sexta-feira, 7 de abril de 2017

Lição que não devemos esquecer. No Brasil não é só a cultura que está sendo destruída: É TUDO.

Ópera de Verdi torna-se uma manifestação contra o governo

Num concerto em que estava presente Berlusconi, o maestro Riccardo Muti pede que todos cantem a ária “Va Pensiero” da ópera “Nabucco” e diz: “ tenho vergonha do que ocorre no meu país”.
Cantora do coro emocionada, no final da ária.
No dia 12 de Março deste ano, a ópera de Roma foi palco de um acontecimento que marca bem a crise a que chegou a credibilidade e o apoio do primeiro-ministro Silvio Berlusconi que, aliás, estava presente.
No cartaz estava a ópera Nabucco, de Giuseppe Verdi, dirigida pelo maestro Riccardo Muti, um dos mais famosos e internacionais maestros italianos. Festejava-se o 150º aniversário da fundação da República italiana com a obra de Verdi que é considerada o símbolo na unificação italiana – e particularmente uma ária, a “Va Pensiero”, o canto dos escravos oprimidos, que fala da “minha pátria tão bela e perdida”.
Antes de o concerto começar, já tinha ocorrido algo inédito: Gianni Alemanno, presidente da câmara de Roma e do mesmo partido do poder, subiu ao palco para denunciar os cortes no orçamento da cultura feitos pelo governo Berlusconi.
O maestro Ricardo Muti fez ao Times o relato do que se passou em seguida:
“Logo no início, houve uma grande ovação no público. Depois, começámos a ópera. Correu muito bem, mas quando chegámos à famosa ária 'Va Pensiero', senti imediatamente que a atmosfera se tornava muito tensa no público. Há coisas que não se consegue descrever, mas que se sentem. Antes, reinava o silêncio do público. Mas no momento em que as pessoas viram que a 'Va Pensiero' ia começar, o silêncio se transformou num verdadeiro fervor. Podia sentir-se a reacção visceral do público à lamentação dos escravos que cantam: 'Oh minha pátria, tão bela e perdida'.”
Quando o coro estava a chegar ao fim, já se ouviam pedidos de “bis”. O público começou a gritar “Viva Verdi!” e “Viva a Itália!”.
Muti virou-se então para o público (e para Berlusconi) e disse:
“Sim, estou de acordo com isso, 'Viva a Itália'”. E prosseguiu, depois dos aplausos: “Já não tenho 30 anos e já vivi a minha vida, mas, enquanto italiano que muito percorreu o mundo, eu tenho vergonha do que ocorre no meu país. Por isso acolho o vosso pedido de 'bis' para o 'Va Pensiero'. Não é só pela alegria patriótica que sinto, mas porque esta noite, enquanto dirigia o coro que cantava 'Oh minha pátria, tão bela e perdida', pensei que se continuarmos assim, vamos matar a cultura na qual foi construída a história da Itália. E, se isso acontecesse, a nossa pátria estaria verdadeiramente 'bela e perdida'”.
Depois de novos aplausos, prosseguiu:
“Desde que reina por aqui um 'clima italiano', eu, Muti, calei-me por demasiados e longos anos. Queria agora... devíamos dar sentido a este canto; como estamos na nossa Casa, o teatro da capital, e com um Coro que cantou magnificamente, se estiverem de acordo, proponho-vos que se juntem a nós e cantemos todos em conjunto.”
O público levantou-se e todos cantaram. “Foi um momento mágico”, disse o maestro depois. “Não foi só uma representação do Nabucco, mas igualmente uma declaração do teatro da capital à atenção dos políticos”.

Ouçam:
https://www.youtube.com/watch?v=HKYjsKrtrow&list=RDHKYjsKrtrow

Fala o maestro Riccardo Muti:
https://www.youtube.com/watch?v=SkijuuLaE98

BOLA DA VEZ, AÉCIO TAMBÉM FOI DELATADO PELA OAS

BOLA DA VEZ, AÉCIO TAMBÉM FOI DELATADO PELA OAS


Megadelatado pelos ex-executivos da Odebrecht e abandonado até pela revista "Veja", que sempre o blindou das acusações, Aécio Neves também deve ser atingido pela delação premiada da OAS. Mais próximos do fechamento de acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR), executivos da OAS relataram aos investigadores detalhes da suposta atuação de Oswaldo Borges da Costa Filho como arrecadador informal do senador tucano. Costa Filho foi presidente da estatal mineira CODEMIG no governo de Aécio. O senador tucano teria recebido, a título de propina, até 3% sobre valores dos contratos firmados pela OAS com o governo de Minas Gerais para a construção da Cidade Administrativa, sede do Executivo. Novas acusações devem ser a pá de cal para enterrar definitivamente as chances do "Mineirinho" concorrer ao Planalto em 2018.

247 - Executivos da OAS estão mais próximos de fechar um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria Geral da República). Eles relataram aos investigadores detalhes da suposta atuação de Oswaldo Borges da Costa Filho como arrecadador informal do senador tucano Aécio Neves. Costa Filho foi presidente da estatal mineira CODEMIG no governo de Aécio.

As informações são de reportagem do Valor.

"Sócio majoritário da OAS e detentor de cerca de 80% das ações da empresa, o empresário Cesar Mata Pires deverá ser um dos delatores do grupo, caso a PGR aceite as propostas de colaborações premiadas que estão em discussão.

A informação foi confirmada ao Valor por fontes informadas sobre as rodadas de negociações de advogados com procuradores de Curitiba e Brasília, retomadas somente em meados de fevereiro deste ano. Ao menos 12 executivos da empresa buscam acordo de delação premiada com a Operação Lava-Jato, incluindo o também sócio José Adelmário Pinheiro Filho, o 'Léo Pinheiro'. Ele já foi condenado a 26 anos de prisão em segunda instância, por dois votos a um, pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Durante as negociações para sua delação, o empreiteiro Léo Pinheiro se referiu a Oswaldo Borges como o "gerente de contas das empresas de Aécio".

Aécio teria recebido, a suposto título de propina, percentuais de até 3% sobre valores dos contratos firmados pela OAS com o governo de Minas Gerais para a construção da Cidade Administrativa, sede do Executivo. As suspeitas de irregularidades nas obras foram reveladas pelo Valor em maio do ano passado. Aécio governou o Estado de 2003 a 2010, e fez seu sucessor, o atual senador Antonio Anastasia, que deixou o governo em 2014.

Oswaldo Borges também teria intermediado o recebimento de valores, supostamente destinados a Aécio, por meio de pagamentos viabilizados por caixa dois, de acordo com as informações dos candidatos a delatores da OAS. Borges foi nomeado por Aécio para presidir a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (CODEMIG) em 2003, no primeiro ano de seu mandato como governador de Minas Gerais. A estatal atua nas áreas de Mineração, Energia e Infraestrutura.

Delatores da Odebrecht com acordos já homologados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), também afirmaram que Aécio recebeu dinheiro pela via do caixa dois. Parte das informações dessas delações, ainda mantidas em sigilo pelo relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, vieram à tona nos depoimentos dos delatores prestados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na ação que pode cassar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer por abuso de poder político-econômico na eleição presidencial de 2014."


Uma carta aos judeus que riram da fala racista de Bolsonaro

Quarta-feira, 5 de abril de 2017

Uma carta aos judeus que riram da fala racista de Bolsonaro

Riram. Ouvem-se risos da plateia que achou graça; riram quando o mais abjeto sub-produto da cultura do ódio que nos une, afirmou, solene e para quem quisesse ouvir, que, em “visita” a um quilombo, afrodescendente mais magro pesava sete arrobas, que sequer para reproduzir serviria. Utilizou-se, não à toa, de uma unidade de massa que se pratica no comércio do boi de corte, no matadouro ou nos frigoríficos.
Explicitamente, animalizou os moradores das comunidades quilombolas, não sem antes assegurar que nenhuma demarcação de terra indígena deveria ser feita. Disse de forma jocosa, irônica. Os que riram, por certo o fizeram porque concordavam com o sarcasmo daquele um, cujo nome me soa impronunciável como o pior dos palavrões. Sórdido, conhecido como sórdido, o que disse estava à altura de seu nefasto repertório. Quem diz isso na frente de todos, deve dizer coisas muito piores na sua intimidade: se é ruim em público, deve ser horroroso no privado.
O que me chamou a atenção não foi somente sua afirmativa, mas quem ria, de quem partiam as risadas ao fundo. Eram judeus, que reuniam o pior de sua colônia, em torno de uma fogueira hebraica, onde foram ouvi-lo aquele abominável parlamentar. Cada um deles, cada um daqueles que riu da anedota do deputado, vulgarizou a perseguição que seus antepassados próximos sofreram; cada judeu que riu, cobriu de vergonha a memória dos judeus mortos no Holocausto, cada judeu que riu traiu sua história, sua gente, seu povo. Riram diante do extermínio dos quilombolas, que somente existem porque ante o massacre e humilhação da escravidão, ergueram comunidades, onde pisariam o chão como seres humanos, senhor cada qual de sua história, e não como reses, na forma que os reduziu as arrobas do canalha palestrante.
Como os judeus fizeram abrir o mar, os negros quilombolas abriram a mata fechada para fugir da opressão, para uma terra prometida onde jamais fossem torturados e mortos. A diferença é que os negros foram isolados na própria miséria, a diferença é que pagam até hoje pelo sonho de liberdade, a diferença é que morrem silenciosamente, sem protestos, sem indignações.
Como os judeus escravizados, os quilombolas enfrentaram doenças e mortes, pragas e feras, para que erguessem heróis que, todavia, jamais foram estudados pela História Oficial, que traça a biografia do bandeirante branco exterminador e que silencia o negro libertador e libertário. Quem conheceu uma comunidade quilombola – eu conheci – viu muita história e cultura, mas também isolamento e miséria, sem que coubesse qualquer anedota ou sarcasmo.
Os judeus, que protestavam fora do anfiteatro onde se dava a conferência (se é que assim se pode chamá-la) e nada mais faziam que sua obrigação, deveriam ter invadido o recinto e esmurrado um a um dos que estavam sentados, comportados e risonhos. Deveriam ter chutado de lá dentro o deputado e sua corja. Os judeus que protestaram fizeram apenas um contracanto, que serviu para elevar ainda mais o tom do genocida palestrante.
Um ator global, beirando os setenta anos de vida e lutando contra a velhice, uniu contra si toda a burguesia global bem nascida, ao de forma estúpida e abjeta assediar uma sua colega de trabalho, não atriz, mas uma figurinista, dirigindo-lhe vulgaridades machistas e misóginas. De galã da terceira idade, viu-se transformado no Conde Drácula e sua falta grave foi tema do Jornal Nacional, a quem teve que apresentar publicamente seu quinhão de culpas, após ter passado por intensa mobilização nas redes sociais.
Todavia, a anedota do deputado teve seus protestos circunscritos à turma de sempre. Esperaria vê-lo amaldiçoado pelo Diretor da Hebraica Carioca, fulminado por alguma autoridade consular importante de Israel, ter sobressaltado o Supremo e a Mesa da Câmara para que fosse processado por difamação e cassado por quebra de decoro parlamentar (jamais se viu algo assim), ter sido desmentido por alguém que lhe fosse próximo e amigo, que tivesse fechadas as portas de cafés, bares, restaurantes e posto isolado nos aeroportos.
Imaginaria que finalmente ele houvesse encontrado o fim de sua caminhada e que fosse processado criminalmente, que os sacripantas que riram de sua anedota fossem expulsos da comunidade judaica. Imaginaria que ele fosse condenado a pagar uma indenização ao Clube Hebraica e o Clube Hebraica condenado a pagar uma indenização a sei lá a quem, por ter convidado um verme para falar a seus associados.
Que o Ministério Público saísse de seu casulo protegido e monotemático e o processasse civilmente. Imaginaria o Procurador Geral da República e o Presidente do Supremo Tribunal Federal livres de picuinhas menores, lamentando e tomando todas as medidas contra o deputado.
Nada. A julgar pelas reações, a ofensa de José Mayer foi muito mais grave de a Jair Bolsonaro. Estamos definitivamente doentes. Atordoados pelo nosso ódio, atordoados porque nunca estivemos e fomos tão ruins.
Humanamente ruins.
Roberto Tardelli é Advogado Sócio da Banca Tardelli, Giacon e Conway. Procurador de Justiça do MPSP Aposentado.
Fonte: Justificando

Existe algum membro do Ministério Público com coragem e caráter para processar Bolsonaro?



Quinta-feira, 6 de abril de 2017

Existe algum membro do Ministério Público com coragem e caráter para processar Bolsonaro?

Todos os dias que entro numa sala de aula, afirmo que a liberdade de expressão e de pensamento é direito constitucional e, também, que liberdade de expressão não se confunde com liberdade de opressão. Ao mesmo tempo em que o art. 5º, inciso IV, da CF, consagra a liberdade de pensamento e o inciso IX consagra a liberdade de expressão, o art. 3º, inciso IV, diz ser objetivo da República promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Apesar de ser cada vez mais comum a aplicação da Constituição pela metade, com a validação de um Judiciário majoritariamente genocida, especialmente no que diz respeito aos direitos de minorias e a concessão de liminares para reintegração de posse em terras indígenas, quilombolas ou em qualquer outra ocupação por luta por moradia, qualquer um que tem compromisso com a legalidade precisa ser responsável e compreender a ordem constitucional como um todo.
A concessão de liminares para reintegração de posse, despejo ou qualquer outra medida judicial que retira, antes do trânsito em julgado, crianças de suas moradias para coloca-las na beira de estradas, na rua ou qualquer outro local de risco, é genocida pois viola frontalmente e irresponsavelmente o princípio da proteção integral consagrado em outro artigo da mesma Constituição que protege a liberdade de pensamento, de expressão e a propriedade privada. Esse artigo é o 227, que diz:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.  
Sei bem que o fetiche pela violência é marca registrada de parcela considerável da nossa sociedade. O desejo quase que sexual pelo paletó ou pela farda violenta, marca aqueles e aquelas que encontram na violência, na humilhação e na destruição, um objeto fálico que satisfaz os desejos mais profundos que consubstanciam o vazio da angústia de não terem tido a oportunidade de compreender as delícias do afeto, do respeito e da liberdade. Parafraseando Raduan Nassar em “Lavoura Arcaica”, é impossível exigir um abraço de afeto daqueles de quem amputamos os membros.
Quando o Bolsonaro se refere à fome dos quilombolas fazendo referência a arrobas, quando afirma que não servem nem para procriar, temos a configuração clara do crime previsto no art. 20 da Lei 7.716/98, que diz:
Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: reclusão de um a três anos e multa.
A questão é saber se existe algum membro do Ministério Público com coragem e caráter suficiente para dar andamento a uma ação penal contra esse sujeito, considerando que manifestação de pensamento e imunidade parlamentar não autorizam a opressão.
Quando esse sujeito faz isso e outras pessoas riem ou se esforçam para justificar a legitimidade política dessa figura sórdida, o universo escancara para todos nós que prestigiamos a democracia o fato incontestável do nosso equívoco até aqui. Erramos, companheiros! Erramos feio! Todas as nossas lutas, todo o sangue que vimos escorrer, todo o nosso suor diário, não serviu para alterar as estruturas da violência.
As estruturas da violência e do ódio estão mais firmes do que nunca, apesar de termos cuidado daqueles que estavam mais dispostos a receber afeto e respeito para seguirem promovendo liberdade, não tivemos estômago para cuidar daqueles que, com os orifícios espirituais, psíquicos e físicos vazios de afeto, se apaixonaram loucamente pelo falo significante da violência, do desprezo e do descompromisso. Menos egocentrismo, menos falocentrismo! Por que não as flores (para não dizer que não falei das flores)?
Erramos, companheiros! E se quisermos mexer nas estruturas, teremos de preparar o nosso estômago e o nosso fígado, pois tem muita coisa podre que ainda não emergiu.
Sigamos firmes.
Pedro Pulzatto Peruzzo é advogado, professor pesquisador da PUC-Campinas e diretor da Comissão de Direitos Humanos da OAB-Jabaquara.

Fonte: Justificando

Quilombolas e deputados denunciam Bolsonaro à Procuradoria-Geral da República por racismo

Quilombolas e deputados denunciam Bolsonaro à Procuradoria-Geral da República por racismo


'Ele nos discriminou, nos colocou como animais', declarou Benedita da Silva sobre comentário de deputado a respeito de integrantes de quilombos
Integrantes do movimento negro, quilombolas e deputados federais protocolaram na quinta-feira (06/04) na Procuradoria-Geral da República (PGR) representação contra Jair Bolsonaro (PSC-RJ) por "prática de racismo e violação da dignidade indígena e quilombola". 
"Contra o ódio, contra a intolerância e contra o racismo", declarou a comitiva formada, entre outros, pelas deputadas Benedita da Silva (PT-RJ), Maria do Rosário (PT-RS), Érika Kokay (PT-DF), além da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), ao protocolar a representação na PGR. 
A motivação foram manifestações feitas por Bolsonaro durante uma palestra no Rio de Janeiro na segunda-feira (03/04). Além de afirmar que quilombolas e indígenas atrapalham a economia, disse que visitou um quilombo e que constatou que o "afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas".
Fabio Rodrigues Pozzembon/Agência Brasil/Fotos Públicas

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"Eu fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem pra procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gastado com eles", afirmou Bolsonaro, que falou a convite da associação judaica clube Hebraica.
Em coletiva, Benedita da Silva ressaltou que o deputado do PSC utilizou a expressão "arroba", atualmente aplicada para a pesagem de gado e outros animais. Durante a escravatura, era também utilizada para negros e negras escravizados. 
"Nós pedimos a punição severa dele baseada na Constituição, que torna o crime de racismo inafiançável. Ele já está acostumado a proceder dessa forma. Mas agora ele mexeu com mais de 51% da população brasileira. Ele nos discriminou, nos colocou como animais", afirmou Benedita.
Bolsonaro também atacou o direito de indígenas e quilombolas à terra, direito garantido pela Constituição de 1988, ao extrapolar para uma realidade na qual seria presidente: "não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena pra quilombola". 
(*) Publicado originalmente em Carta Capital

Ao bombardear a Síria, Trump ameaça a humanidade

Ao bombardear a Síria, Trump ameaça a humanidade


Primeira conclusão a tirar do trágico acontecimento é a de que o atual ocupante da Casa Branca é um irresponsável. Mas convém não esquecer que Trump atua como instrumento de uma máquina de guerra, de interesses econômicos e políticos
Ao bombardear a Síria, os EUA colocam a humanidade à beira de uma guerra apocalíptica cujo desfecho poderia ser o fim da humanidade.
 
O ataque com mísseis contra uma base aérea síria na província de Homs foi lançado a partir de navios da US Navy baseados na base naval de Rota, na Espanha.
 
O presidente sírio, Bassar Al Assad, já tinha negado qualquer responsabilidade no bombardeio com armas químicas e reafirmou a condenação dessa ação terrorista.
 
Nos Estados Unidos, destacados membros do Congresso, republicanos e democratas, apoiaram a iniciativa de Trump.

Agência Efe

O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou ataque contra a Síria na madrugada desta sexta-feira
 
Na véspera, Hillary Clinton tinha sugerido que os Estados Unidos bombardeassem a Síria. Recorde-se que ela é partidária do recurso a armas nucleares, tal como a maioria dos generais do Pentágono.
 
Na Europa, a França, o Reino Unido, a Alemanha, a Espanha e os governos de outros de países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) apressaram-se a manifestar o seu apoio ao ataque armado à Síria.
 

Anotações sobre o ataque dos EUA contra a Síria

Charge do Carvall: Síria - o mundo continua onde sempre esteve

Bombardeio dos EUA estava planejado antes de suposto ataque químico na Síria, diz Rússia

 
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou com veemência a agressão dos EUA a um Estado soberano, a partir de um pretexto inventado. Anunciou a suspensão do acordo de cooperação com os EUA sobre a prevenção de acidentes no espaço aéreo e pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. O Irã também condenou a agressão.
 
A China, cujo presidente se encontra de visita aos EUA, limitou-se a uma declaração ambígua.
 
A primeira conclusão a tirar do trágico acontecimento é a de que o atual ocupante da Casa Branca é um irresponsável, um tresloucado. O fato de ter sido eleito e a popularidade que o envolve são esclarecedores da decadência de uma sociedade para a qual o dinheiro é um valor supremo.

Mas convém não esquecer que Trump atua como instrumento de uma máquina de guerra, de interesses econômicos e políticos e de um sistema midiático perverso e poderosíssimo.
 
O bombardeio criminoso da Síria abre uma crise cujo desfecho pode ser uma nova guerra mundial, uma crise que põe em causa a continuidade da humanidade.
 
*Publicado originalmente em odiario.info, versão online de O Diário, jornal ligado ao Partido Comunista português que circulou em Lisboa entre 1976 e 1990. Miguel Urbano Rodrigues, histórico jornalista e militante comunista português, foi o diretor de redação da versão impressa de O Diário até 1985.

Irã condena 'firmemente' bombardeio dos EUA contra Síria

Irã condena 'firmemente' bombardeio dos EUA contra Síria


Ataques 'consolidarão as posições dos terroristas e agravarão ainda mais a situação na Síria', diz Ministério de Relações Exteriores do Irã; diplomata iraniano compara bombardeio a invasão pelos EUA do Iraque em 2003 e do Afeganistão em 2011
O Irã condenou “firmemente” o ataque realizado pelos EUA contra a base aérea na Síria nesta sexta-feira (07/04).
Para o Ministério de Relações Exteriores do Irã, os ataques contra o Exército sírio "consolidarão as posições dos terroristas e agravarão ainda mais a situação na Síria".
Do ponto de vista de Teerã, o suposto ataque químico na província de Idlib na última terça-feira (04/04) foi usado "como pretexto para ações unilaterais que representam uma ameaça e são contrárias ao Direito Internacional".
Hossein Sheikholeslam, conselheiro do ministro do Exterior do Irã e ex-embaixador do Irã na República Árabe Síria (198-2003), disse à Sputnik Persa que o ataque dos EUA “foi planejado”.
Agência Efe

O presidente iraniano, Hassan Rouhani; país condenou ataque dos EUA contra Síria
"A base aérea Shayrat é uma base importante do exército sírio. Foi a partir desse aeródromo que foram atacados os aviões de combate israelenses que estavam no espaço aéreo sírio. Shayrat é um dos principais campos de operações militares na luta contra o terrorismo", afirmou Sheikholeslam.
Ele frisa que os EUA deveriam ter esperado pelos resultados da investigação aos ataques químicos em Idlib, mas como não se interessam pelas investigações e não tinham intenção de esperar, eles tiraram suas próprias conclusões e atacaram.

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"É obvio que se trata de um conluio que foi necessário naquelas condições, quando os terroristas ficaram desmoralizados. Os extremistas estão perdendo. A preponderância política está do lado do governo sírio e seus aliados como o Hezbollah, Irã e Rússia. A relação de forças mudou na linha de frente. E os lados que perderam, os EUA, Israel e Arábia Saudita, criaram este conluio para que os extremistas possam continuar sua atividade destruidora", disse o político.
Sheikholeslam afirma que a realização por parte do governo sírio de um ataque químico seria “um passo louco e irracional”, pois todos os arsenais químicos estão sob o controle da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) e seria ridículo trilhar este caminho.
"É muito importante que o povo norte-americano não permita que seu exército se torne um exército de mercenários e atue nos interesses de alguém que lhe paga", opina o ex-embaixador.
Ele acredita que a tensão apenas irá aumentar e pode ter consequências perigosas e irreversíveis parecidas às que ocorreram depois da invasão pelos EUA do Iraque em 2003 e do Afeganistão em 2011.
"Até hoje estamos sofrendo as consequências dessas agressões. O terrorismo gerado é um resultado das ações voluntariosas que contradizem a Carta das Nações Unidas contra um Estado soberano e membro da ONU", concluiu Hossein Sheikholeslam.

*Com Sputnik

Esquerda europeia condena ataque dos Estados Unidos à Síria; veja repercussão


Esquerda europeia condena ataque dos Estados Unidos à Síria; veja repercussão


Die Linke, Podemos, Bloco de Esquerda, Rifunzadione Comunista, Partido da Esquerda Europeia, Trabalhistas e o francês Jean-Luc Melénchon se pronunciaram sobre o ataque com mísseis ao território sírio
Os principais partidos de esquerda da Europa condenaram nesta sexta-feira (07/04) o ataque ordenado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao território sírio, após um suposto bombardeio com armas químicas que teria acontecido em uma cidade no interior do país do Oriente Médio.
O partido alemão Die Linke (“A Esquerda”) disse, em nota, que a escalação militar dos EUA deve ser “imediatamente” interrompida. “O ataque com mísseis dos EUA, que vai contra o direito internacional, afasta a Síria de uma solução pacífica e deixa o Estado Islâmico em júbilo”, afirmaram os líderes da agremiação, Sahra Wagenknecht e Dietmar Bartsch.
O líder francês Jean-Luc Melénchon, candidato à presidência do país, também se mostrou contrário ao ataque dos EUA, e jogou a culpa no atual presidente, François Hollande, e na chanceler alemã, Angela Merkel. “Hollande e Merkel possuem total responsabilidade por dar a Trump o poder solitário de acertar quem ele quiser, quando ele quiser”, disse, no Twitter.
A declaração de Melénchon veio depois de Merkel e Hollande acusarem o presidente sírio, Bashar al Assad, de carregar “sozinho a responsabilidade pelo “massacre com armas químicas do dia 4 de abril” em Khan Sheikhoun. "Alemanha e França pedem para a comunidade internacional que respaldem a resolução 2254 do Conselho de Segurança da ONU e o comunicado de Genebra", afirmam os dois mandatários.

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O líder do Partido Trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, afirmou que o ataque corre o risco de “escalar ainda mais” a guerra na Síria. “Os horrendos ataques químicos de terça foram um crime de guerra, que requer uma investigação independente urgente da ONU, e os responsáveis devem ser responsabilizados. Mas uma ação militar unilateral, sem autorização legal ou verificação independente arrisca intensificar um conflito de múltiplos lados, que já matou centenas de milhares de pessoas”, disse.
O partido Podemos, da Espanha, disse que o ataque – “sem autorização do Conselho de Segurança” – “só contribui para alimentar a espiral de violência na Síria”. “Devemos propiciar um marco de negociações para impulsionar uma saída do conflito de forma pacífica. Os aviões, de onde os ataques se realizaram, têm sua base em Rota [na Espanha]. É inaceitável que se usem bases militares situadas no território espanhol para levar a cabo ataques que violam a legalidade internacional”, afirmou.
O deputado português Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, fez um pronunciamento no Parlamento em que prestou solidariedade às vítimas do conflito na Síria, que já dura seis anos.
“O Bloco de Esquerda condena frontalmente o ataque com armas químicas contra os civis sírios nesta semana. Condenamos também, com a mesma frontalidade, com a mesma veemência, a escalada da guerra a que estamos a assistir, no qual está indiretamente este ataque feito pelas tropas norte-americanas. Entre Bashar al-Assad, Putin e Trump, não há inocentes. Os inocentes são os civis que têm morrido numa guerra, esta sim, ignóbil, e que nós desde a primeira hora, condenamos, já por várias vezes, aqui nesta Assembleia da República. E por isso, senhor presidente, senhores e senhoras deputados, toda nossa solidariedade para com o povo sírio, um apelo forte para a paz e a defesa dos direitos dos civis, entre eles, as crianças sírias. E um pedido, que é exigência mínima a todos que defendem os direitos humanos, é de que não tivéssemos na Síria uma nova escalada do armamento, uma nova escalada da guerra à escala mundial”, afirmou.
Agência Efe

Jean-Luc Melénchon, candidato à Presidência da França, foi um dos que criticou o ataque dos EUA à Síria
O secretário-geral do Rifunzadione Comunista, da Itália, Maurizio Acerbo, chamou os mísseis dos Estados Unidos de “terrorismo internacional”. “É muito claro, desde o início, que os setores mais imperialistas norte-americanos e seus aliados não trabalharam para favorecer uma transição democrática e uma pacificação, mas sim para derrubar um regime, dissolver um Estado soberano, transformá-lo em outro Estado falido, como são definidos com linguagem cínica Líbia, Somália e Iraque”, disse.
Por sua vez, o Partido da Esquerda Europeia lançou uma nota, assinada pelo presidente da agremiação, o alemão Gregor Gysi, dizendo que o conflito na Síria só pode terminar com “uma diplomacia muito inteligente”.
“O ataque prévio, com gás venenoso, foi um crime de guerra severo, mas deveria ter sido antes investigado quem é o responsável por ele. Como pode ser legítimo bombardear antes de se investigar? Ainda mais que não parece lógico que Assad ordenaria um ataque do tipo, pois ele está tendo sucesso militar no momento contra o Estado Islâmico e outros. Por que ele estaria interessado em uma escalação [do conflito], especialmente nesta hora?”, afirmou.