quarta-feira, 7 de junho de 2017

Dieese analisa impacto de ataque a direitos trabalhistas

SÁBADO, 3 DE JUNHO DE 2017

Dieese analisa impacto de ataque a direitos trabalhistas

Dieese avisa que medidas afetam drasticamente para pior as condições de vida e aprofundam a heterogeneidade, rotatividade e desigualdades já existentes

spbancarios.com.br


Brasília - O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou nota técnica sobre os impactos da reforma trabalhista do governo ilegítimo de Michel Temer sobre a classe trabalhadora do Brasil. Nela, afirma que “a lei do contrato temporário e da terceirização, ao contrário do que deveria, não garante a segurança jurídica tão almejada pelas empresas e poderá levar ao aumento de conflitos e à judicialização dessas formas de contratação, trazendo para os trabalhadores maior insegurança, instabilidade e precarização das condições de trabalho”.

O documento, divulgado para servir de subsídio ao movimento sindical, diz ainda que a aprovação da lei do contrato temporário e da terceirização, combinada a propostas como a da alteração da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a da reforma da Previdência, representa um dos maiores retrocessos sociais em relação aos direitos conquistados pelos trabalhadores em toda sua história. Essas medidas, segundo o Dieese, afetam drasticamente para pior as condições de vida dos trabalhadores e mudam a estrutura do mercado de trabalho, aprofundando a heterogeneidade, a rotatividade e as desigualdades já existentes.

Em sua nota técnica, o Dieese deixa claro que não há como comprovar de que a flexibilização ou redução da proteção trabalhista tenham sido capazes de gerar empregos em qualquer país espalhado pelo mundo, como mostra estudo recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT). “Portanto, o efeito pretendido pelo governo com a lei 13.429 e também com a reforma trabalhista, de estímulo a novas contratações, não se efetivará e ainda poderá resultar em queda na arrecadação fiscal e previdenciária, aumento da sonegação e da dificuldade de fiscalização, ao estimular a excessiva fragmentação dos processos produtivos entre inúmeras prestadoras de serviços, podendo levar também ao crescimento das despesas com seguro-desemprego, ao fomentar a rotatividade”, admite o texto. 

O documento do Dieese lembra que até mesmo órgãos internacionais conservadores, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Fórum Econômico Mundial, têm alertado para os riscos inerentes às novas formas precárias de trabalho, como queda drástica da renda e do consumo, aumento da desigualdade social, evasão fiscal e aumento dos déficits previdenciários, além de impostos socais nefastos com crescimento da pobreza e da criminalidade.

A nota técnica do Dieese revela ainda que a lei do contrato temporário e da terceirização implicará, em curto período de tempo, na perpetuação de um mercado de trabalho sem legislação protetiva, “o que corresponderá a um avanço significativo de doenças ocupacionais, reflexo de uma exploração exagerada do trabalho”.

Sobre o trabalho temporário, o Dieese diz que a lei 13.429 prevê aumento do prazo de 90 para 120 dias, permitindo a prorrogação por igual período. Também fica previsto que o trabalho temporário vai atender acréscimo extraordinário de serviço decorrente de sazonalidade na produção, situação que existe em empresas de todas as atividades da economia. É dito que, pelas novas regras, os trabalhadores poderão ser contratados por até oito meses sem direitos trabalhistas, como seguro-desemprego, estabilidade para gestantes e verbas rescisórias como o aviso prévio e os 40% de multa do FGTS. No caso dos empresários, a nova legislação permite que não mais tenham a obrigação de registrar os trabalhadores, ficando completamente à vontade para não garantir todos os direitos de seus empregados.

Quanto à terceirização, a nota técnica do Dieese observa que o novo texto legal é muito frágil em relação à garantia dos direitos e à proteção dos trabalhadores terceirizados, aumentando riscos de crescimento de precarização das relações de trabalho e rotatividade.

Segundo o documento, “a permissão da quarteirização e da subcontratação, inclusive por pessoas jurídicas, poderá levar à fragmentação excessiva dos processos produtivos, dificultando a fiscalização pelos órgãos governamentais do cumprimento de obrigações fiscais e previdenciárias de diversas prestadoras de serviços, ficando comprometido o almejado equilíbrio financeiro das contas públicas e da Previdência, já seriamente prejudicado pela queda drástica da arrecadação causada pela grave recessão que o país atravessa”.

Em síntese, a nota técnica do Dieese afirma que o cenário de mudança legislativa não contribui em nada para estabelecer relações de trabalho equilibradas e nem para melhorar o ambiente econômico do país.

Texto original: CARTA MAIOR

Melô do golpe

https://www.youtube.com/watch?v=eDJIvZRCt2s

Forró do golpista

https://www.youtube.com/watch?v=V1qn7U9Wcd8

Amazônia inaugura primeiro Centro de Medicina Indígena



Amazônia inaugura primeiro Centro de Medicina Indígena

“Eu estou muito feliz, essa é a nossa vida, esses são nossos conhecimentos", disse o kumu Manoel Lima, da etnia Tuyuka

Ouça a matéria:
João Paulo Barreto, Ivan Barreto e o Kumu Duhpó Manoel Lima / Alberto César Araújo/Amazônia Real

O primeiro Centro de Medicina Indígena da Amazônia, chamado de Barserikowi'i, começou a funcionar nesta terça-feira (6), em Manaus. No local, especialistas indígenas do Alto Rio Negro, de diversas etnias que dominam o conhecimento do Bahsese, que significa benzimento, vão oferecer um tratamento diferenciado para indígenas e não-indígenas.
O projeto foi idealizado por João Paulo Barreto, da etnia Tukano, que é doutorando em antropologia pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
“Esse projeto começou a partir das várias experiências da nossa vida: pessoais e acadêmicas. Estamos começando um trabalho, um modelo diferente daquele que a gente está acostumado a ver quando se fala de saúde, que é o modelo ocidental, de hospital. Aqui é um modelo diferente, pautado dentro dos nossos princípios. As pessoas vão ter a oportunidade de se tratar com as técnicas e as concepções indígenas”, disse o antropólogo.
O prédio onde funciona o Centro de Medicina Indígena foi cedido pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). O ambiente foi decorado com objetos e artesanatos indígenas.
A sala de atendimento possui uma mesa e dois pequenos bancos feitos de madeira e palha. A consulta vai custar R$ 10 e o valor do tratamento vai depender do tipo de enfermidade diagnosticada.
O antropólogo explica quais técnicas os especialistas, chamados de Kumu, vão utilizar.
“Nós temos técnicas de tratamento, sobretudo, de duas formas: primeiro pelo Bahsese, outro pelas plantas medicinais. Bahsese é esse modelo que é acionado dentro de um elemento, pode ser água, tabaco, cigarro, urtiga, no qual o Kumu, ou benzedor, aciona os princípios curativos contidos nos vegetais. Quando ele faz isso ele não está rezando, ele está evocando esses princípios para curar doenças. Por isso, ele tem que dominar o conhecimento de animais e vegetais”.
O kumu Manoel Lima, da etnia Tuyuka, tem 85 anos, é especialista em dores musculares e de cabeça, tratamento pós-parto e pós-cirúrgico. Ele afirma que está feliz com a oportunidade de ajudar as pessoas com seus conhecimentos no Barserikowi'i .
“Eu estou muito feliz, essa é a nossa vida, assim que nós vivemos, esses são nossos conhecimentos. Essa casa representa isso, é porta-voz dos nossos conhecimentos”.
O Centro de Medicina Indígena da Amazônia vai funcionar de 9h às 13h. Também serão oferecidas, no espaço, oficinas e palestras de culinária, de línguas e cosmologia, por exemplo, com o apoio do Núcleo de Estudo da Amazônia Indígena da Ufam
Edição: Radioagência Nacional
Fonte: Brasil de Fato