sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Cinema e Realidade em casa 9


Boletim Carta Maior - 01 de Setembro de 2017


Cinema e Realidade em casa 9


Da Redação
Arte/Carta Maior
 
Neste fim de semana Carta Maior sugere, no projeto Cinema e Realidade em Casa 09, três filmes excelentes, de alto nível cinematográfico focalizando temas de especial – e dolorosa - atualidade.
 
Confissões
O primeiro retrata esse abstrato e arquipoderoso personagem, o Mercado, que faz estremecer de emoção jornalistas  especializados em economia, os arautos do neoliberalismo e, na sua grande maioria, porta vozes em linha direta dos interesses dos seus patrões, os oligarcas proprietários dos conglomerados da informação. É um belo filme italiano e se chama As Confissões (2015). Um trecho da resenha da revista Carta Capital assinada por Gabriel Galípolo e Luiz Gonzaga Belluzzo, em janeiro do ano passado, observa: “Entre tantos diálogos devastadores em suas sutilezas, o filme As Confissões, de Roberto Andò, nos oferece à meditação as gélidas sabedorias da dita ciência econômica".
 
O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional, Daniel Roché, personagem encarnado pelo ator francês Daniel Auteuil, marca uma reunião com os ministros das Finanças dos oito países mais poderosos do planeta em um luxuoso hotel na Alemanha, no período de seu aniversário. Estão também no rol dos convidados uma escritora de livros infantis, um músico e... um monge trapista. Antes de brindar os convivas, no jantar de abertura do conclave, o diretor-gerente lembra John Maynard Keynes: a economia é uma ciência moral. Ela nos ensina que não somos deuses, mas  humanos, prisioneiros da incerteza, das expectativas e, por isso, não conseguimos compreender todas as consequências de nossas ações. Os ministros se entreolham, abalados em suas certezas, que entrariam em pânico depois de uma longa confissão de Roché ao monge.’’
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reprodução
 O segundo filme é francês, dos premiados irmãos Dardenne e tem por título Dois dias e uma noite. Numa sexta-feira como outra qualquer, Sandra é demitida em um processo de ‘’flexibilização’’ no quadro de funcionários da fábrica. A empresa manipula e usa os seus próprios colegas para votar: ou eles recebem um bônus de mil euros e Sandra vai para a rua ou ela continua no grupo e eles ficam a ver navios. A maioria vota pelo bônus. Mas uma segunda votação é acertada com o patrão. Mais um acordo indecente. Ele concede que haja uma nova votação na segunda-feira seguinte. Os colegas terão a chance de decidir, definitivamente, se abrem mão do bônus de mil euros oferecido pela empresa e a companheira mantém o emprego. Este é o drama vivido durante um fim de semana pela operária que  conhecerá a solidão absoluta do trabalhador no século 21 apesar das salvaguardas legais oficiais (atuação de sindicatos, justiça trabalhista etc.) e da teórica solidariedade irrestrita e a resistência coletiva dos colegas de trabalho (ilusão?). Assim como a produção italiana citada acima, o filme capta também as sutilezas e nuances do espírito do tempo em que uma das questões a ser discutida é esta: a solidariedade ainda existe? Ela subsiste na classe operária, no plano individual? Ou é uma utopia? Outro filme imperdível.
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Divulgação
E o terceiro, um documentário do cineasta e professor da PUC do Rio de Janeiro, José Mariani, chamado Brasil- um sonho intenso (2015). De atualidade incontestável,  é um clássico. É irresistível. Captura a atenção do espectador durante mais de uma hora e meia de duração. O filme de Mariani é atraente e traz entrevistas, análises e depoimentos de várias estrelas das ciências econômicas, historiadores e sociólogos brasileiros.  Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa, Adalberto Cardoso, Celso Amorim, Francisco de Oliveira, João Manuel Cardoso de Melo, Luiz Gonzaga Beluzzo, Lena Lavinas, José Murilo de Carvalho e Ricardo Bielchowsky, este, consultor de roteiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Comissão Econômica para a América do Sul e Caribe (Cepal). A garimpagem das imagens é exemplar e contribui para a historiografia do período socioeconômico brasileiro de 1930 aos dias de hoje. O documentário retoma O longo amanhecer, sobre a vida e o trabalho de Celso Furtado, outro clássico de Mariani.  ‘’Para os personagens do filme não cabem mais na cena nem os oráculos nem os abutres da economia do país, ’’ registra a resenha de Carta Maior que reproduz uma intervenção do economista Carlos Lessa: "O que é o Brasil, o que é ser brasileiro?" ele pergunta no inicio do doc. "O que o Brasil tem de paradigmas para mostrar para o resto do mundo?”
 
Perguntas incômodas contidas neste filme de Mariani e nos outros dois que sugerimos. Confira o cardápio cinematográfico desta semana. Não deixe de chamar os seus amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, um resumo dessa discussão. E não esqueça: Que país é o Brasil do pós golpe? Qual o lugar do trabalhador neste século e no futuro, aqui ou na Bélgica, onde a atriz Marion Cottilard vive a operária solitária do filme francês? Aonde nos levará a adoração obsessiva ao Mercado e qual futuro nos aguarda?Cinema e Realidade em Casa procura oferecer entretenimento, mas também promover estímulo à reflexão sobre estas e outras perguntas inquietantes do mundo de hoje. Em particular sobre o  drama econômico, social e político que se desenrola no Brasil com cores cada dia mais sombrias.  Reflexão que se torna madura quando acompanhada de ações concretas e urgentes.
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Perguntas incômodas no Brasil pós golpe. Aproveite para refletir sobre esses temas dos filmes, chame amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, com um resumo dessa discussão
 
Voltamos a lembrar que, na qualidade de Mídia Alternativa, e com poucos recursos, nós estamos lutando pela democratização da comunicação.  Carta Maior está nesta trincheira há mais de 16 anos e hoje depende, integralmente, da colaboração de seus leitores. Para que possamos continuar nesta luta precisamos que você se torne nosso parceiro. (saiba como aqui)
 
Desejamos um ótimo fim de semana, parceiros, na companhia destes três ótimos filmes. 
 


 - Você pode assistir: no Youtube, filme Dois dias e uma noite. No Netflix, As confissões e no Netflix e no Youtube, Brasil - um sonho intenso.


Créditos da foto: Arte/Carta Maior

Cinema e Realidade em casa 8


Boletim Carta Maior - 25 de Agosto de 2017


Cinema e Realidade em casa 8


Arte/Carta Maior
 
Há dois meses o projeto Cinema e Realidade em Casa está em cartaz com altos índices de acessos. Mais de 28 mil visualizações de internautas buscando informações sobre os filmes sugeridos a cada sete dias, durante as sete semanas recentes, foram registradas. O projeto procura oferecer entretenimento e promover estímulo à reflexão sobre o mundo de hoje e, em particular sobre o assustador drama econômico, social e político que se desenrola no Brasil com cores cada dia mais sombrias.  Reflexão que se torna madura quando acompanhada de ações concretas e urgentes.
 
Neste fim de semana acompanhamos a caravana histórica do presidente Lula na dimensão cinematográfica do Cinema e Realidade em Casa, iniciada faz uma semana, da Bahia ao Maranhão passando por Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí, Paraíba e Ceará.
 
Impressionante demonstração da potência, firmeza e energia do povo nordestino no encontro com a sua mais vibrante liderança. Na cidade sergipana de Nossa Senhora da Glória, Lula reforçou a necessidade da participação política se dirigindo aos moços. "Eu quero dizer a cada jovem: temos condições para mudar o país. O Brasil será o que a gente quiser que ele seja. Basta a gente participar."
 
O périplo está sendo fartamente noticiado em influentes jornais estrangeiros e acompanhado pelos seus correspondentes no Brasil passo a passo e in loco. Aqui, ele é noticiado pela velha mídia, no esquema do jornalismo de guerra - no caso, contra um inimigo declarado, mas difícil de vencer. A caravana é noticiada de forma pífia. Sonegam informação ao leitor.
 
Festejamos então neste fim de semana a caravana Lula pelo Brasil e a energia criativa do novo cinema brasileiro produzido no nordeste sem os vícios da influência da cartilha da televisão. Filmes de qualidade, com narrativas potentes e linguagem original. Um desses títulos mais recentes, Aquarius, é um estrondoso sucesso nas telas ao redor do planeta. O filme de Kleber Mendonça é o ‘’bônus’’ cinematográfico deste fim de semana quando costumamos sugerir três produções.
 
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Tatuagem (2013), de Hilton Lacerda, levou sete anos para ficar pronto. Traz consigo uma bagagem de quatro Kikitos ganhos em Gramado, cinco premios no Festival do Rio e menções honrosas. Roteirista respeitado de festejados filmes como Amarelo manga, Baile perfumado e Febre do rato, todas elas produções pernambucanas, Lacerda faz parte do grupo nordestino autor de um cinema de raiz distante da estetização influenciada pela linguagem das novelas globais.
 
Elenco coeso, com um trio de talentosos atores. Irandhir Santos, Jesuíta Barbosa (faz um recruta do exército que seduz e se deixa seduzir pelo personagem de Clécio, vivido por Santos) e Rodrigo Garcia (o Paulette, ex-amante de Clécio). Tatuagem conta também com o reconhecido montador Mair Tavares que trabalhou como assistente de montagem de Terra em transe e Macunaíma,  e montador de Bye Bye Brasil e Quarup, de Rui Guerra. Lacerda é companheiro do diretor cearense Halder Gomes, cujo filme Cine Holiúdy faturou 40 milhões de reais apenas no Ceará. Pagou-se e rendeu 30 milhões antes de chegar às telas do sul/sudeste. Uma proeza. Ele também é do grupo de Karim Aïnouz, de Fortaleza, outro cineasta brilhante, autor de O abismo prateado.
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Cine Holliúdy é uma comédia. Legendado em português, é falado em cearês – ou cearense -, o quase/dialeto da região e tem diálogos recheados de palavras e expressões como vixe, macho, ôxente, alfinins, mariolascoxinhas. Detalhe: Gomes penou para levantar fundos e realizar o projeto. Foi rejeitado quatro vezes em editais dos quais participou e só conseguiu concluir a produção em 2012. Depois, foi convidado de Mostras na Ásia,  Europa, Los Angeles e no Uruguai. O público adora.
 
O pano de fundo é a década de 70 com a ditadura civil-militar no país comendo solta. A todo instante alguém indaga a outro alguém: “você é comunista? será que aquele é comunista?” Para obter um alvará e abrir seu cinema poeira, Francisgleydisson, um apaixonado pelo cinema, ouve a explicação do burocrata da ditadura sobre o documento com o nada consta do qual precisa. “Nada consta é quando não consta nada contra o senhor; não constando nada contra o senhor pode receber o nada consta. Aí é que começa todo o processo para tirar o alvará.”





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A terceira sugestão é O som ao redor (2013), de Kleber Mendonça. “Um retrato tão cruel como preciso deste Brasil contemporâneo, que assiste à ascensão das classes populares e o surgimento de uma “nova classe média”, escreveu em uma bela resenha quando o filme estreou, quatro anos atrás e publicada no seu blog, o crítico de cinema Luiz Zanin. ‘’Os alicerces da rígida estrutura da sociedade de classes deslocam-se um pouquinho, como placas tectônicas, e mesmo esse movimento mínimo parece suficiente para provocar enorme incômodo nos andares de cima. Por ter intuído e radiografado esse momento, O Som ao Redor se inscreve no reduzido rol de filmes que se transformaram em logotipos da sensibilidade de uma época. ’’
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Sobre Aquarius, quase tudo já foi dito e continua sempre havendo mais  para comentar. Multidões assistiram ao filme cuja resenha de Carta Maior se intitula A energia para continuar a lutar. No jornal britânico The Guardian, Peter Bradshaw escreveu sobre o filme de Mendonça:
"(...) rica e misteriosa história brasileira sobre desintegração social. Metáfora do Brasil com temas sobre nepotismo, corrupção e cinismo.” Para o respeitado crítico inglês “o filme é de resistência e é um pouco um filme de sobrevivência.” Mas “trata-se de um filme sobre a energia necessária para existir. Às vezes cansa, mas há que encontrar mais energia para continuar a lutar.“ O trabalho poderoso de Sonia Braga é um capítulo à parte.
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Antes de assistir a esses filmes vigorosos, repare no espírito resistente e forte do povo nordestino. Uma agricultora de 51 anos viajou da sua cidade, Feira Nova, em Sergipe, para chegar às 14 horas na Praça de Eventos da cidade vizinha de Nossa Senhora da Glória onde começou, cinco horas depois, o ato Sertão com Lula. "Queria ficar na frente, ver de perto", ela explicou, encostada à grade que separava o público estimado em mais de 10 mil pessoas. Estava a poucos metros do ex-presidente Lula da Silva. Havia conquistado seu objetivo.
 
Por último, lembramos que, na qualidade de Mídia Alternativa, e com poucos recursos, nós estamos lutando pela democratização da comunicação.  Carta Maior está nesta trincheira há mais de 16 anos e hoje depende, integralmente, da colaboração de seus leitores. Para que possamos continuar nesta luta precisamos que você se torne nosso parceiro. (saiba como aqui
 
Confira os filmes desta semana. Não deixe de chamar os seus amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, um resumo dessa discussão.
 
Desejamos um ótimo fim de semana, parceiros, e com bons filmes. Na próxima semana esperamos não  sugerir filmes de terror.


* Os filmes Tatuagem e Cine Holliúdy são encontrados no NOW. O som ao redor, em youtube e também no NOW. Aquarius está no Netflix Internacional,  iTunes, NOW e Google Play. Estas produções estão disponíveis em DVD.

Cinema e Realidade em casa 7


Boletim Carta Maior - 11 de Agosto de 2017


Cinema e Realidade em casa 7



Arte: Carta Maior
 
Daqui a uma semana Cinema e Realidade em Casa completará dois meses em cartaz com uma repercussão surpreendente, e em contínua expansão. Trata-se de um projeto que oferece ao espectador entretenimento e estímulo à reflexão sobre o mundo e o drama econômico, social e político que hoje se desenrola no Brasil. Sugerimos filmes recentes e, alguns, mais antigos, são importantes referências cinematográficas.
 
Dentre essas produções para assistir no conforto da  casa há as  encontradas em plataformas digitais conhecidas. Outras podem ser adquiridas em DVDs, nas redes de livrarias físicas ou  encomendadas on line. Umas, versam sobre o mesmo tema de fundo embora com argumentos diversos. Os filmes indicados para este fim de semana, por exemplo, falam diretamente sobre distúrbios políticos autoritários e suas consequências na educação; sobre as  ‘bolhas’ fascistas, de ódio racista as quais emergem no Brasil de agora, e a respeito da tragédia social  vivida sob o jugo do mercado neoliberal do trabalho.
 
São assuntos conexos.
 
reprodução
A onda (Die Welle) é um filme alemão de 2009 do diretor Dennis Gansel. É imperdível. Trata de assunto gravíssimo para nós cujo programa Escola sem Partido, duramente criticado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, (que considerou os projetos de lei promovidos pelo movimento, no Brasil, como ameaça aos direitos humanos básicos) segue sendo implantado em diversos estados e municípios em uma semi-surdina. E, o que é pior, sem grande destaque na velha mídia. O tema do filme se relaciona diretamente com o que ocorre aqui: convênios e acordos fechados entre secretarias de educação e polícia militar e o exército (projeto Exército nas Escolas).
 
A onda ganhou cinco prêmios internacionais e nas dez primeiras semanas em cartaz na Alemanha foi visto por mais de dois milhões de espectadores. Os fatos nele relatados são reais e mostram como um professor de ensino médio, ao decidir fazer uma experiência pedagógica, pode manipular e intoxicar os garotos com uma ideologia autocrática atraindo-os com símbolos, uniformes, saudações, espírito de corpo, pichações, roupas com slogans, provocações públicas e, com muita sutileza, despertando e estimulando preconceitos adormecidos para discriminar os que se contrapõem ao movimento. Os ideologizados discriminam e chegam  a agredir fìsicamente aquele que é diferente. Ensina-se aos meninos-cobaias que não existem as minorias. Que minoria é o indivíduo. E o sistema ‘’do bem’’ é o da famigerada teoria da meritocracia. Não deixe de ver este filme.
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Divulgação/Caliban

Silvio Tendler, competente cineasta brasileiro, dirigiu e é autor do roteiro do documentário Privatizações : a distopia do capital realizado sob o patrocínio das idéias do saudoso geógrafo Milton Santos. No prólogo, ele avisa que trata não apenas do processo de privatizações do qual o Brasil e sua população foram (e são, mais do que nunca) vítimas, mas também “das artimanhas do capital internacional em aliança com os capitais nacionais contra a nossa economia.” Nessa infeliz fase de agora, com a escandalosa escalada de privatização no país e, em especial, de praticamente uma cidade inteira – a de São Paulo - pelo seu prefeito ausente, perguntamos: existe tema mais atual do que o filme de Tendler? A resenha de Carta Maior sobre o doc, publicada em 2014, enfatiza a importância de exibi-lo em sindicatos, escolas, clubes, associações, grupos de estudos e de debates para ‘’desconstruir o mantra decorado pelo candidato da direita  Aécio Cunha à presidência da República, que promete, nas linhas e entrelinhas do seu programa de governo, encenar o derradeiro ato do triste teatro do desmonte do estado brasileiro. Caso fosse eleito. ’’ O candidato foi derrotado. Como menino mal educado e mimado, não se conformou, assaltou o poder e é co-autor do desmantelamento do estado democrático enfim realizado à força.
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 reprodução
 
O terceiro filme-programa para este fim de semana é o francês  O valor de um homem (La loi du marché/2015), de Stephane Brizé, uma produção festejada e premiada no Festival de Cannes com o ator Vincent Lindon. É um filme primoroso, quase um documentário, sobre a desumanidade das regras da vida do indivíduo, e desse cidadão no mercado do trabalho, dentro do sistema neoliberal. Um retrato lancinante de Thierry, autêntico blue collar e legítimo representante da classe operária. Desempregado, a sua preocupação básica é colocar comida na mesa da família e continuar mantendo a educação especial do filho. Para tal, ele aceita e se submete a uma ocupação abaixo de suas possibilidades profissionais. Chamamos a atenção para as notícias dessa semana quando fomos informados sobre os mais de vinte milhões de cidadãos brasileiros desempregados e quando acompanhamos o acinte da reforma trabalhista perpetrada pelo governo golpista.
 
Assistir O valor de um homem é pertinente e imperdível.
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Aproveitamos para lembrar que, na qualidade de Mídia Alternativa, e com poucos recursos, nós lutamos pela democratização da comunicação. Carta Maior está nesta trincheira há mais de 16 anos e hoje depende, integralmente, da colaboração dos seus leitores. Para que possamos continuar nesta luta precisamos que você se torne nosso parceiro. (saiba como aqui).
 
Confira os filmes desta semana. Não deixe de chamar os seus amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, com um resumo dessa discussão.
 
Um ótimo fim de semana, parceiros, e com bons filmes.
 
 * O filme A lei do mercado é encontrado em DVD. A história da privatização está no youtube em alta resolução e, sob encomenda, pode ser adquirido no Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (SENGE/RJ).  A onda está disponível no Netflix.

Créditos da foto: Arte: Carta Maior

Cinema e Realidade em casa 6


Boletim Carta Maior - 11 de Agosto de 2017


Cinema e Realidade em casa 6



Carta Maior


Os três filmes que sugerimos assistir cada fim de semana dentro do projeto Cinema e realidade em casa, desta vez são quatro. Explicamos. Um deles, Boa noite e boa sorte, tem George Clooney atuando como diretor. É uma das histórias da época do macarthismo. O mensageiro é um emocionante filme baseado em dramática história verídica que ocorreu com o jornalista americano Gary Webb. E o documentário Muito além do cidadão Kane, cuja exibição foi proibida no Brasil, ainda hoje é alvo de polêmicas e contestações. Incomodou e ainda hoje irrita o grupo de mídia Globo.
 
Todos eles mostram o viés de hipocrisia da mídia de massa quando divulga notícias, produz análises através dos seus cães de guarda - expressão cunhada pelos franceses quando se referem aos jornalistas que se prestam ao papel de porta vozes dos ‘’donos’’ - e ao criar contra-informação que atenda aos seus próprios interesses econômicos. A manipulação de corações e de mentes de indivíduos de vastos segmentos da sociedade e o escandaloso resultado da radicalização da mídia hegemônica, no Brasil, servem como ponto de partida para conversas e debates, neste fim de semana.
 

Mas há uma obra clássica, mãe dessas três produções, que de vez em quando deve ser revisitada. O magnífico filme de Orson Welles, Cidadão Kane, de 1941, um dos mais discutidos e analisados e, para muitos, considerado o melhor filme já realizado. Sugerimos assisti-lo durante a semana, se não houver disponibilidade para tanta atividade cinéfila em três noites e dois dias.
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Lembramos que Cinema e Realidade em Casa está em cartaz há quase dois meses. Sua repercussão aumenta a cada semana. É um projeto que procura oferecer entretenimento e estímulo à reflexão sobre o mundo e, em particular sobre o drama econômico, social e político que atualmente se desenrola no Brasil.
 
 
Good night and good lucky (2005) mostra como o jornalista Edward R. Murrow, âncora de um programa da Rede CBS, enfrentou o senador Joseph McCarthy, político que transformou uma Comissão de Investigação do Congresso dos Estados Unidos em palco de uma campanha anticomunista falaciosa e baseada em acusações levianas, usadas para constranger e desmoralizar cidadãos, na década de 1950. “Época na qual era perigoso divergir da opinião e das atitudes de quem tinha o poder de espalhar acusações (e até insinuações) por intermédio da mídia. A imprensa publicava o que lhe caía nas mãos, sem questionar a fragilidade de denúncias, a falta de consistência das evidências,” escreveu Artur Breve em Carta Maior.
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O mensageiro, de Manuel Cuesta (Kill the messenger/2014) conta a saga de Gary Webb, jornalista investigativo americano, da Califórnia. Webb teve vida curta. Morreu antes de completar 50 anos. Trabalhava como repórter num pequeno jornal inexpressivo, o San José Mercury, quando descobriu a conivência e o acordo bilionário do governo americano de Ronald Reagan com traficantes de países da América Central para introduzir no país o crack em escalas descomunais. Ele desvendou e divulgou o esquema. A investigação de Webb foi reconhecida por colegas honestos e de prestígio. Alexander Cockburn e Jeffrey St.Clair, do famoso site Counterpunch.com, e autores do livro Whiteout: the CIA, Drugs and the Press contam, detalhadamente, como Webb foi vítima de uma campanha da CIA destinada a destruir sua reputação. Nunca mais ele conseguiu emprego na mídia, depois de publicar a sua denúncia.
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 Resultado de imagem para Beyond Citizen Kane, 1993
‘’Aos 50 anos do golpe militar de 1964 é necessário revisitarmos o documentário Muito Além do Cidadão Kane (Beyond Citizen Kane, 1993), dirigido por Simon Hartog para o Channel Four da Inglaterra,” escreveu Wilson Ferreira em Cinegnose. “A Globo venceu na justiça e o filme foi banido do país, mas acabou assistido e debatido nos meios universitário e acadêmico. Tornou-se um documento fundamental para conhecermos o Brasil e a nossa TV. Ficou famoso internacionalmente pelas suas denúncias sobre as manipulações do telejornalismo da Globo e o favorecimento econômico da emissora de Roberto Marinho desde o início do regime militar. Mas o documentário de Hartog diz mais, que só o olhar de um estrangeiro poderia ver: os detalhes que contribuíram para a Globo formar a primeira rede de TV do país, capaz de criar um conteúdo tão genérico que passou por cima da diversidade cultural e regional brasileira.” O plim-plim e a linguagem do globês alteraram a identidade idiomática do brasileiro, Ferreira escreveu.
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Aproveitamos para lembrar que, na qualidade de Mídia Alternativa, e com poucos recursos, nós estamos lutando pela democratização da comunicação.  Carta Maior está nesta trincheira há mais de 16 anos e hoje depende, integralmente, da colaboração de seus leitores. Para que possamos continuar nesta luta precisamos que você se torne nosso parceiro. (saiba como aqui).
 
Confira os filmes desta semana. Não deixe de chamar os seus amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, um resumo dessa discussão.
 
Desejamos um ótimo fim de semana, parceiros, e com bons filmes.
 
* Estas produções estão disponíveis em DVD, no Now, Netflix e youtube.