segunda-feira, 6 de março de 2017
UM MORTO QUE CAMINHA
Paulo Nogueira

Cabe às ruas fazer o morto se recolher
ao cemitério.
Cadê o povo nas ruas pedindo a saída de
Temer?
Sem gente — muita gente — nas ruas, o
‘Fora Temer’ vai ser igual ao ‘Não Vai Ter Golpe: o triunfo da esperança sobre
a experiência, para usar a grande sentença do frasista francês La Rochefoucald.
Paulo Henrique Amorim postou isso hoje
no Twitter, e ele não poderia estar mais certo.
O Carnaval trouxe esperança de que as
ruas enxotariam Temer. Que aquela esperança não se transforme em ilusão ou,
pior, desilusão.
Um bom exemplo de continuidade nos
protestos é o que Guilherme Boulos e o MTST vêm fazendo na Paulista.
Mas esta é uma gota quando o necessário
é uma tempestade.
As redes sociais, é verdade, continuam
em efervescência nas manifestações contra o governo.
Mas é preciso mais que isso.
O protesto virtual é muito, mas sem as
ruas vira quase nada.
Com a bunda na cadeira não se derruba um
presidente, ainda que ele esteja quase caindo sozinho.
Robespierre disse que não se faz uma
revolução sem pisar na grama.
Também não se muda nada à base somente
de posts no Twitter e no Facebook.
O governo Temer é um morto que caminha.
Cabe às ruas fazer o morto se recolher
ao cemitério.
Ruas, ruas e ainda ruas. Essa é a
receita vital, insubstituível para o Brasil se livrar de uma das mais
tenebrosas ações de sua plutocracia ao longo de toda a história: a invenção de
Temer como presidente — o decorativo, incapaz, traiçoeiro Temer.
Assinar:
Postagens (Atom)