terça-feira, 4 de abril de 2017

FRENTE BRASIL DE JURISTAS PELA DEMOCRACIA

Frente Brasil de Juristas pela Democracia


A Frente Brasil de Juristas pela Democracia, reafirmando o compromisso intransigente com os princípios democráticos e as garantias jurídicas fundamentais, vem a público manifestar séria preocupação diante da eventual possibilidade de o juiz federal de primeiro grau, da 13ª vara de Justiça de Curitiba, Sérgio Fernando Moro, prosseguir como responsável pelo julgamento dos processos que envolvem a pessoa do ex-Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Se, como prevê a Carta Constitucional, o exercício da magistratura é fundamental para a existência do Estado Democrático de Direito, o mesmo deve ser realizado com o compromisso da excelência na prestação de serviço público cujo fim está em distribuir Justiça. Ao magistrado pressupõe cultivar princípios éticos e o decoro, valores consignados no Código de Ética e na Lei Orgânica da Magistratura.

Entendemos que a atuação flagrantemente parcial e ativista do Sr. Sérgio Moro coloca em risco não apenas o direito do acusado em questão, mas também a credibilidade do exercício da magistratura, violando o "justo processo", princípio basilar em qualquer ordem jurídica e conformado por outros princípios como o são a "isonomia e imparcialidade do juiz", o "estado de inocência" e a "proibição da prova ilícita".
Os exemplos da parcialidade do juiz Sérgio Moro são inúmeros e intermitentes, maculando concretamente a possibilidade de realização de um processo justo.

A Declaração Universal de Direitos Humanos, no artigo 10º, assim dispõe: "Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele".

Os processos contra o ex-Presidente Lula trazem uma dimensão pouco conhecida da magistratura, a de que, por vezes, um juiz não está isento de paixões políticas a contaminar o livre convencimento, este que também é princípio inafastável da ampla defesa.

A famosa fotografia flagrando a proximidade do Juiz Sérgio Moro com a alta cúpula de partidos políticos de oposição ao Partido dos Trabalhadores, corrobora com a tese da impossibilidade moral e jurídica de atuação imparcial.

O Magistrado que pretende decidir a respeito da liberdade de pessoas acusadas de crimes supostamente praticados no exercício de mandato conferido pelas urnas não pode se dar ao luxo de se deixar fotografar em conversas com inimigos políticos dos que são acusados e pensar que tais atos passarão impunes no registro da História.

Outro exemplo notório a indicar a parcialidade do Juiz Sergio Moro ocorreu na autorização de grampo ilegal no telefone do escritório dos advogados da defesa de Lula e uso, pelos meios de comunicação, das conversar ilegalmente gravadas entre o ex-Presidente e a então Presidenta da República Dilma Rousseff.

Outra ilegalidade manifesta decorreu da injustificada condução coercitiva de Lula (ocorrida em 05 de março de 2016), chocando a opinião pública pela forma truculenta como foi tratada pela mídia e demonstrando a pretensão de manchar a imagem e a biografia política do acusado.

Vale lembrar que o juiz Sérgio Moro se utilizou abertamente dos meios de comunicação para pedir apoio da população, publicando vídeos em redes sociais, "espetacularizando" e transformando o processo judicial antes em caso para a mídia e depois ação penal na Operação Lava-Jato. Dessa forma o juiz Sérgio Moro não se mostra revestido da necessária imparcialidade para a cognição e julgamento da causa.

Por todo exposto, a Frente Brasil de Juristas pela Democracia entende que é premente que o Sr. Sérgio Moro se dê por suspeito e abandone a condução dos processos contra o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como de outros processos nos quais o convencimento estiver prejudicado por aspectos políticos, sob pena de produzir sentenças persecutórias em julgamento de exceção.



Frente Brasil de Juristas pela Democracia 03/04/2017

AS REDES SÃO IMPORTANTES, MAS SÃO AS RUAS QUE DECIDEM



Em matéria publicada pelo jornalista Santiago Gómez, no site Diálogos do Sul, relata que depois de quase três anos tentando sem conseguir contatar José Zé Dirceu, que está preso no marco da Operação Lava-Jato, a Agência Paco Urondo conseguiu fazer chegar às suas mãos uma carta para transmitir nossa solidariedade e compartilhar análise da situação local e regional. Ele agradeceu e respondeu por escrito posto que sofre um regime restrito de visitas.

Adriano Vizoni

Em 8 de março, da Agência Paco Urondo, enviamos uma carta ao histórico dirigente do PT, a quem a maioria da militância o faz responsável pela chegada de Lula ao governo, graças à rede de alianças que possibilitou o triunfo.

Depois da campanha midiática batizada de "mensalão", segundo a qual o governo repartia mensalmente recursos aos partidos aliados para que votassem as leis que o governo necessita, Zé Dirceu foi detido sem prova alguma ou com o simples argumento de que "não podia não saber o que ocorria".

As denúncias e a posterior detenção foram um forte golpe à força moral do Partido e às tendências mais à esquerda do PT, que se opunham por princípio às alianças que levaram Lula ao governo, não se ocuparam em realizar campanhas solicitando sua liberdade.
Zé Dirceu conseguiu a prisão domiciliar nesse processo, contudo, o juiz Sergio Moro, que dirige a Operação Lava-Jato, em agosto de 2015, mesmo mês da destituição da presidenta legítima Dilma Rousseff, decretou sua prisão preventiva.

Salvo o grupo Unidos Contra o Golpe, não se conhece muitos espaços militantes que reclamem publicamente sua libertação, a maioria prefere evitá-lo, tal qual a um leproso.

Zé Dirceu informou que está escrevendo suas memórias, em que "os aspectos que apontam com razão estão sendo analisados para que não se repitam os mesmos erros". Comunicou que já está no ano 2005, ano em que começou a campanha contra ele.

Perguntamos se compartilhava da análise realizada por Álvaro García Linera em "Derrotas e Vitórias" em que o vice-presidente da Bolívia mostra a debilidade produzida pelos governos da região a mobilidade social ascendente sem a correspondente conscientização e os retrocessos econômicos, considerando que quando Dilma Rousseff colocou Joaquim Levy a cargo da economia, dinamitou a base de apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com a nomeação de Kátia Abreu, oriunda da Monsanto e dos agronegócios, afetou a aliança com o Movimento Sem Terra.

Também pedimos sua opinião sobre o fato de Lula ter dito aos petistas em 2013, que qualquer um com cara de delinquente os acusavam de ladrões e eles abaixavam a cabeça e não se defendiam, e também com relação ao fato de que nem os petistas defenderam Dilma nem subiram aos morros para conversar sobre política, já que a maioria acredita que fazer política é conversar nas redes sociais.

"O ano passado foi realmente como descreve, e a orientação de Lula caiu no vazio. Sobre García Linera, tem razão, mas as causas são maiores, vocês conhecem e descrevem como foi o começo do segundo governo de Dilma", respondeu. Acrescentou que tem escrito sobre quais são as tarefas atuais e futuras: "é hora de ação, de atuar para recuperar a democracia, derrotar os golpistas!

O PT é um capítulo à parte, difícil, mas sua militância está viva e sua base social e política é ampla".

Consultamos sobre a fala de Lula no plenário prévio ao Congresso do PT, que transcorrerá em junho, em que enfatizou suas diferenças com os economistas do partido que consideram que o desenvolvimento econômico chegará como consequência do investimento privado e não como resultado da transferência de recursos do Estado aos setores populares, para aumentar a demanda de produtos e assim dinamizar a matriz econômica e produtiva.

"É necessário mudar a correlação de forças e fazer reformas estruturais. Sem reforma tributária progressiva sobre a riqueza e a renda, sobre a herança, as doações, as grandes fortunas; sem liquidar com a expropriação da renda nacional pelo capital financeiro e rentista; não há como financiar o Estado social e investir", respondeu.

A luta interna debilita

Acompanhamos a campanha presidencial de Dilma, a de Tarso Genro a governador e a última campanha aos legislativos municipais em Florianópolis. Vimos como as disputas internas entre as diferentes tendências dentro do PT debilitaram sua força. Cabe lembrar que dentro do PT as frações chamadas tendências estão institucionalizadas. Como no Brasil votam em candidatos não em partidos, ouvi em reiteradas oportunidades a militantes do PT dizer: "se não quiser votar na Dilma nem em Tarso, pode votar somente no candidato a deputado". Se preocupavam apenas com conseguir um assento no legislativo. Indagamos a Zé Dirceu sobre isso.

"O PT do Rio Grande do Sul é um capítulo à parte, com suas virtudes e vícios, acertos e equívocos, vitórias e derrotas. Porém, a luta interna, as tendências, quase como partidos, a prevalência do institucional, realmente foi e é um problema grave. Por isso, hoje a prioridade é a luta social e política, cultural e ideológica. Concordo com o voto em lista, ou no mínimo como voto distrital misto, sem coligação e com financiamento público", disse.

Acrescentou que é preciso regulamentar os meios de comunicação para acabar com "o monopólio, cartel, a cooptação dos organismos de fiscalização, há um pouco de tudo, inclusive dívidas previdenciárias milionárias. Isso não nos exime de reconhecer nossa incapacidade para construir nossos próprios meios de comunicação, apesar dos avanços nas redes. Precisamos lutar, atuar, as redes são importantes, mas são as ruas as que decidem... Unidade, frentes, alianças, para derrotar o impostor e os golpistas", enfatizou.

Finalizando Zé Dirceu dedicou algumas palavras de agradecimento a todas as pessoas que através das redes sociais ou correio eletrônico lhe transmitem solidariedade.


Afrodescendentes de quilombos 'não servem nem para procriar', diz Bolsonaro no clube Hebraica do Rio

Afrodescendentes de quilombos 'não servem nem para procriar', diz Bolsonaro no clube Hebraica do Rio


Em clube judaico na zona sul do Rio de Janeiro, deputado federal do PSC disse que reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia: 'Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí'
O deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) esteve nesta segunda-feira (03/04) no clube Hebraica, na zona sul do Rio. Enquanto 100 pessoas protestavam do lado de fora, outras 300 lotavam o auditório. Segundo o Estadão, o presidenciável prometeu que irá acabar com todas as reservas indígenas e comunidades quilombolas do país caso seja eleito em 2018.
Bolsonaro aproveitou o momento para desancar a ex-presidente Dilma Rousseff e comunidades tradicionais:
– Pode ter certeza que se eu chegar lá não vai ter dinheiro pra ONG. Se depender de mim, todo cidadão vai ter uma arma de fogo dentro de casa. Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena ou para quilombola. 
Em fevereiro, na Paraíba, Bolsonaro sugeriu dar um fuzil para os fazendeiros como cartão de visita contra o MST.
Frases racistas
O deputado afirmou que as reservas indígenas e quilombolas atrapalham a economia: “Onde tem uma terra indígena, tem uma riqueza embaixo dela. Temos que mudar isso daí”. Ele disse que foi “a um quilombo”. De lá, voltou com a seguinte percepção: “O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada. Eu acho que nem para procriador ele serve mais. Mais de R$ 1 bilhão por ano é gasto com eles.”
Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Após ter palestra suspensa pela Hebraica de SP, 
deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) foi convidado pela seção do Rio
O presidenciável também não poupou os refugiados. “Não podemos abrir as portas para todo mundo”, disse. Ele não se mostrou, porém, avesso a todos os estrangeiros: “Alguém já viu algum japonês pedindo esmola? É uma raça que tem vergonha na cara!”.

Agricultor francês é multado por ajudar migrantes e refugiados a entrar no país

Em nome do 'povo': o que é populismo?

Após reação da comunidade judaica, Clube Hebraica de SP suspende palestra com Bolsonaro

 
Os manifestante do lado de fora, articulados por movimentos juvenis da comunidade judaica, levantavam cartazes e gritavam: “Judeu e sionista não apoia fascista”. “Quem permite torturar se esquece da shoá”. “Pela vida e pela paz, tortura nunca mais”. Um grupo de mulheres entoava: “Ei, mulher, ele apoia o estupro”.
Um presidenciável
Em quarto lugar na intenção de votos para presidente, com 9% no Datafolha, o deputado gerou revolta na comunidade judaica. O presidente do clube no Rio, Luiz Mairovitch, convidou Bolsonaro após ele ter sido barrado em evento similar no clube paulista.
No começo do seu discurso, o deputado declarou não ser um bom nome para presidir o país: “Eu não sou bom, não. Mas os outros são muito ruins. Me esculacham tanto e mesmo assim eu continuo subindo nas pesquisas”.

Publicado originalmente no site De Olho nos Ruralistas

Correa declara vitória de Lenín Moreno em eleição no Equador: 'Revolução voltou a triunfar'


Correa declara vitória de Lenín Moreno em eleição no Equador: 'Revolução voltou a triunfar'


'Resultados oficiais CNE: mais de dois pontos de diferença... Lenín presidente! A fraude moral da direita não ficará impune', disse Correa
O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou na noite deste domingo (02/04) que a “revolução voltou a triunfar” no país e declarou que o candidato do governo, Lenín Moreno, venceu o segundo turno da eleição presidencial.
“Resultados oficiais CNE: mais de dois pontos de diferença... Lenín presidente! A fraude moral da direita não ficará impune. Grande notícia para a Pátria Grande: a revolução voltou a triunfar no Equador. A direita derrotada, pese seus milhões e sua imprensa”, afirmou o mandatário, pelo Twitter.

Esquerda Verde, liderada por 'Trudeau holandês', foi partido que mais cresceu nas eleições do país

Pesquisas de boca de urna apontam resultado apertado no 2º turno das eleições presidenciais no Equador

Com mais de 94% das urnas contadas, Lenín Moreno lidera apuração no Equador

 
Antes da divulgação dos resultados, Correa havia agradecido os cidadãos do por lhe permitir gozar do "privilégio" de servi-los durante dez anos, já que em 24 de maio deixará o poder, que assumiu em 2007.
"Embora nunca busquei nada para mim, foi um verdadeiro privilégio poder servi-los todo estes anos", declarou o líder durante o ato institucional de abertura das eleições. "Só tenho palavras de gratidão para meu povo, que em sua imensa maioria sempre nos respaldou, até nas horas mais duras", afirmou.
No primeiro turno, Moreno obteve 39,36% dos votos, enquanto Lasso ficou em segundo, com 28,09%.
Ex-vice
Lenín, de 63 anos, anunciou em outubro do ano passado, quando aceitou a indicação para candidatura do presidente Correa, que seu companheiro de chapa na cédula eleitoral seria o atual vice, Jorge Glas. O agora presidente eleito defende uma "cirurgia maior" contra a corrupção e promete a criação de 250 mil postos de trabalho ao ano, assim como ações para a construção de 40 escolas técnicas e a erradicação da desnutrição infantil.
Com Moreno, o correísmo pretende continuar a “Revolução Cidadã”, que impulsionou políticas de inclusão social desde a chegada da Aliança País ao poder em 2007, além de implementar uma nova constituição em 2008. Tendo como inspiração a Revolução Liberal do Equador na virada do século 19 para o século 20, a atual constituição equatoriana segue a linha política do bolivarianismo. 
Agência Efe

Lenín Moreno foi eleito presidente do Equador neste domingo
Oposição alega fraude
Lasso disse que os resultados do pleito apontam para uma "pretensão de fraude". “Vamos defender a vontade do povo equatoriano frente a essa pretensão de fraude que tem como objetivo instalar um governo que seria, desde já, um governo ilegítimo”, disse.
“Senhor Correa, não brinque com fogo. Não tente os cidadãos equatorianos. Aqui é gente que não tem medo. Vamos enfrentá-lo e seguir enfrentando”, disse.
Ele também chamou seus correligionários a irem às ruas. “Atuemos de maneira pacífica, mas firme. Há que se ir às ruas e dizer: não roube meu voto, porque queremos uma mudança no Equador”, concluiu.

TEMER E MEIRELLES ESTÃO PERDIDOS

Temer e Meirelles estão perdidos

Janio de Freitas


Nem a complacência interessada com que o poder econômico e a imprensa/TV tratam Michel Temer –conduta que serve proteção para um lado e ilusão para o outro – consegue escapar desta realidade deprimente: Temer e Henrique Meirelles estão aturdidos, perdidos no emaranhado de suas afirmações e logo recuos, incapazes tanto de fazer quanto de simplesmente compreender.

E a verdade daí decorrente é que, em dez meses, a situação do Brasil só se agravou, arrastando nesse despenhadeiro todos os não dotados de recursos fartos. Sob o domínio da incompetência e da perplexidade, o Brasil sufoca.

Em um só dia, o já estigmatizado 31 de março, as páginas iniciais nos sites dos principais jornais e do UOL davam, com diferentes níveis de exibição, estas informações: "Corte orçamentário atinge transporte, habitação e defesa". O governo superestimou as receitas, prática que dizia repelir, daí resultando um rombo de R$ 58,2 bilhões nas suas contas. Como remendo, já em março Meirelles achou necessário o corte de mais de R$ 42 bilhões nos investimentos do governo. Só as obras do PAC perderão mais de R$ 10 bilhões. Os investimentos do governo são, historicamente, o que ativa a economia. Logo, o corte é contrário à recuperação econômica.

Outra: "Contas públicas têm pior resultado para fevereiro em 16 anos", ou desde que começado esse registro em 2001. A despesa do governo no menor mês foi R$ 23,5 bilhões maior do que a receita.

Mais: "PIB recua 3,6% em 2016". É o país empobrecendo. Meirelles propalou, nos primeiros meses do governo Temer, que antes do fim do ano (2016) a recuperação econômica já estaria em curso. Com o correspondente resultado no PIB. As previsões vieram caindo em voz baixa. E o resultado real é o desastre noticiado.

Ainda: "Governo Temer é aprovado por 10%" (pesquisa CNI/Ibope, que em dezembro indicava 13%). Aquele número reflete o tamanho da legitimidade com que Michel Temer se põe a agravar as distorções da Previdência. E reduzir ainda mais o valor do trabalho, com a terceirização indiscriminada.

Para encurtar, por desnecessidade de mais: "Brasil tem 13,5 milhões sem emprego e a economia continua em retração". Esses milhões são o cálculo do IBGE para os que procuraram emprego. Incluídos os que desistiram de procurá-lo ou não chegaram a fazê-lo, há estimativas que vão a 20 milhões. Se "a economia continua em retração", a probabilidade de desemprego é crescente. E suas consequências, idem.

É o Brasil de Michel Temer em poucas linhas. O governante dos recuos empurrando o país para a calamidade.

Em tal situação, disseminar notícias precipitadas de êxitos governamentais é mais do que fantasiar incertezas. O governo não se entende com a economia e não é verdade que se entenda com o Congresso, a menos que sucessivos recuos não sejam apenas falta de entendimento, de avaliação e competência. E de moralidade, com tantos símbolos da corrupção revigorados nos cargos ministeriais e palacianos recebidos de Michel Temer.

Na história brasileira, não há nada semelhante a esse governo que perde, em sua média, um figurão por mês, levado por acusação de improbidade (em um caso, por tê-la encontrado dentro do palácio presidencial).

Devastado pelos bandoleiros dos subornos, negociatas, desfalques, e estelionatos com nome de "sobras de campanha", este país agora sofre a ameaça de ser destroçado por um governo de ineptos, protegido em troca de alguns retrocessos de legislação.


A DIMENSÃO DO DESASTRE DO GOLPE


Gustavo Castañon*


FHC pegou o Brasil com uma dívida pública de 34% do PIB. Doou metade do patrimônio público sob a alcunha de “privatização”. Duplicou a dívida externa. Quebrou o país três vezes, precisando recorrer ao FMI. Entregou o país a Lula sem reservas e devendo 76% do PIB. Já a dívida líquida, que leva em conta os créditos (e não só os débitos) do governo e ele recebeu em 29,5%, deixou em 60,4% do PIB.

A imprensa diz que ele modernizou a economia.

O PT pegou o Brasil com a dívida pública em 76% do PIB, recapitalizou a Petrobras a transformando na segunda maior petrolífera do mundo. N

Não privatizou nada.

Pagou a dívida externa, transformando-a em interna, e entregou, no último ano do primeiro mandato de Dilma Rousseff, a dívida pública em 63% do PIB.

Já o resultado mais importante sobre o endividamento do país, a dívida líquida, diminuiu a 34,9% do PIB.

A imprensa diz que a gastança do PT quebrou o país.

O déficit público de 2014 que motivou o desastre Joaquim Levy e os jornais falando de “quebra” do país foi de somente 17 bilhões.

Diminuir 0,5% os juros teria resolvido.

O déficit dos golpistas só em fevereiro de 2017 foi de 26 bilhões.

A imprensa diz que Temer está consertando a economia.

Mesmo que se considere o último ano de mandato de Dilma, ainda assim o PT teria entregue a economia menos endividada do que recebeu do deus FHC, criado pela imprensa nacional.

No final de 2015 a dívida estava em 73%.

Só que 2015 foi o ano de Cunha e Aécio vandalizando o país, em que o único ato de governo de Dilma foi nomear Joaquim Levy para executar o programa que a oposição defendeu e a imprensa e a banca exigiam.

Ela não governou e teve que enfrentar um congresso golpista, criando despesas e proibindo aumentar receitas, destruindo as expectativas da economia de um lado enquanto a Lava-jato, de outro, só neste ano, afundava sozinha 2,5% do PIB.
Depois de um ano do governo ilegítimo fazendo tudo o que a mídia e a banca mandam, a dívida já passou, mesmo com a repatriação, os 76% de FHC, alcançados no final de 2016.

Atingirá 81% este ano de 2017, no mínimo.

Temer é o maior desastre da história do Brasil, exatamente porque sua escola econômica é a Globo News.

Ninguém pode negar que esse desastre, no nível em que foi, começou em 2015 com o receituário suicida de austeridade combinado com os maiores juros do mundo de Joaquim Levy, as pautas bombas do Congresso e a destruição da indústria nacional causada pela Lava-Jato.
Só completos ignorantes podem achar que foi a “roubalheira” em obras que quebrou o país, com um governo que não investe nem 4% do PIB.

A única roubalheira que quebra esse país há vinte e dois anos são as taxas de juros mais altas do mundo.

*Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora.


Temer encerra programa Ciência Sem Fronteiras O IGNORANTE TEM HORROR AO CONHECIMENTO!

Temer encerra programa Ciência Sem Fronteiras

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Uma das marcas da gestão de Dilma Rousseff, o programa pagava cursos de graduação para estudantes no exterior e enviou alunos sobretudo para universidades americanas e europeias
Por Redação
O Ciência sem Fronteiras, que pagava cursos de graduação para estudantes no exterior, será encerrado pelo governo de Michel Temer. O programa era uma das marcas da gestão de Dilma Rousseff. Novas bolsas estão suspensas a partir de agora. Em 2015, o programa consumiu R$ 3,2 bilhões e enviou alunos sobretudo para universidades americanas e europeias.
A alegação do Ministério da Educação é que a iniciativa não trouxe resultados devido à deficiência em inglês dos brasileiros e à falta de diretrizes claras sobre que perfil de aluno deveria ser financiado. As informações são da coluna de Lauro Jardim, no jornal O Globo.
Fonte: Fórum

O circulo vicioso das “fake news” e o futuro do jornalismo

IMPRENSA EM QUESTÃO > CRISE DA MÍDIA

O circulo vicioso das “fake news” e o futuro do jornalismo

Por Lucas Souza Dorta em 26/03/2017 na edição 938
Nos dias atuais, a mídia está muito presente na vida das pessoas, principalmente com a expansão da internet, que de certa forma aumentou o conteúdo comunicacional e as plataformas voltadas para a comunicação. Porém esse boom da expansão midiática não trouxe apenas pontos positivos para a área. A exigência da instantaneidade leva a uma apuração nem sempre com qualidade, o excesso de informação está deixando a sociedade confusa pelo fato de ter aumentado a divulgação de notícias falsas (fake news) como se fossem verdadeiras, ou seja, há muito menos questionamentos, além disso, as redações estão cada vez mais enxutas e os profissionais da área perdem noites de sono com medo das crescentes demissões. O grande número de demissões, as notícias falsas e o excesso de factualidade são os principais problemas que causaram uma crise na mídia contemporânea e que devem ser discutidos a seguir.
A mídia contemporânea obriga o jornalista à factualidade. Se por um lado isso deixa o consumidor da notícia informado de forma mais rápida sobre determinado fato ou serviço, por outro a apuração pode ser mal feita e acontecer uma divulgação de notícia que não seja verdadeira. Existe uma possibilidade cada vez menor de aprofundamento do conteúdo, já que há uma corrida para informar o fato o mais rápido possível. A preocupação com a qualidade da informação continua sendo importante, porém pode passar a ser secundária.
Outra mudança que essa instantaneidade pode trazer é a notícia cada vez mais curta, o que podemos classificar como uma twittertização do conteúdo jornalístico. Mesmo que a apuração apresente poucos fatos interessantes, existe a necessidade de jogar esse conteúdo o mais rápido possível na rede de informações. Além disso, o repórter pode acabar divulgando algo que foi dito de uma fonte questionável e acaba se perdendo no fluxo de informações. Mas a necessidade do factual exigida pelas empresas deixa a reflexão menor, pois tudo tem que ser feito em um curto espaço de tempo para atender a um público que exige mais velocidade em relação à qualidade. Começa a aparecer um público cada vez menos crítico e a notícia curta cria o costume de ler muito menos do que antigamente.
As novas tecnologias de mídia contemporânea também permitem uma atualização da informação de forma mais simples, o que exige ainda mais essa factualidade. É mais fácil levar novidade ao público e tudo pode ser alterado em questão de segundos. A longo prazo isso pode causar um certo relaxamento na apuração da notícia antes dela ser divulgada já que ela pode ser alterada e atualizada em pouco tempo. Uma informação com pouco conteúdo pode ser jogada na rede somente para gerar cliques e dar a sensação ao público de que ele está sendo bem informado naquele veículo somente pelo fator da notícia instantânea.
Fake news e excesso de informação
Por incrível que pareça, um dos motivos da crise da mídia contemporânea é o excesso de informações. Os veículos midiáticos atuais podem até ter trazido uma certa pluralidade e diferentes visões ideológicas sobre determinados acontecimentos; porém, em meio a tantas informações, o público acabou se perdendo sobre o que é verdadeiro e falso. Isso gerou uma indústria chamada fake news onde informações falsas com apelo emocional ganham um grande público que difunde as ideias sem contestar aquilo que foi divulgado e espalham boatos que colaboram com a crise na mídia contemporânea.
A questão da fake news gera uma crise tanto na mídia atual quanto na sociedade em geral, a prática da difusão de boatos pode se tornar cultural a longo prazo empobrecendo o debate racional e acabar sendo uma concorrência do jornalismo sério, já que os boatos tem uma grande repercussão e muitas vezes o público acaba achando mais interessante do que as informações com mais credibilidade. Esse é um fator da crise da mídia contemporânea que não será combatido de maneira simples já que hoje é mais fácil pessoas com péssimas intenções criarem seu próprio canal de comunicação.O assunto do fake news já foi até tema de discussão da ONU (Organização das Nações Unidas). De acordo com o site da Agência Brasil, no dia 3 de março deste ano, relatores da instituição disseram que esse tipo de notícia representa uma preocupação global e pode ser um risco de violência contra o jornalismo e um motivo de desconfiança pública nos jornalistas. Podemos notar que essa indústria do fake news pode ter sido uma das principais responsáveis pela crise da mídia contemporânea, já que isso diminui a credibilidade dos conteúdos midiáticos. Até a rede social Facebook se preocupou e no dia 12 de janeiro lançou o “Projeto Jornalismo” com o intuito de combater notícias falsas, porém sempre é bom desconfiarmos das intenções dessa preocupação.
O futuro
A mídia não conseguiu fugir das ondas de demissões causadas pela crise econômica no Brasil e isso é mais um ponto importante para citarmos como fator da crise da mídia contemporânea. Com redações mais enxutas, os profissionais estão ficando carregados demais e o cansaço pode gerar uma queda de qualidade da mídia. As demissões também se tornam um fator para que cada vez menos pessoas tenham o desejo de seguir a carreira na mídia, já que há a sensação de pouco mercado de trabalho, além das pessoas perdendo o emprego, também tem veículos que deixam de circular e o jornalismo de credibilidade vai perdendo espaço para os fake news, aumentando a crise da mídia contemporânea. Todas essas dificuldades podem afetar também as faculdades voltadas à comunicação.
O ano de 2016 não foi nada legal para profissionais da mídia. De acordo com a IVC (Instituto Verificador de Circulação), houve uma queda de 8% a 15% dos na circulação dos maiores jornais do país no primeiro semestre em relação ao ano anterior. Já o site ABI online registrou ao longo do ano passado o fechamento de aproximadamente 15 veículos de mídias tradicionais como rádio, TV e jornais impressos. No estado de São Paulo, os dados do Sindicato dos Jornalistas Profissionais indicaram que em 2016 houve demissão de 581 profissionais. Dados nada animadores para profissionais da mídia atual e que mostram a crise na mídia.
Não há tantos motivos para acreditar que a mídia contemporânea possa melhorar futuramente. A tentação do público pelo fake news, a preferência pela velocidade da notícia ao invés da qualidade e as demissões nas redações provam que a mídia contemporânea está cheia de problemas. Tudo isso gera um círculo vicioso, já que o fake news atraindo mais interesse do público pode ocupar o espaço das mídias contemporâneas de grande credibilidade, com isso o público ficará cada vez menos crítico e aceitará qualquer coisa como verdade diminuindo o papel do jornalista, a diminuição da figura jornalística irá gerar uma falta de interesse pela área e assim veremos menos profissionais que queiram seguir essa carreira. A crise e a queda de qualidade da mídia contemporânea só devem diminuir após trabalhos e estudos de longo prazo ou com uma educação midiática nas escolas.
Resta aos profissionais da área lutarem a cada dia para mudar um pouco a realidade.
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Lucas Souza Dorta é estudante de Jornalismo