou que o governo peça a intervenção da OEA (Organização dos Estados Americanos) na Venezuela. Na declaração, o Senado paraguaio expressa “sua solidariedade com os membros da Unidade Democrática Venezuelana”.

No Chile, lei para anistiar assassinos. (Matéria em Opera Mundi) Era mais um monótono final da tarde de terça-feira (04/06) em Valparaíso e o Congresso Nacional chileno já estava vazio quando os deputados governistas Jorge Ulloa e Mario Bertolino protocolaram silenciosamente um projeto de lei que prevê a aplicação da Lei de Anistia a todos os civis e militares condenados por crimes de violação aos direitos humanos ocorridos durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

A descoberta desse projeto por parte da imprensa local e internacional, porém, causou um barulho muito maior do que os seus autores talvez esperassem.

A iniciativa, que deverá ser analisada pela Comissão de Constituição e Justiça, defende a plena vigência da Lei de Anistia, decretada por Pinochet em 1978 e que estabelece a prescrição imediata aos abusos cometidos durante o seu governo. Apesar de essa medida nunca ter sido revogada, a maioria dos juízes chilenos tem se baseado em tratados internacionais assinados pelo país para condenar violadores dos direitos humanos.

Colômbia pretende entrar na OTAN. Este é um momento muito difícil para a América Latina e mostra que as táticas estadunidenses contra os países da região estão sendo levadas a cabo com muita astúcia. Entre os poucos países da região que ainda se submetem aos desígnios de Washington, a Colômbia continua sendo o capacho mais submisso e agora se prepara para trazer para a região a aliança militar que serve como braço de ação da política estadunidense.

No sábado (31), o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, anunciou que seu país assinará um acordo de cooperação com a OTAN e está preparando sua entrada na organização.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou que com esta atitude, a Colômbia “quer colocar dinamite na medula das conquistas na união da América Latina, do Caribe, da América do Sul”.

“Justamente quando a região procura uma maior unidade através da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), é preocupante que estejam sendo tomadas iniciativas para buscar dividir e debilitar o processo”, afirmou, por sua vez, o presidente da Nicarágua Daniel Ortega.

O mandatário boliviano, Evo Morales, também se pronunciou e pediu pronta ação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) para evitar que tal cooperação prospere: “Não podemos permitir que a Otan interceda na América Latina. Ter a Otan é uma ameaça para o nosso continente”, advertiu.

Quem tem o dinheiro? Muito interessante o relatório lido pelo senhor Branko Milanovic, economista do Banco Mundial. Segundo o informe que ele apresentou para a revista “Global Policy”, ele demonstra a enorme desigualdade de rendimentos existente no mundo moderno e diz que apenas 8% da população do planeta, os mais ricos, ficam com 50% de toda a renda produzida no mundo.

O relatório mostra que, em 2011, a renda anual (PIB per cápita, em dólares) variou de 231 dólares, na República Democrática do Congo, a 171.465 dólares, em Mônaco. O segundo país mais pobre do planeta é Burundi, com uma renda anual de 271 dólares.

19 milhões de desempregados na Eurozona. Os dados são oficiais e divulgados pelo centro de estatísticas europeu mostrando que o desemprego cresceu significativamente no início deste ano se comparado ao primeiro trimestre de 2012. O desemprego na zona do euro alcançou a impressionante cifra de 19 milhões de pessoas, segundo o Eurostat.

Em todo o continente europeu o número de desempregados já chegou a 26,58 milhões de pessoas, mostrando a gravidade da atual crise.

Ainda a recessão econômica na Eurozona. O escritório de estatísticas da Comissão Europeia, Eurostat, confirmou que a economia da Eurozona caiu 0,2% durante o primeiro trimestre do ano. O país mais afetado foi o Chipre, com uma recessão de -1,3%. Segundo o Eurostat, 8 dos 17 países do bloco estão em recessão: Espanha, França, Itália, Chipre, Holanda, Portugal, Eslovênia e Finlândia. De acordo com os dados divulgados, a França caiu -0,2%, a Espanha caiu -0,5% e a Itália -0,5%. As maiores quedas foram no Chipre (-1,3%), Estônia (-1%) e República Checa (-0,8%).

PIB português encolhe 4%. A economia de Portugal continua a reduzir de tamanho. Dados divulgados pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas) na quarta-feira (05), dia em que o governo de Pedro Passos Coelho completou dois anos de mandato, revelam que o PIB de Portugal caiu em 4% de janeiro a março deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado, que já era recessivo.

Esse é o nono trimestre consecutivo em que a riqueza nacional do país sofre redução. Em 2011, a recessão chegou a 1,6% e, em 2012, houve queda de 3,2%. Juntamente com o PIB, o INE divulgou que a procura interna (consumo das famílias e das empresas) caiu 6,4% e o emprego teve queda de 5,2%.

FMI admite erros na Grécia. O FMI (Fundo Monetário Internacional) admitiu na quarta-feira (05) ter cometido “erros notáveis” no planejamento de concessão de empréstimos para minimizar a crise econômica na Grécia. A instituição também diz ter subestimado os efeitos negativos das políticas de austeridade no país.

As informações estão contidas em um documento “estritamente confidencial” ao qual The Wall Street Journal teve acesso. Durante os últimos três anos, afirmou-se que a dívida grega era sustentável, mas, segundo o documento, as incertezas que rondavam os planos da troika (que, além do FMI, também inclui Comissão Europeia e Banco Central Europeu) eram “significativas”.

“Houve notáveis erros. A confiança dos mercados não foi restaurada, o sistema bancário perdeu 30% dos depósitos e a economia enfrentou uma recessão muito mais profunda que o previsto, com um desemprego excepcionalmente alto”, indica o FMI.

Europa contra a “Troika”. As manifestações convocadas por várias entidades europeias, no sábado (01/06), contra as medidas da “Troika” (Banco Central Europeu, Comissão Europeia e FMI) mostraram a força da reação popular contra a situação em que a região está sendo lançada pelas medidas de “austeridade” que só estão levando desemprego e pobreza para os trabalhadores.

Na Alemanha, cerca de 20.000 pessoas se reuiniram em Frankfurt (onde está a sede do Banco Central Europeu) para uma manifestação contra as receitas neoliberais. O protesto foi convocado pelo movimento Blockupy (versão alemã do “Occupy Wall Street”) e terminou com violenta repressão policial. Ainda assim, os manifestantes comemoraram o êxito do protesto pois conseguiram fechar todo o centro da cidade, bloqueando a entrada do BCE e também de centenas de grandes instituições financeiras, empresas e corporações.

Na Alemanha, todos os protestos foram coordenados e estiveram somados ao movimento “Povos unidos contra a Troika”, que mobilizou Portugal, Espanha, França, Bélgica, Grécia, Irlanda, Reino Unido e Croácia.

Em Portugal o movimento foi coordenado pelo movimento “Que se lixe a Troika” e conseguiu mobilizar milhares de pessoas em Lisboa e em outras cidades.

Nos EUA, os bancos continuam lucrando muito. O departamento de Finanças do governo dos EUA divulgou na última semana um relatório que aponta o desenvolvimento da atividade bancária no país.  Nos primeiros três meses de 2013, os bancos estadunidenses lucraram 40,3 bilhões de dólares. O valor constitui um novo recorde: maior lucro trimestral da história das instituições financeiras.

“Os bancos voltaram. Há quatro anos o sistema bancário estava olhando para um abismo. E agora lucram largamente”, afirma o economista Mark Zandi, especialista no sistema bancário, em entrevista ao jornal Washington Post.

Os valores divulgados revelam a retomada do poder dos bancos nos EUA. Por exemplo, no primeiro semestre de 2009, após a turbulência financeira ocasionada pela crise imobiliária em 2008, o lucro das instituições bancárias chegou ao número de dois bilhões de dólares. Comparado ao primeiro trimestre deste ano, o crescimento chega a cerca de 2000%.

Do outro lado da realidade estadunidense está a classe média. Mesmo com leve baixa do desemprego registrada no começo deste ano, o número de pessoas sem ocupação profissional é muito maior atualmente do que antes da crise econômica. Os índices sociais também continuam baixos, sem nenhum indicativo de melhora para os próximos anos.

Protestos nos EUA terminam com 150 presos. A polícia do estado da Carolina do Norte prendeu mais de 150 pessoas que participavam de um protesto na terça-feira (04). O movimento havia sido convocado para repudiar os novos cortes nos gastos sociais aprovados pelo Partido Republicano que governa o estado.

A “Associação Nacional para Defesa da Gente de Cor” (NAACP – sigla em inglês) havia convocado o protesto e milhares de pessoas se concentraram nas proximidades do edifício onde funciona a Assembléia Legislativa local para denunciar o “programa regressivo que esquece os pobres”. Os prisioneiros estão sendo acusados de promoção da “desordem pública” e de “desacatarem autoridades”. E ainda dizem que lá é o “país da liberdade”, não é?

Governo estadunidense ouve milhões de conversas telefônicas. Reportagem publicada na quinta-feira (06) pelo jornal inglês The Guardian mostrou que a administração Obama está espionando a população do país com a justificativa da “guerra ao terror” e amparado no "Patriot Act", controversa lei aprovada em 2001 que suprime as liberdades civis. 

Segundo o Guardian, a NSA (sigla em inglês de Agência de Segurança Nacional) dos EUA criou um banco de dados com ligações telefônicas e mensagens de voz de milhões de cidadãos, coletados de pessoas que utilizam o serviço da operadora Verizon – uma das mais populares no país. O jornal obteve cópia de uma ação judicial sigilosa da NSA.

A ordem da administração Obama para espionagem foi dada no dia 25 de abril deste ano, autorizando as autoridades policiais a terem acesso ilimitado ao local, duração e conteúdo de uma ligação, assim como mensagens de voz. A medida não se restringe ao território estadunidense: todos os usuários da operadora Verizon no exterior podem ter tido seus registros telefônicos interceptados pelo governo.

Horas após o anúncio feito pelo Guardian, a Casa Branca reconheceu que monitorou milhões de clientes de telefonia fixa e móvel da operadora Verizon. O governo, em nota oficial, se justifica dizendo que é “uma ferramenta muito importante para proteger o país de ameaças terroristas”.

Até na internet! Algumas das empresas mais conhecidas e importantes da internet foram obrigadas a ceder dados de clientes para o governo dos EUA, de acordo com novo documento revelado pela imprensa internacional. Entre as companhias que tiveram seus sistemas acessados pela NSA (sigla em inglês de Agência de Segurança Nacional) estão Google, Facebook, Microsoft, Yahoo, Skype e YouTube.

De acordo com documento divulgado pelo The Guardian, uma apresentação de Power Point com 41 slides, os grampos eram realizados “diretamente dos servidores” das maiores empresas dos EUA e incluíam e-mails, arquivos anexados, vídeos e conversas online.

A obtenção compulsória dos dados foi iniciada na Microsoft, em 2007, ainda sob o governo de George W. Bush. Sob a gestão de Barack Obama, no entanto, a prática foi intensificada e passou a atingir um número maior de companhias.

Vigiando operadoras telefônicas e companhias de cartões de crédito. O escândalo de grampos e investigações secretas do governo dos EUA sobre sua própria população chegou ao seu terceiro episódio na sexta-feira (07): além de agentes de inteligência terem acesso irrestrito a registros de chamadas da operadora Verizon e aos dados de clientes das principais empresas de internet no mundo, eles também obtêm informações das duas maiores companhias telefônicas do país, AT&T e Sprint, e de fabricantes de cartões de crédito. 

De acordo com o jornal The Wall Street Journal, que cita fontes ligadas à NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), essa divisão tem acordos com a AT&T e Sprint similares ao da Verizon, revelado nesta semana pelo jornal britânico The Guardian.

Segundo o Wall Street Journal, o acordo com as três maiores operadoras de telefone do país afeta a maioria dos estadunidenses e significa que “cada vez que se faz uma chamada, a NSA consegue um registro da localização, o número contatado, a hora da chamada e a duração da conversa”. Tudo isso no mesmo dia em que o presidente dos EUA, Barack Obama, veio a público para garantir que as conversas dos cidadãos estadunidenses comuns não estavam sendo monitoradas.

A AT&T, maior companhia telefônica do país, tem 107,3 milhões de clientes de celular e 31,2 milhões de telefone fixo; a Verizon tem 98,9 milhões de telefonia móvel e 22,2 milhões de fixo; a Sprint tem 55 milhões de clientes no total.

Obama defende programas de espionagem. O presidente Barack Obama assegurou na sexta-feira (07) que os programas de espionagem de telefonemas e de dados dos usuários de grandes  empresas da internet contam com um “amplo apoio bipartidário” no Congresso e são continuamente supervisionados. Obama disse na Califórnia que essas estratégias "ajudam a prevenir ataques terroristas” e foram revisadas por sua equipe de assessores, pelo Congresso e pelo Poder Judiciário.

Segundo o presidente, “não se pode ter 100% de privacidade e 100% de segurança”. Em sua opinião, o governo conseguiu manter “o equilíbrio adequado” no acesso à vida dos cidadãos.

Na Filadélfia, governo fecha escolas e manda construir prisão! A matéria está em Opera Mundi e parece uma piada, mas é a pura realidade. A Prefeitura da Filadélfia, nos EUA, anunciou em março que 23 escolas públicas da cidade irão encerrar suas atividades. A medida faz parte de um pacote de cortes de gastos públicos que prevê, entre outras coisas, o desligamento de 3 mil funcionários ligados às áreas de educação e cultura. Mas, em compensação, a imprensa estadunidense revelou na quarta-feira (05) que a cidade investe na construção de uma penitenciária estadual estimada em 400 milhões de dólares.

O diretor das escolas públicas da Filadélfia, William R. Hite Jr, considera o corte uma “catástrofe à comunidade pobre” e aponta o paradoxo da situação. “Pedi para que o governo estadual nos ajudasse a manter as escolas funcionando, mas não fui atendido. Eles preferem investir em uma penitenciária”, afirma William Hite em entrevista à imprensa dos EUA.

O fechamento das escolas atinge em cheio a comunidade negra e as camadas populares da Filadélfia. Segundo informações oficiais, 81% dos estudantes negros da cidade, 11% dos latinos e 93% de baixa renda serão afetados com a medida. Em contrapartida, apenas 4% dos alunos brancos serão prejudicados.

No entanto, segundo o portal Dispatches from the Underclass LikeLike , a nova penitenciária terá cerca de 800 lugares a mais que o antigo local e, além disso, o prédio anterior não será demolido - passará apenas por uma reforma.

No fundo, faz sentido a medida do governo. Se o governo fecha escolas, provavelmente essas crianças vão ter mais tempo nas ruas. Tendo mais tempo nas ruas, provavelmente algumas podem cometer delitos. Se vão cometer delitos, bom mesmo é ter mais prisões! Faz sentido, não é?

Começa julgamento de Bradley Manning. O soldado estadunidense Bradley Manning, que vazou centenas de milhares de documentos diplomáticos confidenciais dos EUA ao Wikileaks, começou a ser julgado na segunda-feira (03) por um tribunal militar no Forte George Meade, Estado de Maryland. Está previsto que o julgamento, presidido pela juíza militar Denise Lind, dure até 23 de agosto.

Centenas de pessoas se concentraram nas proximidades do forte para protestar contra o julgamento e defender o soldado que é considerado um herói pelos manifestantes e defensores da liberdade de expressão. Muitos cartazes dos manifestantes pedem a premiação de Manning ao Prêmio Nobel da Paz.

Entre o material que ele entregou para divulgação estão vídeos de ataques aéreos com vítimas civis, mais de 250 mil correspondências diplomáticas de conteúdo sigiloso de quase todas as representações diplomáticas estadunidenses o Departamento de Estado e relatórios militares das guerras do Iraque e do Afeganistão

Manning está preso há três anos e já se declarou culpado de dez das 22 acusações contra ele, todas consideradas mais leves. A principal acusação desse julgamento é a de “conluio com o inimigo”, violação ao artigo 104 do Código Unificado da Justiça Militar (principal legislação da justiça militar dos EUA), o que lhe poderá valer uma condenação de prisão perpétua.

Um grupo de artistas, jornalistas e ativistas iniciou uma campanha na internet em apoio ao soldado norte-americano Bradley Manning, que está sendo julgado por repassar centenas de milhares de documentos diplomáticos dos Estados Unidos ao site Wikileaks. A campanha “Eu sou Bradley Manning” é realizada pelo mesmo grupo que afirma já ter reunido mais de 61 mil assinaturas para candidatar o nome do militar ao Prêmio Nobel da Paz.

Espionagem

Ex-funcionário da CIA diz que revelou esquema de espionagem dos EUA por um mundo melhor

 
Por Andrew Osborn e Peter Graff
LONDRES, 9 Jun (Reuters) - Um ex-funcionário da CIA que trabalhava como terceirizado na Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos revelou ter sido o responsável por vazar detalhes de um esquema de espionagem do governo norte-americano, e disse ter agido desta forma para proteger "direitos básicos das pessoas em todo o mundo".
Enclausurado em um quarto de hotel em Hong Kong, Edward Snowden, de 29 anos, disse que pensou muito antes de pulicar os detalhes do programa da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), denominado Prism. Segundo ele, o país estava criando uma imensurável rede secreta de espionagem que vigia cada cidadão norte-americano.
"Eu não quero viver em uma sociedade que faz esse tipo de coisas... Eu não quero viver em um mundo onde tudo o que eu faço é gravado. Isso não é algo sob o qual eu quero viver minha vida", disse ele ao jornal The Guardian, que publicou o vídeo com seu testemunho no site na Internet.
"A NSA construiu uma infraestrutura que permite interceptar tudo. Com a capacidade que ela tem, a maior parte da comunicação estabelecida entre os seres humanos na rede seria automaticamente registrada, sem que houvesse um alvo, um objetivo para tal. Se eu quisesse ver seus emails ou o telefone da sua esposa, tudo o que eu precisaria era usar esses mecanismos de interceptação do Prism. Poderia ter acesso a emails, senhas, gravações de telefone, cartões de crédito", disse Snowden.
O jornal The Guardin revelou nesta semana que os serviços secretos de segurança norte-americanos já rastreiam chamadas de telefones celulares da operadora Verizon e informações da Internet oriundas de companhias como o Google e o Facebook.
A informação a respeito dos serviços secretos desencadeou um interminável debate nos Estados Unidos e no exterior sobre o crescimento do alcance da NSA, que expandiu seus serviços de vigilância dramaticamente na última década. Agentes norte-americanos garantem que a NSA atua dentro da lei.
A decisão de Snowden de revelar sua identidade, bem como seu rosto e outros dados pessoais, reforça o apelo deste que já é um dos maiores casos de vazamento de dados secretos do governo norte-americano na história, e aumenta ainda mais o constrangimento do presidente Barack Obama.
Snowden também sabe que sua opção o expõe demais às autoridades norte-americanas. O Guardian o comparou a Bradley Manning, um soldado agora em julgamento por supostamente ajudar forças inimigas, que vazou para o Wikileaks documentos militares sigilosos.
O atual espião afirmou que deixou a namorada no Havaí sem contar a ela onde iria, e se disse ciente do risco que corre, mas pensou que toda a mobilização em torno da sua descoberta faria o risco valer a pena.
"Meu primeiro medo era que viessem atrás da minha família, dos meus amigos, da minha namorada. Qualquer um que me conhecesse", admitiu.
"Terei de me sacrificar pelo resto da minha vida. Eu não posso me comunicar com eles. As autoridades deverão agir de forma contundente contra qualquer um que me conheça. Isso me mantém sempre em alerta."
Ele falou sobre o quão corajoso foi largar uma vida confortável no Havaí, onde ganhava cerca de 16 mil dólares por mês.
"Eu estou disposto a me sacrificar porque eu não posso, em sã consciência, deixar que o governo dos Estados Unidos destrua a privacidade, a liberdade de Internet e os direitos básicos de pessoas em todo o mundo, tudo em nome de um maciço serviço secreto de vigilância que eles estão desenvolvendo."

Espionagem 2

The Guardian revela identidade de fonte dos vazamentos sobre inteligência dos EUA

 
Um funcionário de 29 anos de uma terceirizada norte-americana de defesa é a fonte que revelou ao The Guardian as informações confidenciais sobre os programas de vigilância das comunicações implantados pelos Estados Unidos, disse neste domingo o jornal britânico.
Edward Snowden disse ao The Guardian que foi motivado apenas pelo desejo de informar o público sobre o "mecanismo de vigilância em massa".
"Não tenho nenhuma intenção de me esconder porque sei que não fiz nada de mau", disse Edward Snowden.
Contudo, com o governo dos EUA buscando uma investigação criminal pelos vazamentos, ele admitiu: "eu não espero ver minha casa novamente".
O jornal, que postou uma entrevista de vídeo de Snowden, mostrando eu rosto claramente, disse que revelava a identidade a pedido dele mesmo.
Ex-técnico assistente da CIA, Snowden trabalhou por quatro anos na Agência de Segurança Nacional como um funcionário de várias terceirizadas, incluindo a Dell e a Booz Allen Hamilton, sua atual empregadora.
"Meu único motivo foi informar ao público o que é feito em seu nome e o que é feito contra ele", disse Snowden.
Três semanas atrás, ele arrumou suas malas para Hong Kong e deixou para trás um salário de U$200 mil dólares, uma namorada que morava com ele no Havaí, uma carreira estável e uma família amorosa, de acordo com o jornal.
"Estou disposto a sacrificar tudo isso porque não posso, em sã consciência, permitir que o governo norte-americano destrua a privacidade, a liberdade na internet e as liberdades básicas das pessoas em todo o mundo com uma máquina de vigilância em massa que eles estão construindo secretamente", disse Snowden.
O diretor de Inteligência Nacional, James Clapper, pediu mais cedo uma investigação criminal sobre os vazamentos, dizendo que as divulgações "angustiantes" causaram "enormes e graves danos" para as capacidades da inteligência norte-americanas.