quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A Lava Jato só acaba quando acabar com o PT

29/09/2016 10:49 - Copyleft

A Lava Jato só acaba quando acabar com o PT

A Lava Jato só acaba quando acabar com o PT. Nesta guerra, não há alternativas: ou vence o fascismo, ou vence a democracia.


Jeferson Miola
Vladimir Platonow/ Agência Brasil
Consumado o golpe para derrubar a Presidente Dilma e interromper o ciclo dos governos do PT que o PSDB não conseguiu licitamente nas últimas quatro eleições presidenciais, a Lava Jato seria encerrada. Uma vez concretizado o plano inicial, a Operação perderia sua razão de ser. Esta era a aposta prevalente na crônica política.

A evolução da Lava Jato, entretanto, indica que os controladores da Operação preferiram evitar o alto custo político de encerrá-la logo após a farsa do impeachment. Optaram por continuá-la, porém ajustando seu caráter, que passou a ser abertamente eleitoral e partidário.

Confortáveis no regime de exceção e de arbítrio que dá guarida à sua atuação político-ideológica, os juízes, delegados e procuradores da Lava Jato removeram a máscara da imparcialidade e da isenção que nunca tiveram.

Perderam o pudor, abandonaram o menor senso de decência pública e atuam acima e à margem da Lei. Se mostram tão despudorados quanto o candidato a prefeito de Curitiba que, sem auto-censura e vergonha humana, admite vomitar com o cheiro de pobre [sic].






Esses personagens se sentem poderosos, heróicos e inatingíveis graças à Rede Globo e à mídia que, no noticiário, incensa-os e glorifica-os, assim como sublima os não-valores que eles representam.

A virulência empregada contra o PT e o ex-presidente Lula assumiu um padrão totalitário nas fases recentes da investigação. Nas semanas pré-eleitorais, a força-tarefa promoveu um espetáculo propagandístico para condenar midiaticamente o ex-presidente Lula sem provas, mas com “muita convicção”; e para decretar a prisão de dois ex-ministros dos governos do PT, em flagrante inobservância ao devido processo legal e ao Estado de Direito. Tudo sob medida para fornecer munição e alvejar as candidaturas do PT na eleição municipal.

O contorcionismo dos agentes da Lava Jato para livrar de investigação e julgamento os integrantes do governo golpista, não é menos apavorante que esta realidade autoritária. A força-tarefa se esgueira em explicações inexplicáveis que não conseguem ocultar a seletividade e o direcionamento para mirar exclusivamente os “inimigos do regime” e safar os “bandidos do regime”.

Por dois anos e meio, os justiceiros da Lava Jato perseguem e caçam Lula, sem encontrar nenhuma ilegalidade. Apesar disso, e com impressionante petulância, transformam Lula no “comandante máximo”, “no general”, no “maestro” do “maior esquema de corrupção” do país.

Contraditoriamente, entretanto, a força-tarefa não investiga, não processa e não julga Cunha, Temer, Aécio, Jucá, Serra etc – todos, sem exceção, multi-campeões em delações, e donos de sabidas contas bancárias em paraísos fiscais, abastecidas aos milhões, com dinheiro provindo de corrupção na Petrobrás e em outras estatais que controlam.

A oligarquia golpista firmou um grande pacto para a restauração neoliberal na sua versão ultra-reacionária, que combina retrocessos nas conquistas do povo brasileiro, com regressão em matéria de direitos e liberdades civis e a re-colonização do Brasil pelas metrópoles imperiais.

A Lava Jato é um instrumento da oligarquia para aniquilar o PT e destruir a biografia e o legado de Lula, impedindo-o de disputar e vencer a eleição de 2018. A verdadeira disputa em curso não é a eleição do próximo dia 2 de outubro, mas sim a guerra final que a Lava Jato proclamou contra o PT e Lula.

A Lava Jato só acaba quando acabar com o PT. Nesta guerra, não há alternativas: ou vence o fascismo, ou vence a democracia.


Créditos da foto: Vladimir Platonow/ Agência Brasil




Simplesmente assustador

29/09/2016 11:30 - Copyleft

Simplesmente assustador

Segundo o TRF (4ª Região Sul), apesar de ilegais, as 'soluções inéditas' da Lava-Jato devem ser toleradas porque o processo é também um 'processo inédito'.


avessoedireito.wordpress.com
Lula Marques
HOJE, qualquer opinião que se emita sobre a operação Lava Jato – seja a favor seja contra, seja de crítica seja de apoio -, será sempre entendida e julgada pelo viés ideológico. Não adianta negar – o país ficou dividido entre os que aprovam e os que reprovam essa operação, na mesma medida que se dividiu entre os que apoiavam e os que reprovavam o governo petista. Mas, sejam lá quais forem as ideologias e as preferências políticas de cada um, algumas coisas na operação Lava Jato são muito polêmicas, tanto do ponto de vista político quanto jurídico – e algumas constituem verdadeiros absurdos.
 
Se não, vejamos.
 
É polêmico – e, para mim, um verdadeiro absurdo – que as delações premiadas no âmbito da Lava Jato sejam obtidas mediante prisão ou ameaça de prisão. A essência desse instituto, e o que o faz tolerável, é a espontaneidade do delator. Quando a delação é obtida mediante tortura física e psicológica – e decerto que a prisão e a ameaça de prisão constituem suplício físico e psicológico – ela deixa de ser espontânea e se transforma numa prova ilícita – expressamente vedada pela Constituição Federal.
 
É polêmico – e, para mim, outro absurdo – que os advogados dos réus na Lava Jato só tenham acesso ao conteúdo das delações feitas contra seus clientes na véspera das audiências, dificultando-lhes a articulação e o exercício do direito de defesa; e isso quando a Lei Maior assegura exatamente o contrário, isto é, assegura a todos os réus o direito ao contraditório, a publicidade dos atos processuais, e a ampla defesa – tal como exige o “devido processo legal” consagrado na Constituição Federal.





 
É polêmico – e, para mim, autêntico absurdo – que o juiz da Lava Jato tenha mandado conduzir coercitivamente um ex-presidente da república até uma repartição policial, sem intimar previamente o conduzido para que ele comparecesse perante a autoridade de polícia. Essa condução constrangedora só tem lugar quando o conduzido teima em não atender à intimação da autoridade – do contrário, como no caso do ex-presidente, é uma medida que ofende o direito de ir e vir consagrado na Constituição Federal.
 
É polêmico – e, para mim, mais um absurdo – que esse mesmo juiz tenha determinado a interceptação ilegal de uma conversa telefônica entre uma presidenta e um ex-presidente da república, e, depois, tenha revelado através da mídia o conteúdo dessa conversa, com o claro propósito de influenciar no delicado jogo político por que passava o país às vésperas de um processo de impeachment – essa divulgação é crime e ofende o sigilo das comunicações telefônicas consagrado na Constituição Federal.
 
É polêmico – e, para mim, um rematado absurdo – que o juiz da Lava Jato tenha mandado “grampear” o telefone dos advogados de réus, e do defensor de um ex-presidente da república, malferindo assim a inviolabilidade dos escritórios de advocacia, o direito de defesa, o direito de ampla defesa, o direito ao livre exercício da profissão de advogado e o princípio da lealdade processual – tudo isso configura afronta à lei e aos ditames da Constituição Federal.
 
É polêmico – e, para mim, outro absurdo – que esse juiz tenha cometido essas arbitrariedades todas, tenha reconhecido publicamente que as cometeu, e, em seguida tenha sido “perdoado” pelo Supremo Tribunal Federal, mesmo depois de o ministro relator do processo da Lava Jato no STF ter afirmado, nos autos e por escrito, que a atitude do juiz “comprometia um direito fundamental” de dois ex-presidentes da república – aliás, um direito fundamental consagrado na Constituição Federal.
 
É polêmico – e, para mim, um flagrante absurdo – que o juiz da Lava Jato tenha mandado prender um ex-ministro de estado do governo petista, e, menos de cinco horas depois, porque descobriu que a mulher do ex-ministro estava sendo internada com câncer, tenha revogado essa prisão por considerá-la desnecessária – isso viola o direito constitucional de liberdade, a dignidade humana, e a presunção de inocência consagrados na Constituição Federal.
 
É polêmico – e, para mim, absurdo também – que o juiz da Lava Jato tenha feito aliança com a mídia empresarial para exercer melhor suas funções de magistrado, e, por força dessa aliança fizesse “vazar” informações ao mais poderoso grupo de mídia do país, com o insofismável propósito de predispor a opinião pública contra os réus que ele (juiz) mandava prender – isso viola o sigilo das delações, o direito à privacidade e o princípio da presunção de inocência inscritos na Constituição Federal.
 
É polêmico – e, para mim, outro injustificável absurdo – que um juiz de direito, no exercício de suas funções públicas, faça alianças com a mídia privada. E, além disso, aceite premiação concedida publicamente por essa mídia, mesmo sabendo que ela é adversária dos réus da Lava Jato, que ela não se cansa de manipular informações, e que no passado até já apoiou ditadura militar – isso fere mortalmente o princípio republicano e a independência do Judiciário consagrada na Constituição Federal.
 
Porém, o mais polêmico (e absurdo) é ver agora um Tribunal Regional Federal (4ª Região Sul) render-se ao óbvio e reconhecer que as práticas do juiz da Lava Jato são realmente ilegais, pois “escapam ao regramento” do direito. Mas, segundo esse mesmo tribunal, apesar de ilegais, trata-se de “soluções inéditas” que devem ser toleradas porque o processo da Lava Jato é também um “processo inédito”. Em suma, o tribunal afirma, por escrito, que o direito aplica-se aos “casos comuns” em geral; mas, à Lava Jato aplicam-se, não a Constituição e o direito, e sim as “soluções inéditas”, ou seja, as soluções buscadas fora do direito, ou fora do “regramento comum” – com essa retórica canhestra, esse tribunal federal acaba de proclamar que a lei e a Constituição não valem para o processo da Lava Jato, ou, noutros termos, admite expressamente que esse processo tramita mesmo perante uma lei e um  juízo de exceção.
 
Nem no tempo da ditadura militar isso ocorreu. É certo que os militares nos outorgaram uma Constituição autoritária (67-69); é certo também que eles editaram um ato de exceção (AI-5); mas, mesmo a Constituição autoritária dos ditadores, e mesmo o Ato Institucional nº 5, valiam para todos: igualmente, isonomicamente – coisa que não ocorre agora porque, segundo esse tribunal federal do Sul, nem a lei nem a Constituição valem para os réus da Lava Jato.
 
Isso já não é apenas polêmico, nem somente um absurdo – isso já passa a ser simplesmente assustador.


Créditos da foto: Lula Marques

Castells e a decadência democrática que vivemos

29/09/2016 11:23 - Copyleft

Castells e a decadência democrática que vivemos

Quando a decadência de um sistema político se combina com uma unanimidade férrea dos meios de comunicação, o que temos é um novo tipo de fascismo.


Tarso Genro
reprodução
Os últimos trabalhos e conferências do professor Manuel Castells, cuja síntese brilhante foi apresentada numa conferência em Lisboa (05.12.15), com o título que pode ser traduzido (tenho o texto somente em inglês) como “A respeito da nova democracia na idade da informação: pensando o impensável”, tratam da erosão do modelo institucional da democracia representativa e da falência dos partidos como mecanismos de intervenção política dos representados. É a época em que as informações e diálogos, lutas e acordos em rede, tonaram envelhecidos os mecanismos tradicionais de disputa política da democracia moderna.
 
Estes trabalhos tratam da crise dos sistemas políticos na democracia social, que transitam de um projeto humanista de coesão social mínima – dentro do capitalismo – para uma espécie de barbárie fundada na xenofobia, na intolerância e no “apharteid” social, também dentro do capitalismo, mas já na decadência democrática. Este “trânsito”, é óbvio, se reflete de forma diferente em cada país de democracia política, de acordo com a suas peculiaridades sociais e econômicas.
 
Numa entrevista publicada em 2015, no âmbito de uma das edições do “Fronteiras do Pensamento”, o professor Castells fez uma síntese lapidar desta crise: “…os movimentos em rede são de um novo tipo e se formam a partir de ideologias diferentes e com diferentes motivações. São um sintoma da crise da democracia atual, dominadas por partidos a serviços deles mesmos e não dos cidadãos, eleições controladas por dinheiro e por meios de comunicação, corrupção sistêmica de todos os partidos políticos em quase todos os países. Se houvesse vontade de participação política e democrática por parte das elites, a comunicação em  rede oferece enormes possibilidades de incrementar a participação cidadã, ao invés de reduzir a democracia a um voto midiatizado a cada quatro anos.”
 
Este processo de decadência, apontado por Castells, atinge, em maior ou menor grau, todas as formações políticas, mas gera armas políticas fulminantes, quando uma parte destas formações (a mais corrupta e comprometida do que qualquer outra) com apoio ostensivo do oligopólio da mídia, torna-se dona das versões e do poder. E assim o instrumentaliza, de um lado, para eliminar os traços positivos de democracia social, que estavam em consolidação e, de outro, para salvaguardar os seus, das investigações criminais e dos próprios processos contra a corrupção.





 
Reforçar o domínio e limitar a democracia – segundo Castells – é a resposta que os estados, como o Brasil e Espanha, estão dando – com a utilização de formas agressivas de controle da formação da opinião – aproveitando o fato de que os cidadãos “querem a democracia, mas não essa”. Daí, para o esvaziamento planejado do Estado de Direito Democrático tradicional, através da “exceção” – como se vê no Brasil – é um passo bastante fácil, instrumentalizando os políticos sem princípios de vários partidos, para realizar um “ajuste”, não para melhorar as instituições ou reformar o sistema político. É o que ocorre, por diferentes formas e canais, tanto no Brasil como na Espanha.
 
Para compreender o que ocorre em nosso país, devemos lembrar que as declarações do atual ministro da Justiça, que antecederam a prisão desnecessária e arbitrária do ex-ministro Palocci, não podem ser desconectadas do que disse, recentemente, o juiz Moro, numa Conferência proferida aqui no nosso Estado. Ali ele afirmou com todas as letras que, para situações excepcionais de combate à corrupção, é necessária certa dose de excepcionalidade, para que o Poder Judiciário possa cumprir a sua “missão.” A “exceção” – na versão fascista da teoria do direito – se legitima a si mesma, como juízo do poder político, pois este é o “Magistrado da exceção”, como dizia Carl Schmitt.  É ela, a exceção, que cria a suas próprias normas em “movimento”, ou seja, sem a obediência às responsabilidades dos Poderes, conferidos formalmente pela Constituição.
 
O engano, porém, que estes processos de exceção geram no senso comum, é dramático: faz as pessoas menos avisadas acreditarem que eles são utilizados, efetivamente, para combaterem a corrupção, quando, na verdade fazem isso apenas de forma parcial e seletiva: ela – a exceção – é sempre baseada num juízo político, logo sempre tens fins e objetivos políticos. Moro tem razão quando diz que “medidas excepcionais” são usadas para combater “situações excepcionais de corrupção”, mas a sua razão é incompleta, pois a exceção – como saída política de uma crise –  pode ser manipulada, tanto para punir alguns corruptos, como para proteger ou salvar outros, bem como para manter perseguidos outros tantos, segundo o interesse do Juízo da exceção. É o que ocorre no país.
 
Os processos de exceção sempre ocorrem em momentos de decadência de um sistema político, mas, quando esta decadência se combina com uma unanimidade férrea dos meios de comunicação, articulados para varrerem das relações democráticas toda uma comunidade política – indeterminada, mas legitimada como parte do contencioso democrático – o que temos é um novo tipo de fascismo em andamento. Seu desfecho, às vezes, até mesmo foge da vontade dos seus protagonistas, mas ele pode, um dia, encontrar qualquer um na próxima esquina: a violência e a irracionalidade de processos deste tipo, quando consolidadas como comportamento “normalizado” na sociedade, não são seletivas. Foi o que ocorreu, na Argentina, de exceção em exceção – depois da volta de Perón – quando a selvageria das armas enterrou o que restava de democracia, como convívio civilizado dos contrários.
 
.oOo.
 
Tarso Genro foi Governador do Estado do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, Ministro da Justiça, Ministro da Educação e Ministro das Relações Institucionais do Brasil.


Créditos da foto: reprodução




Golpistas não suportam o livre pensamento

28/09/2016 18:31 - Copyleft

Golpistas não suportam o livre pensamento

O golpe apenas começou. O ataque tem endereço certo: direitos constitucionais que garantem educação e saúde gratuitas, leis trabalhistas etc.


da Redação
O protagonismo da mídia oligárquica no golpe é consenso entre os brasileiros que pensam antes de odiar. São décadas de uma produção “jornalística” que atesta: muito menos do que um direito democrático, a comunicação se tornou um instrumento de opressão no Brasil.
 
A catástrofe está em curso. Com o golpe, foi instalado um governo ilegítimo, sem base social. Obra de um condomínio de políticos e grupos midiáticos ligados aos interesses econômicos e financeiros do capital internacional; e da participação especial de setores do Judiciário brasileiro.
 
O golpe apenas começou. O ataque tem endereço certo: os direitos constitucionais, por exemplo, os que garantem educação e saúde gratuitas, leis trabalhistas, entre outros.
 
A Carta Magna também garante um outro direito, há décadas desrespeitado no país: o direito à comunicação diversificada, plural e representativa. Mas, a mídia oligárquica – composta por meia dúzia de famílias – faz crer que comunicação não é um direito.





 
Nós sabemos que é. Sabemos que as concessões públicas a esses veículos,  dadas pelo Estado brasileiro, estabelecem deveres jamais cumpridos pelo oligopólio midiático. A produção do golpe, visto nos últimos dois anos, atesta esse descumprimento. Todos viram como uma presidenta sem crime de responsabilidades foi afastada do poder.
 
Imposto o golpe, essa mesma mídia vem preparando o terreno para impor uma dura agenda aos brasileiros. Em março deste ano, o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) trouxe uma relação de 55 matérias que tramitavam no Congresso Nacional.
 
Todas elas incidem, desastrosamente, sobre direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores brasileiros. Trata-se do maior ataque contra a Constituição de 1988. Nem mesmo a ditadura de 1964 foi tão longe.
 
O trabalho sujo da mídia é convencer os brasileiros que seus direitos atrasam e emperram o desenvolvimento do país.
 
Apostaram no ódio para impulsionar o golpe, agora apostam no medo da crise e jogam a culpa na população. A crise se torna a justificativa para a perda – a tal “flexibilização” – dos direitos constitucionais. É o que ouvimos nas rádios, vemos nos noticiários, lemos nos jornais impressos e virtuais.
 
Não é à toa que intelectuais vêm escrevendo e alertando sobre a extrema necessidade de fortalecermos as nossas instituições democráticas. Precisamos de democracia na área da Comunicação. Quantos dias Temer, o golpista, ficaria no poder caso a Globo iniciasse uma campanha pela sua deposição?
 
Essas são as nossas garantias democráticas?
 
Instituições democráticas
 
Não nos espantamos quando Temer, com sete dias de governo, quebrou contratos vigentes de publicidade entre as administradoras diretas e indiretas com as microempresas da mídia progressista.
 
O embargo econômico contra as vozes dissonantes, as únicas que denunciaram “é golpe”, representou irrisórios 0,6% do que a SECOM investiu em publicidade no ano de 2015. Nada para eles, muito para nós.
 
São tempos de resistência e enfrentamento. Nesta batalha de David contra Golias, como cunhou o professor Venício Lima (leia mais), eles contam com um canhão (televisão, rádio, jornais diários) e nós com a internet. Eles têm patrocinadores e nós temos vocês.
 
A mídia alternativa hoje é financiada pelos seus leitores, daí as campanhas de doações em vários sites e blogs. É o público leitor que garante a existência do contraditório nas redes e na internet.
 
Todos sabemos que o ataque navegou -  e ainda navega – na onda do ódio, construída e inflada desde 2014, quando a presidenta Dilma Rousseff foi eleita pela maioria do povo. O objetivo era – e ainda é – criminalizar a esquerda como um todo.
 
Basta ler o editorial de o Estadão que bradava, em 12 de junho deste ano:
 
“Bem fez, por isso, o presidente em exercício Michel Temer em cortar o quanto antes esses financiamentos. Era um escândalo essa política petista de bancar os amigos. Era cabal a comprovação do descaramento do PT no trato com a coisa pública, como se as verbas pudessem ser usadas a seu bel-prazer, sem a menor preocupação em respeitar a lei o interesse público”. (OESP,12.06.2016)
 
Notem como um direito constitucional – o direito à Comunicação plural - é reduzido pela família Mesquita: “política petista de bancar os amigos”.
 
Desmontando a comunicação pública
 
E o que dizer sobre a campanha contra a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC)? Uma instituição democrática – que precisaríamos fortalecer e não enfraquecer – pensada enquanto instrumento de comunicação plural e representativa da imensa diversidade do Brasil.
 
Pública e não estatal – como eles gostam de confundir – a produção da EBC não estava comprometida com os interesses da mídia golpista, tampouco com os da oposição no período e dos agentes econômicos e financeiros que ela representa. Prova disso é a virulência do editorial da Folha, dez dias depois do ataque contra a mídia alternativa:
 
“A EBC nasceu e cresceu como aparelho de propaganda a serviço do governo de turno. Passou da hora de pôr termo a mais esse desperdício de dinheiro público. O presidente interino, noticia-se, cogita extinguir a TV Brasil e reduzir os gastos da EBC. Se não for capaz de impor normas que garantam a independência da empresa, faria melhor ao extinguir o aparelho inteiro”. ” (FOLHA,25.06.2016).
 
Em suma, um veículo de comunicação privado exigindo, publicamente, o fim de um veículo de comunicação público (EBC). Um ataque sem argumentos ou qualquer análise de fundo sobre o papel da emissora pública e sua necessidade no país.
 
Em momento algum se analisa o que é oferecido à população, em momento algum se pondera experiências em outros países de TV pública. Resta ao jornalão da família Frias xingar: “aparelhamento”, “emissora partidária”, “cabide de empregos” etc, fazendo política enquanto acusar o oponente de fazer política.
 
Eis a esfera privada sufocando – a partir da imensa capilaridade que tem – a esfera pública e o direito da população à uma comunicação livre dos interesses de mercado.
 
Como enganar o povo
 
Em suas capitanias hereditárias, essa elite que se arvora dona da comunicação brasileira, repudiando qualquer iniciativa independente, manipula a população descaradamente. Apresentam os direitos constitucionais e trabalhistas como “excessos”, jogando a culpa no colo dos brasileiros.
 
Não há inocência quando O Globo defende, com todas as letras, em seu editorial:
 
“Para combater uma crise nunca vista, necessita-se de ideias nunca aplicadas. Neste sentido, por que não aproveitar para acabar com o ensino superior gratuito, também um mecanismo de injustiça social? Pagará quem puder, receberá bolsa quem não tiver condições para tal. Funciona assim, e bem, no ensino privado. E em países avançados, com muito mais centros de excelência universitária que o Brasil”. (OGLOBO, 04.08.2016).
 
Impressiona como, sem titubear, a família Marinho propõe o fim de um direito que deveria ser universalizado, reduzindo-o a um simples “receberá bolsa”, como se não soubesse o peso no bolso dos norte-americanos, por exemplo, para pagar as universidades privadas, ou o fato de que em países onde a educação atinge os mais altos níveis, ela é totalmente gratuita e universal.
 
É esse o nível de credibilidade da mais poderosa empresa de comunicação do país. É a ideologia do capital defendida com unhas e dentes.
 
Imaginem um Brasil sem universidade pública, sem uma estrutura pública de comunicação com uma capilaridade capaz de fazer frente à comunicação privada, sem o conteúdo crítico e progressista na internet e nas redes, representado hoje, aos trancos e barrancos, pela mídia alternativa?
 
É paraíso sonhado pela direita. O terreno arrasado para aprovarem no Congresso as várias pautas selecionadas pelo DIAP e de tantas outras que virão. Convidamos a todos que avaliem, com atenção, uma por uma dessas pautas clicando aqui.
 
E, também, que não só acompanhem a mídia alternativa, mas que a mantenham viva. Neste momento de golpe, mais do que nunca, colaborar com a mídia alternativa é colaborar com o nosso Brasil.

29/09/2016 - Clipping Internacional

29/09/2016 10:44 - Copyleft

29/09/2016 - Clipping Internacional

Chile confirma pena de 4 anos de prisão para os torturadores do pai da presidente Bachelet.


Carta Maior
reprodução
BRASIL
 
DW Brasil, Alemanha
Cobertura jornalística da violência em protestos. Pelo menos 210 jornalistas foram agredidos pelas forças de segurança do Brasil nos últimos três anos. Comissão Interamericana de Direitos Humanos investiga denúncias de abusos e cerceamento da liberdade de imprensa
http://www.dw.com/pt-br/cobertura-da-viol%C3%AAncia-em-protestos/g-35914625
 
Página 12, Argentina





Revés para a reforma trabalhista de Temer. O debate no Congresso é postergado pelo custo eleitoral para o governo de fato no Brasil. Ante a queda nas pesquisas para a prefeitura de São Paulo da expetista Marta Suplicy a quem se atribuiu a “agenda maldita” do chefe de estado, levou os legisladores de Temer a postergar o voto sobre a reforma.
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-310508-2016-09-29.html
 
Artigo de Emir Sader: “Brasil, o elo mais frágil do neoliberalismo”
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-310510-2016-09-29.html
 
Le Monde, França
No Rio de Janeiro, com a esquerda dividida, os evangélicos emergem. Um mês após a destituição de Dilma Rousseff, as eleições municipais de domingo embaralham as cartas.
http://www.lemonde.fr/ameriques/article/2016/09/28/a-rio-de-janeiro-la-gauche-eclatee-les-evangeliques-emergent_5004711_3222.html
 
RFI, França
O jornal Le Monde que chegou às bancas na tarde desta quarta-feira (28) fala sobre o aumento do número de candidatos evangélicos no Brasil. "Um mês após a destituição de Dilma Rousseff, as eleições municipais de domingo embaralham as cartas", escreve o diário centrista, sugerindo que o mau momento na esquerda brasileira favorece o fenômeno político-religioso.
http://m.br.rfi.fr/brasil/20160928-diante-de-uma-esquerda-abalada-evangelicos-emergem-no-brasil-diz-le-monde



MUNDO
 
Página 12, Argentina
Uma foto da pobreza em meio à crise: pesquisa do INDEC mostra que 32,2 % dos argentinos são pobres e 6,3 % são indigentes. As medidas econômicas do governo agravaram a situação.
http://www.pagina12.com.ar/diario/economia/2-310533-2016-09-29.html
 
Os resultados da política econômica de Macri. Experts avaliam que os elevados níveis de pobreza na Argentina refletem os efeitos da estratégia econômica do governa que provocou uma transferência muito regressiva das rendas com inflação e menor poder aquisitivo. 
http://www.pagina12.com.ar/diario/economia/2-310536-2016-09-29.html
 
Huffington Post, EUA
32.000 presos após a fracassada tentativa de golpe na Turquia. Outros 70.000 são suspeitos e aguardam processo na suspeição de serem ligados ao clérico Fethullah Gulen, exilado nos Estados Unidos há anos.
http://www.huffingtonpost.com/entry/turkey-coup-attempt-arrests_us_57eb786fe4b024a52d2b8709?section=&section=us_world
 
The Guardian, Inglaterra
Regulação privada na área sensível da informática, as empresas norte-americanas Google, Facebook, Amazon, IBM e Microsoft estão construindo uma parceria para “avançar a compreensão pública do setor”, assim como definir padrões que os futuros pesquisadores deverão seguir. 
https://www.theguardian.com/technology/2016/sep/28/google-facebook-amazon-ibm-microsoft-partnership-on-ai-tech-firms
 
The Washington Post, EUA
Inglaterra e França acabam de bater Donald Trump na construção de um muro na fronteira. Enquanto Trump apenas planeja construir um muro entre o Mexico e os Estados Unidos, os dois países já estão construindo o seu. Tem um kilômetro e meio e busca separar os países em torno do túnel que une o continente à ilha britânica. De uma cerca de arame farpado na Hungria ao fechamento das fronteiras na Macedônia, Grécia  à cerca de Trump, as sociedades polarizadas através do mundo buscam encontram maneiras de se unir deixando os outros de fora
https://www.washingtonpost.com/world/europe/france-and-britain-just-beat-donald-trump-tobuilding-a-border-wall/2016/09/28/345e352a-8000-11e6-ad0e-ab0d12c779b1_story.html
 
Le Monde, França
Petróleo: a OPEP faz acordo surpresa em quatro pontos. Um deles diz respeito aos preços que deverão se elevar acima dos 50 dólares o barril, embora longe dos 114 dólares que havia chegado. Deverão também controlar a produção.
http://www.lemonde.fr/economie/article/2016/09/29/petrole-l-accord-surprise-de-l-opep-en-quatre-questions_5005378_3234.html
 
The Nation, EUA
Shimon Peres e o pesadelo sionista. O antigo presidente israelense foi um trágico herói de uma comédia sem graça alguma.
https://www.thenation.com/article/shimon-peres-and-the-zionist-nightmare/
 
El País, Espanha
O caos se apodera do Partido Socialista e Obrero –PSOE – da Espanha, diante de um cenário inédito em sua história. A renúncia de 17 membros da executiva do partido busca forçar uma nova dirigente enquanto a insistência do secretário geral em celebrar um congresso com primárias entre os militantes coloca os socialistas em terreno desconhecido.
http://politica.elpais.com/politica/2016/09/28/actualidad/1475081244_206826.html
 
Editorial: “Salvar o PSOE”. A saída de Sánchez é a única saída para o partido.
http://elpais.com/elpais/2016/09/28/opinion/1475090003_414591.html



El Telegrafo, Equador
Chile confirma pena de 4 anos de prisão para os torturadores do pai da presidente Bachelet.
http://www.eltelegrafo.com.ec/noticias/mundo/9/chile-confirma-pena-de-4-anos-de-prision-a-los-torturadores-del-padre-de-bachelet




Créditos da foto: reprodução