quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Quem desacata a ideia de Justiça é o Judiciário

Quem desacata a ideia de Justiça é o Judiciário

Como na frase famosa dos comentaristas de futebol, não existe mais time bobo na política.
Não existe, senão como desculpa, essa história de que figuras do Judiciário estariam aconselhando Lula a adotar uma política mais branda e a não questionarem o Judiciário, depois que o Judiciário, numa atitude  belicista, condenou, agravando a pena, o ex-presidente.
Quem quer acordo não enfia a espada no adversário.
A corporação está decidida a usar a força e a autoridade contra o ex-presidente e ele só tem como arma a legitimidade de sua representação do sentimento popular.
Não adianta Lula apresentar-se como “moderado” e “bonzinho”, por mais que o seja e que seus governos o tenham mostrado. Inclusive indicando seus atuais algozes para os cargos que ocupam na Justiça.
Salvo os piores e os melhores caráteres – e os primeiros são mais abundantes no gênero humano que os segundos – assim que nomeados, juízes das cortes supremas  passam a ser regidos pela mídia e pela corporação judicial, não pelos que os indicaram.
Não me perderei em exemplos, tantos que são.
Mas isso não os faz burros, ainda que os faça, no mais das vezes, cínicos.
Os ministros do Supremo sabe que Marcelo Bretas,. com seu auxílio-duplex,  fez mais danos à imagem do judiciário que as centenas de manifestações de Cristiano Zanin, advogado de Lula, questionando o comportamento da Justiça.
É a lógica do moralismo que se impõe acima de tudo,  até que seja ela própria desmoralizada.
Quando olham o Datafolha e veem o deus da mídia, Sérgio Moro, provocar mais rejeição que apoio a uma indicação de candidato, sabem que se enfraqueceram. Idem quando olham o nada  eleitoral a que se reduziu o seu ex-deus Joaquim Barbosa.
O problema do projeto de poder supremo do Judiciário que está em curso no Brasil é muito claro e simples: é um projeto sem chefe, cuja liderança pública acaba por ser encarnada por figuras menores, sem autoridade institucional, embora sejam autoridades corporativas, que intimidam, pelo poder que lhes dá a mídia, a dissenção e a crítica interna corporis.
Sim, porque não pensem que os juízes brasileiros são todos energúmenos, microcéfalos de queixo arrogante como os Moro e os Bretas que passaram a simbolizá-los. Mas estão imobilizados por uma ditadura corporativa que  tornará  “traidores” ou “simpatizantes da corrupção” todos os que levantarem a voz contra abusos e “marquetismos” perpetrados com a toga.
Estas pobres almas olham para cima e vêem um vazio. Enxergam a fraqueza jurídica de Carmem Lúcia e Rosa Weber, a insuficiência de maus-bofes de Dias Tóffoli, a tibieza, embora digna, de Ricardo Lewandowski, o histrionismo cafajeste de Luís Fux, o conservadorismo anacrônico de Celso de Mello, o isolacionismo de Marco Aurélio Mello, a “cabeça de PM”de Alexandre de Morais e, para fechar o quadro, o comportamento fuinha de Luiz Edson Fachin, transmutado do garantismo para o autoritarismo num passe de mídia.
É por isso que, sem liderança moral, a categoria se entrega ao papel de produzir uma carta de natureza sindical onde 17 mil juízes e promotores se tornam cúmplices de uma visão que enxerga a Justiça como um lugar de privilégios, não de equilíbrio e de um acatamento público que, naquela perdida ponderação serena, encontrava a sua razão de ser.
Nem a ditadura fez acontecer na magistratura um alinhamento tão amplo e uniforme  a seus ditames.
Viraram,os juízes, uma caricatura, infelizmente, que é o pior papel que já tiveram em toda a sua história como instituição.
E nada melhor para representá-los que uma presidente do STF que, após um alegre convescote com dirigentes de multinacionais, mia rugidos contra os que contestam a Justiça  que tem a estes como amigo e ao que tem a simpatia do povo como inimigo.
D. Cármem, não há quem desacate mais a Justiça que o Judiciário,

A mídia mentirosa, anti-Lula, se desmoraliza.

Augusto Nunes e José Neumanne Pinto espalham que Lula mentiu sobre o evento na África. Falam que Lula inventou pra fugir. Porém, no site oficial da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations) consta o nome do Lula na relação de palestrantes.


Eis a página:

FAO Regional Office for Africa

High Level Special Event on Ending Hunger in Africa - Addis Ababa, 27 January 2018

 
Joint Media Advisory
High Level Special Event on Ending Hunger in Africa
BACKGROUND The African Union Commission in partnership with the Government of the Federal Democratic Republic of Ethiopia will host a High-level Side Event on the margins of the 30th Ordinary Session of the Assembly of the Heads of State and Government of the African Union. The overall purpose of the event is to (1) Present the results of the progress made in the Implementation of the AU Malabo Declaration with particular emphasis on Commitment 3: Ending Hunger by 2025; (2) Identify areas of success as well as specific areas that need to be strengthened both at national and regional level to drive actions towards the 2030 Agenda for Sustainable Development and particularly in the eradication of hunger; and (3) Make a “clarion call for renewed action.”
WHAT: A High-Level Forum, dubbed: Renewed Partnership to End Hunger in Africa by 2025-Five Years Later: Taking Stock of Progress and Lessons in Light of the Sustainable Development Goals.
WHEN: January 27, 2018, at 15:00 hours (3 p.m.) WHERE: African Union Commission’s Multipurpose Meeting Hall, Addis Ababa, Ethiopia
WHO: -H.E Hailemariam Desalegn Ethiopian Prime Minister; H.E. Alpha Condé, President of Guinea and current Chairperson of the AU; -AUC Chairperson, H.E. Moussa Faki Mahamat; AU Commissioner for Rural Economy and Agriculture, H.E. Josefa Leonel Correa Sacko; UN Secretary-General, António Guterres and NEPAD Agency CEO, Dr. Ibrahim Assane Mayaki; -Former presidents and prime ministers, including H.E. Luiz Inácio Lula da Silva of Brazil, and H.E Chief Olusegun Obasanjo of Nigeria;
-Leaders of development agencies and financial institutions, including Mr. José Graziano da Silva, DG, UNFAO, H.E. Dr. Akinwumi Adesina, President, AfDB, President; H.E. Dr. Gilbert F. Houngbo, President, IFAD, Dr. Agnes Kalibata, President AGRA.
The media are cordially invited to cover the event.
IMPORTANT AND URGENT: To attend this event, please complete the media accreditation here: http://au.int/summit/30/accreditation

Por que socialismo? Por Albert Einstein


Por que socialismo? Por Albert Einstein
Em maio de 1949, o físico alemão radicado nos EUA Albert Einstein resolveu escrever um artigo defendendo o socialismo. Quanta atualidade no que ele diz!


EINSTEIN DE BIKE EM 1933
Cynara Menezes 
28 de março de 2016, 21h37    11
Em maio de 1949, o físico alemão radicado nos EUA Albert Einstein (1879-1955) resolveu escrever um artigo defendendo o socialismo na revista de esquerda norte-americana Monthly Review, que acabava de ser lançada. Nele, Einstein diz por que advoga uma visão socialista do mundo. Quanta atualidade no que ele diz!

Este é o texto que inspirou o pré-candidato à presidência dos EUA, Bernie Sanders, a se definir como socialista ainda na juventude. “Uma vez perguntei para ele o que queria dizer com ‘socialista’ e ele se referiu a um texto que também tinha sido fundamental para mim, ‘Por que socialismo?’, de Albert Enistein”, conta um amigo de Bernie, Jim Rader, neste artigo. “Acho que a ideia básica de Bernie sobre socialismo é tão simples quanto a formulada por Einstein.”

Leiam, traduzi para vocês.

***
Por que socialismo?
Por Albert Einstein, para a Monthly Review
É aconselhável que alguém que não é um expert em assuntos econômicos e sociais expresse suas visões sobre o socialismo? Acho que sim, por várias razões.

Vamos primeiro considerar a questão sob o ponto de vista do conhecimento científico. Pode parecer que não há diferenças metodológicas essenciais entre astronomia e economia: cientistas em ambos os campos tentam descobrir leis gerais para aplicar a certo grupo de fenômenos e possibilitar que a inter-relação desses fenômenos seja tão compreensível quanto possível. Mas na realidade essas diferenças metodológicas existem. A descoberta de leis gerais no campo da economia se torna difícil pelo fato que os fenômenos econômicos analisados são frequentemente afetados por diversos fatores muito difíceis de avaliar separadamente. Além disso, a experiência acumulada desde o começo do chamado período civilizado da história humana tem, como bem sabemos, sido largamente influenciada e limitada por causas que não são exclusivamente econômicas por natureza. Por exemplo, a maioria dos países mais importantes deve sua existência à conquista. A conquista de outros povos os estabeleceu, legal e economicamente, como a classe privilegiada do país conquistado. Eles conquistaram para si mesmos o monopólio da propriedade de terra e escolheram líderes eclesiásticos entre suas próprias fileiras. Os padres, no controle da educação, transformaram a divisão de classes da sociedade em uma instituição permanente e criaram um sistema de valores no qual as pessoas passaram a guiar seu comportamento social,  muitas vezes inconscientemente.

Mas a tradição histórica é, por assim dizer, de ontem; em lugar algum realmente superamos o que Thorstein Veblen chamou de “fase predatória” do desenvolvimento humano. Os fatos econômicos observáveis pertencem àquela fase e até mesmo as leis que derivam deles não são aplicáveis a outras fases. Como o real propósito do socialismo é precisamente superar e avançar a fase predatória do desenvolvimento humano, a ciência econômica em seu estado atual pode jogar pouca luz na sociedade socialista do futuro.



Em segundo lugar, o socialismo objetiva um fim ético-social. A ciência, no entanto, não pode criar fins e muito menos inculcá-los em seres humanos; a ciência pode fornecer, no máximo, os meios para atingir certos fins. Mas os fins são concebidos por personalidades com elevados ideais éticos –quando estes fins não são natimortos, mas vitais, vigorosos–, e são adotados e levados adiante por aqueles muitos seres humanos que, parte deles de forma inconsciente, determinam a lenta evolução da sociedade.

Por estas razões, temos de estar atentos para não superestimar a ciência e os métodos científicos quando se trata de uma questão de problemas humanos; nós não deveríamos presumir que os especialistas são os únicos que têm o direito de se expressar em questões que afetam a organização da sociedade.

Incontáveis vozes vêm assegurando há algum tempo que a sociedade humana está passando por uma crise, que sua estabilidade foi gravemente abalada. É característico desta situação que indivíduos se sintam indiferentes e até hostis ao grupo, pequeno ou grande, ao qual pertencem. Para ilustrar o que digo, deixe-me recordar uma experiência pessoal. Recentemente discuti com um homem inteligente e bem disposto sobre a ameaça de outra guerra, o que, em minha opinião, poderia seriamente pôr em risco a existência da humanidade, e salientei que somente uma organização supra-nacional poderia oferecer proteção contra este perigo. Em seguida, meu visitante, muito calma e friamente, disse: “Por que você se opõe tão profundamente ao desaparecimento da raça humana?”


EINSTEIN DE PANTUFAS

Tenho certeza que até um século atrás ninguém faria uma declaração destas com tamanha tranquilidade. É a declaração de um homem que que se esforçou em vão para alcançar o equilíbrio consigo mesmo e que de certa maneira perdeu a esperança de conseguir. É a expressão de uma dolorosa solidão e isolamento que muitas pessoas estão sofrendo atualmente. Qual é a causa? Há alguma saída?

É fácil levantar tais questões, mas é difícil respondê-las com algum grau de certeza. Eu devo tentar, entretanto, da melhor maneira que posso, apesar de estar muito consciente do fato de que nossos sentimentos e impulsos são frequentemente contraditórios e obscuros e não podem ser expressados em fórmulas simples e fáceis.

O homem é, ao mesmo tempo, um ser solitário e um ser social. Como um ser solitário, ele tenta proteger sua própria existência e a daqueles que lhe são mais próximos, para satisfazer seus desejos pessoais e desenvolver suas habilidades natas. Como um ser social, ele procura ganhar o reconhecimento e a afeição dos seus semelhantes, compartilhar prazeres com eles, confortá-los em suas dores, e melhorar suas condições de vida. Somente a existência dessas variadas aspirações, frequentemente conflitantes, contribui para o caráter de um homem, e a específica combinação delas determina quanto um indivíduo pode conquistar em equilíbrio interno e ao mesmo tempo contribuir para o bem estar da sociedade. É possível que a relativa força destes dois impulsos seja, na maioria, herdada. Mas a personalidade que finalmente emerge é formada pelo ambiente em que o homem se acha durante seu desenvolvimento, pela estrutura da sociedade onde ele cresce, pela tradição daquela sociedade e pelo apreço dela por tipos particulares de comportamento. O conceito abstrato de “sociedade” significa o indivíduo humano sendo a soma total das suas relações diretas ou indiretas com seus contemporâneos e com todas as pessoas das gerações anteriores. O indivíduo pode falar, sentir, ambicionar e trabalhar por si mesmo; mas ele depende tanto da sociedade –em sua existência física, intelectual e emocional– que é impossível pensar nele, ou entendê-lo, fora da moldura da sociedade. É a sociedade que lhe dá comida, roupas, um lar, as ferramentas de trabalho, o idioma, as formas de pensamento e a maioria dos conteúdos de pensamento; sua vida se torna possível através do trabalho e das habilidades de muitos milhões no passado e no presente que estão ocultos detrás da pequena palavra “sociedade”.

É evidente, portanto, que a dependência de um indivíduo em relação à sociedade é algo natural, que não pode ser abolido –assim como ocorre com as formigas e as abelhas. No entanto, enquanto todo o processo de vida das formigas e das abelhas é fixado até os mínimos detalhes por rígidos instintos hereditários, o padrão social e os inter-relacionamentos dos seres humanos são muito variáveis e sujeitos a mudanças. Memória, a capacidade de fazer novas combinações e o talento da comunicação oral tornaram possíveis acontecimentos entre os seres humanos que não são ditados por necessidades biológicas. Tais acontecimentos se manifestam em tradições, instituições e organizações; em literatura; em conquistas científicas e de engenharia; em trabalhos artísticos. Isto explica como, de certa forma, o homem pode influenciar sua vida através da conduta, e que neste processo o pensamento e a vontade consciente podem desempenhar um papel.

O homem adquire no nascimento, por hereditariedade, uma constituição biológica que podemos considerar fixa e inalterável, incluindo as necessidades características da espécie humana. Mas, durante sua vida, ele adquire da sociedade também uma natureza cultural, através da comunicação e muitos outros tipos de influências. É esta natureza cultural que, com a passagem do tempo, é objeto de mudança e determina a maior parte das relações entre indivíduo e sociedade. A antropologia moderna nos ensinou, ao fazer comparações com as chamadas culturas primitivas, que o comportamento social dos seres humanos pode ser enormemente variado, a depender dos padrões culturais e do tipo de organização que predomina na sociedade. É nisto que aqueles que se empenham em melhorar a condição humana devem fundamentar suas esperanças: os seres humanos não estão condenados, por sua natureza biológica, a aniquilar uns aos outros ou estar à mercê de um destino cruel auto-infligido.


EINSTEIN DE SANDALINHA NA PRAIA EM LONG ISLAND EM 1939

Se nos perguntarmos como a estrutura da sociedade e a natureza cultural do homem pode ser mudada para tornar a vida humana o mais satisfatória possível, devemos estar constantemente conscientes de que há certas condições que não somos capazes de modificar. Como mencionei, a natureza biológica do homem não é, para qualquer propósito prático, sujeita à mudança. Além do mais, os avanços tecnológicos e demográficos dos últimos séculos criaram condições que vieram para ficar. Em populações relativamente densas, com os bens que são indispensáveis à continuidade de sua existência, uma divisão extrema do trabalho e um aparato produtivo altamente centralizado são absolutamente necessários. Foi-se o tempo –que, olhando para trás, parece tão idílico– em que indivíduos ou pequenos grupos podiam ser completamente auto-suficientes. Há pouco exagero em dizer que a humanidade se constitui em uma comunidade planetária de produção e consumo.

Cheguei no ponto onde posso indicar brevemente o que para mim constitui a essência da crise de nosso tempo. Tem a ver com a relação entre o indivíduo e a sociedade. O indivíduo se tornou mais consciente do que nunca de sua dependência em relação á sociedade, mas ele não vê esta dependência como algo positivo, como um laço orgânico, uma força protetora, e sim como uma ameaça a seus direitos naturais ou até mesmo à sua existência econômica. Mais ainda, sua posição na sociedade reforça que os impulsos egoístas de sua natureza sejam constantemente acentuados, enquanto seus impulsos sociais, naturalmente mais fracos, se deterioram progressivamente. Todos os seres humanos, não importa que posição tenha na sociedade, estão sofrendo este processo de deterioração. Prisioneiros, sem se dar conta, de seu próprio egoísmo, se sentem inseguros, sozinhos e privados do simples, primitivo e sem sofisticação desfrute da vida. O homem pode encontrar sentido na vida, curta e perigosa como é, somente se devotando à sociedade.

A desordem econômica da sociedade capitalista que existe hoje é, em minha opinião, a real fonte do mal. Vemos diante de nós uma enorme comunidade de produtores cujos membros estão se esforçando em privar uns aos outros dos frutos do trabalho coletivo –não pela força, mas em total cumplicidade com regras legalmente estabelecidas. A este respeito, é importante perceber que os meios de produção –quer dizer, a total capacidade produtiva que é necessária para produzir bens de consumo assim como os bens de capital– podem ser legalmente, e a maioria é, propriedade privada de indivíduos.

Para simplificar, a seguir chamo de “trabalhadores” todos aqueles que não compartilham a propriedade dos meios de produção –apesar de não corresponder exatamente ao costumeiro uso do termo. O dono dos meios de produção está em posição de usar a força de trabalho do empregado. Usando os meios de produção, o trabalhador produz novos bens que se tornam propriedade do capitalista. O ponto essencial deste processo é a relação entre o que o trabalhador produz e como ele é pago, ambos medidos em termos de valor real. Como o contrato de trabalho é “livre”, o que o trabalhador recebe é determinado não pelo valor real dos bens que produz, mas por suas mínimas necessidades e pela demanda capitalista por força de trabalho em relação ao número de trabalhadores competindo pelas vagas. É importante entender que até mesmo em teoria o pagamento do trabalhador não é determinado pelo valor do seu produto.



O capital privado tende a ficar concentrado em poucas mãos, parte por causa da competição entre os capitalistas, e parte porque o avanço tecnológico e a crescente divisão do trabalho encorajam a formação de unidades de produção maiores em detrimento das menores. O resultado disso é uma oligarquia do capital privado cujo enorme poder não pode ser efetivamente questionado nem mesmo por uma sociedade democraticamente organizada politicamente. Isto se comprova quando sabemos que os membros das casas legislativas são selecionados pelos partidos políticos, largamente financiados ou pelo menos influenciados por capitalistas privados que apartam o eleitorado da legislatura para todas as finalidades práticas. A consequência é que, na realidade, os representantes do povo não protegem suficientemente os interesses dos setores menos privilegiados da população. Pior: normalmente, os capitalistas inevitavelmente controlam, direta ou indiretamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É então extremamente difícil, e em alguns casos impossível, para o cidadão, chegar a conclusões objetivas e fazer uso inteligente de seus direitos políticos.

A situação dominante em uma economia baseada na propriedade privada do capital é, assim, caracterizada por dois fatores principais: primeiro, os meios de produção (capital) pertencem a proprietários que os utilizam como querem; segundo, o contrato de trabalho é livre. Claro, não existe uma sociedade capitalista pura neste sentido. De fato, é preciso notar que os trabalhadores, através de longas e amargas lutas políticas, tiveram sucesso em assegurar uma forma melhorada do “contrato de trabalho livre” para certas categorias. Mas, tomando-se como um todo, a economia de hoje não se difere muito do capitalismo “puro”.

A produção é guiada pelo lucro, não pelo uso. Não existe garantia de que todas as pessoas hábeis para o trabalho estarão sempre em condições de achar emprego; um “exército de desempregados” quase sempre existe. O trabalhador vive em constante medo de perder seu emprego. Já que os desempregados e os trabalhadores mal pagos não constituem um mercado rentável, a produção de bens de consumo é restrita, e a consequência é um grande sofriment . O progresso tecnológico frequentemente resulta em mais desemprego, em vez de reduzir o fardo de trabalho para todos. O desejo de lucro, em conjunção com a competição entre os capitalistas, é responsável pela instabilidade na acumulação e utilização do capital, que leva a depressões cada vez mais severas. Competição sem limite leva a um enorme desperdício do trabalho e à deterioração da consciência social dos indivíduos que mencionei antes.

Eu considero esta deterioração dos indivíduos o pior mal do capitalismo. Todo o nosso sistema educacional sofre deste mal. Uma atitude competitiva exagerada é inculcada no estudante, que é treinado para idolatrar o sucesso adquirido como uma preparação para sua futura carreira.


CABELOS AO VENTO

Estou convencido de que só há um modo de eliminar estes males, o estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada de um sistema educacional orientado por objetivos sociais. Numa economia assim, os meios de produção são de propriedade da sociedade e são utilizados de uma forma planejada. Uma economia planejada que ajusta a produção às necessidades da comunidade distribuiria o trabalho a ser feito entre os que são hábeis para trabalhar e garantiria o sustento a todo homem, mulher e criança. A educação do indivíduo, além de promover suas próprias habilidades natas, faria com que se desenvolvesse nele um senso de responsabilidade por seus semelhantes em vez da glorificação do poder e do sucesso da sociedade atual.

É necessário lembrar que uma economia planejada ainda não é socialismo. Uma economia planejada pode vir acompanhada pela completa escravização do indivíduo. A conquista do socialismo requer a solução de alguns problemas sócio-políticos extremamente difíceis: como é possível, tendo em vista a abrangente centralização do poder político e econômico, impedir que a burocracia se torne todo-poderosa e onipotente? Como os direitos do indivíduo podem ser protegidos para garantir um contrapeso democrático ao poder da burocracia?

Ter clareza sobre estas questões e problemas do socialismo são de grande significado nesta época de transição. Como, sob as circunstâncias atuais, a discussão destes problemas de forma livre e sem obstáculos se tornou um tabu poderoso, considero que a fundação desta revista representa um importante serviço público.

"Bertolt Brecht - O ANALFABETO POLÍTICO (Gestus)"

Cliquem:


https://youtu.be/Vg22b8Knf0U



Fonte: Youtube

""Se os tubarões fossem homens" - Bertolt Brecht"

Cliquem:


https://youtu.be/PJnM03vBM_E




Fonte: Youtube

Pobre de direita.

Cliquem:


https://youtu.be/a9upGondIm4

O Trabalho: diálogo aberto e resistência à ditadura

O Trabalho: diálogo aberto e resistência à ditadura


Apelidado de 'Balho', jornal deu voz aos movimentos populares que se reorganizavam no combate à ditadura no final dos anos 1970; publicação continua a circular como veículo de corrente do PT

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Na segunda metade dos anos 1970, a ditadura civil-militar do Brasil começava a conhecer novas formas de resistência. O movimento estudantil reunia forças e buscava se recompor após anos de perseguição. Os operários colocavam fim às administrações "pelegas" dos sindicatos e assumiam uma postura progressista e reinvidicatória. Era preciso trabalhar para resistir - e o jornal O Trabalhotraduzia esse espírito. 
Lançado no dia 1º de maio de 1978, a publicação que circula até hoje e que cobria passeatas, comícios e greves de operários surgiu como expressão de um tendência trotskista, a antiga Organização Socialista Internacionalista (OSI), da qual a Liberdade e Luta (Libelu) fazia parte. O jornal foi tão importante para esse grupo político que, hoje, a corrente política que se chamava OSI leva o nome de O Trabalho.
A OSI havia sido criada em 1976 por grupos brasileiros trotskistas durante uma conferência clandestina realizada em Praia Grande (SP). Impulsionados pelas ideias do militante francês trotskista Pierre Lambert, seus membros buscavam a reconstrução da IV Internacional, fundada por Leon Trotsky em 1938. As atividades da organização iam desde campanhas pela anistia ampla, geral e irrestrita no Brasil, até apoios para sindicatos internacionais, como o Solidariedade, da Polônia. 
O combate ao lado dos operários contra a ditadura aproximou a OSI dos movimentos organizados de trabalhadores e levou o grupo a desempenhar um papel importante nas greves iniciadas em 1978. A OSI já previa em suas reivindicações uma central sindical única e independente e um partido construído e dirigido por operários. Nesse contexto, surge o jornal O Trabalho, com o objetivo de se contrapor às notícias da grande imprensa que visavam interesses patronais.
O Trabalho direcionava sua cobertura para as manifestações de resistência à ditadura e procurava dialogar abertamente com o público. O periódico sobrevivia de assinaturas, da circulação em bancas ou, mesmo, da venda de mão em mão por apoiadores do jornal. 
Edição nº01 do jornal O Trabalho. Foto: Reprodução'Balho'
No "Balho", apelido carinhoso dado por conta de um projeto gráfico inovador que imprimia a metade da palavra "trabalho" no cabeçalho do jornal, os trabalhadores encontravam um meio de comunicação que os ouvia. Além de contar com o dinheiro das vendas nas bancas e individuais, O Trabalho mantinha campanhas de assinaturas e apoio para que leitores e simpatizantes do jornal pudessem colaborar com a manutenção do periódico. 
Em 1978, na primeira edição do jornal, em um texto que pedia ajuda financeira aos leitores, lia-se que "no Brasil, desde sempre, a classe dominante tem seus arautos, para quem estão abertas as imprensas e fechados os cárceres. E também no Brasil os trabalhadores sempre tiveram seus porta-vozes e defensores, para quem estão fechadas as imprensas e abertos os cárceres. O Trabalho nasce da luta dos trabalhadores contra as mordaças e esses mesmos cárceres".
Repórter da revista Veja à época, o jornalista Paulo Moreira Leite participou da criação do periódico que, segundo ele, representava um "alívio" para os movimentos de resistência. "Naquele momento, a simples ideia de que você podia ler uma imprensa que não era censurada era um alívio", diz.
Ainda na primeira edição, o periódico deixava claro de que lado estava e para quem publicava, afirmando que "O Trabalho nasce assim, das entranhas da luta pela democracia que está hoje em andamento nas fábricas, nos sindicatos, no campo, nas escolas e nos  bairros".
Greves, operários e presos políticos
Moreira Leite também conta que O Trabalho teve uma participação relevante durante as greves de 1979 e 1980, quando o jornal permitiu que os trabalhadores do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo comandassem a redação e imprimissem um jornal feito por eles.
"Na primeira greve dos metalúrgicos de São Paulo, o jornal abriu suas portas e a redação para que os líderes da greve fizessem um jornal, não feito pela redação d'O Trabalho, mas um jornal feito por eles. Foi uma experiência muito interessante, tanto para eles, como para nós", conta o jornalista.
Outro colaborador envolvido na construção de um periódico de resistência foi o jornalista José Américo, que, além de escrever para a publicação, distribuía O Trabalho de mão em mão.
"Os apoiadores do jornal O Trabalho, os militantes da Liberdade e Luta e pessoas que apoiavam o jornal além disso, se dispunham a vender o jornal. Eu mesmo trabalhava no jornal, mas saía pra vendê-lo em pontos de concentração popular", afirma o hoje deputado estadual de São Paulo pelo PT.

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Documentário da TV alemã mostra colaboração da Volkswagen com ditadura brasileira

Amanhã: um jornal de estudantes para o movimento operário

 
Américo ainda destaca o caráter alternativo da publicação. "O jornal O Trabalho publicava matérias de greves estudantis, de movimentos operários pelo Brasil e era óbvio que você não via isso na grande imprensa". 
Reprodução

"Saldo foi claramente positivo", diz Paulo Moreira Leite
O jornalista conta que o periódico realizou uma campanha pela libertação dos presos políticos da Penitenciária Barreto Campelo, localizada na Ilha de Itamaracá, em Pernambuco. "O Trabalho publicava cartas, depoimentos de parentes, como uma forma de fazer a disputa pela democracia no Brasil", diz. 
"A coisa certa, na hora certa"
Para Moreira Leite, as greves e os movimentos populares "eram tratados com dignidade" pela publicação. "Ali os trabalhadores eram ouvidos, o jornal fazia entrevistas nas portas de fábrica, reunia os operários para debater sua condição e o jornal era reconhecido, era apoiado".
Segundo ele, jornais alternativos como O Trabalho souberam se posicionar durante um período difícil na história do Brasil e puderam fazer "a coisa certa, na hora certa". "Em vários momentos, eu acho que essa imprensa soube para onde a história estava andando. Esse é o problema, saber aonde a história vai e se colar nesse processo. O saldo disso é claramente positivo". 
OSI, PT e Corrente O Trabalho
Um ano antes da regularização do Partido dos Trabalhadores, em 1980, a OSI decide entrar no PT. Após a integração, a OSI desempenha um papel importante na estruturação do partido e na formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT). No ano de 1983, a organização passa a integrar o Comitê de Reconstrução da IV Internacional, dirigido por Lambert. 
Em 1986, boa parte dos militantes da OSI deixou a organização e ajudou na construção da Articulação dos 113, tendência expressiva dentro do PT. A corrente que manteve suas relações com a linha trotskista passa a ser conhecida como Corrente O Trabalho, homônimo de seu jornal, e permanece até hoje como uma tendência dentro do partido.
O jornal O Trabalho continua a ser editado e veiculado até hoje. Disponível em versão on-line e impressa, O Trabalho prioriza em suas pautas coberturas do movimento sindical, manifestações pelo fortalecimento da democracia no Brasil e movimentos operários internacionais, destacando seu caráter internacionalista.
Reprodução

Edição de novembro de 2017 d'O Trabalho

Saem os “mortadela”, entram os “presuntos de Parma”

Saem os “mortadela”, entram os “presuntos de Parma”

Prepare-se para assistir, hoje, a um grande e insólito espetáculo, que a jornalista Isabella Souto descreveu, n’O Estado de Minas, com bela ironia:
Juízes, desembargadores, procuradores e promotores de Justiça prometem invadir Brasília, nesta quinta-feira, em defesa de seus “direitos e garantias” e em nome da “autonomia” da categoria. Trocando em miúdos: vão manifestar o descontentamento com projetos em tramitação no Congresso Nacional que impõem limites aos salários acima do teto constitucional e desvinculam a remuneração dos agentes públicos, além da Reforma da Previdência e a discussão judicial que pode acabar com o auxílio-moradia mensal de R$ 4.373,77.
O “grito dos privilegiados” reúne caravanas de todo o país, articuladas pelas entidades representativas do Judiciário e do Ministério Público. Algumas delas vão custear as viagens de seus associados, como, por exemplo, a Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis). O sorteio para definição dos participantes foi realizado no último dia 23 e os sete agraciados terão passagens aéreas de ida e volta custeadas pela entidade. A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) vai ajudar a pagar a viagem de 100 juízes.
Que não se diga que são “mortadelas” como chamam aos trabalhadores que vão reivindicar direitos, são “presuntos de Parma”, talvez.
Aliás, algo me diz que as corporações ainda vão chorar lágrimas de sangue nos seus lenços de linho, porque – cumprido o papel de por uma mordaça eleitoral no povo brasileiro, suas asas serão podadas pela mídia.

Incrível: TRE quer cancelar título de 25% dos eleitores de Salvador

Incrível: TRE quer cancelar título de 25% dos eleitores de Salvador

Praticamente desconhecido do restante do Brasil, um sofrimento terrível está sendo aplicado aos habitantes de Salvador e de várias cidades da Bahia.
Esta palhaçada da identificação biométrica do eleitor – como se a fraude eleitoral no Brasil fosse alguém votar duas, três ou até mesmo cinco vezes, no lugar de outros: basta fazer a conta de quantas pessoas e riscos necessários para “forjar” votos desta maneira – está criando um drama, como você vê na foto de ontem “último dia” para o recadastramento digital de eleitores.
Diz o jornal A Tarde que, “segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 1.539.814 eleitores de Salvador (dos 2.034.329 aptos para votar) conseguiram realizar a biometria. Isso corresponde a 75,69% da população. Outras 494.515 não fizeram o procedimento e tiveram o título cancelado.”
Ontem, o TRE baiano negou, com uma alegação burocrática, que só juízes eleitorais o poderiam fazer – o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil para estender o prazo.  Dizem que, em março, vão ver “se” e como vão dar uma segunda chance aos eleitores cassados.
A OAB recorreu ao TSE, até agora, sem resposta.
A filas e os tumultos foram enormes e foi um deles que gerou o coro “Lula, Lula, Lula” nos eleitores amontoados por horas num dos postos, o da Estação do Trem da Calçada, mostrado aqui.
A monstruosidade que a Justiça Eleitoral baiana está fazendo deixa qualquer pessoa livre para achar que a exclusão do eleitorado de uma das maiores cidades do Nordeste não é, simplesmente, produto de uma trapalhada. É só olhar o Datafolha e ver que, por lá, os índices de intenção de voto em Lula chegam a 58%.
De qualquer forma, nada justifica o silêncio da imprensa nacional diante deste absurdo.

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Comentário deste blogueiro: se a notícia fosse que os 25% dos eleitores não votariam em Lula, de jeito nenhum, a autorização para que todos fizessem o recadastramento sairia no dia seguinte ao do dia final.