terça-feira, 13 de junho de 2017

A JBS patrocinou o impeachment de Dilma?

12/06/2017 14:45 - Copyleft

A JBS patrocinou o impeachment de Dilma?

Marqueteiro de Temer afirmou ter sido contratado pela JBS para derrubar Dilma. O maior processo da história da Justiça Eleitoral não passa de uma farsa


João Filho
Beto Barata/PR
O julgamento da chapa  Dilma/Temer no TSE talvez represente o auge da esquizofrenia da qual padece a política brasileira. A ação foi movida por Aécio Neves para, segundo o próprio, apenas “encher o saco do PT”. As acusações que fundamentaram o processo do tucano são exatamente as mesmas pelas quais sua chapa é acusada: abuso de poder político e econômico, recebimento de propina e beneficiamento do esquema de corrupção na Petrobras. Hoje no governo, Aécio e sua turma torcem para perder a ação que moveram. Portanto, o mais importante processo da história da Justiça Eleitoral nada mais é do que uma retumbante farsa.
 
Enquanto os olhos do país estão voltadas para a patacoada, uma notícia fundamental para compreender um pouco os fatos que nos trouxeram até aqui ficou ao relento na grande imprensa brasileira: o marqueteiro de Temer afirmou ter sido contratado pela JBS para derrubar Dilma.
 
Antes, vamos contextualizar os acontecimentos. Joesley da JBS havia revelado em sua delação que Temer pediu uma propina de R$300 mil. À época, o processo de impeachment ainda estava em curso e, estranhamente, Temer precisava do dinheiro para despesas de marketing político pela internet. Segundo Joesley, o então vice-presidente queria se defender dos duros ataques que vinha recebendo nas redes.
 
Temer teria orientado que o dinheiro fosse pago para o publicitário Elsinho Mouco – seu marqueteiro oficial há 15 anos e que hoje exerce papel importante no governo. É ele quem escreve os discursos de Temer e ajudou a redigir o famigerado programa Ponte para o Futuro.
 
Bom, no último domingo, Elsinho contou ao Estadão a sua versão, que é um pouco diferente do que ele havia dado em uma nota à imprensa divulgada após a publicação da delação de Joesley. Segundo o publicitário, o dono da JBS o convidou para um jantar nababesco em seu palacete no Jardim Europa em São Paulo. Regados a “whisky 18 anos” e “camarões gigantes”, Joesley revelou que queria financiar um serviço de monitoramento de redes sociais que ajudaria a derrubar Dilma:
 
“O empresário perguntou então quanto custaria o serviço, que a princípio seria pago pelo PMDB nacional. “R$ 300 mil”, respondeu Elsinho de pronto. “Eu pago isso. Vamos derrubar essa mulher”, teria dito Joesley.”
 
O dinheiro dado ao marqueteiro de Temer teria sido usado para “monitorar digitalmente movimentos pró-impeachment, o PMDB e a Fundação Ulysses Guimarães”.
 
Portanto, temos duas versões. O dono da JBS garante que a propina foi paga em espécie para Elsinho a pedido de Temer. Já o publicitário afirma que foi Joesley quem o procurou espontaneamente para contratar seus serviços, sem propina e sem envolvimento de Temer.
 
Um dos dois está mentindo. A versão de Elsinho é estranha,parece querer poupar seu chefe. É difícil imaginar que o publicitário tenha feito o orçamento do serviço ali na hora, no meio do jantar. Segundo o publicitário, o dono da JBS chamou um mordomo e ordenou: “Pega lá R$ 300 mil e entrega para o Elsinho”. Nessa versão capenga, o publicitário teria ido apenas visitar um cliente em potencial, fez o orçamento e imediatamente recebeu o valor integral em dinheiro vivo antes mesmo de prestar o serviço. Elsinho, cujo irmão acaba de ganhar uma concorrência de R$ 208 milhões para a publicidade do Palácio do Planalto, teria muito a perder se confirmasse a história do dono da JBS.
 
A versão de Joesley me parece mais verossímil: Temer pediu para entregar a propina para seu marqueteiro, que foi até a casa do empresário e saiu com o valor que havia sido previamente combinado entre os patrões. A dúvida fica por conta da finalidade da propina. R$300 mil para defender Temer de ataques da internet às vésperas da votação do impeachment? Ou seria mesmo para derrubar Dilma?
 
Apesar da relevância da informação dada pelo marqueteiro de Temer, o Estadão não deu chamada de capa, a Folha não repercutiu, e nem preciso falar sobre o Grupo Globo. Não parece ser do interesse do braço midiático revelar os detalhes do funcionamento do braço financiador do golpe parlamentar.





 
O fator Kátia Abreu
Maior doadora da campanha de Dilma, a JBS havia entrado em conflito com a presidenta antes mesmo do início do seu segundo mandato. A indicação de Kátia Abreu para o ministério da Agricultura não incomodou apenas petistas, ambientalistas e movimentos sociais, mas também a JBS e até o PMDB – partido que recém abrigava a senadora à época. O grupo empresarial de Joesley sempre foi alvo de duríssimas críticas de Kátia Abreu. Este trecho de reportagem da Folha de 2014 revela o tamanho da briga:
 

“Em discurso na tribuna do Senado, em 2013, Kátia Abreu criticou uma suposta prática monopolista e marketing enganoso’ por parte do grupo JBS, que cresceu no mercado adquirindo outros empreendimentos menores.


No centro do ataque estava um polêmico financiamento de R$ 7 bilhões do BNDES à JBS-Friboi que, segundo Kátia Abreu, poderia ter sido usado para ajudar pequenas e médias empresas em dificuldade.”


 
Irritado com a notícia de que Kátia provavelmente seria a nova ministra, o falastrão Joesley foi procurar quem para reclamar? O seu amigo Michel Temer, claro. Não satisfeito, foi se lamentar também com Aloizio Mercadante (PT), então chefe da Casa Civil, que o recebeu em uma conversa reservada, fora da agenda oficial. Ainda segundo a Folha, Dilma foi aconselhada a conversar com Joesley e tentar contornar sua insatisfação, o que teria ocorrido em um encontro sigiloso.
 
Todo esse lobby contra Kátia Abreu não deu certo e a ex-presidente bancou sua nomeação, contrariando seu próprio partido, seu principal aliado político (PMDB) e a JBS. Naquele momento se iniciava um conflito entre Dilma, o PMDB e o principal financiador de campanhas políticas no Brasil.
 
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Joesley revelou em delação que deu R$30 milhões para Cunha, que teriam sido usados para bancar sua campanha à presidência da Câmara, em 2015.  “Cunha saiu comprando deputado, saiu comprando um monte de deputados Brasil a fora. Para isso que serviam os R$ 30 milhões”, afirmou Joesley à PGR. Ou seja, a JBS também patrocinou a eleição de Cunha, o inimigo número um de Dilma, o homem que lideraria um golpe parlamentar para derrubá-la.
 
Vamos ligando os pontos. Não podemos esquecer também dos R$ 4 milhões em propinas da Odebrecht que Lucio Funaro (doleiro, lobista e operador das propinas de Cunha) enviou para Eliseu Padilha através de José Yunes (ex-assessor especial do governo Temer e amigo do presidente há mais de 50 anos). Na ocasião, o amigo de Temer ouviu do doleiro qual era a finalidade do dinheiro:  “A gente está fazendo uma bancada de 140 deputados, para o Cunha ser presidente da Câmara”. Segundo Yunes, Temer não pode dizer que não sabia de nada: “Contei tudo ao presidente em 2014. O meu amigo (Temer) sabe que é verdade isso. Ele não foi falar com o Padilha. O meu amigo reagiu com aquela serenidade de sempre (risos).”
 
Portanto, como se não bastassem as confissões públicas de que as pedaladas fiscais não foram o motivo que levaram à queda de Dilma, agora ainda temos fortes indícios de que a eleição de Cunha e o processo de impeachment foram financiados com dinheiro de propina de grandes empresas e teve envolvimento direto de Michel Temer.


Créditos da foto: Beto Barata/PR

Reino Unido: O triunfo e a confusão

12/06/2017 15:23 - Copyleft

Reino Unido: O triunfo e a confusão

Se os ganhos dos trabalhistas na eleição puderem se mostrar transformadores para a esquerda, negociações para o Brexit prometem ser uma confusão prolongada


Robert Kuttner
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Há duas consequências da surpreendente eleição britânica. Primeira, há uma fome por um líder progressista e por um programa que leve em consideração o quanto a atual economia está destruindo seriamente as pessoas comuns. Contra todas as predições, Jeremy Corbyn provou ser uma versão plausível desse líder, assim como Bernie Sanders o foi nos Estados Unidos.
 
Mas, segunda, a batalha sobre a saída do Reino Unido da União Europeia atrapalhou seriamente a política mais ampla da esquerda e da direita. A confusão política será enfrentada pela confusão de um Parlamento dividido, em que nenhum partido terá maioria para governar.
 
Muito do descontentamento da classe trabalhadora britânica alimentou sua frustação econômica no referendum de 2016 sobre o Brexit. Apenas uma parte reduzida desse voto refletiu uma crítica nuançada da União Europeia como um agente da economia de mercado e do deslocamento do trabalho. A maior parte dos protestos foram puro nacionalismo – levem esses búlgaros fora de nossas cidades e parem com a burocracia de Bruxelas nos dizendo como demos viver.
 
Esse foi o tema do United Kingdom Indendence Party (UKIP) e do líder tipo Trump Nigel Farage – quando teve um momento breve nos holofotes, com o UKIP se tornando o segundo maior partido nas eleições de 2014 para o Parlamento Europeu, para desabar no ano seguinte. Entretanto, o agendo daquele colapso foi a Primeira Ministra Theresa May que, em sua essência, apropriou-se do programa do UKIP.
 
Infelizmente para os conservadores no poder, May estragou completamente a campanha nas eleições. Ao convocar uma rápida eleição, como forma de fortalecer sua mão nas negociações por vir com a liderança europeia sobre o Brexit, ela explodiu em seu rosto.
 
May apareceu como oportunista e conivente, enquanto Corbyn, há muito desqualificado tanto pela grande imprensa como pelos tabloides eurofóbicos como um esquerdista radical, surgiu como alguém com princípios, decente e que genuinamente se preocupa com os esquecidos britânicos comuns.
 
A conquista de Corbyn é algo próximo do extraordinário. Os trabalhistas tiveram mais de 40 % dos votos, em comparação com os apenas 30,6 % nas eleições gerais de 2015. Foi a maior virada dos trabalhistas desde a épica vitória de Clement Attlee’s contra Winston Churchill em 1945; Ainda recentemente, em abril, as pesquisas mostravam os trabalhistas por volta dos 20 e poucos %, e May se encaminhava para uma vitória retumbante.
 
Dadas as peculiaridades do sistema eleitoral britânico, May poderia chegar a um ganho ainda mais expressivo no voto popular – dos 36 % em 2015 para 49 % este ano – mas o ganho não se traduziu em assentos no Parlamento e ela perdeu uma maioria de 17 parlamentares em uma eleição absolutamente gratuita, vista agora como um erro épico. Ainda que May se mantenha agora, se aguarda que ela perca a liderança do partido.
 
Corbyn atraiu o voto jovem, que há muito vinha sendo afastado da política eleitoral. O comparecimento total, de 68,6 %, foi um pouco aquém daquele do referendum do Brexit em 2016, mas ele foi massivo entre os jovens entre 18 e 44 anos, de 43 % para espantosos 73 %. Seguramente isso fez a diferença para os trabalhistas.
 
Se Corbyn puder realizar uma mudança geracional duradoura trazendo os jovens para seu trabalhismo progressista, será uma conquista transformadora. Ao contrário de Sanders, Corbyn é agora a voz e a cara completamente – e a consciência – de seu partido.
 
Os trabalhistas estancaram também suas recentes perdas no norte da Inglaterra, onde a aposta era de que o apoio ao Brexit aumentaria o voto conservador nos redutos tradicionais trabalhistas da classe trabalhadora. A eleição enfraqueceu também o Partido Nacional da Escócia (SNP), em particular porque o SNP tem sido o partido dominante na década e nenhum milagre econômico aconteceu.





 
O movimento pela independência da Escócia agora está praticamente morto. O SNP, que perdeu  21 dos 56 nos assentos da Câmara dos Comuns, está agora ainda mais tendente a apoiar um governo de minoria trabalhista se esta oportunidade se apresentar.
 
Mas o que acontecerá agora?
O que acontecerá agora? A confusão parlamentar é a pior desde aquela de 1920, com nenhum partido com maioria. Isto é paradoxical, uma vez que os dois grande partidos tiveram a maior proporção do voto popular – quase 90 % - desde os anos 60. O Reino Unido está de volta a um sistema bipartidário em todo o país, menos na Câmara dos Comuns, onde pequenos partidos tiveram suficientes assentos para provocar um impasse.


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Dilma: "Presidente da República com 70 deputados, dá impeachment, viu?"

12/06/2017 14:03 - Copyleft

Dilma: "Presidente da República com 70 deputados, dá impeachment, viu?"

"O efeito não está contido no ato do golpe. O golpe parlamentar não se contém a si mesmo, ele se expande. Uns chamam isso de expansão do estado de exceção"


Tatiana Carlotti
Reprodução
A importância das eleições direitas no país e o avanço do estado de exceção foram temas centrais da palestra de Dilma Rousseff, presidenta eleita do Brasil, durante a abertura do III Salão do Livro Político no TUCA (PUC-SP), na última segunda-feira (03.06.2017).
 
Durante uma hora e meia, Dilma esmiuçou os passos e objetivos do golpe (leia também “Brasil caminha para um futuro incerto”) reiterando que somente eleições diretas poderão redefinir o pacto social no país.
 
“Quando você dá um golpe, o efeito não está contido no ato do golpe. O golpe parlamentar não se contém a si mesmo, ele se expande. Uns chamam isso de expansão do estado de exceção. Não é o Estado Democrático de Direito, é uma doença que implanta medidas de exceção pelas quais não se tratam todos como sendo iguais perante a lei”, afirmou.
 
Explicando que a ampliação das medidas de exceção são uma necessidade do golpe, Dilma destacou que somada a essas medidas está o uso da lei como uma arma de guerra, o chamado lawfare:
 
“Se na guerra você usa as armas para destruir fisicamente o inimigo, neste estado de exceção você usa a lei para a destruir a cidadania, transformando o civil em uma pessoa sem direito à cidadania, porque está desmoralizado”, explicou.
 
Ampliação das medidas de exceção
 
Em sua avaliação, o país sofrerá uma ampliação, de forma generalizada, das medidas de exceção.
 
“Ninguém pode ser grampeado, exceto eu e o presidente Lula”, ironizou, ao destacar que em qualquer outro país do mundo, grampear um presidente da República ou primeiro ministro é crime de segurança nacional. “Grampeia o Trump para vocês verem o que acontece”.
 
Dilma, inclusive, citou a gravação de Michel Temer no Palácio do Jaburu. “Apesar de vocês concordarem comigo que eu não tenho o menor interesses de proteger o presidente ilegítimo, eu pergunto: tinha autorização para gravá-lo? Se eles o colocaram lá, eles que o respeitem, porque não é uma questão dele. É uma questão relativa à condição de presidente”.
 
Reiterando a importância de defendermos esses direitos, até mesmo em relação aos nossos adversários, ela foi categórica: “não é possível aceitar qualquer ato de exceção sobre qualquer direito democrático”.
 
E explicou o porquê.





 
Questão democrática é central
 
Trazendo uma abordagem geopolítica, Dilma explicou que nos demais países, a lógica foi o neoliberalismo ampliar a financeirização, a financeirização ampliar a desigualdade e a desigualdade levar ao controle dos direitos democráticos. No Brasil, porém, aconteceu algo diferente.
 
“Nós tivemos o neoliberalismo, nós não impedimos o neoliberalismo, e tivemos o aumento da financeirização também, mas fomos contra a corrente: ao invés de aumentar a desigualdade, nós a reduzimos e começamos a aumentar a soberania e a internacionalização de atividades econômicas”.
 
Daí o golpe, “para permitir que o neoliberalismo se complete e volte a instalar aqui a mais profunda desigualdade novamente há que romper a democracia.Então, rompe a democracia para tirar esses direitos”.É neste sentido, alerta Dilma, que a questão democrática passa a ser central no país.
 
“É a questão democrática que vai articular a questão nacional, social, do desenvolvimento econômico e da geração de empregos. Não há como Brasil ter qualquer hipótese de estabilidade econômica e política se não tiver um banho de legitimidade”.
 
E acrescentou: “pelo menos dessa vez, que seja um pacto que passe pela população, pelo povo brasileiro e não como foram as nossas transições”.
 
Transição democrática
 
Dilma contou que, naqueles meses do impeachment, a imprensa internacional queria saber como foi possível, no parlamento brasileiro, durante a votação da Câmara dos Deputados, a existência de um voto pela tortura, pelo torturador e pela ditadura militar no Brasil.
 
Em sua avalição, isso advém do fato de a transição democrática no país ter sido negociada por cima. “Ao fazermos o pacto, nós perdemos a Diretas Já. Então, não aprovamos a Emenda Dante Oliveira”. Um pacto, destacou, que também estabeleceu a negociação da anistia tanto dos torturados quanto dos torturadores.
 
“Quem viveu [a ditadura] sabia. Quem não viveu só poderá saber se a sociedade se purgar. Não tem outro jeito de saber”, afirmou. Ela, inclusive, citou o episódio recente da questão 2 X 1 na Argentina. A lei argentina estipula para crimes comuns que cada ano de cumprimento de pena valha por dois, é a chamada questão 2 por 1.
 
Há algumas semanas, parte da Corte do país pretendia estender o 2 por 1, destinado a crimes comuns, para os crimes políticos. A medida chegou a ser aprovada, mas, no dia seguinte, 1 milhão de pessoas tomaram as ruas em protesto, fazendo com que a Corte voltasse atrás.
 
Na Argentina, destacou Dilma, a transição da ditadura para a democracia foi um processo feito “por baixo, ou seja, com o conhecimento pleno da população sobre todas as questões”.
 
Salientando a importância do exemplo argentino, ela apontou que na transição atual, nós precisamos levar em conta a “importância das eleições direitas para que o Brasil possa se reencontrar”.
 
Este é o único jeito, frisou, de alguém respeitar qualquer processo no país, “fazendo com que o voto do povo brasileiro incida sobre aquilo. E que fique claro: tem de repactuar em cima do que o povo decidir”.
 
“Querem aprofundar a divergência no país”
 
Em resposta aos que propõem a exclusão da participação popular neste processo, criticando os que recusam o “pacto por cima”, Dilma citou uma passagem do Asterix:
 
“Isso só pode ser respondido com história em quadrinhos. É do Asterix e do Obelix. Um centurião romano, sentado em cima de um cavalo, faz uma reflexão: ´esses gauleses são gente muito difícil porque a gente invade o país deles, destrói a aldeias deles, estupra as mulheres deles, mata os homens e aí passa um tempo, a gente quer conversar e eles não querem conversar”.
 
“Esta é a tolice que querem nos impingir. O povo tem necessariamente que participar deste processo. Não é possível que se dê uma solução em um pequeno grupo”, afirmou ao frisar que “a participação do povo é essencial ao processo democrático e não é para eleger A, B, C ou D. Não é uma questão individual nossa, mas uma questão política”.
 
Questão política
 
“Primeiro, eles tiram o respeito ao voto da cidadã e do cidadão; depois os direitos da cidadã e do cidadão”, com isso, “o governo e política começam a ser irrelevantes para eles [população]” e muita gente começa a achar que “como a política é irrelevante, há soluções e soluções”, por exemplo, “um salvador da pátria ou as soluções da extrema direita passam a ser consideradas”.
 
Reiterando que o país precisa “discutir e participar”, Dilma frisou que “apolítica com democracia é o único caminho para superar este processo”. Ela também lembrou que “a cultura de ódio e de intolerância tem que ser superada” no país e que para isso será preciso “fazer um exercício de discussão política”.
 
“Não podemos achar que a política e os políticos têm de ser erradicados da face da terra. A democracia exige que as pessoas saiam das suas questões individuais, que dizem respeito à sua sobrevivência, e olhem a sobrevivência de um coletivo, um conjunto de pessoas, uma cidade, um estado um país”, afirmou.
 
Dilmatambém passou um recado à população, lembrando que as reformas que realmente precisam ser feitas no país não acontecerão apenas com a eleição do presidente, mas dos parlamentares no Congresso:
 
“Desculpa, mas não é só elegendo presidente não. Presidente da República com 70 deputados dá impeachment, viu?”
 
 
 
Confira também a análise de Dilma sobre o golpe de 31 de Agosto em Brasil caminha para um futuro incerto.
 




Créditos da foto: Reprodução

Antes tarde do que nunca

12/06/2017 12:05 - Copyleft

Antes tarde do que nunca

Quem sabe, tenha sido necessário o Supremo Tribunal Federal provar do próprio remédio amargo tantas vezes ministrado em outras ocasiões.


Leonardo Isaac Yarochewsky
Reprodução
Diante da gravíssima suspeita levantada pela revista "Veja", segundo a qual o presidente Michel Temer (PMDB) acionou a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) para monitorar o ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal) a Presidente do Supremo Tribunal Federal ministra Cármem Lúcia em necessária e imprescindível nota afirmou, com imperiosa veemência que:
 
"É inadmissível a prática de gravíssimo crime contra o Supremo Tribunal Federal, contra a Democracia e contra as liberdades, se confirmada informação de devassa ilegal da vida de um de seus integrantes. 
Própria de ditaduras, como é esta prática, contrária à vida livre de toda pessoa, mais gravosa é ela se voltada contra a responsável atuação de um juiz, sendo absolutamente inaceitável numa República Democrática, pelo que tem de ser civicamente repelida, penalmente apurada e os responsáveis exemplarmente processados e condenados na forma da legislação vigente (...)” 
 
 
De igual modo o Procurador Geral da República Rodrigo Janot se disse perplexo com o suposto episódio. Em nota Janot se manifestou dizendo que: 
 
"É com perplexidade que se toma conhecimento de suposta utilização do aparato estatal para desmerecer um membro da mais alta corte do país, que tem pautado sua atuação com isenção e responsabilidade. A se confirmar tal atentado aos Poderes da República e ao Estado Democrático de Direito, ter-se-ia mais um infeliz episódio da grave crise de representatividade pela qual passa o país (...)”
 
Não há a menor dúvida, não se discute isso, que se confirmado o fato – negado pelo atual ocupante do Palácio do Planalto - que motivou a nota de repúdio da presidente do STF e do Procurador Geral da República, o Estado democrático de direito é novamente assaltado por interesses vis. Sendo certo que se for confirmado o nefasto episódio a neófita democracia brasileira estará correndo sério risco.
 
Contudo, a justa e forçosa indignação revelada pelas referidas notas deveriam ter vindo quando outros episódios de maior ou igual gravidade comprometeram os alicerces da República e do Estado de direito.
 
Não se pode olvidar que o STF se calou e deu aval ao golpe parlamentar que sacou do cargo a presidente da República Dilma Vana Rousseff eleita com mais de 54 milhões de votos sem que tenha praticado crime de responsabilidade atentatório a Constituição da República.
 
O próprio STF, nada vez e se contentou com meras escusas, quando o juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba “grampeou” e posteriormente “vazou” conversa da então presidenta da República Dilma Rousseff com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 
Num país em que “grampos”, “delações”, “prisões provisórias”, “condução coercitivas”, “vazamentos seletivos”, “cerceamento de defesa”, entre outros abusos e arbitrariedades vem sendo perpetrados amiúde pela Polícia Federal, por representantes do Ministério Público Federal e por juízes Federais, com o aval e a complacência do STF, não se poderia exigir que o ocupante do Palácio do Planalto passe de investigado a investigador utilizando do mesmo veneno destilado por aqueles que deveriam dar o exemplo na defesa do Estado democrático de direito.
 
É bom que se repita, em alto e bom som, que no Estado de direito deve prevalecer a vontade da lei e não dos homens, como outrora. No Estado democrático de direito os fins – sejam eles quais forem – jamais podem justificar os meios. Tais praticas, como salientou a presidente do STF são próprias das ditaduras, dos regimes autoritários e fascistas.




 
Quem sabe, tenha sido necessário o Supremo Tribunal Federal provar do próprio remédio amargo tantas vezes ministrado em outras ocasiões. Quiçá, só o tempo dirá, de agora em diante a mais alta Corte do país seja mais prudente, mais severa e, sobretudo, mais intolerante contra as arbitrariedades perpetradas em nome de um ilusório combate à criminalidade.
 
Oxalá não seja verdade o abjeto episódio, mas que sirva de lição para que os direitos fundamentais insculpidos na Constituição da República sejam sempre, independente desta ou daquela pessoa, assegurados e que a dignidade da pessoa humana como postulado do Estado democrático de direito prevaleça acima de tudo.
 
Leonardo Isaac Yarochewsky
 Advogado criminalista e Professor de direito penal 


Créditos da foto: Reprodução



Padre Júlio Lancellotti refuta nova ação de Doria e Alckmin na Cracolândia

12/06/2017 12:31 - Copyleft

Padre Júlio Lancellotti refuta nova ação de Doria e Alckmin na Cracolândia

Pela segunda vez em menos de um mês, a Cracolândia passou por operação policial. O prefeito e o governador chegaram à região após o encerramento da ação


Redação RBA
ROGERIO DE SANTIS/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS
São Paulo – Por meio de sua página no Facebook, o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, criticou a ação realizada hoje (11) pelo prefeito de São Paulo, João Doria, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, na Cracolândia, centro de São Paulo. "Alguém acredita que isso vai resolver alguma coisa?! Violência contra os irmãos na Praça Princesa Isabel". Ao publicar uma foto dos policiais em ação, ele lamentou a forma como foi realizada a operação na cidade. “Em São Paulo é assim que se faz! Dá pra acreditar?!”
 
Pela segunda vez em menos de um mês, a Cracolândia passou por operação policial. Agentes da Força Tática e da Tropa de Choque da Polícia Militar e homens da Guarda Civil Metropolitana chegaram por volta das 6h na Praça Princesa Isabel, que concentra a maioria dos usuários de drogas. Com a ação, os usuários atearam fogo nas barracas. Os bombeiros foram acionados para conter o fogo. Após o fim da operação, funcionários da prefeitura iniciaram a limpeza do local.
 
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, na ação foram presos dois traficantes, apreendidos 774 gramas de droga e R$ 1,6 mil em dinheiro.
 
O prefeito Doria e o governador Alckmin chegaram à região após o encerramento da ação, por volta das 7h30. "Esse é um trabalho permanente, não vai resolver do dia para a noite. Não deve haver concentração [de usuários] porque facilita a vida do traficante e dificulta a abordagem", disse Alckmin. Em vídeo publicado nas redes sociais, o governador avaliou a operação como "muito bem-sucedida" e parabenizou a ação dos policiais. 
 
Doria disse que as ações na Cracolândia continuarão. "Não tem recuo. Vamos continuar avançando em ação medicinal, urbanística e social, o fluxo vai diminuir". Em vídeo, o prefeito afirmou que a Praça Princesa Isabel foi "limpa", com a retirada de 120 toneladas de lixo, e garantiu que o espaço não será reocupado. Doria também apresentou uma "unidade emergencial", formada por "contêineres da Fórmula 1", na região da Luz, destinada a albergar até 120 pessoas que foram expulsas da praça. 
 
Desde o dia 21 de maio, quando foi feita a primeira grande ação policial na Cracolândia para a prisão de traficantes e apreensão de armas, a concentração de usuários migrou para a Praça Princesa Isabel. Até a ação de hoje, os usuários se concentravam no cruzamento da Alameda Dino Bueno e da Rua Helvétia.
 
Com informações da Agência Brasil.






Créditos da foto: ROGERIO DE SANTIS/FUTURA PRESS/FOLHAPRESS