domingo, 5 de março de 2017

Advogado brasileiro e outros 12 são ameaçados de morte por processos da ditadura uruguaia

 2/mar/2017, 9h16min

Advogado brasileiro e outros 12 são ameaçados de morte por processos da ditadura aiaurugu

 2/mar/2017, 9h16min

Advogado brasileiro e outros 12 são ameaçados de morte por processos da ditadura uruguaia

Jair é uma das 13 pessoas ameaças de morte pelo Comando, caso processos contra militares no Uruguai sigam | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Fernanda Canofre
Jair Krischke abriu a caixa de entrada de seus e-mails na semana passada para encontrar uma notícia com a qual já havia se desacostumado: estava ameaçado de morte. Não foi a primeira vez, mas era algo que pensou haver deixado para trás, nos anos em que combatia diretamente as ditaduras militares de Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, como advogado de direitos humanos. A nova ameaça veio na forma de um comunicado, onde o nome de Jair aparece junto aos de outras 12 pessoas que também trabalham em processos contra militares responsáveis por mortes, desaparecimentos e violações durante a ditadura no Uruguai.
Além de Jair, a lista do grupo que se identifica como Comando Barneix cita o ministro da Defesa do Uruguai, Jorge Menéndez, a diretora do Instituto de Direitos Humanos do Uruguai, Mirtha Guianze, e Hebe Martínez Burlé, responsável por levar à Justiça o caso que condenou o ditador Juan María Bordaberry. O comunicado foi recebido em dois e-mails diferentes pelo procurador Jorge Díaz, outro nome na lista, e depois publicado no jornal uruguaio Brecha.
“A gravidade que eu vejo é como ameaça ao nosso trabalho como defensores dos direitos humanos. Não é por outra coisa. Isso é grave. E na medida que a gente permite, eles crescem”, analisa Jair Krischke, em uma entrevista na mesma sala de onde conduz os trabalhos do Movimento de Justiça e Direitos Humanos há décadas em Porto Alegre. “Não é brincadeira, porque esses caras não brincam, eles são muito atrevidos. Eu tenho que tomar precauções e organizar ações para responsabilizá-los. Eles se sentem impunes”.
O nome do grupo é uma homenagem ao general Pedro Barneix. Em 2015, depois de três anos respondendo a processo por homicídio político, Barneix não compareceu a uma intimação para depoimento e a juíza ordenou que a polícia fosse procurá-lo. Quando o policial o encontrou, em casa, Barneix disse que precisava ir até o quarto para trocar os sapatos. Assim que subiu as escadas, o general pegou sua arma e se matou com um tiro na cabeça. Menos de um ano antes, em dezembro de 2014, quando o presidente eleito Tabaré Vázquez anunciou que manteria o ministro de defesa do governo de José Pepe Mujica, Eleuterio Fernández Huidobro, militantes do grupo Plenaria Memoria y Justicia organizaram um escracho em frente à casa de Barneix. “Passam os governos, a impunidade fica”, diziam eles.
Barneix respondia pela morte de Aldo “Chiquito” Perrini, assassinado no quartel de Colonia del Sacramento, onde ele era responsável pela repressão. Perrini não era militante, nem tinha vínculo com nenhum grupo político. Sua única atividade de esquerda foi um voto que deu ao Frente Amplio. Vendedor de sorvetes, pai de três filhos, aos 34 anos foi levado ao quartel pelos militares e submetido a sessões de tortura. Não resistiu.
Para amigos, poucos meses antes de sua morte, Barneix dizia que sabia que seria preso e “estava preparado”. Durante o primeiro governo de Tabaré Vázquez, o torturador que nunca foi punido ainda conseguiu ser nomeado como responsável por investigar o destino de pessoas que desapareceram durante a ditadura. A mesma na qual ele foi um dos membros destacadas da Inteligência. Se tivesse sido condenado pela morte de Perrini, sua pena poderia ter ficado entre 15 e 30 anos em regime fechado.
O comunicado do Comando avisa: “O suicídio do general Pedro Barneix não ficará impune, não aceitaremos mais nenhum suicídio por processos injustos. Por cada suicídio de agora em diante, mataremos três pessoas dessa lista aleatoriamente”.
Segundo Krischke, embora investigações estejam em curso, suspeita é de que grupo seja ligado a Logia de Tenientes de Artigas | Foto: Guilherme Santos/Sul21
O grupo
Os e-mails com a lista de ameaças de morte foram enviados pelo servidor Tor, que triangula o sinal em vários países e dificulta o rastreamento de quem os enviou. O caso está agora nas mãos da juíza Julia Staricco, que já começou a tomar depoimentos para identificar os autores por trás do comunicado.
Jair diz que suspeita de alguns nomes. “Não há muita novidade no Uruguai. São os mesmos de sempre, porque nunca acontece nada com eles”, diz ter ouvido de um amigo uruguaio logo após a divulgação do documento. “Os mesmos de sempre” seriam os militares da Legião de Tenentes de Artigas, antiga Logia de Tenientes de Artigas.
Antes da ditadura e durante ela, Logia de Artigas era o grupo encarregado da repressão aos Movimento de Libertação Tupamaros e a militantes de esquerda nos anos 1970. Apesar dos integrantes serem figuras públicas conhecidas, a Logia sempre conseguiu se manter secreta. A primeira manifestação pública de sua existência veio em 2005, já com o nome de Legião, quando uma coroa de flores com o nome do grupo foi colocada no velório de um de seus fundadores, Julio Tanco.
“São uns caras que continuam existindo e estão sempre circulando. Todos os generais e coronéis golpistas [são do grupo] e estão por aí”, diz Jair.
Em 2014, o jornal El País do Uruguai apontava em uma reportagem que os “tenentes de Artigas estavam ganhando terreno”. Na época, cerca de 100 coronéis do grupo, estavam com chances de ascensão dentro das Forças Armadas. Por ironia, a subida na carreira dependia de nomeações políticas do governo de Mujica, um dos ex-líderes tupamaros, preso durante 13 anos pela ditadura. 
Nos anos 1990, homens ligados à Logia estiveram por trás de dois atentados a bomba ocorridos em Montevidéu. Um deles contra o escritório de advocacia do então presidente uruguaio, Julio María Sanguinetti, e outro no carro de Hugo Cores, na época deputado do Frente Amplio e ex-integrante do Partido por la Vitoria del Pueblo (PVP), uma das organizações que denunciava a repressão no exterior.
Roubo de informações sobre restos de desaparecidos e retomada de tribunais de honra estariam por trás da carta | Foto: Guilherme Santos/Sul21
O motivo
Para Jair Krischke, o principal motivo que fez o grupo se rearticular – ainda mais com referência a um militar que se suicidou enquanto era processado – foi a restituição dos chamados “tribunais de honra”, anunciados pelo ministro da Defesa, em janeiro. Os tribunais de honra, uma invenção espanhola, servem para julgar apenas oficiais. Um militar que é condenado em um deles perde patente e todos os seus direitos. Huidobro, o ministro da Defesa anterior, que faleceu em 2016, havia terminado com essas cortes.
“O restabelecimento dos tribunais é uma questão chave. Porque a grande maioria dessas pessoas já têm uma certa idade. E se perder patente e pensão?”, analisa ele.
Há ainda outros fatores. O comunicado do Comando Barneix veio à tona perto de se completar um ano de um roubo ocorrido no laboratório da equipe de Antropologia Forense da Universidade da República. Numa manhã de segunda-feira, em 28 de março do ano passado, pessoas sem acesso autorizado levaram material de arquivo e análise do local. O laboratório é o responsável por trabalhar com o material de escavações em busca de identificação de restos mortais de desaparecidos políticos do período da ditadura, em um convênio com o governo uruguaio.
Das 13 pessoas que estão na lista de ameaças do Barneix, apenas uma não participou da jornada de debates sobre a Operação Condor, que ocorreu no ano passado em Montevidéu: o jurista francês Louis Joinet. No final dos anos 1970, quando a tortura de presos endureceu no Uruguai, Joinet trabalhou como apoiador do Secretariado Internacional pela Anistia Uruguaia, grupo criado para denunciar a situação dos presos no exterior.
Depois que o caso já era público, Jair Krischke recebeu um documento da Embaixada brasileira em Montevidéu comunicando-o formalmente sobre as ameaças. O documento não especificava, no entanto, medidas que estariam sendo tomadas para apurar o caso.
Na última segunda-feira, Krischke e os uruguaios que aparecem na carta entraram com pedido na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização de Estados Americanos (CIDH/OEA) solicitando uma audiência para tratar do caso. A perspectiva é que ela ocorra em maio, quando a CIDH terá uma sessão extraordinária em Buenos Aires. Os uruguaios adicionaram ainda à denúncia reclamações pela demora do Estado uruguaio no julgamento de 308 processos da época da ditadura e o não-cumprimento integral da sentença pelo caso de sequestro de Macarena Gelman. Macarena, neta do poeta Juan Gelman, foi sequestrada quando criança e perdeu os pais. Atualmente, ela é deputada do Frente Amplio.
Nesta quarta (1º), a Comissão lançou uma nota condenando as ameaças. “As ameaças e os ataques contra os operadores da justiça tendem a aumentar quando estão em questão casos de grande relevância nacional e que tratam de graves violações aos direitos humanos (…) Nesse sentido, a CIDH condena as ameaças no Uruguai e urge que o Estado adote medidas a fim de proteger os operadores da Justiça”, diz o texto.
Para Krischke, mais que isso, cobrar respostas do Estado na época atual é ainda mais urgente. “Há um espaço e isso é tão cruel… Na semana passada, dei uma entrevista para uma TV sobre as condições dos presídios aqui no Rio Grande do Sul. Precisa ver o e-mail que um cara me mandou. Dizendo que alguém precisava ir na minha casa, me bater. É um ânimo que vai tomando conta das pessoas”, lamenta ele. Logo depois ele acrescenta. “Mas, desistir, nunca”.
Jair é uma das 13 pessoas ameaças de morte pelo Comando, caso processos contra militares no Uruguai sigam | Foto: Guilherme Santos/Sul21
Fernanda Canofre
Jair Krischke abriu a caixa de entrada de seus e-mails na semana passada para encontrar uma notícia com a qual já havia se desacostumado: estava ameaçado de morte. Não foi a primeira vez, mas era algo que pensou haver deixado para trás, nos anos em que combatia diretamente as ditaduras militares de Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, como advogado de direitos humanos. A nova ameaça veio na forma de um comunicado, onde o nome de Jair aparece junto aos de outras 12 pessoas que também trabalham em processos contra militares responsáveis por mortes, desaparecimentos e violações durante a ditadura no Uruguai.
Além de Jair, a lista do grupo que se identifica como Comando Barneix cita o ministro da Defesa do Uruguai, Jorge Menéndez, a diretora do Instituto de Direitos Humanos do Uruguai, Mirtha Guianze, e Hebe Martínez Burlé, responsável por levar à Justiça o caso que condenou o ditador Juan María Bordaberry. O comunicado foi recebido em dois e-mails diferentes pelo procurador Jorge Díaz, outro nome na lista, e depois publicado no jornal uruguaio Brecha.
“A gravidade que eu vejo é como ameaça ao nosso trabalho como defensores dos direitos humanos. Não é por outra coisa. Isso é grave. E na medida que a gente permite, eles crescem”, analisa Jair Krischke, em uma entrevista na mesma sala de onde conduz os trabalhos do Movimento de Justiça e Direitos Humanos há décadas em Porto Alegre. “Não é brincadeira, porque esses caras não brincam, eles são muito atrevidos. Eu tenho que tomar precauções e organizar ações para responsabilizá-los. Eles se sentem impunes”.
O nome do grupo é uma homenagem ao general Pedro Barneix. Em 2015, depois de três anos respondendo a processo por homicídio político, Barneix não compareceu a uma intimação para depoimento e a juíza ordenou que a polícia fosse procurá-lo. Quando o policial o encontrou, em casa, Barneix disse que precisava ir até o quarto para trocar os sapatos. Assim que subiu as escadas, o general pegou sua arma e se matou com um tiro na cabeça. Menos de um ano antes, em dezembro de 2014, quando o presidente eleito Tabaré Vázquez anunciou que manteria o ministro de defesa do governo de José Pepe Mujica, Eleuterio Fernández Huidobro, militantes do grupo Plenaria Memoria y Justicia organizaram um escracho em frente à casa de Barneix. “Passam os governos, a impunidade fica”, diziam eles.
Barneix respondia pela morte de Aldo “Chiquito” Perrini, assassinado no quartel de Colonia del Sacramento, onde ele era responsável pela repressão. Perrini não era militante, nem tinha vínculo com nenhum grupo político. Sua única atividade de esquerda foi um voto que deu ao Frente Amplio. Vendedor de sorvetes, pai de três filhos, aos 34 anos foi levado ao quartel pelos militares e submetido a sessões de tortura. Não resistiu.
Para amigos, poucos meses antes de sua morte, Barneix dizia que sabia que seria preso e “estava preparado”. Durante o primeiro governo de Tabaré Vázquez, o torturador que nunca foi punido ainda conseguiu ser nomeado como responsável por investigar o destino de pessoas que desapareceram durante a ditadura. A mesma na qual ele foi um dos membros destacadas da Inteligência. Se tivesse sido condenado pela morte de Perrini, sua pena poderia ter ficado entre 15 e 30 anos em regime fechado.
O comunicado do Comando avisa: “O suicídio do general Pedro Barneix não ficará impune, não aceitaremos mais nenhum suicídio por processos injustos. Por cada suicídio de agora em diante, mataremos três pessoas dessa lista aleatoriamente”.
Segundo Krischke, embora investigações estejam em curso, suspeita é de que grupo seja ligado a Logia de Tenientes de Artigas | Foto: Guilherme Santos/Sul21
O grupo
Os e-mails com a lista de ameaças de morte foram enviados pelo servidor Tor, que triangula o sinal em vários países e dificulta o rastreamento de quem os enviou. O caso está agora nas mãos da juíza Julia Staricco, que já começou a tomar depoimentos para identificar os autores por trás do comunicado.
Jair diz que suspeita de alguns nomes. “Não há muita novidade no Uruguai. São os mesmos de sempre, porque nunca acontece nada com eles”, diz ter ouvido de um amigo uruguaio logo após a divulgação do documento. “Os mesmos de sempre” seriam os militares da Legião de Tenentes de Artigas, antiga Logia de Tenientes de Artigas.
Antes da ditadura e durante ela, Logia de Artigas era o grupo encarregado da repressão aos Movimento de Libertação Tupamaros e a militantes de esquerda nos anos 1970. Apesar dos integrantes serem figuras públicas conhecidas, a Logia sempre conseguiu se manter secreta. A primeira manifestação pública de sua existência veio em 2005, já com o nome de Legião, quando uma coroa de flores com o nome do grupo foi colocada no velório de um de seus fundadores, Julio Tanco.
“São uns caras que continuam existindo e estão sempre circulando. Todos os generais e coronéis golpistas [são do grupo] e estão por aí”, diz Jair.
Em 2014, o jornal El País do Uruguai apontava em uma reportagem que os “tenentes de Artigas estavam ganhando terreno”. Na época, cerca de 100 coronéis do grupo, estavam com chances de ascensão dentro das Forças Armadas. Por ironia, a subida na carreira dependia de nomeações políticas do governo de Mujica, um dos ex-líderes tupamaros, preso durante 13 anos pela ditadura. 
Nos anos 1990, homens ligados à Logia estiveram por trás de dois atentados a bomba ocorridos em Montevidéu. Um deles contra o escritório de advocacia do então presidente uruguaio, Julio María Sanguinetti, e outro no carro de Hugo Cores, na época deputado do Frente Amplio e ex-integrante do Partido por la Vitoria del Pueblo (PVP), uma das organizações que denunciava a repressão no exterior.
Roubo de informações sobre restos de desaparecidos e retomada de tribunais de honra estariam por trás da carta | Foto: Guilherme Santos/Sul21
O motivo
Para Jair Krischke, o principal motivo que fez o grupo se rearticular – ainda mais com referência a um militar que se suicidou enquanto era processado – foi a restituição dos chamados “tribunais de honra”, anunciados pelo ministro da Defesa, em janeiro. Os tribunais de honra, uma invenção espanhola, servem para julgar apenas oficiais. Um militar que é condenado em um deles perde patente e todos os seus direitos. Huidobro, o ministro da Defesa anterior, que faleceu em 2016, havia terminado com essas cortes.
“O restabelecimento dos tribunais é uma questão chave. Porque a grande maioria dessas pessoas já têm uma certa idade. E se perder patente e pensão?”, analisa ele.
Há ainda outros fatores. O comunicado do Comando Barneix veio à tona perto de se completar um ano de um roubo ocorrido no laboratório da equipe de Antropologia Forense da Universidade da República. Numa manhã de segunda-feira, em 28 de março do ano passado, pessoas sem acesso autorizado levaram material de arquivo e análise do local. O laboratório é o responsável por trabalhar com o material de escavações em busca de identificação de restos mortais de desaparecidos políticos do período da ditadura, em um convênio com o governo uruguaio.
Das 13 pessoas que estão na lista de ameaças do Barneix, apenas uma não participou da jornada de debates sobre a Operação Condor, que ocorreu no ano passado em Montevidéu: o jurista francês Louis Joinet. No final dos anos 1970, quando a tortura de presos endureceu no Uruguai, Joinet trabalhou como apoiador do Secretariado Internacional pela Anistia Uruguaia, grupo criado para denunciar a situação dos presos no exterior.
Depois que o caso já era público, Jair Krischke recebeu um documento da Embaixada brasileira em Montevidéu comunicando-o formalmente sobre as ameaças. O documento não especificava, no entanto, medidas que estariam sendo tomadas para apurar o caso.
Na última segunda-feira, Krischke e os uruguaios que aparecem na carta entraram com pedido na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização de Estados Americanos (CIDH/OEA) solicitando uma audiência para tratar do caso. A perspectiva é que ela ocorra em maio, quando a CIDH terá uma sessão extraordinária em Buenos Aires. Os uruguaios adicionaram ainda à denúncia reclamações pela demora do Estado uruguaio no julgamento de 308 processos da época da ditadura e o não-cumprimento integral da sentença pelo caso de sequestro de Macarena Gelman. Macarena, neta do poeta Juan Gelman, foi sequestrada quando criança e perdeu os pais. Atualmente, ela é deputada do Frente Amplio.
Nesta quarta (1º), a Comissão lançou uma nota condenando as ameaças. “As ameaças e os ataques contra os operadores da justiça tendem a aumentar quando estão em questão casos de grande relevância nacional e que tratam de graves violações aos direitos humanos (…) Nesse sentido, a CIDH condena as ameaças no Uruguai e urge que o Estado adote medidas a fim de proteger os operadores da Justiça”, diz o texto.
Para Krischke, mais que isso, cobrar respostas do Estado na época atual é ainda mais urgente. “Há um espaço e isso é tão cruel… Na semana passada, dei uma entrevista para uma TV sobre as condições dos presídios aqui no Rio Grande do Sul. Precisa ver o e-mail que um cara me mandou. Dizendo que alguém precisava ir na minha casa, me bater. É um ânimo que vai tomando conta das pessoas”, lamenta ele. Logo depois ele acrescenta. “Mas, desistir, nunca”.

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germno Pares






Isso aí é o governo golpista!
Quando Washington coordenou o golpe branco no Brasil tinha um objetivo bem definido: desestruturar a resistência ao projeto neoliberal na América Latina! A meta traçada pelos “falcões” era de destruir a unidade que estava sendo criada na nossa região a partir de governos progressistas.
Certamente que o golpe em Honduras, no Paraguai e na Argentina tiveram importantes papéis, mas, desde a era Kennedy, os estrategistas estadunidenses sabem que o Brasil é a referência. Ou, como diziam no início da década de 1960, “para onde virar o Brasil, vira a América Latina”.
O golpe foi dado. O impostor Temer assume e começa a desfazer tudo o que foi construído ao longo de uma década quando o país deixou de se submeter aos desígnios do Consenso de Washington e começou a fortalecer um bloco latino-americano que resistisse às grandes corporações internacionais. O fortalecimento do MERCOSUL, da UNASUL, da ALBA e outros organismos regionais incomodava muito. A política exterior brasileira precisava mudar urgentemente e o golpe serviu para isso. Mas, curiosamente, precisamos analisar quem são esses representantes da nossa diplomacia e das relações internacionais depois do golpe.
Imediatamente após o golpe, atendendo ao que era determinado por seus ‘patrões’, Temer nomeia para chanceler o mais conhecido tucano: José Serra. Não apenas carregando nas costas duas eleições presidenciais perdidas, mas uma longa bagagem de traições, desvarios, corrupção e outras “qualidades” comuns aos de sua estirpe.
Mas não é esse o nosso interesse no momento. O objetivo é tentar entender o que está por trás das intenções de Washington quando se trata de nossas relações exteriores. E precisamos estar atentos para alguns detalhes que passam, muitas vezes, desapercebidos. Mas, vejamos alguns dados interessantes.
José Serra, até 31 de março de 1964, era tido como “terrorista” e perseguido pelas forças de repressão no país. Ex-presidente da UNE e, supostamente, vinculado a organizações militaristas, ele era procurado e acusado de ações armadas contra o regime militar. Seu dossiê completo, elaborado pelo DOPS, está disponível no Arquivo Público do Estado de São Paulo. Mas não vamos nos alongar na história desse golpista.
Durante seu curto período comandando o Itamarati ele não perdeu tempo em agredir a Venezuela, a Bolívia e outros parceiros brasileiros que não rezavam pela cartilha neoliberal. Mais do que isso, apoiou e aplaudiu as iniciativas israelenses contra os palestinos e fez declarações contra o governo sírio quando esse lutava com mercenários e terroristas pagos pelos EUA.
Depois, em uma “jogada” de mestre para continuar vivo no jogo da sucessão, Serra se demite do cargo de chanceler e retoma seu mandato no Senado Federal. Uma jogada de xadrez, como dizem alguns?
Não importa, para este comentário. Mas o fato real é que o governo golpista não perdeu tempo e buscou alguém com o mesmo perfil de Serra para ocupar o cargo. Era preciso manter a credibilidade do governo ilegítimo diante daqueles que apoiaram a aventura. E Temer foi buscar mais um “esquerdista arrependido” como forma de fazer publicidade sobre o seu governo e mostrar claramente o quanto se submetiam ao “grande patrão”.
O nosso novo chanceler é o senador (mais uma vez, um senador) Aloysio Nunes. Curiosamente, consta como vinculado a grupos de guerrilha urbana no início da ditadura militar e depois exilado na França! Depois de “redimido”, foi vice-governador de São Paulo e ministro da Justiça de FHC! Nas eleições de 2014 foi companheiro de chapa de Aécio Neves. Seu nome aparece em várias denúncias da Operação Lava Jato, mas ele continua “navegando” tranquilamente.
A pergunta que devemos no fazer é: o que pretende o governo golpista ao nomear dois “esquerdistas arrependidos” para dirigir o Ministério de Relações Exteriores do Brasil?
Grito de carnaval: Fora Temer! É impressionante a repercussão dos protestos durante o carnaval no país. Certamente que nossa imprensa não mostrou, ou mostrou muito pouco, mas quase todos os grandes jornais e toda a imprensa alternativa internacional divulgaram centenas de protestos contra o governo golpista e mostraram que Temer não tem qualquer simpatia do povo.
A quase totalidade dos jornais estrangeiros destacaram a baixa popularidade do golpista Temer, com aprovação abaixo de 10%, e relacionaram a rejeição aos inúmeros casos comprovados contra seus ministros e auxiliares mais próximos, com especial atenção para o escândalo do seu chefe de gabinete, Eliseu Padilha. E quem soltou a “bomba” foi um velho amigo e comparsa de Temer, José Yunes, ao dizer que Padilha teria operado pessoalmente o pagamento de milhões de reais sujos, em 2014.
Esse e vários outros casos envolvendo membros do Governo estão recebendo muito destaque na imprensa internacional.
Algumas matérias reproduzem os gritos de “Fora Temer” durante o carnaval e alguns dão destaque ao acontecido em Salvador, Bahia, estado dirigido por um dos grandes aliados do golpista. Segundo os jornais estrangeiros, Salvador, Rio de Janeiro e Recife foram as capitais onde mais fortemente se ouviu o protesto do povo!
A coragem da Imperatriz Leopoldinense. O carnaval tem essas coisas curiosas. Protestos e ações que mexem com os poderosos e mostram que o povo tem conhecimento do que se passa, faltando apenas saber organizar essa revolta.
Muito interessante e digna de um estudo e de nossa admiração foi a coragem da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, do bairro de Ramos, subúrbio do Rio, que resolveu enfrentar a ira da TV Globo e dos grandes latifundiários ao colocar na Passarela do Samba um enredo que mencionava a luta pela terra e o massacre dos nossos indígenas pelos grandes ruralistas. “Xingu, o Clamor da Floresta” foi o enredo anunciado pela escola no início do ano e que, imediatamente, provocou dezenas de manifestações e protestos das organizações ruralistas no país. A “Associação Brasileira de Criadores de Zebu”, uma das entidades patronais mais revoltadas, fez publicar nos jornais um longo protesto onde se lê: “Inaceitável que a maior festa popular brasileira, que tem a admiração e o respeito da nossa classe, seja palco para um show de sensacionalismo e ataques infundados pela Escola Imperatriz Leopoldinense”. Isso mostra o grau de irritação entre os latifundiários que exploram nossas terras sem respeitar as nações e culturas locais.
A reação imediata à declaração dos ruralistas foi o total apoio que a Rede Globo passou a dar aos grandes proprietários, tentando desmoralizar a Imperatriz Leopoldinense e fazendo propaganda contra a apresentação da Escola.
Mas, por que “eles” se sentiram tão incomodados? Qual a razão de tanta revolta dos senhores das terras? Teria sido uma ala da Escola que fala dos “Perigos do Agrotóxico”? Não, isso já é comum e os grandes proprietários já aprenderam a conviver e neutralizar essa denúncia, ainda que o Brasil continue sendo o maior consumidor mundial de agrotóxicos.
O problema era outro. O problema é que a Imperatriz resolveu botar o dedo em uma ferida que há muito é escondida pela nossa imprensa e que é de pouco conhecimento do povo: a expulsão dos índios de suas terras naturais! Essa é a questão de fundo na polêmica do belo samba apresentado pela Imperatriz.
Poucos tomam conhecimento do que acontece no interior brasileiro, desde o Amazonas até Mato Grosso do Sul onde comunidades indígenas são expulsas de suas terras por jagunços pagos pelos grandes proprietários que, depois, ocupam a área com gado! Por que tanta raiva da Regina Duarte contra a política rural do PT? Porque ela e seu marido são os maiores ladrões de terras indígenas em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul! Só isso.
Mas agora foi diferente. Uma grande escola de samba levou para a Avenida, diante de milhares de turistas, o problema do roubo de terras das nações indígenas. Imagens que percorreram o Brasil e foram transmitidas para o exterior chamando a atenção para o crime organizado (sob os auspícios da nossa “justiça”) no país.
A transmissão pela Globo e os comentários da “boneca” Bernardes e outros foram simplesmente ridículos. Coisa de “gato jogar terra em cima”.
O carnaval acabou e o Brasil vai voltar à normalidade, mas a coragem da Imperatriz Leopoldinense vai ficar registrada e, esperamos, seja um primeiro passo para ser acompanhado. E podemos encerrar este artigo com uma parte do belo samba cantado pelos integrantes da Escola: “...sangra o coração do meu Brasil / o belo monstro rouba as terras dos seus filhos / devora as matas e seca os rios / tanta riqueza que a cobiça destruiu / Sou o filho esquecido do mundo / minha cor é vermelha de dor / o meu canto é bravo e forte / mas é hino de paz e amor” (Para ouvir na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=-E_ivbY8qlg)
Greve dos médicos argentinos. A Associação Sindical Profissional de Saúde da Província de Buenos Aires convocou e realizou uma paralisação geral dos profissionais médicos na quarta-feira (01) como parte da campanha de reposição salarial iniciada em 2016.
Com esta, é a quarta greve comandada pelo Sindicato nos primeiros meses do ano e atingiu 10 mil médicos e profissionais de saúde que aprovaram também a adesão ao movimento que está sendo convocado pelos sindicatos operários para o dia 07 de março.
Também os professores e funcionários da área de educação realizarão um protesto de 48 horas a partir do dia 06 de março e, mais uma vez, vão retardar o início do período letivo.
Argentinos sem futebol: jogadores em greve! O presidente do Sindicato de Jogadores de Futebol da Argentina, Sergio Marchi, anunciou na noite de quarta-feira (01) que não haverá partidas de futebol e que o início do campeonato argentino pode ser adiado se não for resolvido o problema da dívida dos clubes com os jogadores.
A crise no futebol argentino é séria e os jogadores não aceitam mais ter suas dívidas acumuladas quando há dinheiro para receber e o governo não faz o repasse devido. Marchi disse que tudo ficará suspenso até que seja repassado para os jogadores o dinheiro que o governo de Macri deve aos clubes pela rescisão dos contratos de transmissão. “A maneira mais eficiente para evitar esta greve e para que os jogadores possam receber seus salários é fazer uma operação razoável: quando entrar na conta da AFA (Associação Argentina de Futebol) o dinheiro que o governo deve, tem que ser transferido aos jogadores”, disse ele à emissora de televisão "TyC Sports".
Ou seja, Mauricio Macri “passou a perna” nos jogadores de futebol. Uma falta perigosa e que merece o “cartão vermelho”, não é?
Ser mulher na Argentina é perigoso. Uma conhecida e prestigiada entidade civil argentina, a Casa de Encontro, divulgou um preocupante relatório que está causando muito debate no país. Segundo os dados recolhidos, nos últimos 7 anos foram assassinadas 2.384 mulheres e meninas argentinas. E a situação parece estar piorando.
Nos primeiros 43 dias de 2017 houve um aumento no número de mortes: uma mulher é assassinada a cada 18 horas! Em 2016 foram assassinadas 290 mulheres e mais da metade em suas próprias casas!
A violência de gênero está se transformando rapidamente em um tema muito preocupante na Argentina e os números agora anunciados já mobilizam diversas entidades de direitos humanos que denunciam o fato como um efeito do corte de 67 milhões de pesos feito pelo governo de Macri no orçamento para combater a violência social e machista no país, um programa criado no governo de Cristina Fernández.
Vale lembrar que a Argentina é considerada, atualmente, como tendo a mais alta taxa de feminicídio da América Latina e a Anistia Internacional condenou o governo Macri pelos cortes feitos nos serviços que visam reduzir a violência contra a mulher.
Chile: mais 11 agentes da ditadura vão para a prisão. A Justiça chilena condenou, na segunda-feira (27), 11 agentes da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990) à prisão pelos desaparecimentos de dois militantes do MIR (Movimento da Esquerda Revolucionária) em 1974.
Os 11 agentes da DINA (Direção de Inteligência Nacional), o serviço secreto da ditadura, foram considerados responsáveis pelos sequestros qualificados de María Inés Alvarado Börgel e Martín Elgueta Pinto, ambos com 21 anos no dia em que foram detidos pelos agentes, 15 de julho de 1974, em Santiago, capital chilena.
A sentença foi dada pelo juiz Leopoldo Llanos, ministro para causas por violações de direitos humanos da Corte de Apelações de Santiago. Miguel Krassnoff – ex-chefe da DINA e conhecido torturador –, Basclay Zapata Reyes e Risiere del Prado Altez España foram condenados a 15 anos e um dia de prisão pelos sequestros e pela tortura contra Börgel e Pinto. César Manríquez Bravo, Nelson Paz Bustamante, José Yévenes Vergara e Osvaldo Pulgar Gallardo foram condenados a 10 anos e um dia de prisão pelos mesmos crimes.
A investigação realizada no âmbito do processo estabeleceu que María Inés Alvarado Börgel e Martín Elgueta Pinto, detidos pelos agentes no mesmo dia, porém separadamente, foram torturados e tiveram como destino final o quartel da DINA em Santiago conhecido como Londres 38, casa de detenção e tortura do regime de Augusto Pinochet para onde foram levados muitos opositores da ditadura.
Segundo dados oficiais, pelo menos 3.200 cidadãos chilenos foram assassinados por agentes da ditadura de Augusto Pinochet. Destes, 1.192 continuam desaparecidos, enquanto outras 33 mil pessoas foram presas e torturadas por se oporem à ditadura.
Torturadores uruguaios ameaçam matar brasileiro. A extrema-direita e os golpistas na América Latina ainda existem e estão organizados. Uma mensagem enviada ao promotor uruguaio Jorge Díaz nos remete aos tempos da Operação Condor.
A nota é assinada por um certo “Comando Barneix”, grupo de ultradireita que atua nas trevas, formado por militares e paramilitares vinculados à ditadura uruguaia (1973-1985). O nome da quadrilha é uma homenagem ao general Pedro Barneix, que se matou no ano passado, quando estava sendo processado pela morte de um militante político em 1974.
A ameaça do “comando” é bem clara: “O suicídio do general Barneix não ficará impune. Não aceitaremos mais nenhum suicídio devido a processos injustos. Para cada suicídio, de agora em diante, mataremos três escolhidos aleatoriamente da seguinte lista”.
E apresentam uma lista de possíveis alvos dos seus ataques de vingança: dez são uruguaios, a começar pelo promotor Jorge Díaz e pelo ministro da Defesa, Jorge Menéndez; três são estrangeiros: o jurista francês Louis Joinet, a pesquisadora italiana Francesca Lessa e o advogado brasileiro Jair Krischke. Todos os 13 são personalidades vinculadas à defesa dos direitos humanos e do esclarecimento e punição dos crimes das ditaduras no Cone Sul.
“Business is business”! Pois é. “Negócio é negócio”, diz a mais famosa frase que exprime toda a filosofia do sistema capitalista. Quando um bom negócio se apresenta as empresas deixam de lado moral, pátria, justiça ou princípios éticos. Afinal de contas, “business is business”, não é?
A empresa mexicana de cimentos Cemex já se apresentou oficialmente como candidata para fornecer o material de construção do muro que o presidente estadunidense, Donald Trump, pretende construir na fronteira comum. “Se pudermos participar, estaremos prontos a fazê-lo”, disse o presidente do Conselho de Administração da fábrica de cimentos, Rogelio Zambrano Lozano, em uma coletiva com a imprensa. “Não há nada de concreto, mas se nos pedirem um orçamento estaremos prontos para atender”, disse ele.
A declaração causou debates porque o presidente mexicano, Peña Nieto, já se declarou contrário à construção do tal muro, principalmente depois que Trump anunciou que os custos da construção serão cobrados do povo mexicano.
Trump mira na Venezuela. O vice-presidente da Venezuela, Tareck El Aissami, afirmou no domingo (26) que o governo dos EUA pretende colocar seu país em sua “agenda de guerra”. Sua afirmação tem por base recentes declarações de Donald Trump e de membros de seu governo contra o governo de Nicolás Maduro.
Em entrevista a um programa de TV na emissora Televen, o vice-presidente venezuelano disse que as acusações dos EUA de que ele estaria vinculado ao narcotráfico são um novo ataque contra o governo e o povo venezuelano, e classificou as acusações como “calúnia e infâmia”. “Não há uma só prova” das alegações estadunidenses, disse Aissami.
Segundo o vice-presidente venezuelano, as autoridades de Washington selecionaram partes de depoimentos de quatro narcotraficantes detidos na Venezuela sob sua gestão quando foi ministro de Interior do país e estão utilizando-os em “uma farsa” para acusar seu país.
Usando o mesmo e surrado discurso de “democracia”, Donald Trump reuniu-se com Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, conhecido golpista e líder da “oposição” venezuelana, condenado a 14 anos de prisão pelos atos violentos durante protestos contra o governo Maduro convocados por ele que acabaram com a morte de 43 pessoas no início de 2014. Ao final do encontro, Trump pediu a libertação de López e falou em “presos políticos” na Venezuela. Ou seja, mais uma farsa está sendo montada ao estilo mais conhecido.
Por que as investigações sobre o assassinato de Berta Cáceres não andam? O Centro pela Justiça e Direitos Humanos (Cejil) continua cobrando do governo hondurenho as investigações e o devido processo judicial pelo assassinato da líder ambientalista Berta Cáceres, morta a tiros no dia 3 de março de 2016.
“Estamos denunciando as deficiências no processo de investigação, até agora, e o silêncio em torno do assassinato de Berta Cáceres”, diz a nota do Cejil que tem realizado reuniões com a família da lutadora hondurenha e também com o Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras.
Segundo o relatório da organização, o processo de investigação não está cumprindo as condições necessárias para identificar, julgar e punir os responsáveis, tanto os materiais quanto os intelectuais. E a nota diz que não há qualquer andamento em busca dos autores intelectuais do assassinato de Berta Cáceres.
O alerta das andorinhas. Ou a humanidade desperta para o que esse sistema capitalista está fazendo com o nosso planeta ou, em breve, estaremos condenados ao desaparecimento! A recente denúncia sobre o desaparecimento das abelhas na Europa, causado pelo exagerado uso de agrotóxicos, não serviu para abrir os olhos das pessoas. E não dá para esquecer que nosso país é o maior consumidor desse veneno no mundo.
Mas agora temos novas e mais assustadoras informações sobre o que a busca desenfreada por mais lucro está fazendo com nosso meio ambiente e quais os riscos reais que já estão batendo às portas da próxima geração de seres humanos.
As alterações climáticas estão alterando o comportamento de milhares de espécies animais no planeta. Em alguns casos, a adaptação às novas condições de temperatura e chuvas se manifestam com alterações nas migrações.
Durante a semana, o Instituto SEO/BirdLife divulgou uma nova pesquisa mostrando que “as andorinhas comuns estão chegando mais cedo na primavera da península Ibérica”. A pesquisa mostra que os pássaros estão chegando, em média, um mês antes do que era registrado até meados do século passado.
Para muitos isso pode parecer informação de pouca importância, coisa de “ecologistas sem ter o que fazer”, mas o alerta é muito sério. As condições climáticas são fatores fundamentais para determinar a chegada e a partida das aves, o atraso ou a antecipação da floração ou a atividade dos insetos são dados a serem levados em consideração. Os cientistas estão acompanhando essas mudanças com muita preocupação, mas parece que a imensa maioria da população mundial não tem qualquer ideia do que isso significa. Acordarão quando já for tarde?
As grandes marchas voltam às ruas da Espanha. Já conhecidas nos últimos anos como marco dos protestos dos trabalhadores e das trabalhadoras da Espanha, as “Marchas pela Dignidade” estão de volta em 2017.
Na última semana, em pelo menos 15 cidades espanholas, o povo voltou às ruas em grandes manifestações contra a reforma da previdência, perdas de direitos trabalhistas e empregos, prisão de ativistas políticos, repressão policial e indignação pelas recentes decisões da “justiça” ao libertar a irmã e o cunhado do Rei Felipe IV. Dezenas de cartazes criticando a monarquia apareceram nas Marchas, desafiando a “Lei da Mordaça” imposta ao país proibindo qualquer crítica contra a família real.
Reino Unido: uma nova forma de exploração. Os patrões do Reino Unido, mais uma vez, estão inovando em matéria de exploração sobre os trabalhadores. Agora inventaram um tal contrato de “zero horas”, ou seja, um contrato de trabalho pelo qual o patrão não é obrigado a dar uma jornada mínima de trabalho!
Difícil de entender? É muito simples a nova artimanha do patronato: contrata o/a trabalhador/trabalhadora, mas não é obrigado a garantir uma jornada mínima. Pode exigir uma jornada de duas, três ou apenas uma hora, ou mesmo zero horas! E como o salário é pago por horas trabalhadas, não tem que pagar! Não é genial?
De acordo com as mais recentes pesquisas, o número de trabalhadores/trabalhadoras com contratos de “zero horas” já alcançou a espantosa cifra de 910.000 pessoas! Isso acontece apesar da anunciada depressão que já se abate sobre a União Europeia.
As principais empresas que já adotaram e se tornaram referência para o caso do contrato de “zero horas” são: McDonald’s, JD Wetherspoon e SportsDirect, com quase 90% dos funcionários e funcionárias nessa modalidade de relação trabalhista. Outros exemplos, com menor incidência, mas não menos alarmante, são: Tesco, Boots, Subway, Cineworld até mesmo o Palácio de Buckingham, residência oficial em Londres da rainha Isabel II.
Eleições na França e problemas com a justiça. Alguns candidatos à presidência nas próximas eleições francesas estão enfrentando problemas com a Justiça e isso tem refletido nas campanhas, além da ameaça de serem impedidos de concorrer.
Curiosamente, os dois candidatos mais envolvidos com processos na Justiça francesa são François Fillon, representante da direita, e Marine Le Pen, representante da ultradireita!
Fillon tem um complicado caso pela frente, acusado de criar cargos fictícios para seus familiares. O caso de Le Pen não é muito diferente e ela é acusada de criar cargos fictícios no Parlamento Europeu para justificar salários para seus colaboradores mais próximos.
A nossa imprensa tupiniquim não divulga isso, mas tudo é muito parecido com o que o governo golpista está fazendo por aqui.
Só para descontrair. Simplesmente admirável a criatividade na hora de fazer humor com os deslizes que acontecem em alguns momentos com grande atenção de toda a mídia. Só para lembrar, durante a apresentação do último Oscar da Academia de Hollywood, os apresentadores oficiais Warren Beatty e Faye Dunaway anunciaram como filme vencedor “La La Land”, mas logo foram advertidos de um erro. Enquanto diretores e atores do “La La Land” já subiam ao palco comemorando a vitória chegou um novo envelope dizendo que o filme vencedor foi “Moonlight”.

Apenas alguns minutos depois do incrível erro, as redes sociais já divulgavam que tudo tinha sido mais uma armação dos hackers russos, lembrando a ridícula acusação de que a Rússia havia manipulado a eleição de Trump. Em tom de brincadeira, os internautas estadunidenses perguntavam se “o culpado é o Putin”. Outros perguntavam se a Rússia tinha interesses em algum dos filmes. Virou “meme” na Internet.