sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Os farsantes que definham a democracia brasileira

08/09/2016 10:28 - Copyleft

Os farsantes que definham a democracia brasileira

A elite brasileira verde e amarelo segue com seu discurso despolitizado de ódio à esquerda e aos 'perigosos comunistas'.


Luciana Burlamaqui
rovena rosa
Vivemos uma grande farsa no Brasil encenada por políticos, mídia, juízes, advogados e a sociedade civil de direita. 

A TV Globo finge que noticia de forma imparcial, mas não dá voz equilibrada a Dilma, Lula e o Partido dos Trabalhadores, além de diminuir o espaço e o tom quando a denúncia atinge o governo golpista e o PSDB. Muitos jornalistas da emissora agem como atores e atrizes a serviço de seus chefes para preservarem o gordo salário no final do mês. 

Juízes do Supremo Tribunal Federal dificultam qualquer investigação contra Aécio Neves e só se manifestaram contra Eduardo Cunha, depois do impeachment consumado no Congresso. 

A Constituição é aviltada pelo governo golpista na destituição, por duas vezes, do presidente da EBC Ricardo Melo, e no desrespeito ao poder legal de voto negado ao Conselho Curador da emissora, fulminando-o novamente com sua destituição. 






A perseguição movida pelo medo da conspiracão - o alimento da alma destes políticos – começou de forma espúria, contra o garçom do Planato José Catalão demitido sumariamente sem qualquer justa causa e seguiu implacável na destituição de vários nomes de peso em todas as áreas do executivo federal. 

José Serra, ministro golpista das relações exteriores finge que se preocupa com o Brasil e lança uma política internacional que revela seu preconceito contra os países mais vulneráveis e sua visão anti-América Latina, subjugada aos interesses do capital americano.

Os ministérios dos homens brilhantes, que Temer elogiou em entrevista a Sônia Bridi na TV Globo, logo após assumir interinamente, é de horrorizar qualquer ser humano lúcido neste país. Mas a farsa, dá voz a voz de Temer, pela emissora. Uma roda de farsantes que dá as mãos e finge que nada de errado está acontecendo. O áudio do ex-ministro e presidente do PMDB, Romero Jucá desenhando  de forma cristalina o golpe contra a presidenta Dilma é abrandado pela emissora. Segundo os comentaristas da Globo News; Merval Pereira, Renata Lo Prete e a turma que os acompanha, o áudio do senador e ex-ministro,  não tem nada a ver com golpe. O mesmo grupo de jornalistas passou todo o período do impeachment dando risadas desreipetosas sobre a presidenta Dilma e fazendo fofocas ao vivo sobre a destituição dela. 

Temer finge que foi eleito pelo povo brasileiro e que vai unir o país. A Globo finge que não tem nada a ver com a manipulação que fez para criar e intensificar a crise econômica, e tenta demonstrar que não há nenhum protesto relevante (milhares de pessoas nas ruas todos os dias) pedindo a saída do golpista Michel Temer. O objetivo das organizações Globo é a saída do poder em definitivo do PT, Lula e Dilma. Para alcançar este objetivo, vale tudo. 

As lideranças dos movimentos de direita fingem que está tudo bem e desapareceram diante das notícias de corrupção e golpe desmascarados desde o áudio de Jucá que tinha a intenção de levar Michel Temer ao poder para estancar a Lava Jato. 

As notícias internacionais do golpe trazem a verdade. Os movimentos de rua gritam com a alma e o coração. Os artistas que ocuparam os escritórios do MINC em todo país se mantém leais a causa e, a partir deles, começam a surgir os primeiros documentários desta farsa histórica. 

A Polícia Militar segue barbarizando em todo o país, com o apoio do governo golpista do Temer, e em São Paulo a mando também do governo fascista de Geraldo Alckmim. 

A elite brasileira verde e amarelo segue com seu discurso despolitizado de ódio à esquerda e aos “perigosos comunistas”. E as eleições para prefeitos seguem com seus candidatos da direita fortemente despreparados, fazendo política à moda antiga: promessas vazias, sorrisos falsos, pouquíssima realidade, nenhum conhecimento sistêmico das cidades e suas fichas sujas jogadas debaixo do tapete por milagres inexplicáveis da mão da “justiça”.  

Estamos em um salve-se quem puder! 

Só a união de todos os grupos e indivíduos progressistas em diferentes frentes com o objetivo de fortalecer a pressão popular no Brasil e junto aos orgãos internacionais de peso pode, talvez, nos salvar das nuvens de trevas que intoxicam nossa alma com o gosto amargo da opressão e do riso sarcástico dos ladrões de votos.  

Somos milhões ao lado da verdade. 

Chega de farsa!  

Luciana Burlamaqui é jornalista, cineasta, diretora do longa-metragem Entre a Luz e a Sombra e produtora da Zora Mídia, voltada para produção de filmes focados em temáticas humanistas.






Créditos da foto: rovena rosa

Abertura da Paralimpíada

https://www.facebook.com/carlos.moreira.beto/videos/10206406680556379/

FORA TEMER no Rio de Janeiro

https://www.facebook.com/carlos.moreira.beto/videos/10206407309492102/

Governo Alckmin infiltrou PM em Tinder para prender manifestantes, dizem vítimas Tal como na outra ditadura, a de 64.

Governo Alckmin infiltrou PM em Tinder para prender manifestantes, dizem vítimas


Enquanto jovens eram presos e conduzidos ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), Baltazar foi sozinho em outra viatura e nunca chegou à delegacia. Para manifestantes, ele era um P2, policial do serviço reservado da PM
Além de provas forjadas, torturas e declarações inventadas, a prisão no domingo (04/09) de 26 manifestantes anti-Temer pela PM do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pode ter se valido de uma outra técnica típica dos regimes totalitários: a infiltração de agentes disfarçados do governo com o objetivo de neutralizar movimentos de oposição.
Dos 26 manifestantes presos, 18 foram detidos no Centro Cultural São Paulo (CCSP), na Liberdade, região central de São Paulo, quando se preparavam para ir à manifestação na avenida Paulista. Eles acreditam que foram denunciados à PM por um participante do grupo que se identificava como Baltazar Mendes, o Balta. Enquanto os demais detidos eram presos e conduzidos ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) em duas viaturas e num ônibus, Baltazar foi levado sozinho numa outra viatura e nunca chegou à delegacia.  Para os manifestantes, Balta era um P2 — nome dado aos policiais do serviço reservado da Polícia Militar, que atuam em investigações, sem farda e com identidades falsas.
Perfil no Tinder de Balta Nunes, homem que jovens presos disseram ser policial; ele nega
Perfil no Tinder de Balta Nunes, homem que jovens presos disseram ser policial; ele nega

Balta mantinha uma página no aplicativo de paquera Tinder, em que adotava o típico perfil de um "esquerdomacho" — um cara que se vangloria de ter posições políticas progressistas para se dar bem com as mulheres. Logo abaixo do rosto barbado de Balta, vinham um breve manifesto louvando a liberdade e a igualdade e uma citação em inglês (“Democracia é o caminho para o socialismo”) atribuída ao filósofo e revolucionário alemão Karl Marx. (A citação indica que o suposto PM não fez direito sua lição de casa, já que Marx nunca disse isso.)
Uma das conversas de Tinder lida pela reportagem da Ponte mostra que Balta não perdia tempo. Logo após se apresentar, o rapaz já começava a perguntar a respeito das manifestações anti-Temer.
Os jovens detidos no CCSP contam que faziam parte de um grupo informal, com cerca de 40 membros, organizado dois dias antes, via Whatsapp, entre pessoas que haviam se conhecido nas passeatas contrárias ao presidente Michel Temer (PMDB) . “A gente formou um grupo para se encontrar, mas tinha muita gente que não se conhecia. Esse grupo foi feito justamente para juntar uma galera pra ir pro ato, pra ficar um grupo grande e de certa forma servir de proteção, por causa da repressão policial que estava tendo”, contou D., uma estudante que pediu para não ser identificada.
Ponte teve acesso a parte das mensagens trocadas nos grupos de Whats e em nenhuma delas encontrou menção a planos de praticar atos de violência ou desordem, como alegou o comando da PM ao justificar a prisão dos jovens. A maioria dos membros está na faixa dos 20 anos e alguns eram membros do movimento de estudantes secundaristas. Com 37 anos, Balta chegou ao grupo por intermédio de outra militante, também mais velha do que os demais. “Ele estava de xaveco com uma amiga minha, e foi ela quem trouxe Balta para o grupo”, explica G., outro dos manifestantes detidos.
A estudante D, que escapou por pouco de ser detida, porque no momento da abordagem havia entrado com duas colegas no banheiro do CCSP, conta que Balta foi quem deu a ideia de mudar o local de encontro do grupo. Até o início da manhã de domingo, o combinado era a estação da Luz. “Ele que sugeriu que fôssemos para lá”, diz.
Por acaso
Um dia após a prisão dos jovens, o coronel Dimitrios Fyskatoris, comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), afirmou em entrevista coletiva que a detenção no CCSP ocorreu por acaso. Policiais militares que passavam pelo local teriam visto os manifestantes reunidos “em atitude suspeita” e resolveram abordá-los. Perguntado se a ação foi antecedida por uma investigação, o coronel foi categórico. “Não houve nenhum ato prévio, essas pessoas foram abordadas na rua”, disse.
 

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Alguns fatos desmentem a versão do comandante. Todos os estudantes ouvidos pela reportagem contaram que a abordagem foi feita com um gigantesco aparato policial, formado por uma dezena de viaturas, um ônibus e um helicóptero. “Não tem como isso ter sido por acaso”, disse um dos detidos. E mais: no momento em que a polícia chegou ao endereço, os manifestantes estavam reunidos na passarela diante da entrada do CCSP, um local que não é visível da rua.
Sem encontrar indícios de crimes contra os estudantes, os policiais apelaram para torturar os jovens e plantar provas, segundo o relato das vítimas. “Um dos policiais estava me revistando, disse que me conhecia e me deu um soco na costela. Foi pegar uma barra de ferro que estava do outro lado da avenida e deixou no chão, na minha frente, e falou ‘é sua’”, conta G.
Se o jeito como a prisão ocorreu já bastava para deixar claro aos manifestantes que havia um PM infiltrado no grupo, o comportamento que Balta adotou a seguir conseguiu chamar todas as atenções para ele. Enquanto a maior parte dos membros do grupo estava presa, sem acesso aos seus telefones celulares, Balta mostrou que estava livre ao mandar mensagens pedindo para que os administradores o removessem do Whats e apagassem suas mensagens.
Às 19h30, quando todos os detidos já estavam no Deic, incomunicáveis para pais ou advogados, Balta fez uma atualização no Facebook sem mencionar nada sobre as prisões dos “colegas”.



Criado em dezembro de 2014, o perfil de Balta no Face não tinha imagens dele nem de qualquer outra pessoa. Há fotos de paisagens e alguns pontos turísticos clichê, como a Torre Eiffel, em Paris.



Nos poucos textos que escreveu ao longo de dois anos, sem mencionar amigos, parentes ou acontecimentos pessoais, aparecem alguns posts curtos que tentam passar a impressão de um sujeito politizado.

Na tarde de terça-feira (6/9), a Ponte entrou em contato com Balta via Whatsapp e perguntou se ele era policial. Ele negou.
“Pessoas que não entende a nossa luta”
Os abusos feitos pelos policiais militares no CCSP continuaram depois no Deic. Além de manter os jovens incomunicáveis, impedindo-os de falar com advogados ou parentes por até oito horas, o delegado Fabiano Fonseca Barbeiro, da 1ª Delegacia de Investigações Gerais, aceitou a versão apresentada pela PM de que os manifestantes fariam parte de um grupo organizado e violento. No final, mesmo sem provas, autuou os 21 jovens, mais outros cinco que haviam sido presos no início da manifestação da Paulista, por formação de quadrilha e corrupção de menores.
No dia seguinte, o comando da PM chegou a divulgar que os manifestantes teriam confessado fazer parte de uma conspiração para promover vandalismo. Na mesma coletiva de imprensa, Fyskatoris declarou: “Essas pessoas declararam, sim, porque eu tenho registro da declaração delas, que faziam parte de um grupo que estava reunido para praticar atos de desordem na cidade, que eram parte de várias células que estavam espalhadas pela cidade”. Os tais “registros da declaração”, porém, não foram apresentados à imprensa nem à Justiça.
Justiça que, ainda na segunda-feira (05/09), repudiou as prisões feitas pela polícia. Em sua decisão, o juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo ordenou a liberação dos detidos e comparou a ação da polícia com a ditadura militar. “O Brasil como Estado Democrático de Direito não pode legitimar a atuação policial de praticar verdadeira ‘prisão para averiguação’ sob o pretexto de que estudantes reunidos poderiam, eventualmente, praticar atos de violência e vandalismo em manifestação ideológica. Esse tempo, felizmente, já passou”, afirmou. E ainda determinou abertura de inquérito para apurar denúncia de violência policial praticada contra um dos jovens.
Depois que a Justiça frustrou as intenções da polícia e liberou os jovens, Balta resolveu sumir. Na terça (06/09), deixou um último recado no Facebook "agradecendo as orações" e avisando que daria um tempo por causa de “pessoas que não entende a nossa luta”.

No mesmo dia, apagou todos os perfis nas redes sociais. Deu adeus a seus contatos no Tinder, inclusive duas mulheres com quem estava, a duras penas, tentando combinar um ménage à trois (“forçando uma barra, sabe?”, segundo uma delas). Disse que voltaria a Lavras (MG), sua suposta cidade natal, para cuidar do pai doente.
E, por fim, pediu: “rezem por mim”.

Governo não comenta
A participação de policiais infiltrados em ações contra as manifestações anti-Temer foi um dos temas abordados numa reunião do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, com o deputado federal Paulo Teixeira, o ex-senador Eduardo Suplicy, o deputado estadual Alencar Santana e o vereador Nabil Bonduki, todos do PT, realizada na sede da Secretaria, também na terça.
“O secretário ficou incomodado quando perguntei sobre atuação de P2”, contou Alencar. O deputado disse que fez a indagação duas vezes, mas em ambas Mágino teria se esquivado. “O cenário é preocupante. Há um endurecimento da PM e da Polícia Civil”, concluiu o deputado.
Ponte fez duas perguntas para as assessorias de imprensa da PM e da Secretaria da Segurança Pública, comandada pela CDN Comunicação.
1. A PM usou policiais infiltrados para conseguir a prisão dos 21 jovens no CCSP no último domingo?
2. O coronel Dimitrius Fikatorius mentiu ao dizer na última coletiva que os jovens do CCSP foram presos numa abordagem motivada por “atitude suspeita”?
Até agora, não houve resposta.


*Texto originalmente publicado em Ponte Jornalismo

Manifestantes projetam 'Fora Temer' em prédio da embaixada brasileira em Buenos Aires


Manifestantes projetam 'Fora Temer' em prédio da embaixada brasileira em Buenos Aires


Protesto começou quando convidados chegavam para jantar na sede da representação diplomática do Brasil na Argentina no Dia da Independência
Manifestantes protestaram contra o impeachment de Dilma Rousseff na noite desta quarta-feira (07/09) em frente à embaixada brasileira em Buenos Aires (Argentina), durante o qual projetaram os dizeres "Fora Temer" no prédio da representação diplomática.
O protesto, organizado pelo Coletivo Passarinho, começou quando convidados chegavam para um jantar na embaixada em celebração ao Dia da Independência do Brasil.
Jornalistas Livres

Manifestantes projetam "Fora Temer" na fachada da embaixada brasileira em Buenos Aires
Os manifestantes colocaram alto-falantes na rua com músicas de Chico Buarque e Cazuza e cantaram uma paródia do Hino Nacional, com versos como "sem temer vamos à luta/contra o traidor senil/combatendo a cada passo/os canalhas do Brasil".
 

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Eles também usaram um projetor para escrever “Fora Temer” na fachada do edifício, além de projetar imagens da presidente destituída Dilma Rousseff.
A celebração na embaixada também marcou a despedida do diplomata Everton Vargas, que deixará o posto de embaixador brasileira na Argentina e irá atuar na missão do Brasil encarregada da União Europeia. Seu substituto em Buenos Aires será o secretário-geral do Itamaraty, Sergio Danese.
O coletivo, que organizou em maio um protesto na primeira visita do chanceler José Serra ao exterior após ser nomeado pelo então presidente interino, promete fazer outro escracho em outubro, quando Michel Temer tem visita programada para a Argentina.

Em protesto contra impeachment, professor italiano devolve distinção a governo Temer



Em protesto contra impeachment, professor italiano devolve distinção a governo Temer


'Infelizmente, o Cruzeiro do Sul esta apagado no momento', diz acadêmico italiano Massimo Canevacci em carta endereçada a presidente brasileiro
O antropólogo italiano Massimo Canevacci devolveu a Brasília a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta honraria concedida pelo governo a estrangeiros, em protesto contra o impeachment que afastou Dilma Rousseff do Poder.
Segundo a colunista Monica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, Canevacci expressou, em carta endereçada a Michel Temer, "a impossibilidade de manter este título".
O acadêmico ainda declarou que, apesar de sentir "grande tristeza", prefere "não manter este tipo de vínculo com um Estado e com um Parlamento que, após o golpe militar de 1964, continua produzindo valores contrários aos meus princípios republicanos".

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"Infelizmente, o Cruzeiro do Sul esta apagado no momento. Espero que seja apenas temporariamente", conclui o italiano na missiva.
Flickr/Instituto Voz Cultura e Conhecimento

Antropólogo italiano massimo Canevacci
Professor aposentado da Universidade de Roma La Sapienza, o antropólogo, etnógrafo e escritor foi condecorado em 1995 pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.
A Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul é a mais alta honraria atribuída pelo governo brasileiro a estrangeiros e já foi dada a nomes que vão desde o revolucionário Ernesto "Che" Guevara à rainha Elizabeth II. 

Desemprego e crise social



segunda-feira, 5 de setembro de 2016


Desemprego e crise social

A redução do desemprego depende da retomada da atividade mais geral da economia. E políticas públicas como o auxílio desemprego devem ser fortalecidos.

Paulo Kliass *

O IBGE acaba de divulgar as informações mais recentes a respeito do desemprego em nosso País. No dia 30 de agosto a fundação pública vinculada ao Ministério do Planejamento tornou público o resultado da Pesquisa PNAD Contínua com dados do último trimestre. 

A taxa oficial medida pelo IBGE para o período maio/junho/julho registra uma taxa de desocupação média nacional de 11,6%. Trata-se do mais elevado índice desde que uma nova metodologia foi incorporada no levantamento dos dados, em substituição à anterior Pesquisa Mensal do Emprego (PME). Esse número frio ganha mais significado quando se sabe que ele corresponde a um contingente de 11,8 milhões de pessoas que não estão com nenhuma fonte de remuneração associada a trabalho. Caso multipliquemos o número pelos dependentes familiares, teremos a noção mais aproximada do drama social em que o Brasil está mergulhando a cada dia que passa.

Como é sabido, esse quadro guarda uma relação íntima com a conjuntura da economia que atravessamos e com as opções de política econômica que foram adotadas pelos governos ao longo dos últimos tempos. Há exatos dois atrás, por exemplo, a taxa estava situada no patamar de 6,9%. Isso significa que, ao longo dos últimos 24 meses, assistimos a um impressionante aumento de 70% na taxa de desemprego. Ou seja, houve uma elevação de 5 milhões de pessoas no contingente dos que perderam empregos e permanecem sem recuperá-lo. Enquanto os grupos da base da pirâmide sofrem os efeitos perversos da crise, o topo se apropria com os ganhos da esfera do financeiro.


Aumento do desemprego só piora a crise.


No entanto, é importante ressaltar que o desemprego não é uma inevitabilidade histórica ou um castigo divino que cai sobre as cabeças dos trabalhadores e do povo. A forma de organização e a lógica de funcionamento da sociedade capitalista pressupõe um determinado tipo de “contrato” a ser celebrado entre o capital e a força de trabalho. Dentre os múltiplos aspectos dessa complexa dinâmica de relações, paira sobre os assalariados o espectro do chamado “exército industrial de reserva”. Assim, a simples existência de uma parcela do universo de trabalhadores em condição potencial de adentrar o desemprego operaria como chantagem para reduzir a capacidade de negociação de salários e condições de trabalho de forma mais ampla.

Essa tendência faz com que a taxa de ocupação se localize entre as bandas de um limite inferior e outro superior. No primeiro caso, trata-se de situações de economia aquecida, com alto índice de atividade e muita demanda por força de trabalho - o desemprego é baixo. Já o limite superior tem sua flexibilidade dada pela maior ou menor gravidade da crise econômica, com maior ou menor nível de recessão. Frente à redução da demanda por seus produtos, as empresas reduzem sua capacidade produtiva e provocam demissões de seus assalariados. Trata-se da conhecida lógica de redução de despesas frente à diminuição das receitas sob a ótica empresarial.

Ocorre que, mesmo para a lógica do capital, a imersão em tal quadro recessivo termina por comprometer a própria capacidade de geração de excedente. As empresas entram em situação falimentar, as relações entre elas passa a contar com alto grau de incerteza e uma parte do estoque de capital é destruído. Essa é um das razões, inclusive, para justificar a entrada em cena do Estado, com suas políticas públicas para facilitar a busca de saídas e minimizar as perdas do próprio sistema econômico dominante.


Políticas públicas para antecipar a saída da recessão.


O aprofundamento da crise econômica iniciada em 2008/9 ofereceu ao mundo um sem número de exemplos de medidas de apoio ao capital que passaram a ser adotadas pelas diferentes administrações estatais, inclusive em países que se orgulhavam de sua forte tradição “liberal”. E assim foi a multiplicação dos fundos públicos para salvar grandes conglomerados próximos à falência, a utilização de recursos orçamentários para liquidar as dívidas do sistema financeiro, a ampliação de desonerações tributárias para estimular a retomada do nível de atividades, a concessão de subsídios de toda a ordem para que a demanda agregada fosse garantida.

Do outro lado, na ponta dos trabalhadores, lança-se mão da política pública de auxílio desemprego para minorar os efeitos sociais da perda do posto de trabalho e também para evitar que haja uma redução muito acentuada na capacidade de compra do rendimento das classes assalariadas. Trata-se de uma opção de política keynesiana clássica, uma condição essencial para permitir a superação mais rápida da adversidade associada ao quadro recessivo. O Estado gasta em nome do conjunto da sociedade para evitar o mergulhe na crise mais grave e tal decisão será recompensada pela arrecadação tributária no futuro, em momentos de retomada da atividade econômica. 

Esse é o quadro simples de uma política econômica chamada de anticíclica, pois atua na contra-tendência daquilo que seria a dinâmica do capital deixar-se recuperar apenas pela lógica das forças de oferta e demanda. A retração aprofunda ainda mais a retração e o tempo de retomada lá na frente pode ser muito longo e com elevadíssimo impacto social associado à depressão.

Ocorre que a coisa opera de forma bastante distinta nesse conhecido território dominado pela lógica dos economistas liberais de matriz tupiniquim. Aqui os defensores do financismo não se envergonham de afirmar, em alto e bom tom, que a solução para a crise passa pela retração das atividades da economia e pelo aumento do desemprego. E ponto final. Como eles se apegam a ferro e fogo ao dogma neoliberal, a seu ver a solução de mercado deve mesmo envolver a punição por meio da quebradeira generalizada (como na lei da selva, apenas as empresas mais eficientes sobreviveriam) e a redução do emprego é uma variável desejada para diminuir a pressão da demanda sobre a oferta. Uma loucura!


Auxílio desemprego deve ser fortalecido e não reduzido.


O raciocínio se completa em sua dramaticidade com a introdução do tema das finanças públicas e da necessidade da austeridade fiscal. Como a lógica é buscar a geração de superávit primário a todo custo, o mote é reduzir as despesas orçamentárias de natureza social e assegurar recursos para o pagamento das despesas de natureza financeira. Leia-se, o cumprimento das obrigações com os juros e serviços da dívida pública. Com isso, os cortes no orçamento orientam-se para gastos considerados “ineficientes” e “supérfluos”. E aqui as políticas de abono salarial e salário desemprego entram na mira.

O aprofundamento de nosso quadro recessivo está a exigir políticas públicas que vão exatamente na contramão daquilo que vem sendo implementado nos últimos tempos. Como o futuro do equilíbrio das contas do governo depende essencialmente da capacidade de arrecadação de tributos, esse caminho pressupõe a retomada do crescimento. E o Estado é o grande indutor dessa recuperação. Para além das óbvias e urgentes justificativas de natureza social, o momento exige uma inversão na lógica de cortes de despesas sociais.

A redução do desemprego depende da retomada da atividade mais geral da economia. E instrumentos de políticas públicas como o auxílio desemprego devem ser fortalecidos em conjunturas como a atual. O momento exige o posto do que está sendo proposto e praticado pelo governo interino.

* Paulo Kliass é doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.

Texto originalCARTA MAIOR

Vaias históricas para Temer

https://www.youtube.com/watch?v=qwyixLfJ4PU

NASSIF DENUNCIA ACORDO ENTRE JANOT E AÉCIO

NASSIF DENUNCIA ACORDO ENTRE JANOT E AÉCIO



Xadrez do acordão da Lava Jato e da hipocrisia nacional

Luis Nassif

Conforme previsto, caminha-se para um acordão em torno da Lava-Jato que lança a crise política em uma nova etapa com desdobramentos imprevisíveis.

Movimento 1 – os ajustes na Lava Jato

Trata-se de um movimento radical do Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot, que praticamente fecha a linha de raciocínio que vimos desenvolvendo sobre sua estratégia política.

Peça 1 – monta-se o jogo de cena entre Gilmar Neves e Janot. Janot chuta para o STF a denúncia do senador Aécio Neves. Gilmar mata no peito e devolve para Janot que se enfurece e chuta de novo de volta ao Supremo. Terminado o jogo para a plateia, Janot guarda a bola e não se ouve mais falar nas denúncias contra Aécio. Nem contra Serra. Nem contra Temer. Nem contra Geddel. Nem contra Padilha.

Peça 2 – duas megadelações entram na linha de montagem da Lava-Jato: a de Marcelo Odebrecht e de Léo Pinheiro, da OAS. Pelas informações que circulam, Marcelo só entregaria o caixa 2; Léo entregaria as propinas de corrupção, em dinheiro vivo ou em pagamento em off-shores no exterior.

Peça 3 – advogados de José Serra declaram à colunista Mônica Bergamo estarem aliviados, porque a delação de Marcelo Odebrecht só versaria sobre caixa 2. Ficam duas questões pairando no ar. Se Caixa 2 é crime, qual a razão do alívio? E se ainda haveria a delação de Léo Pinheiro, qual o motivo da celebração?

Peça 4 – em um dos Xadrez matamos a primeira charada e antecipamos que a Câmara estava estudando uma saída, com a assessoria luxuosa de Gilmar Mendes, visando anistiar o caixa 2 e criminalizar apenas o que fosse considerado dinheiro de corrupção, para enriquecimento pessoal.

Peça 5 – a segunda questão – de Léo Pinheiro delatando corrupção - foi trabalhada em seguida, quando se monta o jogo de cena, de Veja publicando uma não-denúncia contra Dias Toffoli e, imediatamente, Janot acusando os advogados da OAS de vazamento e interrompendo o acordo de delação, ao mesmo tempo em que Gilmar investia contra a Lava-Jato, anunciando que o STF definiria as regras das delações futuras. Há movimentos do lado da Lava-Jato, do lado da PGR, Gilmar se acalma, diz apoiar a Lava-Jato. A chacoalhada, sutil como um caminhão de abóboras que passa em um buraco, permitiu ajustar todas as peças.

Peça 6 – Avança-se na tal Lei da Anistia do caixa 2 e o caso passa a ser analisado também pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido por Gilmar.

Peça 7 – Ontem Janot abriu mão das sutilezas, dos rapapés, das manobras florentinas, dos disfarces para sustentar a presunção de isenção e rasgou a fantasia, nomeando o subprocurador Bonifácio de Andrada para o lugar de Ela Wieko, na vice-Procuradoria Geral. Não se trata apenas de um procurador conservador, mas de alguém unha e carne com Aécio Neves e com Gilmar Mendes. Janot sempre foi próximo a Aécio, inclusive através do ex-PGR Aristides Junqueira, com quem trabalhou e que é primo de Aécio. Com Bonifácio, estreita ainda mais os laços.

Fecho – tudo indica que se resolve o imbróglio da Lava-Jato da seguinte maneira:

·         Avança-se na nova Lei da Anistia, com controle de Gilmar através do TSE.
·         Bonifácio de Andrada faz o meio-campo de Janot com Gilmar e Aécio, ajudando na blindagem e evitando qualquer surpresa, que poderia acontecer com Ela na vice-PGR.
·         Monta-se um acordo com a Lava-Jato prorrogando por um ano seus trabalhos e definindo um pacto tácito de, tanto ela quanto a PGR, continuar focando exclusivamente em Lula e no PT, exigência que em nada irá descontentar os membros da força-tarefa.
·         Agora há um cabo de guerra entre a Lava-Jato e Léo Pinheiro. Léo já informou que não aceitaria delatar apenas o PT. Janot interrompeu as negociações sobre a delação afim de que Léo e seus advogados “mudassem a estratégia”. Sérgio Moro prendeu-o novamente, invadiram de novo sua casa, no movimento conhecido de tortura psicológica até que aceite os termos propostos por Janot e a Lava-Jato.


Movimento 2 – o teatro burlesco no Palácio

Aí se entra em um terreno delicado.

A política move-se no terreno cediço da hipocrisia. Fazem parte das normas tácitas da democracia representativa os acordos espúrios, os interesses de grupo disfarçados em interesses gerais, a presunção de isenção da Justiça.

Mas o jogo político exige a dramaturgia, a hipocrisia dourada. E como criar um enredo minimamente legitimador com um suspeitíssimo Geddel Vieira Lima, e sua postura de açougueiro suado disparando imprecações? Ou de Eliseu Padilha, e seu ar melífluo de o-que-vier-eu-traço? Ou de José Serra e as demonstrações diárias da mais rotunda ignorância de diplomacia e um deslumbramento tão juvenil com John Kerry que só faltou beijo na boca? Ou de Temer e suas mesquinharias, pequenas vinganças, incapaz de entender a dimensão do cargo e do poder que lhe conferiram?

O “Fora Temer” não se deve apenas à situação econômica precária, mas ao profundo sentimento de que o país foi entregue a usurpadores. Mesmo com toda a velha mídia encenando, não se conseguiu conferir nenhum verniz a esses personagens burlescos.

Ressuscitou-se até esse anacronismo da “primeira dama”, tentando recriar o mito do casal 20, de Kennedy-Jacqueline, Jango-Tereza e filhos, peças do repertório dos anos 50.  Ontem, o Estadão lançou a emocionante questão: vote no melhor “look” da primeira dama que, aparentemente, vestiu quatro “looks” durante o dia. Um gaiato votou no “tomara que caia Temer”.

Movimento 3 – a PGR rasga a fantasia

E como fica, agora, com o próprio Janot abrindo mão da cautela e expondo seu jogo?

Janot foi um dos artífices centrais do golpe. Teve papel central para entregar o país aos projetos e negócios de Michel Temer, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha, Romero Jucá, Moreira Franco e José Serra, entre outros. Sacrificou-se apenas Eduardo Cunha no altar da hipocrisia.

Sua intenção evidente é liquidar com Lula e com o PT. Mas, para fora e especialmente para dentro – para sua tropa – tem que apresentar argumentos legitimadores da sua posição, como se o golpe fosse mera decorrência de procedimentos jurídicos adotados de forma impessoal.  Era visível o alívio dos procuradores nas redes sociais, quando Janot decidiu encaminhar uma denúncia contra Aécio Neves. Porque não tem corporação que consiga manter a disciplina e o espírito de corpo se não houver elementos legitimadores da sua atuação, o orgulho da sua atuação.

Ontem, em suas escaramuças retóricas, Gilmar escancarou a estratégia. Mesmo contando com toda a estrutura da PGR, Janot avançou minimamente nas denúncias contra políticos.

Para todos os efeitos, há delações contra Temer, Padilha, Geddel, Jucá, Moreira, Aécio e Serra. E, para todos os efeitos, o grupo está cada vez mais à vontade exercitando as armas do poder. Dá para entender porque o temível Janot não infunde um pingo de medo neles?

Com a nomeação de Bonifácio de Andrada abrem-se definitivamente as cortinas do espetáculo e o MPF entra no palco onde se encena o espetáculo da hipocrisia nacional.

Movimento 4 – as vozes da rua

O jogo torna-se sumamente interessante.

Os últimos episódios, a violência policial, os sinais cada vez mais evidentes de se tentar fechar o regime, despertaram um lado influente da opinião pública, que jamais se moveria em defesa de Dilma, mas começa a acordar em defesa da democracia.

A “teoria do choque” exigia, na ponta, um governante com carisma, um varão de Plutarco, um moralista compulsivo, que trouxesse o ingrediente final a consolidar um projeto fascista. O enredo não previa o espetáculo dantesco da votação na Câmara, a pequena dimensão de Michel Temer, a resistência épica de Dilma Rousseff – que, de mais fraca governante da história, tornou-se um símbolo de dignidade da mulher na queda -, a massacrante diferença de nível entre José Eduardo Cardoso e Miguel Reali Jr. e Janaina Pascoal.

O grito de “Fora Temer” torna-se cada vez mais nacional.

A violência das PMs de São Paulo e outros estados mereceu apenas a reação do MPF, através da PFDC (Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão). A intenção implícita de Janot é o esvaziamento dos bolsões de direitos humanos da PGR.

O baixo nível de corrupção no MPF deve-se a um sentimento de missão que está sendo jogado fora pelo jogo político. Sem as bandeiras legitimadoras, será cada vez mais cada qual por si, com os mais oportunistas procurando exercitar a dose de poder que o MPF conquistou com o golpe. Em médio prazo, Janot vai promover o desmonte da tropa, não se tenha dúvida.

Qual o desfecho? Aumento da violência em uma ponta, aumento da indignação na outra. O país institucional encontrará uma saída para essa escalada de violência, ou nos conformaremos em ser uma Argentina de Macri e uma Venezuela de Maduro?

Na mídia e em alguns altos postos do Estado, não se fica a dever quase nada à Venezuela. E, em uma época que se tem os olhos do mundo sobre o Brasil.