quarta-feira, 4 de abril de 2018

O PSICOPATA

O PSICOPATA

O PSICOPATA ( atendendo a pedidos)(postagem original:27/01/2013)


O PSICOPATA

Glauco dos Santos Gouvêa *

A médica psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva lançou em 2008 um livro muito importante, oportuno e de grande utilidade, cujo título é MENTES PERIGOSAS, com subtítulo O PSICOPATA MORA AO LADO.

Logo na orelha da citada obra encontramos um perfil do psicopata, tão preciso, que reproduzo a seguir:

“Os psicopatas são frios, calculistas, insensíveis, inescrupulosos, transgressores de regras sociais e absolutamente livres de constrangimentos ou julgamentos morais internos. Nas diversas esferas do relacionamento humano, eles são capazes de passar por cima de qualquer pessoa apenas para satisfazer seus próprios interesses. Mas, ao contrário do que pensamos, não são considerados loucos, nem mesmo apresentam qualquer tipo de desorientação. Eles sabem exatamente o que estão fazendo e não sofrem nem um pouco com isso.

Podemos dizer que são verdadeiros “predadores sociais”, e às vezes seus atos são tão chocantes que nos recusamos instintivamente a reconhecer sua existência. Mentes Perigosasnos mostra em linguagem fluida e acessível quem são essas pessoas que estão por aí, ao nosso lado, e que desafiam a própria natureza humana. Conhecer essas mentes perversas é a melhor forma de nos proteger do efeito devastador de sua presença em nossas vidas.”

À medida que eu lia o livro me convencia da necessidade de divulgá-lo. Mais que necessidade: um imperativo de consciência para ajudar minimamente as pessoas a identificar um psicopata e se proteger do mesmo. O perigo maior reside em que o psicopata jamais revela sua verdadeira personalidade, seu verdadeiro pensamento. Ele “constrói” uma armadura e se protege; mente sempre e com tanta habilidade que acreditamos em suas mentiras; procura mostrar que é um entendido em qualquer assunto (embora não o seja) e que sua opinião é superior a qualquer outra; visa convencer as pessoas de que é um altruísta ( mas, na verdade, é incapaz de qualquer forma de amor ); impulsivo, irresponsável, insensível. Todo o cuidado é pouco ao lidarmos com um psicopata, pois ele é capaz de qualquer coisa sem nenhum sentimento de remorso. Cuidado...

Livros como o da psiquiatra Ana Beatriz precisam ser divulgados, pela sua importância para a vida das pessoas. Quanta perversidade, quanta injustiça, teriam sido evitadas se soubéssemos identificar um psicopata !

  • Engenheiro Civil e Auditor Fiscal Tributário Estadual (aposentado)


P.S.

Tendo em vista a relevância do tema tratado e de outros correlatos, listamos, a seguir, outras obras publicadas pela Dra. Ana Beatriz Barbosa Silva:

Mentes Inquietas: TDAH - desatenção, hiperatividade e impulsividade [Publicação revista e ampliada]
Mentes e Manias: TOC - transtorno obsessivo-compulsivo [Publicação revista e ampliada]
Sorria, você está sendo filmado (em parceria com o publicitário Eduardo Mello)
Mentes Insaciáveis: anorexia, bulimia e compulsão alimentar
Mentes Ansiosas: medo e ansiedade além dos limites [Publicação revista e ampliada de Mentes  com Medo]
BULLYING: Mentes Perigosas nas Escolas
Mentes Peligrosas: un psicópata vive al lado [Publicado na Argentina e México]

MARCO AURÉLIO ESCANCARA MANOBRA DE CÁRMEN LÚCIA

Zanin: “Antecipação do cumprimento da pena é incompatível com presunção da inocência"

ENTREVISTA

Zanin: “Antecipação do cumprimento da pena é incompatível com presunção da inocência"

Advogado de defesa do ex-presidente Lula concede entrevista exclusiva ao BdF sobre o julgamento de habeas corpus no STF

Brasil de Fato | São Paulo
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Ouça a matéria:
Ricardo Stuckert / Advogado de defesa do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta quarta-feira (4) um pedido de habeas corpus (HC) preventivo feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem o objetivo de evitar sua prisão após a confirmação da sentença condenatória pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). A decisão será mais uma etapa da luta da defesa do ex-presidente para derrubar a condenação e manter os direitos políticos de Lula para as eleições presidenciais deste ano.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Cristiano Zanin Martins, advogado de defesa do ex-presidente, expõe os principais argumentos do pedido, rejeita a acusação de que sua atuação caracterizaria “pressão” sobre os ministros do STF e afirma que poderá haver novas ações da defesa após o julgamento do HC.
“Nós ainda estamos analisando o acórdão que foi proferido pelo TRF4 no julgamento dos embargos de declaração na semana passada. E a partir dessa análise, vamos definir se iremos apresentar um novo recurso ao próprio TRF4 ou se iremos apresentar recursos aos tribunais superiores, no caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e/ou ao Supremo Tribunal Federal. Evidentemente que nós identificamos diversas nulidades no processo”, disse Zanin.
Leia a íntegra da entrevista:
Brasil de Fato: Quais os argumentos apresentados pela defesa do ex-presidente Lula no pedido do habeas corpus que será julgado pelo STF?
Cristiano Zanin: O habeas corpus está baseado no artigo 5º, inciso 57 da Constituição, que estabelece de forma muito clara que a presunção de inocência somente pode ser afastada na hipótese de uma decisão condenatória transitada em julgado, ou seja, é preciso que uma pessoa tenha sido condenada e não haja mais nenhum recurso que ela possa utilizar para afastar essa condenação. Então a Constituição é muito clara nesse sentido, não permite outra interpretação. E é isso que nós pedimos ao Supremo nesse habeas corpus: que seja aplicado esse dispositivo constitucional, essa regra constitucional, de modo a assegurar ao ex-presidente Lula a presunção de inocência até que haja uma decisão final.
Nós temos uma expectativa de que essa condenação imposta primeiramente pela justiça federal de Curitiba e depois reafirmada pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região venha a ser reformada porque ela é incompatível com a legislação. E por isso, buscamos que o ex-presidente possa apresentar esses recursos e aguardar o julgamento dos recursos aos tribunais superiores sem que haja antecipação do cumprimento da pena. A antecipação do cumprimento da pena não é compatível com a presunção da inocência.
Embora o julgamento dessa quarta-feira seja especificamente em relação ao habeas corpus do ex-presidente Lula, isso tem uma relação direta com o entendimento do STF sobre o cumprimento da pena após condenação em segunda instância?
O Supremo, em 2016, acabou firmando um entendimento no sentido de que seria possível a antecipação do cumprimento da pena após decisão condenatória proferida em segunda instância. O que nós estamos demonstrando nesse HC é que essa posição, embora tomada pelo Supremo, ela não é compatível com o artigo 5º, inciso 57 da Constituição, e por isso, estamos pedindo que haja uma revisão desse posicionamento.
É importante destacar que após aquela decisão de 2016, vários ministros do Supremo Tribunal Federal têm decidido de forma diversa, aplicando a Constituição, assegurando a presunção de inocência até a existência de decisão transitada em julgado. Então, claramente existe uma divergência entre os ministros sobre essa questão e nós estamos pedindo que, diante dessa divergência, que o Supremo fixe a tese jurídica que será aplicada ao caso do ex-presidente Lula e também a outros casos. O fato do julgamento estar sendo realizado pelo plenário do Supremo é uma indicação de que o tribunal deverá firmar uma tese jurídica a respeito do assunto, ainda que o julgamento seja do habeas corpus do ex-presidente Lula.
Alguns meios de comunicação publicaram a informação de que a defesa do ex-presidente estaria exercendo pressão sobre os ministros do Supremo. Isso procede?
Isso é absolutamente descabido. Nós, da defesa, fizemos apenas o trabalho que se espera do advogado. Nós preparamos o habeas corpus, levamos até o tribunal, despachamos memoriais com os julgadores, e apresentamos ontem um parecer de um dos maiores constitucionalistas do país, o professor José Afonso da Silva, que reforça o pedido feito ao Supremo. Então tivemos uma atuação absolutamente legítima, que observa a lei e todos os preceitos éticos.
Para além do pedido de habeas corpus, qual os procedimentos da defesa posteriores a esse julgamento?
Nós ainda estamos analisando o acórdão que foi proferido pelo TRF4 no julgamento dos embargos de declaração na semana passada. E a partir dessa análise, vamos definir se iremos apresentar um novo recurso ao próprio TRF4, o que seria cabível se identificarmos omissões na decisão; ou se iremos apresentar recursos aos tribunais superiores, no caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e/ou ao Supremo Tribunal Federal.
Evidentemente que nós identificamos diversas nulidades no processo, diversas violações às garantias fundamentais, sobretudo uma condenação que, ao nosso ver, não tem qualquer base na legislação penal. Todos esses temas serão tratados nos recursos que serão apresentados e nós temos uma expectativa real de que a condenação seja revertida nos tribunais superiores.
O ex-presidente Lula tem afirmado que, caso seja confirmado como candidato presidencial pela convenção do Partido dos Trabalhadores, será postulado. Do ponto de vista jurídico, isso é viável? Como a defesa tem trabalhado para garantir o direito de Lula de se candidatar?
A despeito da condenação pelo TRF4, é preciso lembrar que, em primeiro lugar, não existe uma condenação definitiva nem mesmo perante o TRF4 porque, em tese, ainda é possível a interposição de recursos até mesmo perante aquela corte. Em segundo lugar, no processo penal não há qualquer definição em torno da possibilidade ou não de uma candidatura.
Essa discussão, caso seja efetivamente confirmada a candidatura do ex-presidente Lula, terá que se dar perante a Justiça Eleitoral, e com observância do devido processo legal. Então é um tema que foge ao objeto ou da discussão que está sendo travada no âmbito dessa ação penal.
Edição: Diego Sartorato

Globo instrumentaliza fala de general para fins políticos, diz Eugênio Aragão

JULGAMENTO

Globo instrumentaliza fala de general para fins políticos, diz Eugênio Aragão

Para o ex-ministro da Justiça, trata-se de uma armadilha da Rede Globo na qual as forças progressistas não devem cair

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ
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Ouça a matéria:
Aragão afirmou conhecer Villas Boâs, a quem classificou como uma pessoa equilibrada, responsável por afastar “cabeças quentes” da tropa / Tiago Corrêa/Dircom/ CMM
As declarações do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, dadas no Twitter e lidas no Jornal Nacional, na noite desta terça-feira (3), ganharam grande repercussão nas redes sociais e aumentaram a pressão sobre o julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula no Supremo Tribunal Federal (STF). Para o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, trata-se de uma armadilha da Rede Globo que buscou instrumentalizar a fala do general para fomentar sua posição editorial favorável à condenação do ex-presidente.
Em sua conta no Twitter, o general disse “compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais”. E completou: "nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?”.
Na opinião de Aragão, "o general é uma figura pública como qualquer outra. E ele se manifesta sobre um assunto de interesse nacional. Eu não vejo nada demais nisso. Acho que as pessoas estão muito com os nervos à flor da pele. E acho que a gente não deve dar essa importância toda. A Globo deu essa importância porque ela quis realmente instrumentalizar o general para os seus fins”, afirmou.
Aragão afirmou conhecer muito bem Villas Boâs, a quem classificou como uma pessoa equilibrada, responsável por afastar “cabeças quentes” da tropa, como o general Hamilton Mourão, que defendeu publicamente a intervenção militar. Para o ex-ministro da Justiça, as declarações de Villas Boas foram de um comandante de tropa que precisar dar a ordem do dia em um momento de nervosismo.
O ex-ministro da Justiça destacou também que a preocupação com a impunidade mencionada pelo general é partilhada pelas forças progressistas que, por exemplo, esperam a punição daqueles que derrubaram fraudulentamente a ex-presidenta Dilma Rousseff, daqueles que disparam com arma de fogo contra a caravana do ex-presidente Lula e também de quem assassinou a vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco.
“Existe uma seletividade e isso daí talvez faltou ao general dizer. Quer dizer, a punição não pode ser seletiva. E ela é extremamente seletiva. Esse é o problema da desmoralização das nossas instituições. Mas, a defesa da democracia que ele fez, a defesa da coerência do judiciário e também da chamada paz social, isso daí era de se esperar de um general de tropa”, concluiu.
Repercussão
Na manhã desta quarta-feira (4), o ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, afirmou ao jornal “O Globo” que a mensagem do general Villas Bôas “é que a população pode ficar tranquila, pois as instituições estão aqui. Não é uma mensagem de uso da força. É o contrário".
Em nota conjunta, os petistas Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Paulo Pimenta declararam não ser natural da democracia que chefes militares se pronunciem sobre questões políticas ou jurídicas e, mais estranho ainda, é a manipulação das falas do comandante do Exército pelo Jornal Nacional. “A Globo quer repetir o que fez em 1964, quando incitou chefes militares contra o governo constitucional de Jango Goulart”, acusaram.
Em sua conta no Twitter, a ex-presidenta Dilma pediu responsabilidade e respeito de todos à Constituição e à presunção de inocência. “É inaceitável que a Globo insista em repetir o passado e como vivandeira incite ao golpe”, declarou.
Com tom mais crítico, o governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), disse, também no Twitter, que “em nenhuma democracia do Planeta um comandante do Exército se pronuncia nesse tom às vésperas de um julgamento importante da Suprema Corte”.
Na mesma linha, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) também criticou a divulgação pública de opiniões do general Villas Bôas sobre a atuação do Judiciário. “É condição indispensável para o fortalecimento democrático que as Forças Armadas se limitem ao exercício do papel que lhes foi atribuído pelo desenho constitucional. E nessas atribuições não estão presentes a autonomia sem o comando civil supremo em todas as três armas, e muito menos a interferência no funcionamento de qualquer um dos poderes da República”, defenderam.
Edição: Thalles Gomes

“Numa democracia, a declaração de Villas Bôas é um descalabro”

Política

Análise

“Numa democracia, a declaração de Villas Bôas é um descalabro”

por Tatiana Merlino — publicado 04/04/2018 10h59, última modificação 04/04/2018 13h07
Segundo Eloísa Machado, professora da FGV, ao se pronunciar sobre o julgamento de Lula, o comandante do Exército infringe regras das Forças Armadas
Agência Verde-Oliva
"Numa democracia, a declaração de Villas Bôas é um descalabro"
Carmén Lúcia e o general Villas Bôas, que agora decidiu pressionar o STF
A declaração do general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, que disse, via Twitter, “compartilhar os anseios de todos os cidadãos e bem” de “repúdio à impunidade” é “totalmente inoportuna” e mostra um descompromisso com as próprias regras das Forças Armadas, afirma Eloísa Machado, professora de direito da Fundação Getulio Vargas.  
“Se o próprio comandante se sente à vontade para violar suas próprias regras, fica claro que o comando não tem nenhuma autocontenção”, acrescenta. Não à toa, "existe essa restrição nas normas das Forças Armadas para que não se pronunciem sobre assuntos de política".
A afirmação do general em sua conta do Twitter, na noite de terça-feira 3, foi feita pouco depois da realização de atos de manifestantes favoráveis à prisão e Lula, e às vésperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal.
A declaração sobre impunidade, afirma Machado também “é de um mau gosto tremendo”,  visto que “as Forças Armadas tanto resistiram e ainda resistem para a elucidação das graves violações que ocorreram na nossa ditadura”.
No mesmo dia, ainda, via Twitter, Villas Boas disse: "Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?"
E, em seguida. "Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais."
 A declaração provocou uma série de reações entre outros oficiais do Exército. O general Paulo Chagas, pré-candidato ao governo do Distrito Federal, prestou continência virtual a Villas Bôas e declarou que tem “a espada ao lado, a sela equipada, o cavalo trabalhado e aguardo suas ordens”.
A professora defende o enquadramento do general, mas descarta essa possibilidade, por causa da situação frágil de Michel Temer no poder. Resta lembrar que Temer se aproximou das Forças Armadas ao propor a intervenção federal no Rio de Janeiro.

Confira abaixo a entrevista que Eloísa Machado concedeu a CartaCapital.
CartaCapital Como viu posicionamento do general-comandante Eduardo Villas Bôas?
Eloísa Machado: Não só essa manifestação, como quaisquer manifestações sobre o cenário político brasileiro são absolutamente indesejadas quando vindas das Forças Armadas. Elas têm um papel Constitucional, mas esse papel é distante das decisões políticas. Não é à toa que existe essa restrição nas normas das Forças Armadas para que não se pronunciem sobre os assuntos de política. Vi com bastante pesar essa e todas manifestações dos últimos meses das Forças Armadas sobre o cenário político.
CC: Ele deveria ser punido?
EM: Uma das partes mais complicadas é justamente quando essa manifestação absolutamente inapropriada parte do próprio comando. Então, de maneira geral, o sentimento que se passa é que não há nenhum tipo de autocontenção das Forças Armadas, sobretudo diante da posição que seu próprio comandante adota em redes sociais sobre política, e o que é ou deixa de ser impunidade. E nesse ponto merece um adicional: as Forças Armadas que tanto resistiram e ainda resistem para a elucidação dos bárbaros crimes e graves violações de direitos humanos que ocorreram na nossa ditadura, falarem de impunidade, é de um mau gosto tremendo.
CCVocê viu a declaração como uma ameaça?
EM: Não vi como uma ameaça, vi como uma manifestação inoportuna. Mas se é de fato ou não uma ameaça, a gente vai saber, infelizmente, nos próximos dias.
CC: Outros militares reagiram após a declaração. Como vê esses posicionamentos?
EM: Se o próprio comandante hierarquicamente superior se sente confortável para violar suas próprias regras, se manifestar sobre a política e violar toda lógica constitucional que relega as Forças Armadas a um papel muito distante da política, os subordinados se sentem ainda mais confortáveis. Então não há nenhuma surpresa depois do exemplo que o próprio comandante deu.
CC: Você vê uma ofensiva dos militares?
EM: Não consigo dizer, o que consigo dizer é que intervenção federal feita pelo presidente Michel Temer, que concede poder militar ao interventor viola a Constituição e talvez tenha deixado as Forças Armadas bastante animadas com a possibilidade de se aproximar da política novamente.
CCO antropólogo Luiz Eduardo Soares disse, em redes sociais, que a declaração do comandante do Exército é a maior chantagem à Justiça desde a ditadura, você concorda?
EM: Eu não sei se é uma chantagem, é um tuíte que é inoportuno, inapropriado, mostra descompromisso das Forças Armadas com suas próprias regras e com a Constituição Federal. E se sentem confortáveis para falar sobre impunidade, veja só, logo as Forças Armadas. Isso é reprovável, inoportuno, e que teria que ser desconsiderado por todas as autoridades e assim que possível enquadrado o Comandante e todos que violaram as regras.
CC: Como ele deveria ser enquadrado?
EM: As Forças Armadas respondem ao Presidente da República, que é quem tem o controle das Forças Armadas. O órgão máximo de controle é civil, não é um controle político. Como a presidência vai se posicionar nesse caso tão sensível? Deveria se posicionar em favor da Constituição, deixando muito clara que essa posição é inaceitável. Mas sabemos que isso não vai acontecer porque é a própria Presidência que tem favorecido essa nova aproximação das Forças Armadas com a política.