terça-feira, 2 de junho de 2020

Senado adia votação de projeto das fake news

Senado adia votação de projeto das fake news

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Foto: Jefferson Rudy / Agência O Globo
Sem acordo, a votação de um projeto de lei sobre “fake news” no Senado foi adiada. O próprio autor, Alessandro Vieira (Cidadania-SE), pediu a retirada da proposta, criticada por parlamentares e entidades por ser excessivamente restritiva à liberdade de expressão.
— Mantive contato com o relator Angelo Coronel e com o presidente Davi Alcolumbre. Considerando que o relatório não foi apresentado até o momento e que é importante que os pares tenham segurança quanto ao seu conteúdo, solicitei a retirada de pauta — disse Alessandro Vieira.
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— Reitero a urgência de que seja apreciado e votado pelo Senado, mas com necessária e construtiva colaboração dos colegas.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), confirmou o adiamento da votação.
— Além de garantir a contribuição de todos os senadores na construção do texto, o PL 2630/2020 deve assegurar que as pessoas possam continuar se manifestando livremente como como já garante nossa Constituição, mas ao mesmo tempo protegê-las de crimes virtuais — disse, em sua rede social.
O projeto de lei tem como principal objetivo acabar com contas falsas e redes automatizadas não identificadas, impondo penalidades às plataformas de redes sociais que não cumprirem com essas regras. Também haveria um sistema de proteção ao usuário que tiver conteúdos retirados das redes — se o Twitter deletar uma postagem sem explicação, por exemplo, o usuário pode recorrer.
Relator da proposta, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) alterou pontos importantes da projeto. A redação de uma minuta enviada colegas causou reação negativa por ser ainda mais restritiva do que o projeto original.
Entre os itens inseridos, estava a criação de um sistema de pontos pelas redes sociais para qualificar usuários, com registro de reclamações e penalidades aplicadas. A iniciativa é semelhante ao sistema de controle das redes em países autoritários, como a China.
Após a reação, o senador recuou neste ponto, mas disse que o importante é “poder identificar” cada usuário nas redes.
— Joguei a minuta para sentir o termômetro — disse o senador.
Diante da confusão, ele também passou a trabalhar para o adiamento da votação.
Outra alteração da proposta que causou polêmica seria a proibição de qualquer rede social retirar conteúdo vetado por normas próprias do provedor. Só decisões judiciais permitiriam a retirada de conteúdo, o que na prática acabaria com o poder de moderação das plataformas.
Ângelo Coronel também pretende incluir no projeto a obrigatoriedade de apresentação de documentos para a criação de conta em rede social. Perguntado sobre qual seria o tipo de identificação, ele respondeu que ficaria a cargo do Conselho de Transparência Digital, ainda a ser criado.
Ativistas da área de transparência e direito e internet se manifestaram contra o projeto nos últimos dias. O texto não passou por comissões e audiências públicas no Senado, e sua apreciação pelo Senado foi considerada apressada.
Para Mariana Valente, pesquisadora do InternetLab, o projeto está sendo visto como “bala de prata” para acabar com a desinformação no Brasil. O texto não aborda, no entanto, assuntos relevantes como o gasto público em publicidade em sites que propagam desinformação.
— Nossa preocupação é que as plataformas tivessem incentivo para tirar tudo que fosse meramente polêmico, o que poderia ser muito problemático para o debate público. Se for para pensar um marco regulatório para isso, acho que é preciso começar esse processo de novo.
— O problema está posto de forma equivocada, porque aparece (no projeto) uma necessidade de as plataformas determinarem o que é desinformação e o que não é. Em alguns casos é fácil, em outros não.
Nesta terça-feira, com o impasse entre senadores, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que iria dialogar com parlamentares para que o Congresso construa um consenso. Ao ser questionado pela imprensa sobre o assunto, Maia afirmou que também entraria em contato com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.
— É um tema que interessa à sociedade. Hoje a pesquisa do Ibope mostrou isso. Quase toda a sociedade está cansada das fake news, de serem utilizadas por pessoas que usam robôs para disseminar o ódio, disseminar informações negativas contra os seus adversários, contra as instituições — disse Maia.
Para o presidente da Câmara, o momento é bom para analisar o assunto, embora o relatório de Ângelo Coronel seja motivo de polêmica.
— Acho que é o melhor ambiente e o melhor momento para se votar a matéria, mas esse é um tema que precisa tomar muito cuidado para que a gente não entre de forma nenhuma nas liberdades, liberdade de expressão da sociedade brasileira — acrescentou.
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Quatro vacinas contra COVID-19 avançam e podem sair em 2020


Quatro vacinas contra COVID-19 avançam e podem sair em 2020

Projetos dos Estados Unidos, China, Alemanha e Reino Unido estão entre os mais avançados na fabricação da vacina contra o coronavírus


Empresas, governos e instituições estão na corrida para a produção de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há 120 projetos sendo desenvolvidos no mundo todo. Oito deles já estão em fase de testes em humanos e quatro podem sair ainda neste ano.
Uma das vacinas mais promissoras é a do Instituto de Produtos Biológicos de Pequim, na China, em parceria com a National Biotec Group, uma corporação estatal chinesa do ramo de vacinas. Em relatório recente, a companhia afirmou que foi concluída a fase dois (de três) dos testes para confecção do antídoto, que pode estar pronto para distribuição ainda no final de 2020 ou início de 2021.
Já os cientistas da Universidade de Nova York, em parceria com a farmacêutica americana Pfizer e a empresa de biotecnologia alemã BioNTech, afirmam que sua vacina pode sair até setembro de 2020, se tudo ocorrer como esperado. O desenvolvimento do imunizante também já está na fase de testes clínicos em humanos.
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Por outro lado, a empresa americana Moderna já obteve resultados preliminares positivos em seus testes clínicos. Oito dos voluntários da pesquisa receberam a vacina e criaram anticorpos contra a COVID-19 de maneira segura. A companhia acredita que a distribuição de seu imunizante pode ocorrer também no final de 2020 ou início de 2021.
O quarto projeto mais avançado em contexto global é o da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que está desenvolvendo um imunizante em parceria com a empresa AstraZeneca. Os representantes estão otimistas e dizem que esta vacina pode estar pronta em setembro de 2020.
Além dos quatro projetos, há ainda outras empresas que prometem o imunizante para meados de 2021, como a Johnson&Johnson e a Sanofi, que trabalha em parceria com a GSK. Assim, o cenário traz boas doses de esperança para o controle da doença, que já provocou mais de 370 mil mortes no mundo inteiro.
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Vacina brasileira

Dentro do contexto global, há também dois projetos brasileiros que buscam a criação de uma vacina eficaz contra o novo coronavírus. Um deles é liderado pela Fiocruz de Minas Gerais, em parceria com outras instituições, como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Instituto Butantã, a Universidade de São Paulo (USP) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
Além deste, a equipe do Instituto do Coração de São Paulo (Incor), liderada pelo médico imunologista Jorge Kalil, também está trabalhando em um imunizante e ambos os grupos estão trocando informações para avançarem juntos na pesquisa.
A equipe da Fiocruz, comandada pelo médico Alexandre Vieira Machado, diz que está desenvolvendo a vacina a partir dos conhecimento adquiridos com o vírus SARS-CoV-1, responsável pela Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS).
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Entretanto, o trabalho ainda está no começo e a vacina final pode ser finalizada apenas em 2021. Por enquanto, os pesquisadores estão testando o imunizante em camundongos. Só a partir desses resultados é que poderão entrar na etapa de testes clínicos em humanos.
Os projetos precisam garantir que a vacina seja eficaz, segura e acessível, mas ainda há muitas perguntas sobre a vacina. "Nós não sabemos ainda com quantas doses a vacina vai funcionar, se vai ter a mesma eficácia em jovens, idosos e crianças ou por quanto tempo a pessoa vai ficar imunizada. Essas questões têm que ser avaliadas e, quanto mais opções nós tivermos de ferramentas, mais chances temos de chegar a um produto final", disse Machado em entrevista à Agência Brasil.

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Entenda a simbologia presente nos protestos bolsonaristas


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Protestos bolsonaristas têm colocado diversas bandeiras e símbolos lado a lado. (Foto: Alexandre de Almeida/Arquivo Pessoal)
Manifestações favoráveis ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) têm colocado lado a lado bandeiras com diferentes símbolos e significados, que remetem desde movimentos de ultra-nacionalismo às Cruzadas da Idade Média, ou mesmo à época do Brasil Império.
Segundo especialistas ouvidos pelo Yahoo Notícias, a aleatoriedade dos ícones presentes nos atos bolsonaristas é fruto da apropriação política pela extrema-direita brasileira, quando um desses movimentos apodera-se de tal símbolo e lhe dá outro significado.

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Foi uma bandeira estampada com o brasão de armas da Ucrânia, ostentada pelo militante pró-Bolsonaro Alex Silva, o estopim para o confronto que resultou na repressão de manifestantes pró-democracia pela PM (Polícia Militar), na Avenida Paulista, no domingo (31).
Segundo o secretário-executivo da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, pessoas que portavam bandeiras neonazistas foram o gatilho do tumulto nas manifestações. “A polícia filma tudo, estamos filmando isso também, vamos passar para a Justiça e o Ministério Público para que se apure. Provavelmente, [o estopim] seja o pessoal ligado ao neonazismo que acabaram começando, levando a esse tumulto”, disse Camilo ao canal CNN Brasil.

O TRIDENTE UCRANIANO

O Tryzub - um tridente, geralmente, em dourado sob um fundo azul - é considerado um dos emblemas nacionais ucranianos, mas tem sido utilizado recentemente pelos bolsonaristas como forma de endossar o discurso radicalista de “ucranizar” o Brasil.
“Quando utilizam esses símbolos, eles não fazem um elogio aos valores, à cultura ou aos mitos nacionais da Ucrânia, mas olham para o que aquele símbolo significou naquele momento de 2014 e 2015. Ali, aquele símbolo é expressão da ruptura anti sistema político, que perseguiu a classe política profissional na Ucrânia, similar à crítica que o bolsonarismo faz hoje”, explica Odilon Caldeira Neto, professor de História Contemporânea da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), e membro do Observatório da Extrema Direita.
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Representação clássica do Tryzub no ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo. (Foto: Alexandre de Almeida/Arquivo Pessoal)
O tridente foi um dos ícones apropriado por movimentos ultra-nacionalistas e neonazistas na Ucrânia como o Pravy Sektor (Setor Direito), um grupo político de extrema-direita com braço paramilitar que começou como um movimento de rua e hoje possui integrantes no parlamento ucraniano.
Pravy Sektor ganhou destaque a partir da crise de 2013, quando protestos violentos derrubaram o governo. Em um deles, manifestantes cercaram o Parlamento e arremessaram umdeputado em uma caçamba de lixo, em uma cena que viralizou na internet. “Eles olham para a Ucrânia não admirando-a, mas sim vendo-a como um laboratório da extrema-direita que deu certo”, completa Caldeira Neto.
Discursos de “ucranizar” o Brasil tem sido repetidos por bolsonaristas como por exemplo pelo deputado estadual Daniel Silveira (PSL-RJ), que postou um apelo no Twitter, ou pela militante Sara Winter, alvo de inquérito que apura a disseminação de fake news contra o STF (Supremo Tribunal Federal) e liderança do grupo que se auto-intitula “300 pelo Brasil”.

AS TOCHAS DOS ‘300 PELO BRASIL’

Acampado nos arredores da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o bando já foi classificado pelo MP-DF (Ministério Público do Distrito Federal) como uma “milícia armada” e, segundo o historiador da UFJF, o grupo reúne características neofascistas em seus rituais e símbolos. Um dos exemplos, afirma Caldeira Neto, está no uso das tochas e na formação militar feita pelo grupo durante uma marcha com destino ao Supremo, na semana passada.
“Além dos diversos indícios da historicidade pregressa dela (Sara Winter) com grupos neofascistas, essa marcha reproduz uma estética muito comum da extrema direita. A imagem das tochas ficou muito impregnada no imaginário social na associação com a KKK (Ku-Klux-Klan, grupo racista que perseguia e assassinava negros nos EUA), mas também estava presente nas manifestações em Charlottesville”, diz ele, que também estuda neonazismo e fascismo.
Em agosto de 2017, a cidade localizada do estado de Virgínia foi palco de diversas passaeatas de pessoas brancas carregando tochas, algumas delas com capuzes brancos, em clara referência à Ku-Klux-Klan. Na ocasião, os atos eram contra a retirada de uma estátua da guerra civil que consideram um símbolo branco e contaram com a presença de David Duke, ex-líder do grupo racista.
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Grupo reunido com tochas e máscaras na marcha em direção ao STF, em Brasília. (Foto: Reprodução/Instagram)
O uso das tochas como um dos símbolos abarca diferentes significados, na visão do historiador. “Vemos que essa simbologia da chama, das tochas simboliza quem detém o conhecimento do fogo e que por isso seriam os mais evoluídos. Pode representar também uma purificação nacional ou serviria para afugentar os inimigos. Essa simbologia complexa é um dos componente dessa extrema-direita global”, elenca Caldeira Neto.
Nas redes sociais, o 300 do Brasil se define como “o maior acampamento pelo fim da corrupção e esquerda no Brasil” ou “parte do exército que vai exterminar a esquerda e a corrupção”, sem reivindicar explicitamente bandeiras neofascistas, neonazistas ou supremacistas.
No entanto, a pregação de medidas radicais faz com que indivíduos simpatizantes do neofascismo ou neonazismo se junte às fileiras do movimento. “Esses indivíduos tendem a se aproximar de parcelas mais radicaios da direita e enxergam no Bolsonaro uma bandeira em comum para defender. Seja por seu ultrareacionarismo, por suas falas homofóbicas ou preconceituosas. Eles enxergam a possibilidade de interlocução, a possibilidade de defender esse processo bolsonarista nesse momento de radicalização”, argumenta Caldeira Neto.

BRASIL IMPÉRIO E REFERÊNCIAS MONARCAS

Outra simbologia constante nos atos bolsonaristas são as referências ao período do Brasil Império e idolatria às figuras monarquistas.
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Bandeira do Brasil Império ao lado de um estandarte atual da República brasileira. (Foto: Alexandre de Almeida/Arquivo Pessoal)
“Essa bandeira monarquista é a forma de idolatrar um outro Brasil, um dos mitos de retorno ao passado. Representa um passado idealizado, onde supostamente havia um modelo de sociedade que funcionava. São fórmulas claramente reproduzidas por outros grupos de extrema-direita na Europa”, explica Alexandre de Almeida, mestre em Antropologia e doutor em História pela USP (Universidade de São Paulo).
Segundo ele, entre os ídolos monarcas cultuados atualmente pelas extremas-direitas europeias estão o rei Vitor Emanuel II, na Itália; o duque Carlos Martel, na França; e o nobre Rodrigo Díaz de Vivar, conhecido como ‘El Cid’ na Espanha.
No Brasil, parte dessa veneração recai sobre a figura do imperador Dom Pedro II. Exemplo disso são postagens como a do instrutor de segurança Alex Silva - da bandeira ucraniana no protesto da Avenida Paulista -, na qual elenca no Facebook os feitos e marcos sócio-econômicos da sociedade no Brasil-Império.
Ou mesmo a reivindicação de Sara Winter, na mesma rede social, de que a Proclamação da República em 15 de Novembro de 1889 foi “golpe”. Na foto, ela posa com uma camisa estampada com o emblema imperial.
“Os monarquistas têm uma visão que a época sob o comando Dom Pedro II foi de grande prosperiedade. De fato, naquele momento o Brasil tinha uma força naval poderosa e outras caraterísticas que lhe conferiam o status de ‘potência’. Mas havia muita desigualdade, corrupção. Tinha escravidão. Não há essa sociedade idealizada e igualitária que pintam”, explica Alexandre de Almeida, coordenador do GT (Grupo de Trabalho) História das Direitas, pela ANPUH (Associação Nacional de História).

SÍMBOLOS TEMPLÁRIOS E CRUZADAS

Mais anterior ainda do que o período imperial, a admiração da extrema-direita chegou recentemente à Idade Média europeia e às Cruzadas Templárias.
Na avaliação de Paulo Pachá, professor de História Medieval no Instituto de História da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a idolatria da extrema-direita aos movimentos militares cristão da época pode ser explicada pela criação de uma versão imaginada da Idade Média européia como “branca, patriarcal e cristã”.
Em linhas gerais, o historiador afirma que esses grupos praticam um revisionismo reacionário ao ligar intimamente a história brasileira ao “passado medieval imaginariamente puro de Portugal”, dando a entender que existe uma continuidade histórica que molda os brasileiros brancos como herdeiros da Europa.
“Portanto, afirmar as ligações identitárias do Brasil com a Idade Média européia é também afirmar um conjunto de projetos políticos conservadores antigos e muito específicos. (...) Examinando quão importante é a idéia de uma Idade Média européia pura e branca para a extrema direita brasileira, podemos vislumbrar os princípios fundamentais que guiarão este governo e o movimento social mais amplo que lhe dá força”, explica Pachá, em um artigo escrito para a revista Pacific Standard.
Essa inspiração pode ser vista na presença randômica de frases e termos em latim nas postagens do assessor especial presidencial para assuntos internacionais, Filipe Martins. No Twitter, Martins se apropriou do lema “Deus vult” – traduzido em “Deus deseja” em latim -, um grito de guerra medieval associado à Primeira Cruzada.
Mais explícito que mensagens em latim, o economista e militante bolsonarista Paulo Kogos tem aparecido fantasiado de cavaleiro templário nas manifestações recentes na Avenida Paulista. Em abril deste ano, Kogos - que se auto-intitula anarcocapitalista, ultra-reacionário e católico apostólico romano - segurou na alça do caixão do "enterro político" do governador João Dória (PSDB). Dias depois, postou um vídeo pedindo desculpas.
“No caso da simbologia templária, que tem aparecido bastante, acredito que há um impacto muito grande da cultura nerd. Ultimamente, tenho apostado minhas fichas que parte dessa inspiração vem da série de Netflix (Knightfall) e tem causado um impacto muito grande”, afirma Alexandre de Almeida. Para o historiador, há também um culto ao heroísmo, lealdade e despredimento de “entregar a vida em nome da causa e da religião”, como fizeram os cavaleiros templários na época.

METAPOLÍTICA E O ‘ETERNO 3º TURNO’

Na visão de Alexandre de Almeida, todas essas inspirações e apropriações de símbolos encontram explicação no conceito da metapolítica, consistindo na construção de visões alternativas de mundo e de narrativa para que tenham consequências nas estâncias eleitorais.
“É um fundamento da antropolítica e é anterior à política eleitoral. Tem finalidade de ganhar corações e mentes das pessoas ao convencê-las de narrativas, de que o comunismo avança e ameaça o Brasil, de que os grupos e movimentos progressistas como feminista e negro querem dividir o país e etc. É uma campanha eleitoral constante, todo dia exercendo um terceiro turno com manifestações, interpretações e simbologias. É uma política que não é feita somente nas proximidades das eleições, é uma política do dia a dia”, finaliza.
 
 
 
 
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