terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Fidel Castro, guerrilheiro e estadista: relembre a trajetória do líder da Revolução Cubana IMPERDÍVEL!

Fidel Castro, guerrilheiro e estadista: relembre a trajetória do líder da Revolução Cubana

Líder cubano garantiu acesso a direitos fundamentais a todos os cubanos e foi pivô da crise que deixou mundo à beira de um ataque nuclear
Nenhum livro de história sobre o século 20 poderá omitir a figura de Fidel Castro, um dos líderes mais controversos do seu tempo. Responsável por uma revolução que tirou milhares de cubanos da miséria e garantiu o acesso a direitos fundamentais básicos a todos os moradores da ilha, foi, também, pivô da Crise dos Mísseis de 1962, que deixou o mundo à beira de uma guerra nuclear durante a Guerra Fria.
Seu governo, o mais longevo do continente, sobreviveu ao período de ditaduras militares na América Latina e ofereceu refúgio aos militantes perseguidos nos a. Já no período de abertura democrática, encontrou forte respaldo, principalmente com a chegada do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez ao poder em 1999 e o surgimento do bolivarianismo, ou socialismo do século 21, que resgatou parte do legado comunista da ilha.
O ex-presidente de Cuba Fidel Castro morreu nesta sexta-feira (25/11) aos 90 anos de idade, como informou seu irmão, o atual mandatário do país, Raúl Castro, em um discurso transmitido pela televisão estatal: "com profunda dor é que compareço para informar ao nosso povo, aos amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro do 2016, às 22h29, faleceu o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz".

'História da Revolução Cubana é a de Fidel', diz biógrafa

 

MORO PARTICIPA DE EVENTO DE GOVERNO DO PSDB EM MATO GROSSO

Moro participa de evento de governo do PSDB em Mato Grosso


Em palestra, o juiz Sérgio Moro elogiou deputado tucano citado em delação premiada sobre esquema criminoso de desvio de verbas da Educação.

O juiz Sérgio Moro, da primeira instância da Justiça Federal no Paraná, deixou o seu Estado e seu trabalho na última segunda-feira (5) para atender a uma agenda política em Cuiabá, capital de Mato Grosso. Ele foi ao Centro-Oeste do país atendendo a um convite do governador Pedro Taques (PSDB), e discursou em evento comemorativo de lançamento de um site da administração tucana local.

A secretária de Transparência do Estado, Adriana Vandoni, por sua vez também filiada ao PSDB, reuniu a equipe de seu gabinete para tirar fotos com o juiz paranaense, e publicou tudo em sua página pessoal no Facebook, com dizeres como "Orgulho, meu Deus, receber Dr. Sergio Moro em Cuiabá".

A secretária de transparência mato-grossense não foi a única de sua família a postar fotos com Moro. O filho e a nora da tucana também foram ao encontro do juiz no evento governamental, que sofreu críticas da imprensa local pelo suposto alto custo. "Parabéns sogrita! O evento foi show!", escreveu a nora da secretária da Transparência em sua página de Facebook, junto com uma foto com o marido e com Moro, sorrindo em um gabinete do Governo de Mato Grosso.

Já o juiz Moro aproveitou o palanque que o governador tucano lhe concedeu para criticar, mais uma vez, o projeto de lei que visa punir os abusos e erros cometidos por autoridades judiciais, policiais e do Ministério Público. Aproveitou, também, para elogiar um deputado tucano, Nilson Leitão (PSDB-MT), que votou contra o projeto de lei que visa regular a ação das autoridades.

"Não gosto de falar mal de ninguém, mas vendo a lista dos deputados federais deste Estado, um único deputado votou contra essa emenda de criminalização de juízes. Não é política partidária. Então, vou me permitir falar bem do Nilson Leitão", disse o juiz. Moro só não disse que o parlamentar por ele elogiado foi recentemente citado em delação premiada do empresário Giovani Guizardi, que afirmou que o deputado recebeu dinheiro desviado de esquema fraudulento na Secretaria de Estado de Educação, em episódio investigado pela chamada Operação Rêmora, do Ministério Público em Mato Grosso.

Sérgio Moro palestrou no Espaço Ágora, no Hotel Gran Odara, em Cuiabá. O governo estadual não informou quanto custou aos cofres públicos a ida do juiz de primeira instância a Mato Grosso.


Contra a PEC 55, povos ancestrais ocupam universidade na Amazônia

05/12/2016 12:33 - Copyleft

Contra a PEC 55, povos ancestrais ocupam universidade na Amazônia

Indígenas e quilombolas ocupam unidades da UFOPA contra a PEC e em defesa de seus territórios.


Rogério Almeida
Reprodução
Auricelia cursa o oitavo período de Direito na Universidade do Oeste do Pará (UFOPA). A jovem de 29 anos faz parte do povo Arapiun, um dos 18 grupos que integram a diversidade indígena do Baixo Amazonas paraense.
 
A acadêmica é um dos 40 indígenas que ocupam desde a semana passada, a unidade Rondon da UFOPA, no município de Santarém, cidade polo do oeste paraense. Os representantes ancestrais protestam contra a PEC 55, e outras medidas do Congresso Nacional que ameaçam a integridade de seus territórios e a sua reprodução econômica, cultural, política e social.
 
Além dos indígenas, quilombolas engrossam a ocupações da unidade Amazônia. Três núcleos dão vida a jovem UFOPA, que somou sete anos este mês, e tem a sua consolidação ameaçada por uma série de cortes promovidos pelas medidas de ajuste fiscal do governo federal. 
 
Povos ancestrais – 320 indígenas de 18 povos e mais 130 quilombolas fazem parte do quadro  discente da UFOPA. É uma das maiores ações de política afirmativa  da educação no Brasil. Para tratar do público especifico foi criada a Diretoria de Ação Afirmativa (DAA) ligada à Pró- Reitoria de Gestão Estudantil (Proges). A bolsa de R$900 reais ajuda na manutenção dos educandos na cidade.





 
O Diretório Acadêmico Indígena (Dain) e o Coletivo de Estudantes Quilombolas (CEQ) são as representações políticas dos povos ancestrais. Auricelia queixa-se que a universidade não se preparou para receber os povos originários. “Infelizmente, aqui sofremos preconceitos de professores e colegas. A nossa formação é diferenciada. Temos problemas de adaptação, e alguns de nós, a exemplo dos Wai-Wai, não falam o português”.
 
Em nota a UFOPA reconhece os seus limites, mas, se defende dizendo que tem eivado esforços para a permanência dos estudantes que ingressam na universidade por meio de um processo seletivo especial.
 
Com relação aos ruídos que ocorrem entre as populações tradicionais e os demais membros da universidade são mediados pela ouvidoria. Os casos mais graves chegam até o Ministério Público Federal.
 
“Tivemos um caso delicado com um professor. Ele foi bem preconceituoso com a gente. Buscamos a ouvidoria e o MPF. Após diálogo entre as partes houve retratação e, em seguida, o professor promoveu junto com os indígenas uma mesa de debate sobre o tema do preconceito”, conta a indígena Arapiun.
 
O Baixo Amazonas é um dos eixos de integração do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo do federal. Banhado pelos caudalosos rios Tapajós e Amazonas, constitui uma saída para o oceano Pacífico, o que representa uma economia significativa para o escoamento de grãos que se avoluma no Brasil central, em particular no Mato Grosso.
 
É o extrativismo, as commodities de grãos e, em particular, a mineral,que conformam a base da economia do estado do Pará,  que é duplamente condenado ao atraso por conta da sua base econômica e da Lei Kandir, que desonera a exportação de produtos primários e semielaborados. 
 
O cenário marcado pelo avanço da soja, pelo incremento de modal de transportes (rodovia, hidrovia e ferrovia), abertura de novas frentes minerais, projetos de complexos portuários e estações de transbordo de cargas, e a construção de 43 hidrelétricas de diferentes tamanhos para o rio Tapajós e seus afluentes Teles Pires, Juruena e Jamanxim ameaçam os territórios indígenas, quilombolas e projetos de assentamentos rurais, composto por complexo campesinato que sobrevive em terra firme e várzea, além de um mosaico de unidades de conservação. Soma-se ao quadro a extração ilegal de madeira e garimpos.
 
É neste contexto pouco alentador que a UFOPA nasceu, com a missão de responder que projeto de desenvolvimento seria mais adequado à complexidade regional, onde esgrimam um conjunto de sujeitos articulados em diferentes redes local, regional, nacional e mundial. Alcoa, Cargil, Bunge são algumas das grandes corporações com interesses na região, para não falar do Grupo Maggi.
 
No outro extremo, as populações ancestrais, historicamente punidas com as políticas de integração da Amazônia subordinadas  às demandas dos estados economicamente mais desenvolvidos e às economias centrais. No século passado, são célebres os empreendimentos de Henri Ford e de Daniel Ludwig.
 
Cortes ameaçam o futuro da UFOPA -  A UFOPA nasceu da fusão das Universidades Federal do Pará e da Federal Rural, e assimilou também outras unidades da UFPA e da UFRA para a formação nos municípios de Alenquer, Itaituba, Juruti, Monte Alegre, Óbidos e Oriximiná.
 
937 funcionários integram o quadro funcional da instituição de ensino, destes, 383 são docentes distribuídos em quase 40 cursos em três unidades, Tapajós, Rondon e Amazônia, com sede em Santarém, a terceira cidade mais populosa do estado. Além de cursos de graduação, a universidade conta com cursos de mestrado e doutorado com forte apelo para as realidades amazônicas.
 
Ocupa UFOPA – a comissão de ocupação, que iniciou no começo do mês, avaliaque o espaço abre uma grande oportunidade para a formação política, pois estão sendo proporcionadas rodas de conversa, palestras e exposição de vídeos.   No entanto,  não há consenso em torno da ocupação.
 
Numa consulta entre os estudantes venceu o não, em oposição à ocupação, com pequena margem. As assembleias de professores e estudantes estão sendo marcadas por momentos de tensão.  No dia 11 de novembro os técnicos, com adesão dos docentes, decidiram pela paralisação, marcada a partir do dia 25, sexta passada.
 
A seção do Andes tem realizado atos de esclarecimento sobre a PEC 55 e outras medidas do governo federal em todas as unidades da instituição, e alertado para a necessária defesa do ensino público, gratuito e de qualidade e pela manutenção dos direitos da classe trabalhadora e dos povos ancestrais.


Créditos da foto: Reprodução




Governo se dissolve e direita se divide

06/12/2016 15:11 - Copyleft

Governo se dissolve e direita se divide

O traço essencial dos dias que correm é a fragmentação da coalizão que sustenta o governo e o surgimento de tendências de crise sistêmica no país.


Gilberto Maringoni (Professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC - UFABC)
Beto Barata/PR
A vertigem tomou conta da conjuntura. Num dia, manifestações hegemonizadas pela extrema direita tomam as ruas. Em outro, aliados de primeira hora do golpe ameaçam abrir baterias contra o governo. Caem ministros. O presidente do Senado é afastado. Poderes se digladiam a céu aberto. A crise econômica acentua seu mergulho rumo ao imponderável. 
 
O traço essencial dos dias que correm é a fragmentação da coalizão que sustenta o governo Temer e o surgimento, no horizonte, de tendências preocupantes de crise sistêmica no país. Em outras palavras, crise institucional somada ao aprofundamento da crise econômica e social. A administração federal está paralisada e em vias de dissolução.
 
O descontentamento do PSDB e de setores do empresariado com a política econômica – evidenciado por dura nota da FIESP contra o aumento de juros -, os embates no Judiciário entre a direita (Gilmar Mendes) e o ícone da extrema-direita (Sérgio Moro), os enfrentamentos entre Legislativo e Judiciário, o motim dos procuradores da Lava-jato contra o Congresso, a mudança de alvo das passeatas conservadoras, a queda de Renan Calheiros e asensação de que o governo é incapaz de levar adiante medidas impopulares, entre outras marcas, completam a cena.
 
O quadro político apresenta-se fortemente instável, com atores mudando rapidamente de posição, enquanto a economia segue em queda livre, sem marcas de reversão. O colchão social construído nos últimos 13 anos através da elevação real do salário mínimo e políticas sociais focadas pode se esgotar com a aceleração do desemprego. Se a senda for mantida, não é difícil que  2017 se inicie com uma sensação de virtual ingovernabilidade.





 
Em linguagem direta, se há uma crise na esquerda, a situação entre o conservadorismo também é de confusão e descontrole. A desconstrução do Estado segue em marcha batida através de sucessivas medidas aprovadas no Congresso e no Judiciário, como a PEC 55, a precarização laboral e a entrega de riquezas nacionais, a exemplo do pré-sal.
  
IMPREVISIBILIDADE
As consequências dessa combinação de crises – iniciada pelo governo Dilma Rousseff tão logo as urnas foram fechadas, em 2014 - são absolutamente imprevisíveis. Diferentemente de situações anteriores – fim da ditadura (anos 1980), hiperinflação (anos 1990) ou fracasso da primeira fase do neoliberalismo (anos 2000) -, não temos um vetor organizador das disputas sociais a nortear uma transição para outra fase da disputa político-institucional. Cada um a seu tempo e respectivamente, PMDB, PSDB e PT cumpriram o papel político de condottieri e reorganizadores do sistema.
 
No quadro atual, inexiste força política capaz de empreender tal síntese. Se o estelionato eleitoral cometido por Dilma Rousseff gerou descrédito no voto popular e deslegitimou o PT como força condutora dos negócios de Estado, o impeachment parece ter se dado prematuramente, sem que as forças interessadas em sua deflagração tivessem construído uma coalizão sólida e capaz de implementar as tarefas da segunda fase do neoliberalismo.
 
Vale lembrar que nos primeiros meses de 2016 e com o golpe ainda em gestação, Eduardo Cunha, por interesses particulares, decidiu atropelar as articulações em curso e abrir o processo na Câmara. Dado o rompimento do governo petista com suas bases sociais e com a persistência da retração econômica, a iniciativa de Cunha prosperou como fogo em capim seco.
 
FORÇAS DÍSPARES
A coalizão golpista era formada por forças e interesses díspares. Estes se juntaram para ganhar ampla maioria na Câmara e no Senado e consumar a retirada de cena de uma gestão incapaz de - mesmo adotando o programa de seu adversário eleitoral - cumprir as tarefas necessárias à reinserção do Brasil numa divisão internacional do trabalho que tende a se modificar, após oito anos da crise da globalização.
 
A necessidade premente de o Brasil se recolocar no circuito de valorização do capital num cenário internacional de retração – e por isso mais competitivo – leva o país a empreender duas tarefas: A. Aumentar a rentabilidade dos investimentos especulativos - via elevação das taxas de juros - e B. Aumentar a rentabilidade do circuito produtivo - via rebaixamento de custos, aí incluído o barateamento da força de trabalho.
 
A junção dos interesses financeiros e produtivos é possível, como se sabe, pelo fato de as fronteiras entre esses dois tipos de capital serem cada vez menos nítidas. Grandes corporações industriais têm parcelas crescentes de sua rentabilidade advindas da esfera especulativa e cada vez mais instituições financeiras têm sociedades com empresas produtivas.
 
BASE SOCIAL 
Para efetivar o golpe, faltava granjear apoio social, coisa pouco difícil no início de 2016. O descontentamento popular advindo da adoção de um brutal ajuste fiscal foi imediato. Lembrando: estávamos havia um ano implantando o “maior contingenciamento já feito”, nas palavras da presidente, que ensejava um tarifaço nos preços administrados, ataques a direitos trabalhistas e a retomada do processo de privatizações
 
O aumento do desemprego, a queda da renda e a potencialização de sérios escândalos de corrupção ocorridos nas gestões petistas por parte de um judiciário politicamente instrumentalizado e pela mídia corporativa fizeram o resto do serviço. A base parlamentar – alardeada como trunfo na campanha de Dilma, em 2014 – mudou instantaneamente de lado.
 
EXTREMA DIREITA EM CENA
O quadro de economia à deriva e sensação de ingovernabilidade abriu espaço para a emergência de um setor social de extrema direita, a clamar pela volta do regime militar. Organizado por grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e o Vem Pra Rua (VPR, sigla homônima a de uma organização da esquerda armada dos tempos da ditadura), em um período muito particular da vida nacional, esse setor conseguiu hegemonizar um largo contingente de classe média, tradicionalmente identificada com o centro (setores do PT e do PMDB) ou centro-direita do espectro político (PSDB). A promoção de maciços atos de rua - convocados e incentivados pelos grupos de mídia - funcionou como base social do tapetão armado contra Dilma Rousseff.
 
Institucionalmente, a coalizão golpista abrangeu PMDB, PSDB, DEM, PPS, PSC e outras siglas menores do conservadorismo, além de inúmeras entidades, como FIESP, Febraban, OAB, a mídia corporativa e variados empresários. A Lava-jato serviu para minar o único setor empresarial não-liberal – construção civil e naval -, fortemente dependente do Estado e que apoiava de forma decidida – via financiamento de campanha – o petismo.
 
UTOPIA DE DIFÍCIL REALIZAÇÃO
Qual a utopia brandida por essa coalizão variada? A de que a retirada do PT resultaria em um governo eficiente, livre da corrupção e que restauraria a confiança do “mercado”, rumo a um ciclo virtuoso na economia.
 
Apesar do imenso esforço midiático-político para aprovar a PEC 55, as reformas da Previdência e Trabalhista e uma nova rodada de privatizações, não há nenhum sinal de que o crescimento voltará. Nenhuma dessas medidas tem efeito imediato, ainda mais num quadro de juros estratosféricos, crédito caro, câmbio sobrevalorizado e capacidade ociosa crescente na indústria.
 
Se a política externa do novo governo dos EUA, capitaneado por Donald Trump, seguir as promessas de campanha, a estratégia diplomática de Michel Temer se revelará um tiro n’água. Trump quer trazer de volta corporações inteiras que migraram para a Ásia, travar acordos de livre comércio – em especial o NAFTA e o Acordo Trans-Pacífico – e barrar a entrada de imigrantes de baixa renda. É incerto se tais iniciativas gerarão empregos de qualidade, num tempo em que a automação das fábricas aumenta exponencialmente. Ou seja, as plantas produtivas podem até voltar ao território estadunidense. No entanto, só farão isso se demandarem menos trabalhadores do que faziam no exterior.
 
Tais diretrizes representam um pesado freio nas pretensões do Itamaraty. O ministro José Serra tinha em mente dar curso a uma política externa tradicional, como a empreendida nos anos 1990, com absoluta prioridade para os mercados europeu e norte-americano. Com o nacionalismo antiglobalizante dando o tom dos dois lados do Atlântico, o Ministério das Relações Exteriores poderá ter de rever suas políticas.
 
TRINCAS NA COALIZÃO
Voltemos ao início. A semana que passou exibiu trincas no leque da aliança golpista. No terreno político, Temer e seu governo são acossados por denúncias de corrupção, o que lhe retira a aura de combatente contra os supostos malfeitos do petismo. Até aqui, a mídia e a República de Curitiba têm elevado o tom contra o PMDB e requentado denúncias contra o PT e deixado em segundo plano acusações contra o tucanato. As manifestações do domingo (4), em mais de 200 cidades, se não foram tão maciças quanto as de março último, apresentam qualidade nova. Elas miraram personagens centrais da coalizão golpista, Miram Renan Calheiros - recém defenestrado - e Rodrigo Maia, tidos como opositores da Lava-Jato, num discurso francamente anti-Congresso e antipolítica. O Judiciário se politizou e assume ares de força política autônoma no interior do Estado.


Créditos da foto: Beto Barata/PR

A guerra dos intocáveis convulsiona o país DESDE QUANDO A LEI DEIXOU DE VALER PARA TODOS?

06/12/2016 15:20 - Copyleft

A guerra dos intocáveis convulsiona o país

Mirar as armas de um poder contra o chefe de outro poder com o objetivo de fortalecer determinado poder corporativo é uma vertente para o fascismo.


Jeferson Miola
Lula Marques
Os eventos que precederam a decisão do juiz do STF Marco Aurélio Mello de afastar Renan Calheiros da presidência do Senado podem ser produto de mera e incrível coincidência. Mas podem, também, ser fruto do encadeamento de eventos sucessivos, ocorridos em meticulosa e nada ocasional sequência.
 
O episódio surpreende porque o autor desta drástica decisão, o juiz Marco Aurélio Mello, é um dos dois únicos juízes da atual composição da suprema corte com postura e estatura compatível com o cargo de juiz do STF. Ele é um liberal-democrata que se destaca pelo zelo do Estado de Direito e pela defesa da Lei e da Constituição.
 
Uma explicação para a inusitada decisão do Marco Aurélio pode ser a pressão midiática. No domingo de véspera da decisão, a Globo reforçou artificialmente as ridículas manifestações que foram às ruas não para pedir a cabeça do golpista Temer e seu governo corrupto e entreguista, mas sim para derrubar Renan, porque ele ousou conter o contrabando da agenda fascista no projeto disfarçado de medidas contra a corrupção.
 
O caso do Renan tem diferenças substanciais com o do Eduardo Cunha. Em maio deste ano, o sócio do Temer e do PSDB no golpe foi afastado da presidência da Câmara dos Deputados e também impedido de continuar exercendo o mandato parlamentar. O afastamento do Cunha foi decidido pelo Plenário do STF em sessão extraordinária, e não por decisão liminar e monocrática do juiz Teori Zavascki, relator do caso.





 
A recordação do calendário de eventos que precederam a ordem para afastar Renan ajuda a entender que este grave episódio que eleva a pressão e a temperatura da crise política pode ser parte do perigoso jogo de poder tramado pelo sistema jurídico contra o Estado de Direito:
 
-a presidente do STF, juíza Carmem Lúcia, colocou em votação na sessão de 03/11/2016 a ação judicial da Rede, que proíbe que autoridades que são réus no Supremo ocupem cargos que estão na linha de substituição da Presidência da República [presidentes da Câmara, do Senado e do STF]. O julgamento está inconcluso devido ao juiz Dias Toffoli que, inspirado no colega-guru Gilmar Mendes, pediu vistas ao processo;
 
-a Câmara dos Deputados, no gozo pleno das prerrogativas legislativas, na sessão de 29 de novembro modifica o projeto de lei de combate à corrupção proposto pelo ministério público [disfarçado de iniciativa popular], removendo os abusos, arbitrariedades e ilegalidades que fariam o Código Penal brasileiro retroagir ao período da Inquisição;
 
-em entrevista coletiva no dia 30/11, procuradores da Lava Jato, esta quintessência da moralidade pública – que, porém, são adeptos da prática corrupta de receber salários e regalias bem acima do teto constitucional – exorbitam das suas prerrogativas legais e funcionais e ameaçam abandonar as investigações de corrupção caso seus ideais fascistas não sejam integralmente convertidos em lei;
 
-no mesmo 30 de novembro, Renan é traído por Aécio, PSDB, Jucá [o grande sócio do Temer], PP, PTB, PSB, PP, PMDB e outros senadores que, amedrontados com a reação e ameaças dos justiceiros na mídia, romperam o compromisso com o requerimento de urgência para a votação do projeto das medidas contra a corrupção aprovadas na Câmara;
 
-Carmem Lúcia tirou da tumba o processo aberto contra Renan ainda em 2007 [sobre pensão paga por empreiteira à mulher com quem ele teve uma filha numa relação extraconjugal], e submeteu-o à votação do Plenário do STF em 01/12/2016. Por 8 votos a 3, Renan passou a ser réu. Criou-se, dessa maneira, o requisito para sua remoção da presidência do Senado, posto de onde ele resistiu ao avanço fascista de promotores, procuradores, policiais e juízes;
 
-no mesmo dia 01/12, Renan promoveu debate no Senado sobre o projeto de lei que coíbe o abuso de autoridade de juízes, policiais, promotores e procuradores. No debate, o justiceiro Sérgio Moro viu suas teses e práticas totalitárias serem fragorosamente ridicularizadas e denunciadas por vários senadores, em especial Lindbergh Farias;
 
-no domingo 04/12, por convocação da força-tarefa da Lava Jato e da Rede Globo, cerca de 120 mil zumbis verde-amarelos em todo o país protestaram contra Renan, mas a favor do Temer e do Moro e seus colegas intocáveis;
 
-na manhã de 05/12, Carmem Lúcia faz um discurso enigmático, que antecipa os eventos que viriam a se suceder no dia. Numa provável alusão à guerra aberta contra o Legislativo para manter os abusos do MP e do Judiciário, ela declarou: “ou a democracia ou a guerra”;
 
-às 11:16 horas, a Rede protocola o pedido de afastamento do Renan Calheiros da presidência do Senado. Às 15 horas deste interminável dia 05/12, Marco Aurélio Mello profere sua decisão liminar, e instala-se o caos jurídico e político no país.
 
O objetivo principal foi alcançado – ficou completamente comprometida a votação do projeto contra o abuso de autoridade, que estava na pauta de votação do Senado deste dia 6/12.
 
Renan Calheiros, como qualquer cidadão brasileiro que comete ilícitos, deve ser julgado, porém em estrita observância ao devido processo legal e ao Estado de Direito. Mirar as armas de um poder de Estado contra o chefe de outro poder de Estado com o objetivo de fortalecer determinado poder corporativo é, todavia, uma vertente para o fascismo.
 
É inaceitável o ativismo político de segmentos do judiciário, ministério público e polícia federal, que carecem da legitimidade do sufrágio popular para atuarem na arena política.
 
A atuação irresponsável de tais segmentos, que se auto-atribuem funções bíblicas e se consideram intocáveis, está convulsionando o país. Eles travam uma verdadeira guerra contra o Estado de Direito e contra a democracia para manter seus abusos e privilégios.
 
Com o agravamento do colapso econômico provocado pelo governo golpista, a conflitividade social se somará à conturbação jurídica e política, e então o país será jogado no abismo.


Créditos da foto: Lula Marques




Gestão Haddad ganha prêmio internacional de agroecologia O que dirão disso os iluminados que votaram contra Haddad?

06/12/2016 12:38 - Copyleft

Gestão Haddad ganha prêmio internacional de agroecologia

São Paulo ganhou o primeiro prêmio da Mayor Challenges 2016 outorgado pela Bloomberg Philanthopies, entre 290 cidades concorrentes.


Erminia Maricato
Lula Marques
São Paulo ganhou o primeiro prêmio da Mayor Challenges 2016 outorgado pela Bloomberg Philanthopies, entre 290 cidades concorrentes. Trata-se de mais um dos muitos prêmios que a gestão Haddad colecionou. Os recursos deverão ser aplicados pela prefeitura (evidentemente próxima gestão) de acordo com o projeto aprovado. 
 
Os produtos da agricultura familiar tem na comercialização um grande gargalo. Ainda mais em se tratando de produtos perecíveis e orgânicos. Esta foi a motivação inicial para a Secretaria de Desenvolvimento Trabalho e Empreendedorismo da Prefeitura de São Paulo pensar na criação de um aplicativo de TI: fazer a ligação entre produtores rurais do município de São Paulo aos consumidores - restaurantes, mercados, merenda escolar municipal, empresas...- como fizeram várias cidades pelo mundo.
 
Mas não se trata apenas de um instrumento de Tecnologia Digital (que poderia  alimentar o poderoso lobby das “Smart Cities”, uma nova proposta de colonização urbanística e dependência tecnológica). Trata-se de um conjunto de medidas  que, se consolidado, trará mudanças sociais, econômicas, urbanísticas, de saúde  e ambientais para a cidade e, se replicada na Região Metropolitana de São Paulo, mudará seu futuro. Não é exagero.
 
Estão na linha de frente dos objetivos do projeto a sustentabilidade econômica das famílias de agricultores e o avanço da segurança alimentar no país de maior consumo de agrotóxico no mundo. Acontece que essa produção rural se localiza em Área de Proteção dos Mananciais – a região produtora de água que fica ao sul da metrópole e que vem sendo ocupada de forma predatória, por loteamentos ilegais, há mais de 50 anos. Leis federais, estaduais e municipais proíbem essa ocupação que promove o desmatamento, produz esgoto, impermeabiliza o solo e coloca em risco a água que é fundamental para a vida de mais de 20 milhões de habitantes.





 
Muitas tentativas de conter essa ocupação predatória foram feitas ao longo de décadas mas, umas não tiveram continuidade e outras não tiveram sucesso. De qualquer forma, a população trabalhadora de baixa renda, excluída pelo Estado e pelo mercado imobiliário, ou seja, sem alternativas de habitação acaba ocupando essa área (vista como ociosa) ilegalmente, compulsoriamente. 
 
Há muito tempo se discute a necessidade de dar outros usos àquelas terras, no entanto, eles devem ser compatíveis com a proteção dos mananciais (como é o caso da agricultura orgânica) e, de preferência, que criem emprego e renda já que a região tem os menores indicadores sociais do município. Essa orientação não começou no governo Haddad mas sua gestão foi fundamental para consolidar esse caminhoForneceu equipamentos – ferramentas, caminhão, trator – e assistência técnica para orientar a passagem dos produtores, da agricultura convencional, para orgânica.  Além disso forneceu também mudas de árvores nativas para recuperar APPs – Áreas de Proteção Permanente nas propriedades rurais. 
 
Visando ampliar a segurança alimentar muitas medidas foram tomadas dentre elas a lei 15.920/13, elogiada pela FAO ONU, que instituiu o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional e aumentou a composição dos produtos orgânicos na alimentação escolar. Mas foi o Plano Diretor que reverteu o destino da região quando determinou a volta da região ao uso rural com o programa Bordas da Cidade. Em geral, as bordas das cidades no Brasil, leia-se periferias urbanas, são terra de ninguém, sem lei e sem Estado, deixadas como válvula de escape para a habitação de uma mão de obra que é excluída do mercado e das políticas públicas. Trata-se de uma versão piorada da senzala já que ninguém paga sua reprodução compondo um quadro para neo-liberal nenhum botar defeito. E não estamos falando de “resíduo social”. Na APM, ao sul da metrópole paulistana, moram mais de 1 milhão de pessoas, fora da lei.
 
O sucesso da produção rural orgânica e de iniciativas como o turismo gastronômico (outra proposta do governo municipal ) pode assegurar a essa região um outro futuro e como corolário temos a proteção da água e da reserva de Mata Atlântica com sua rica diversidade de fauna (ainda temos onça parda ali)  e flora, presentes, a 40 km da Praça da Sé. 
 
As alternativas de moradia são matérias para outro capítulo. O importante agora é que temos uma oportunidade histórica de constituir uma articulação de entidades e cidadãos (ONGs, produtores, universidades, comerciantes, ativistas) interessados em mudar o destino de uma região paradigmática de uma das maiores metrópoles da periferia do capitalismo. 
 
 
     


Créditos da foto: Lula Marques

06/12/2016 - Clipping Internacional

06/12/2016 10:46 - Copyleft

06/12/2016 - Clipping Internacional

O presidente do Senado brasileiro foi tirado de suas funções pela justiça. Renan Calheiros foi acusado na semana passada de desvio de dinheiro público.


Carta Maior
Reprodução
BRASIL
 
The Guardian, Inglaterra
Presidente do Senado brasileiro deposto sobre acusações de desvios de recursos. Renan Calheiros, aliado chave do presidente Michel Temer, se tornou o último político a cair em meio à ampliação da investigação sobre corrupção.
https://www.theguardian.com/world/2016/dec/06/brazil-senate-president-ousted-embezzlement-renan-calheiros
 
El País, Espanha





Violência policial no Brasil. Crônica de uma impunidade patrocinada. O episódio da absolvição dos policiais do Carandiru
http://internacional.elpais.com/internacional/2016/12/05/actualidad/1480967434_368689.html
 
Pagina 12, Argentina
Um homem de Temer alijado do poder. A Justiça determinou que Renan Calheiros deixe a presidência do Senado. A decisão adotada por um juiz do STF gera um forte impacto no convulsionado cenário político brasileiro: em substituição a Calheiros assume Jorge Vianna do mesmo PT da destituída presidenta Dilma Rousseff. Por Eric Nepomuceno
https://www.pagina12.com.ar/7157-un-hombre-de-temer-alejado-del-poder
 
Diário de Notícias, Portugal
Michel Temer sobrevive às ruas  mas teme delações e a economia. Contestação visa Renan Calheiros, líder do Senado, ontem afastado. Seguem-se outras sete possíveis demissões de ministros
http://www.dn.pt/mundo/interior/michel-temer-sobrevive-as-ruas-mas-teme-delacoes-e-a-economia-5536259.html
 
Le Monde, França
O presidente do Senado brasileiro foi tirado de suas funções pela justiça. Renan Calheiros foi acusado na semana passada de desvio de dinheiro público. Ele tem outros onze processos de corrupção.
http://www.lemonde.fr/ameriques/article/2016/12/05/le-president-du-senat-bresilien-a-ete-demis-de-ses-fonctions-par-la-justice_5043874_3222.html
 
The Wall Street Journal, EUA
Renan Calheiros destituído da presidência do Senado por juiz do STF. O cargo vai para um rival político que se opõe às reformas do presidente Temer.
http://www.wsj.com/articles/renan-calheiros-ordered-removed-from-senate-presidency-by-brazil-supreme-court-judge-1480978526
 
The New York Times, EUA
STF afasta o líder do Senado em meio a caso de corrupção. A decisão de remover Calheiros ocorre em meio a tensões crescentes entre o Congresso e o Judiciário sobre investigações de corrupção
http://www.nytimes.com/2016/12/05/world/americas/brazil-corruption-renan-calheiros.html?ref=americas
 
RFI, França
STF suspende Renan Calheiros da presidência do Senado. O juiz Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu nesta segunda-feira (5) do cargo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). A medida foi tomada a pedido do partido Rede Sustentabilidade, após o pemedebista virar réu por peculato.


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