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A demência tem uma lógica?
Nosso Informativo sempre se referiu ao ex-capitão como “insano”
ou “demente como uma forma de aliviar um pouco as tensões criadas e pretendemos
continuar assim. Mas há momentos em que precisamos refletir sobre o que está
por vir pois estamos nos aproximando de uma reta decisiva do processo
democrático brasileiro.
Então, para dar uma linha ao número 930 do nosso
Informativo e começar a discutir o que teremos pela frente até as eleições de
2022, gostaríamos de iniciar com uma análise muito séria feita pelo pesquisador
do Centro Latino-Americano de Análise Estratégica (CLAE), Jefferson Miola.
Diz ele, em um recente artigo publicado no site “Rebelión”:
“A ideia de que existe uma crise institucional no Brasil é uma invenção diversionista
do próprio governo para criar um clima de tensão. Há algo pior: é uma cena
planejada de caos; é a fabricação, pelo próprio governo, de uma atmosfera de
turbulência e confusão. O contexto de caos planejado é pior do que uma crise
circunstancial porque revela a existência de uma escolha consciente, pensativa
e deliberada de jogar o país no abismo”.
Mais adiante ele nos lembra que: “A crise institucional
pressupõe conflito e impasse entre os poderes da República. Para que uma crise
se estabeleça efetivamente entre as instituições, duas ou mais partes devem
lutar entre si. Como ensinam os argentinos, ‘para dançar um tango são
necessários dois’. Porém, não é o que se observa no Brasil”.
E, neste ponto, metemos a nossa colher para lembrar que
é bastante sintomático que o próprio presidente e os líderes militares promovam
esse caos. Fazem isso porque pretendem deixar o país permanentemente em
suspense e pânico.
O que pensamos, normalmente? Achamos que os governantes
desejam paz e tranquilidade para levar a cabo o seu programa de governo na
medida do possível e, assim, aumentar as chances de reeleição. O governo do ex-militar,
entretanto, opta por fazer exatamente o oposto. Ele quer, precisa, deseja a instabilidade
e os conflitos permanentes. É sua maneira de permanecer na mídia, de agradar “seu
gado”.
É claro como o dia que, certamente, não foram apenas
120 mil manifestantes na Paulista, conforme os levantamentos divulgados sobre o
ato em São Paulo. Não podemos minimizar os atos da direita e maximizar as
manifestações contrárias. Seria um grande erro, seria cair em uma arapuca
armada por nós mesmos.
Podem anotar no caderninho de vocês: o insano pode até passar,
mas o “bolsonarismo”, se me permitem, veio para ficar por muito tempo. Esse “gado
cego e irracional” não vai desaparecer de uma hora para outra e vai ser um constante
perigo para nossas instituições.
Excelente a entrevista por João Pedro
Stedile. Um dos grandes pensadores
brasileiros da atualidade e vinculado ao MST, João Pedro Stedile concedeu uma
entrevista ao jornalista José Eduardo Bernardes, do “Brasil de Fato”. Vamos
destacar alguns pontos da longa matéria e, desde já, dizer que concordamos com
essas visões.
Logo no início da entrevista ele diz que “O país vive
um momento sério, porque é a pior crise de toda a sua história, uma crise
estrutural na forma como o capitalismo domina a sociedade e a economia, que
aparece na produção, na economia a cada vez mais concentrado. Antes da crise
tínhamos 45 bilionários, hoje temos 65”.
E apresenta dados irrefutáveis que servem para qualquer
análise ao dizer que “O Brasil, junto com a África do Sul, tem a maior
desigualdade social, com uma crise que colocou 67 milhões de trabalhadores na
pobreza, segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). São 14 milhões de desempregados, seis
milhões que não procuram mais trabalho e 40 milhões que não têm emprego fixo,
vivem de empregos informais, de trabalho precário e, portanto, não têm renda
fixa, não têm direitos, estão excluídos da cidadania”.
Em outro trecho da entrevista ele toca no centro do
problema ou, como dizemos, ele “cutuca a ferida” ao dizer que “Então, esses
tempos de precariedade, de retirada de direitos do governo de [Michel] Temer
até agora são apenas sinais dessa ganância da burguesia brasileira que, diante
da crise, jogou todo o peso nas costas dos trabalhadores classe, para apontar,
como você mencionou, chegar ao absurdo de ser um país continental, com tanto
potencial para a produção de alimentos, e ter cerca de 20 milhões de brasileiros
vivendo com fome. Eles não passam fome porque não tem produção, passam fome
porque não têm renda, não têm recursos para comprar comida no supermercado ou
na feira”.
Esse raciocínio termina com uma verdade indiscutível: “E,
segundo os pesquisadores, temos outros 70 milhões no que se chama de
insegurança alimentar, que significa comer da pior forma possível, menos do que
o necessário, ou sem alimentação saudável e nutritiva, o que garante até saúde.
Essa é a imagem da crise”.
Trabalho de pior qualidade. A Organização
Internacional do Trabalho (OIT) revela que 7 em cada 10 postos de trabalho
criados desde o segundo semestre de 2020 em vários países da América Latina são
informais. No Brasil, o percentual de novos trabalhadores por conta própria é
de 68%.
Atualmente, 28% de toda a população brasileira
empregada atua de forma autônoma. São 24,8 milhões de trabalhadores no segundo
trimestre de 2021, segundo o IBGE. Esses resultados apontam um crescimento de
4,2% comparado ao trimestre anterior.
Dos 24,8 milhões que atuam por conta própria, apenas
5,7 milhões possuem CNPJ. De acordo com o IBGE, os conta própria informais
foram responsáveis por mais da metade da alta na ocupação brasileira.
O diretor da OIT para América Latina e Caribe, Vinícius
Pinheiro, declarou que a região não está criando empregos “com a qualidade e a
quantidade” necessárias. O representante lembra que os postos de trabalho
informais geralmente “são instáveis, com salários baixos e sem direitos ou
proteção social.”
Segundo a OIT, ainda é preciso recuperar cerca de 30%
dos empregos que foram perdidos desde o início da pandemia. Mulheres, jovens e
pessoas com poucas habilidades profissionais foram afetados de forma desproporcional.
E a situação vai se agravando. O Indicador de Inflação por Faixa de Renda apontou
desaceleração da taxa de inflação para todas as faixas de renda no mês de
agosto, com exceção das famílias de renda média-alta. O estudo foi divulgado
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) hoje e revelou que, enquanto
a inflação das famílias de renda baixa e muito baixa apontou alta de 0,91%, a
das famílias no estrato superior de renda apresentou variação mais amena
(0,78%).
O grupo de alimentação foi o que mais contribuiu para a
alta inflacionária das famílias dos três segmentos de renda mais baixa em
agosto. Já para as três faixas de renda mais alta, o maior impacto veio do grupo
de transportes. Para as famílias com menor renda, mesmo diante de uma deflação
em itens importantes como arroz (-2,1%), feijão (-1,7%) e óleo de soja (-0,4%),
os aumentos de preços das proteínas animais – especialmente do frango (4,5%) e
dos ovos (1,6%) -, da batata (20%), do açúcar (4,6%) e do café (7,6%) explicam
a pressão inflacionária que vem dos alimentos.
A alta inflacionária do grupo de transportes deve-se
principalmente aos reajustes de 2,8% da gasolina e de 4,7% do etanol,
combinados com o aumento nos preços dos automóveis novos (1,8%) e dos serviços
de aluguel de veículos (6,6%), mesmo com a queda de 10,7% das passagens aéreas.
O grupo de habitação foi o terceiro que mais influenciou todas as faixas de
renda, puxado pelos aumentos de 1,1% da energia elétrica, de 2,7% do gás
encanado e de 2,4% do gás de botijão.
As famílias de renda baixa e média-baixa são as que
apresentam as maiores taxas de inflação (5,9%) no acumulado do ano. Os dados
acumulados em doze meses mostram que, apesar da aceleração inflacionária generalizada,
a taxa de inflação das famílias de renda muito baixa (10,63%) mantém-se em
patamar acima da observada na faixa de renda alta (8,0%), pressionada pelas
variações de 16,6% dos alimentos no domicílio, de 21,1% da energia elétrica, de
31,7% do gás de botijão e de 5,6% dos medicamentos.
De olho na Argentina (1). No último domingo (12) o povo argentino foi às urnas
para participar das eleições primárias, abertas, simultâneas e obrigatórias
(PASO, na sigla em espanhol), que definirão os candidatos às eleições
legislativas de novembro. E o resultado mostra que devemos voltar nossa atenção
para o país irmão que, mesmo aprovando recentemente medidas progressistas, está
novamente sob a ameaça de uma volta da direita.
Os resultados cocaram o governo de Alberto Fernández em
apuros diante de uma oposição que ganhou espaços e nos faz pensar no que pode
acontecer nos próximos 63 dias até 14 de novembro, quando o Congresso
finalmente será reorganizado novamente, com a eleição de 24 novos senadores (de
um total de 72) e 127 deputados com 257 cadeiras.
A julgar pelos resultados das primárias, Fernández terá
muito o que trabalhar, pois só conseguiu vencer em duas das seis províncias que
mudaram de cadeira na Câmara Alta. O movimento da oposição em bairros de maior
peso como a província de Buenos Aires e a capital causou surpresa.
A ex-governadora de Buenos Aires, María Eugenia Vidal,
destronada nas eleições de 2019, obteve os votos necessários para disputar um
cargo que agora representa a capital.
De olho na Argentina (2). A importante vantagem que a coalizão de oposição de
direita Juntos pela Mudança conquistou neste domingo sobre a Frente de Todos no
poder significou um voto de punição e deixou uma mensagem muito clara para o
vacilante governo de Alberto Fernández, que o obrigará a abandonar o caminho da
conciliação com potências econômicas nacionais, transnacionais e multilaterais,
e trabalhar na agenda econômica e social para superar a crise.
O partido no poder perdeu nessas primárias em 18
distritos. Além da Cidade Autônoma de Buenos Aires, perdeu em Chaco,
Corrientes, Córdoba, Entre Ríos, Jujuy, La Pampa, Mendoza, Misiones, Neuquén,
Salta, Santa Fé, o importante bastião da província de Buenos Aires, e o
Províncias da Patagônia, incluindo Santa Cruz, do ex-presidente Néstor
Kirchner. Manteve Catamarca, Formosa, La Rioja, San Juan e Tucumán, e contou
positivamente os resultados de Santiago del Estero e San Luis, onde as forças
aliadas ganharam.
Os resultados do PASO para a renovação legislativa
colocaram a aliança Juntos pela Mudança como a grande vencedora, ao vencer confortavelmente,
na soma dos candidatos que disputavam o interno daquela coalizão, em distritos
importantes como Córdoba, Santa Fé, La Pampa , Entre Ríos, a Cidade de Buenos
Aires e até a Província de Buenos Aires, onde a diferença a favor dos
candidatos ao Macrismo chega a quase cinco por cento.
Em terceiro lugar ficou La Libertad Avanza, setor
liderado pelo liberal de extrema-direita Javier Milei, que obteve 13,64% do
apoio, com o qual superou suas próprias expectativas, já que de seu ambiente se
dizia antes das eleições que eles esperavam para obter cerca de 10% dos votos.
A palavra final caberá aos eleitores nas eleições
gerais de 14 de novembro, nas quais quase metade da Câmara dos Deputados e um
terço do Senado serão renovados. No PASO, o grupo certo em Juntos pela Mudança
obteve quase 42% dos votos a nível nacional, contra 31% da Frente de Todos.
De olho na Argentina (3). A vice-presidenta da Argentina, Cristina Kirchner,
pediu que o mandatário Alberto Fernández reformule seu governo. Em carta aberta
divulgada nesta quinta-feira (16/09), a vice fez críticas à gestão do atual
presidente após o resultado favorável à direita nas primárias legislativas do
país, mas prometeu não fazer oposição e disse ter confiança nas decisões do
Executivo.
“Fui presidenta por dois mandatos consecutivos. [...]
Sei que governar não é fácil, e a Argentina menos ainda. Até tive um
vice-presidente declaradamente opositor a nosso governo. Os argentinos e
argentinas podem dormir tranquilos, isso nunca vai acontecer comigo. [...]
Apenas peço ao presidente que honre a vontade do povo argentino”, disse.
No documento, Kirchner ainda afirma que confia “sinceramente
que, com a mesma força e convicção com que enfrentou a pandemia, o presidente
não apenas relançará seu governo, mas se reunirá com seu ministro da Economia
para examinar os números do orçamento”.
De olho na Argentina (4). O presidente da Argentina, Alberto Fernández,
confirmou na sexta-feira várias mudanças em seu gabinete de ministros, após uma
semana de incertezas políticas no país sul-americano em decorrência da derrota
oficial nas eleições da PASO.
Alberto Fernández relatou as mudanças em seis
ministérios e uma secretaria agradecendo as autoridades cessantes pelo trabalho
realizado. A posse dos novos titulares será na próxima segunda-feira na Casa
Rosada (sede do Governo).
O governador da província de Tucumán, Juan Manzur,
assumirá como chefe de gabinete em substituição a Santiago Cafiero.
Paralelamente, Cafiero foi nomeado novo chanceler, em
substituição a Felipe Solá, que se encontra no México para participar da VI
Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
Os novos ministros que entrarão no gabinete são Aníbal
Fernández (Segurança), Julián Domínguez (Pecuária, Agricultura e Pesca). Juan
Perzyck (Educação) e Daniel Filmus (Ciência e Tecnologia).
O anúncio dos novos ministros ocorreu pouco depois de
Juan Pablo Biondi, porta-voz do presidente argentino Alberto Fernández,
apresentar sua renúncia na tentativa de acabar com a incerteza política.
Reunião no México será o fim da OEA? A odiada e odiosa instituição chamada OEA foi fundada
em 1948 com a assinatura, em Bogotá, Colômbia, da Carta da OEA que entrou em
vigor em dezembro de 1951. E, por todo esse tempo, foi o braço político e
militar de Washington e para estender seus tentáculos e influir na política de
Nossa América!
Agora estamos vendo uma possibilidade de botar um fim
nesse odioso mecanismo. Ao todo, 17 países da Comunidade de Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) estarão representados por seus chefes de
Estado ou de governo na VI Cúpula do órgão regional, que será realizada no
México, informou no domingo uma fonte oficial.
O subsecretário mexicano de Relações Exteriores,
Maximiliano Reyes Zúñiga, disse em sua conta no Twitter: “Estamos muito felizes
porque o México será o ponto de encontro da América Latina e do Caribe no dia
18 de setembro na VI Cúpula (da) CELAC”.
Pelo que acompanhamos pela imprensa latino-americana, a
América Latina fará uma proposta formal aos EUA e Canadá para definir o futuro
da Organização dos Estados Americanos (OEA), aquele “ministério das Colônias”
que o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador propôs substituir por um
novo corpo não sipaio. Por enquanto é apenas uma proposta.
Neste sábado (18), foi realizada na capital mexicana
uma cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), para
definir se vão propor reformar a OEA ou substituí-la, que características terá
e como funcionaria o novo modelo. O México fará a proposta assim que houver um
consenso da América Latina e do Caribe.
Não será fácil: para reformar, desaparecer ou
substituir a OEA, são necessários os votos a favor de 26 dos 34 países que a
integram. A reunião da Celac deve servir para preparar para o próximo ano a
proposta que a região fará aos Estados Unidos e ao Canadá, os dois membros da
OEA que não integram a Celac, uma organização eminentemente latino-americana e
caribenha, sobre um eventual futuro diferente ou a extinção da OEA.
Em julho passado, López Obrador propôs aos chanceleres
da CELAC substituir a OEA por uma organização que não seja lacaio de ninguém,
para construir algo semelhante à União Europeia, mas ligado à nossa história,
nossa realidade e nossas identidades.
Colômbia e os assassinatos de ambientalistas. Sobre o relatório que indica que a Colômbia é o país
mais perigoso para as lideranças ambientais, o Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) informou que 611 lideranças e lideranças que
defendem o meio ambiente foram assassinadas desde a assinatura do acordo de
paz.
Segundo dados da Indepaz, 332 dos assassinatos foram
perpetrados contra diferentes populações indígenas, 75 contra membros de
conselhos comunitários afrodescendentes, 102 contra camponeses, 25 contra
líderes ambientalistas e 77 contra membros de conselhos de Ação Comunitária.
Por sua vez, a ONG Global Witness, que mantém uma
contagem mundial de crimes contra ambientalistas, revelou que durante 2020
ocorreram 65 assassinatos de defensores ambientais.
Indepaz destacou que na Colômbia existem mais de 152
conflitos ambientais devido a megaprojetos mineração-energéticos,
agroindustriais e de infraestrutura que vão contra os interesses das
comunidades indígenas.
Nova greve geral no Uruguai. A central sindical Plenário Intersindical de Trabalhadores
- Convenção Nacional dos Trabalhadores (PIT-CNT) do Uruguai, junto de outros
movimentos sociais do país, convocou para quarta-feira (15) uma greve geral
contra políticas econômicas e sociais do governo do presidente direitista Luis
Lacalle Pou.
A paralisação teve início às 10h e durou por todo o
dia, como um aviso. Compondo o calendário de greve, uma marcha foi organizada
às 11h30, com concentração em frente ao Palácio Legislativo, deslocamento pela
avenida Libertador em direção à avenida La Paz, onde ocorreram as intervenções
orais dos manifestantes.
As reivindicações do ato são pela defesa da educação
pública, por planos de moradia e alimentação, em defesa das empresas públicas
uruguaias, contra a fome e em repúdio aos cortes que o presidente propõe para o
Instituto Nacional de Colonização (INC), que trata da distribuição de terras a
pequenos produtores do país.
Os manifestantes também protestaram contra artigos
propostos por Lacalle Pou na Lei de Urgente Consideração (LUC), tida como
neoliberal e conservadora pela oposição.
O ex-presidente José Mujica manifestou apoio à
paralisação e fez parte da marcha. “É um dia importante porque os trabalhadores
recuperaram sua estatura de atores sociais”, disse em entrevista à rádio
uruguaia Monte Carlo, afirmando ainda que “os trabalhadores estão se
manifestando porque precisam de trabalho e lutam para melhorar seu salário
quando ele é reduzido".
Em julho deste ano, a Comissão Nacional Pró-Referendo
do Uruguai havia coletado cerca de 800 mil assinaturas para solicitar um
referendo nacional contra a LUC, aprovada ano passado pelo presidente Luis
Lacalle Pou.
Com 100 mil assinaturas a mais do que o necessário,
movimentos sociais, sindicatos e coletivos esperam conseguir a aprovação para a
consulta popular e, assim, tentar revogar 135 dos 476 artigos do pacote de leis
aprovado em 8 de julho do ano passado, após tratamento expresso no Congresso.
A LUC foi uma das principais propagandas de campanha
eleitoral de Lacalle Pou, que assumiu a presidência uruguaia em 2020. Os
artigos respaldam temas sobre a segurança, assim como áreas de educação, trabalho,
economia, saúde e meio ambiente.
Mudanças no tabuleiro. O teste de lançamento de um novo tipo de míssil de
cruzeiro de longo alcance projetado pela Coreia do Norte ocorreu no sábado (11)
e no domingo (12), após dois anos de pesquisa, escreve agência Yonhap citando
Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA).
“O desenvolvimento do míssil de cruzeiro de longo
alcance, uma arma estratégica de grande importância […] tem sido impulsionado
pelo processo de desenvolvimento científico e confiável de sistemas de armas
nos últimos dois anos”, informa KCNA.
De acordo com a mídia, o teste incluiu a verificação do
empuxo do motor no solo, “vários ensaios de voo” e testes de controle e
orientação, juntamente com uma avaliação da potência da ogiva. Afirma-se ainda
que o míssil de cruzeiro teria voado por cerca de 1.500 quilômetros.
O aparecimento de novos mísseis de cruzeiro de longo
alcance na Coreia do Norte muda o cenário político-militar na região. Trata-se
de um tipo de armamento moderno e eficaz que possui uma ampla gama de vantagens
sobre outros tipos de armas.
O lançamento de teste do míssil ocorreu pouco depois do
desfile militar realizado na Coreia do Norte na semana passada, em comemoração
do 73º aniversário da fundação do país, exibindo unidades paramilitares mecanizadas,
lançadores de foguetes e armas antitanque.
A Casa Branca tem nova “armação”. Os governos dos EUA, Reino Unido e Austrália anunciaram
na noite desta quarta-feira (15) a criação de uma aliança militar que vai
operar na região do indo-Pacífico. Chamada de AUKUS (sigla em inglês que leva
as iniciais dos países), o projeto visa fortalecer as capacidades navais no
Pacífico e permitirá que a Austrália tenha submarinos de propulsão nuclear.
O anúncio causou uma série de reações internacionais.
Enquanto a UE disse ter sido pega de surpresa, a China e a França fizeram duras
críticas ao acordo nesta quinta-feira (16).
A parceria foi anunciada por Joe Biden, pelo premiê
britânico, Boris Johnson, e pelo primeiro-ministro australiano, Scott Morrison.
Segundo os três, os submarinos não terão capacidade de transportar ogivas nucleares,
apenas usarão a tecnologia para ser propulsora.
A iniciativa, ao mesmo tempo, é uma forma de tentar
fazer frente à China, principal rival econômico dos estadunidenses.
Nesta quinta, um dos porta-vozes do Ministério das
Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, foi duro ao criticar o pacto
internacional e o definiu como “extremamente irresponsável” por “atingir os
esforços de não proliferação de armas em nível internacional”.
A decisão de criar a aliança Aukus também foi duramente
criticada pela França, que tinha um acordo de produção de submarinos com os
australianos, e que foi classificada por Paris como “extremamente deplorável”.
A resposta da França. O governo francês convocou na sexta-feira (17) seus
embaixadores nos Estados Unidos e na Austrália para consultas sobre o acordo
militar firmado entre EUA, Reino Unido e Austrália, chamado de AUKUS (sigla em
inglês que leva as iniciais dos países), anunciado na última quarta-feira
(15/09).
Em nota, o ministro das Relações Exteriores da França,
Jean-Yves Le Drian, afirmou que a decisão foi tomada pelo presidente Emmanuel
Macron diante da “gravidade dos acontecimentos”.
“A pedido do presidente da República, eu estou
convocando a Paris, sem atrasos, nossos embaixadores nos Estados Unidos e na
Austrália para consultas. Essa decisão excepcional é justificada pela gravidade
dos anúncios feitos em 15 de setembro pela Austrália e pelos Estados Unidos”,
disse a chancelaria francesa.
O acordo militar anunciado pelos três países visa
fortalecer as capacidades navais no Pacífico e permitirá que a Austrália tenha
submarinos de propulsão nuclear. Na ocasião, a França classificou a aliança como
uma “punhalada pelas costas”, já que o país europeu tinha um acordo de produção
de submarinos com os australianos desde 2016.
Segundo o ministro francês, o cancelamento do programa
de submarinos da classe Attack, que vincula a França e a Austrália, e o anúncio
de uma nova parceria com os Estados Unidos “constituem comportamento
inaceitável entre aliados e parceiros, cujas consequências afetam diretamente a
visão que temos de nossas alianças, de nossas parcerias e da importância do
Indo-Pacífico para a Europa”.
Uma voz lúcida na confusão! Discursando na sexta-feira (17) na reunião dos líderes
dos países da Organização para Cooperação de Xangai e da Organização do Tratado
de Segurança Coletiva, Vladimir Putin disse que os EUA deixaram “a Caixa de
Pandora aberta” após saírem do Afeganistão.
O presidente da Rússia afirmou que o governo provisório
do Afeganistão não pode ser chamado de representativo ou inclusivo, mas é
preciso trabalhar com ele. Putin destacou a necessidade de coordenar a posição
dos líderes mundiais sobre o reconhecimento do governo do Talibã (organização
terrorista proibida na Rússia e outros países).
“É um governo provisório, como dizem os próprios
talibãs, e não pode ser chamado de realmente representativo ou inclusivo. Não
vemos aqui representantes de outros grupos étnicos. Mas, segundo entendemos,
também é preciso, claro, trabalhar com ele. Quanto ao reconhecimento […] estou
de acordo com os que já falaram disso: é preciso coordenar nossa posição sobre
este assunto”, segundo Putin.
O presidente afirmou que é preciso estabelecer um
diálogo sustentado interafegão com participação de todos os grupos da sociedade
do Afeganistão.
Putin expressou a necessidade de ajudar o Afeganistão a
obter paz e estabilidade, o que é do interesse de todos. A Rússia está
interessada em que o Afeganistão seja um país democrático, independente e
neutro, livre do terrorismo, guerra e drogas.
O presidente russo acredita que é possível restaurar o
formato de consultas de Moscou sobre as questões do Afeganistão se for
necessário e com o acordo dos países interessados.
É duro admitir, mas... Rússia dispõe agora de um “poder militar inacreditável”
depois da transformação de suas Forças Armadas nos últimos 20 anos, disse nesta
sexta-feira (17) o general John Hyten, vice-presidente do Estado-Maior Conjunto
das Forças Armadas dos EUA.
“A Rússia tem um Exército incrivelmente poderoso”,
notou Hyten em um podcast do Conselho Atlântico. “Eles transformaram suas
Forças Armadas nos últimos 20 anos”.
O general observou que a Rússia não escondia a sua
determinação de modernizar completamente suas forças estratégicas nucleares,
espaciais e cibernéticas, mas os líderes dos EUA não prestaram atenção a esse
respeito, e a Estratégia de Segurança Nacional de 2010 do presidente Barack Obama
não mencionou a Rússia como um potencial futuro rival ou concorrente.
“Em 2006, [o presidente Vladimir] Putin anunciou que
eles transformariam a sua força nuclear. Eles começaram a criar forças
cibernéticas e espaciais agressivas. Por quê? Por causa dos EUA e da OTAN”,
ressaltou Hyten.
A Rússia e a China representam agora para os EUA e suas
Forças Armadas um desafio estratégico que o país nunca tinha conhecido antes em
sua história – não um, mas dois concorrentes do mesmo nível e ao mesmo tempo,
ressaltou o alto comandante americano.
Nesta semana, a Força Aeroespacial da Rússia realizou
com sucesso o lançamento de um novo míssil interceptor do sistema russo de
defesa antimíssil, informou o Ministério da Defesa russo.
Pobreza nos EUA aumentou. O U.S. Census Bureau (órgão norte-americano que cuida
do censo) anunciou que a renda familiar média nos Estados Unidos diminuiu 2,9%
entre 2019 e 2020, e a taxa oficial de pobreza aumentou 1 ponto percentual.
Enquanto isso, o percentual de pessoas com cobertura de
seguro saúde para todo ou parte de 2020 foi de 91,4%. Estima-se que 8,6% das
pessoas, ou 28 milhões, não tiveram seguro saúde em nenhum momento durante
2020, de acordo com o Suplemento Social e Econômico Anual da Pesquisa de
População Atual 2021 (CPS Asec).
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