domingo, 27 de dezembro de 2015

Vito Giannotti é homenageado no 21° curso anual do NPC

Vito Giannotti é homenageado no 21° curso anual do NPC

24 novembro, 2015 - 10:35 — Victor Vohana

Rio de Janeiro terá Dia da Comunicação Popular para celebrar legado do mestre.
24/11/2015
Por André Vieira,
Do Rio de Janeiro (RJ)
Curso de comunicação popular no Paraná homenageia Giannotti (Foto: Stefano Figalo)
Mais que um curso em homenagem, uma prática cotidiana para celebrar uma das figuras mais influentes da comunicação de esquerda da América Latina. Em sua 21ª edição, o Curso Anual do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), realizado no Rio de Janeiro, pela primeira vez não contou com a presença física de um de seus criadores: Vito Giannotti, falecido no dia 24 de julho de 2015, aos 72 anos. Porém, impossível não sentir naquele espaço a presença marcante de Vitão, como era conhecido por seus amigos. 
Na noite do dia 19 de novembro, Giannotti recebeu da Câmara dos Vereadores da Cidade do Rio e da Assembleia Legislativa do Estado as medalhas Pedro Ernesto e Tiradentes, respectivamente. São as maiores condecorações de cada casa legislativa, que foram oferecidas pelo vereador Renato Cinco e pelo deputado estadual Flavio Serafini, ambos do PSOL.  A homenagem foi recebida por sua companheira de vida e também coordenadora do NPC, Claudia Santiago, e sua enteada Luisa Santiago. “Eu contei pra ele que ele ia ganhar a medalha. Ele sabia”, lembrou Claudia.  
“Impossível não sentir falta do Vito. Planejamos fazer essa homenagem quando ele estava vivo, mas, por conta de sua correria, Vito não deixou. O curso do NPC é o exemplo de que a semente vai continuar”, disse Cinco na homenagem. O vereador revelou ainda que já está com um projeto na Câmara do Rio para criar o Dia da Comunicação Popular, que será celebrado no dia 24 de julho, dia da partida física de Giannotti. 
Brasil inteiro
Foi difícil saber de algum estado que não esteve presente na homenagem. Importantes figuras políticas vindas de diversas regiões não deixaram de tomar lugar numa grande fila para falar daquele velho companheiro, que passou por todo o país levando a comunicação popular como bandeira de luta. 
“A comunicação popular no Paraná deve muito ao Vito Giannotti. Temos que vestir nossos heróis”, declarou a jornalista Ednubia Ghisi enquanto segurava uma camisa com a foto de Vito. Em seu estado, um importante espaço de formação de militantes também prestou homenagem, passando a ser chamado Curso de Comunicação Popular do Paraná Vito Giannotti.
Vito Giannotti fazia parte do conselho editorial do Brasil de Fato (Foto: NPC)
Morador da Favela Santa Marta, zona sul do Rio, Repper Fiell conheceu Giannotti em 2009 no processo de criação da Rádio Comunitária Santa Marta, mais tarde reprimida e fechada pela Polícia Federal.  Como o morro não tem ruas, todo o acesso é feito por escada. “O Vitão subiu 788 degraus para chegar em nossa favela”, contou Fiell acrescentando que Giannotti não deixou de falar bons palavrões para minimizar o cansaço da subida. Hoje, a música do rapper tem grande influência dos ensinamentos aprendidos com o NPC.  
Quem foi Vito?
Nascido em 1943, na Itália, Vito Giannotti teve uma vida inteira dedicada à luta pelos direitos dos mais pobres. Em São Paulo, trabalhou como metalúrgico e foi dirigente sindical, sendo preso e torturado durante a ditadura civil-militar brasileira. Escritor de mais de 20 livros sobre comunicação e sindicalismo, fundou o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC) no Rio de Janeiro, responsável pela formação de diversos comunicadores populares pelo país. Vito também fazia parte do conselho editorial do Brasil de Fato.

A corrupção não é um bebê (como disse FHC)

A CORRUPÇÃO NÃO É UM BEBÊ
1 - Conivência com a corrupção
• 1995: Um dos primeiros gestos de FHC foi extinguir, por decreto, a COMISSÃO ESPECIAL DE INVESTIGAÇÃO, instituída no governo Itamar Franco e composta por representantes da sociedade civil, que tinha como objetivo combater a corrupção. 
• 1995: Quebra do monopólio da PETROBRAS. 
• 2001: para impedir a instalação da CPI da Corrupção, FHC criou a Controladoria-Geral da União, órgão que se especializou em abafar denúncias.
2 - O escândalo do SIVAM
• 2002: A empresa ESCA, associada à norte-americana Raytheon, e responsável pelo gerenciamento do projeto, foi extinta por fraudes contra a Previdência. Denúncias de tráfico de influência derrubaram o embaixador Júlio César dos Santos e o ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Mauro Gandra. Júlio César foi premiado com a nomeação para a embaixada do Brasil no México.
3 - A farra do PROER
• 1995: Medida provisória institui o PROER, um programa de salvação dos bancos. Segundo os ex-presidentes do Banco Central, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, a salvação dos bancos engoliu 3% do PIB, economistas da CEPAL, falam em 12,3% (R$ 111,3 bilhões de então, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais).
4 - Caixa-dois de campanhas
• 1994: As campanhas de FHC teriam se beneficiado de um esquema de caixa-dois. Pelo menos R$ 5 milhões não apareceram na prestação de contas entregue ao TSE. 
• 1998: R$ 10,1 milhões passaram pela contabilidade paralela.
5 – CPI dos bancos
• 1996: Engavetamento da CPI dos Bancos. A CNBB distribuiu nota dizendo não ser justo "que se roube o pouco dinheiro de aposentados e trabalhadores para injetar no sistema financeiro, salvando quem já está salvo ou já acumulou riquezas através da fraude e do roubo".
6 - Propina na privatização
• 1997: A privatização do sistema Telebrás e da Vale do Rio Doce foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio, tesoureiro de campanha de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do Banco do Brasil, foi acusado de pedir propina de R$ 15 milhões para obter apoio dos fundos de pensão ao consórcio do empresário Benjamin Steinbruch, que levou a Vale. Propina de R$ 90 milhões para a montagem do consórcio Telemar.
7 - Lei de Patentes
• 1996: Alterou a Lei de Patentes, dando-lhe um caráter entreguista e comprometendo o avanço científico e tecnológico do país.
8 - A compra da reeleição
• 1997: Deputados receberam R$ 200 mil para votar a favor do projeto de reeleição de FHC. Os acusados foram punidos. Os corruptores continuam soltos
9 - Grampos telefônicos
• 1997: Durante a privatização do sistema Telebrás, grampos no BNDES flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, ministro das Comunicações, e André Lara Resende, presidente do BNDES, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do banco Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida. FHC entrou na tramoia, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil na negociata.
10 - TRT paulista
• 2002: Desvio de R$ 169 milhões aos cofres públicos. A CPI do Judiciário contribuiu para levar o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do TRT/SP, para a cadeia e para cassar o mandato do Senador Luiz Estevão (PMDB-DF).
11 - Subserviência ao império
• 2001: Ao visitar a embaixada norte-americana, em Brasília, para apresentar a solidariedade aos EUA por ocasião dos atentados de 11 de setembro de 2001, FHC levou um chá de cadeira de 40 minutos. Foi recebido após passar por uma revista que lhe fez até tirar os sapatos.
12 - Os ralos do DNER
• 1997: O DNER foi o principal foco de corrupção no governo de FHC. O órgão acabou sendo extinto pelo governo.
13 - O "caladão"
• 1999: O Brasil calou no início de julho de 1999 quando o governo FHC implementou o novo sistema DDD. As empresas que provocaram o caos no sistema haviam sido recém-privatizadas. O "caladão" provocou prejuízo aos consumidores, às empresas e ao próprio governo. Ficou tudo por isso mesmo.
14 - Desvalorização do real
• 1998: FHC se reelegeu em 1998 com um discurso que pregava "ou eu ou o caos". Segurou a quase paridade entre o real e o dólar até passar o pleito. Vencida a eleição, desvalorizou a moeda. O deputado Aloizio Mercadante, do PT, divulgou lista com o nome dos 24 bancos que lucraram muito com a mudança cambial e outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas.
15 - O caso Marka/FonteCindam
• 1999: Os bancos Marka e FonteCindam foram graciosamente socorridos pelo Banco Central com R$ 1,6 bilhão, sob o pretexto de que sua quebra criaria um "risco sistêmico" para a economia. Enquanto isso, faltava dinheiro para saúde, educação, desenvolvimento científico e tecnológico
16 - O fiasco dos 500 anos
• 2000: O Brasil completou seu 500º aniversário sem uma festa decente. Em nome da contenção de gastos determinado pelo FMI. Índios e sem-terra foram reprimidos pela polícia, porque tentaram festejar a data em Porto Seguro. Paulo Henrique Cardoso, filho do presidente, responde inquérito pelo superfaturamento da construção do stand da Feira de Hannover.
17 - Base de Alcântara
• 2000: Resistências à aprovação do acordo de cooperação internacional que permite aos Estados Unidos usarem a Base de Lançamentos Espaciais de Alcântara (MA). Os termos do acordo são lesivos aos interesses nacionais. Áreas de depósitos de material americano seriam interditadas a autoridades brasileiras. O acesso brasileiro a novas tecnologias fica bloqueado e o acordo determina ainda com que países o Brasil pode se relacionar nessa área.
18 - Apagão elétrico
• 2001: Falta de investimentos na produção de energia. Resultado: apagão no setor elétrico. O povo atendeu a campanha de economizar energia e, como "prêmio", teve as tarifas aumentadas para compensar as perdas de faturamento das multinacionais que compraram as distribuidoras de energia nos leilões de desnacionalização do setor. Uma medida provisória do governo Cardoso transferiu o prejuízo das distribuidoras para os consumidores, que lhes repassaram R$ 22,5 bilhões.
19 - Biopirataria oficial
• 2001: Antigamente, os exploradores levavam nosso ouro e pedras preciosas. Hoje, levam nosso patrimônio genético. O governo FHC teve de rever o contrato escandaloso assinado entre a Bioamazônia e a Novartis, que possibilitaria a coleta e transferência de 10 mil microorganismos diferentes e o envio de cepas para o exterior, por 4 milhões de dólares. Sem direito ao recebimento de royalties.
20 - Acordos com FMI
• 2001: Em seus oito anos de mandato, FHC enterrou a economia do país. Para honrar os compromissos financeiros, precisou fazer três acordos com o FMI, hipotecando o futuro aos banqueiros. Resultado: o desemprego, o arrocho salarial, a contenção dos investimentos públicos, o sucateamento da educação e saúde, a crise social, a explosão da criminalidade.
21 - Autoritarismo 
• 1995-2002: Passando por cima do Congresso Nacional, FHC burlou o espírito da constituição e administrou o país com base em medidas provisórias, editadas e reeditadas sucessivamente. Enquanto os presidentes José Sarney e Fernando Collor, juntos, editaram e reeditaram 298 MP’s, FHC exerceu o poder de forma autoritária, editando mais de 6.000 medidas provisórias.
22 - Reforma tributária
• 2000: Todas as bancadas parlamentares apoiaram substitutivo do relator do projeto na Comissão Especial de Reforma Tributária. FHC impediu a sua tramitação.
23 - O escândalo dos computadores 
• 2001: A ideia de equipar as escolas públicas com 290 mil computadores se transformou numa grande negociata, sem licitações. O governo fez megacontrato com a Microsoft para adoção do sistema Windows. A Justiça e o Tribunal de Contas da União suspenderam o edital de compra e a negociata foi suspensa.
24 - Rombo transamazônico na Sudam
• 1999: O rombo causado por fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, a Sudam, ultrapassou R$ 2 bilhões. Ao invés de acabar com a corrupção que imperava na Sudam e colocar os culpados na cadeia, FHC resolveu extinguir o órgão. Principal envolvido: Jáder Barbalho (PMDB), presidente do Senado. Todos soltos.
25 - Os desvios na SUDENE
• 2001: Foram apurados desvios de R$ 1,4 bilhão em 653 projetos da SUDENE. A fraude consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos recebidos do Fundo de Investimentos do Nordeste foram aplicados. FHC decidiu extinguir o órgão. Todos soltos.
26 – Mudanças na CLT
• 2001: Rolo compressor na Câmara dos Deputados para aprovar projeto que "flexibiliza" a CLT, ameaçando direitos consagrados como férias, décimo terceiro salário e licença maternidade. Graças à pressão da sociedade civil o projeto estancou no Senado.
27 - Explosão da dívida pública
• 2002: Em janeiro de 1995, a dívida pública interna e externa era de R$ 153,4 bilhões; em abril de 2002, essa dívida já era de R$ 684,6 bilhões.
28 - Calote no FUNDEF
• 2002: O valor mínimo da contribuição a ser transferido para os estados deveria ser de R$ 655,08 por aluno/ano de 1ª a 4ª séries e de R$ 688,67 por aluno/ano da 5ª a 8ª séries do ensino fundamental e da educação especial. Mas os valores estabelecidos ficaram abaixo: R$ 418,00 e R$ 438,90, respectivamente. O calote aos estados mais pobres, de 1998 ao final do governo, ascendeu a mais de R$ 1,1 bilhão.
29 - Violação aos direitos humanos
• 1996: "Massacre Eldorado do Carajás", no qual 19 sem-terra foram assassinados no sul do Pará. Governo estadual tucano.
30 - Abuso de MPs
• 1995-2002: Enquanto senador, FHC combatia com veemência o abuso nas edições e reedições de Medidas Provisórias por parte José Sarney e Fernando Collor. Os dois juntos editaram e reeditaram 298 MPs. Como presidente, FHC editou e reeditou, em seus dois mandatos, 5.491medidas.
31 - Explosão da violência
• 1995-2002: FHC transformou o Brasil num país superviolento. Na década de 2000, o número de assassinatos subiu quase 50%. Ao final do seu mandato, cerca de 45 mil pessoas eram assassinadas anualmente no Brasil.
32 - Acidentes na Petrobras
• 1995-2002: Por problemas de gestão e falta de investimentos, a Petrobras protagonizou uma série de acidentes ambientais que viraram notícia no Brasil e no mundo. A estatal foi responsável pelos maiores desastres ambientais ocorridos no País: grande vazamento de óleo na Baía da Guanabara, outro no Rio Iguaçu. Uma das maiores plataformas da empresa, a P-36, afundou na Bacia de Campos, causando a morte de 11 trabalhadores. A Petrobras também ganhou manchetes com os acidentes de trabalho em suas plataformas e refinarias que ceifaram a vida de centenas de empregados. Descaso proposital, para desqualificar a empresa junto à opinião pública e privatizá-la.
33 - Renda em queda e alto desemprego
• 2002: A Era FHC foi marcada pelos altos índices de desemprego e baixos salários. Desemprego: 9,9%, Salário mínimo: R$ 200,00.
34 - Apoio a Fujimori
• 2000: FHC apoiou o terceiro mandato consecutivo do corrupto presidente peruano Alberto Fujimori. O sujeito fugiu do País e, ao retornar, foi preso, condenado a passar o resto da vida na cadeia. Não bastasse isso, concedeu a Fujimori a medalha da Ordem do Cruzeiro do Sul, o principal título honorário brasileiro. O Senado acatou sugestão do senador Roberto Requião (PMDB-PR) e cassou a homenagem.
35 - Desenvolvimento Humano 
• 2001: Segundo relatório da ONU, o Brasil ficou na 69ª posição no item de desenvolvimento humano, atrás de países como Venezuela (61º) e Colômbia (62º).
36 -Desmatamento na Amazônia
• 1995-2002: Por meio de decretos e medidas provisórias, o governo FHC desmontou a legislação ambiental existente no País. Essas mudanças debilitaram a proteção às florestas e ao cerrado e fizeram crescer o desmatamento e a exploração descontrolada de madeiras na Amazônia. Houve aumento dos focos de queimadas. A Lei de Crimes Ambientais foi modificada para pior.
37 - Arapongagem
• 1995-2002: O governo FHC montou uma rede de espionagem para vasculhar a vida de seus adversários e monitorar os passos dos movimentos sociais. Essa máquina de destruir reputações é constituída por ex-agentes do antigo SNI ou por empresas de fachada.
38 - O esquema do FAT
• 2001: A Fundação Teotônio Vilela, que tinha como conselheiro FHC, foi acusada de envolvimento em desvios de R$ 4,5 milhões do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Boa parte do dinheiro, que deveria ser usado para treinamento de 54 mil trabalhadores do Distrito Federal sumiu. As fraudes no financiamento de programas de formação profissional ocorreram em 17 unidades da federação.
39 - Obras irregulares
• 2001: Levantamento feito pelo Tribunal de Contas da União indicou a existência de 121 obras federais com indícios de irregularidades graves. A maioria dessas obras refere-se a órgãos como o DNER, os ministérios da Integração Nacional e dos Transportes e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas. Uma dessas obras, a hidrelétrica de Serra da Mesa, interior de Goiás, deveria ter custado 1,3 bilhão de dólares. Consumiu o dobro.
40 - Avanço da dengue
• 2001-2002: A omissão do Ministério da Saúde é apontada como principal causa da epidemia de dengue no Rio de Janeiro. O ex-ministro José Serra demitiu seis mil agentes de saúde contratados para eliminar focos do mosquito Aedes Aegypti. Em 2001, o Ministério da Saúde gastou R$ 81,3 milhões em propaganda e apenas R$ 3 milhões em campanhas educativas de combate à dengue. Resultado: de janeiro a maio de 2002, só o estado do Rio registrou 207.521 casos de dengue, levando 63 pessoas à morte.
41 – Verbas do BNDES
• 1998: Além de vender o patrimônio público a preço irrisório, o governo FHC, por meio do BNDES, destinou cerca de R$ 10 bilhões para socorrer empresas que assumiram o controle de ex-estatais privatizadas. Quem mais levou dinheiro do banco público que deveria financiar o desenvolvimento econômico e social do Brasil foram as teles e as empresas de distribuição, geração e transmissão de energia. Em uma das diversas operações, o BNDES injetou R$ 686,8 milhões na Telemar (Grupo do senador tucano Tarso Jereissat), assumindo 25% do controle acionário da empresa.
42 - Crescimento pífio do PIB
• 1995-2002: Na "Era FHC", a média anual de crescimento da economia brasileira estacionou em pífios 2%, incapaz de gerar os empregos que o País necessita e de impulsionar o setor produtivo.
43 - Renúncias no Senado
• 2001: A disputa política entre o Senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o Senador Jader Barbalho (PMDB-PA), em torno da presidência do Senado expôs publicamente as divergências da base de sustentação do governo. ACM renunciou ao mandato, sob a acusação de violar o painel eletrônico do Senado na votação que cassou o mandato do senador Luiz Estevão (PMDB-DF). Levou consigo seu cúmplice, o líder do governo, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). Jader Barbalho se elegeu presidente do Senado, com apoio ostensivo de José Serra e do PSDB, mas também acabou por renunciar ao mandato, para evitar a cassação. Pesavam contra ele denúncias de desvio de verbas da SUDAM.
44 - Assalto ao bolso do consumidor
• 1995-2002: Tarifas públicas reajustadas acima da inflação; o preço das tarifas telefônicas foi reajustado acima de 580%; o dos planos de saúde acima de 460%; o gás de cozinha mais de 390%; combustíveis 165%; energia elétrica 170%. Nesse período, a inflação acumulada ficou em 80%.
45 – A falácia da Reforma Agrária
• 1995-2002: FHC apresentou números falsos sobre a reforma agrária. Na propaganda oficial, espalhou ter assentado 600 mil famílias durante oito anos de governo. O governo considerou assentadas famílias que haviam apenas sido inscritas no programa. Alguns assentamentos só existiam no papel. Em vez de reparar a fraude, baixou decreto para oficializar o engodo.
46 – Sobretaxa do aço
• 2002: Os Estados Unidos sobretaxaram o aço brasileiro. O governo tucano foi acanhado nos protestos e hesitou em recorrer à OMC. Por iniciativa do PT, a Câmara aprovou moção de repúdio às barreiras protecionistas. A subserviência foi tamanha que em visita aos EUA, no início deste ano, o ministro Celso Lafer foi obrigado a tirar os sapatos três vezes e se submeter a revistas feitas por seguranças de aeroportos.
47 - Relações perigosas
• 1998: Ricardo Sérgio, ex-caixa de campanha de Serra e de FHC, foi acusado de exercer tráfico de influência quando era diretor do Banco do Brasil e de ter cobrado propina no processo de privatização. O sujeito teria ajudado o empresário espanhol Gregório Marin Preciado a obter perdão de uma dívida de R$ 73 milhões junto ao Banco do Brasil. O espanhol é casado com uma prima de Serra e foi doador de recursos para a campanha do senador paulista. Outra ligação perigosa é com Vladimir Antonio Rioli, ex-vice-presidente de operações do BANESPA e ex-sócio de Serra em empresa de consultoria. Ele teria facilitado uma operação irregular realizada por Ricardo Sérgio para repatriar US$ 3 milhões depositados em bancos nas Ilhas Cayman - paraíso fiscal do Caribe.
48 – Correção da tabela do IR
• 1996: Com fome de leão, o governo congelou por seis anos (1996-2001) a tabela do Imposto de Renda. O congelamento aumentou a base de arrecadação do imposto, pois com a inflação acumulada, mesmo os que estavam isentos e não tiveram ganhos salariais, passaram a ser taxados.
49 – Intervenção na PREVI
• 2002: FHC aproveitou o dia de estreia do Brasil na Copa do Mundo para decretar intervenção na PREVI, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com patrimônio de R$ 38 bilhões e participação em dezenas de empresas. Com este gesto, afastou seis diretores, inclusive os três eleitos democraticamente pelos funcionários do BB. O ato truculento ocorreu a pedido do banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunitty. Dias antes da intervenção, FHC recebeu Dantas no Palácio Alvorada. O banqueiro, que ameaçou divulgar dossiês comprometedores sobre o processo de privatização, trava queda-de-braço com a PREVI para continuar dando as cartas na Brasil Telecom e outras empresas nas quais são sócios. Daniel Dantas foi preso na Operação Satiagraha da Polícia Federal, por envolvimento em intrincada rede de lavagem de dinheiro, remessas e corrupção. O ministro do STF Gilmar Mendes expediu imediato alvará de soltura do meliante.
50 – Barbeiragens do Banco Central
• 2002: Ao antecipar de setembro para junho o ajuste nas regras dos fundos de investimento, que perderam R$ 2 bilhões, o BC deixou o mercado em polvorosa. Outro fator de instabilidade foi a decisão de rolar parte da dívida pública estimulando a venda de títulos LFTs de curto prazo e a compra desses mesmos papéis de longo prazo. Isto fez subir de R$ 17,2 bilhões para R$ 30,4 bilhões a concentração de vencimentos da dívida nos primeiros meses de 2003. O dólar e o risco Brasil dispararam. Presidente do Banco Central era o executivo de banco norte-americano, sócio da Gávea Investimentos e “ministro da Fazenda” do quase governo Aécio Neves, o economista Armínio Fraga.


O impeachment

O IMPEACHMENT
Sebastião Costa*
Na Venezuela, só a força, a coragem e os avanços sociais promovidos por Chávez conseguiram sustentar democraticamente sua permanência no poder durante 14 anos. Mesmo assim, em 2002, um golpe elaborado pelo complexo burguesia/mídia derrubou o presidente, que retornou dois dias depois nos braços do povão que habita a periferia de Caracas.
No Brasil, já são 'intermináveis' 13 anos da esquerda no poder. Assim também já é demais!
Alguém com uma boa memória consegue vislumbrar outro país sul-americano em que um governante de esquerda tenha se mantido tanto tempo no poder ?
O governo democrático de Getúlio Vargas durou 3 anos e 7 meses, o de João Goulart, nem isso! Fernando Lugo, no Paraguai, foi para casa muito cedo e Zelaia, em Honduras (América Central), seguiu o mesmo caminho.
É besteira, não tem pra ninguém!
Aqui no Brasil a direita, com raras exceções (Getúlio 'democrático', Jango e o lulopetismo) governaram o país desde Tomé de Souza.
Em 2014, fechadas as urnas da segunda eleição de Dilma e os tucanos já solicitaram recontagem dos votos, respaldados no argumento do nada. Acharam pouco e, logo depois, entraram com ação para tentar anular as eleições, baseados no nada também.
Sem alternativas acabaram pedalando na garupa da hipocrisia e do cinismo, e querem agora derrubar a presidenta por um ato que eles próprios praticaram.
Com quatro derrotas seguidas para o carisma e as conquistas sociais de um torneiro mecânico, partiram para o vale-tudo. Elegeram um chantagista para a presidência da Câmara e se atracaram ao rancor de um advogado frustrado, por não ter conseguido no governo petista "um alto cargo, provavelmente fora do país," como o próprio Hélio Bicudo declarou à imprensa.
Mas, o que mais chama a atenção no enredo dessa história são os personagens envolvidos. Além do advogado magoado, o currículo dos agentes golpistas é de dar inveja ao pessoal da Papuda. Começa com o presidente do TCU, Aroldo Cedraz citado na Lava-Jato e o relator do processo que desaprovou as contas da presidenta, Augusto Nardes investigado pela operação Zelotes. Todos os líderes da oposição, de Paulinho da Força ao golpista-mor, Aécio Neves estão envolvidos com algum tipo de falcatrua, passando por Eduardo Cunha, cuja folha corrida é de amplo conhecimento público
É essa tropa de choque que quer derrubar a política mais honesta do país. E a imprensa conservadora a compactuar com todo esse cinismo.
Felizmente, as manobras e tentativas de caminhar com a agenda do golpismo sofreram uma derrota importante, essa semana, na liminar do ministro do Supremo Edson Fachin. O manifesto dos governadores foi outra pancada na cabeça dos golpistas.
Pelo andar da carruagem e mesmo com as defecções, traições e cartas hipócritas, há uma forte esperança de que a democracia deve vencer mais essa batalha.
* Médico


Café Filho, edição 2015

Café Filho, edição 2015

Por  em 
A história do Brasil através dos tempos retorna algumas vezes de forma repetitiva, mas sempre como farsa. A história dos vices deve ser lembrada.
, , curtimos este post
Por Mário Augusto Jakobskind, do Rio  de Janeiro:
Colunista compara o momento político da época de Café Filho com Michel Temer nos dias de hoje
Colunista compara o momento político da época de Café Filho com Michel Temer nos dias de hoje
A história do Brasil através dos tempos retorna algumas vezes de forma repetitiva, mas sempre como farsa. A história dos vices deve ser lembrada. Em 1954, por exemplo, quando da crise que resultou no suicídio do Presidente Getúlio Vargas, que como se sabe acabou o banquete golpista, o vice Café Filho, egresso das fileiras do partido de Ademar de Barros, o tal político conhecido como “roubou, mas fez”, acabou se aliando aos golpistas, traindo o titular do cargo e o Brasil. Não durou muito tempo.
Na ocasião, Café Filho contava com o apoio ostensivo de uma mídia golpista, onde se destacava, além da Tribuna da Imprensa, o panfleto de Carlos Lacerda, o jornal O Globo, comandado pelo empresário Roberto Marinho.
Agora, em 2015, de novo surge um vice-presidente que já não esconde o desejo de ocupar o cargo no lugar da Presidente Dilma Rousseff. Trata-se de Michel Temer, considerado pelo agora pedetista Ciro Gomes como o “capitão do golpe”.
A imprensa nacional, de novo capitaneada por O Globo, passou a endeusar Temer, com matérias especiais sobre ele. E todas muito simpáticas ao vice-presidente, que passou a ser uma nova edição farsa de Café Filho.
Michel Temer dificilmente conseguiria chegar à Presidência numa eleição direta e por isso ele não se incomoda de coroar a sua carreira política ocupando o cargo máximo da nação brasileira através de um impedimento de Dilma Rousseff, impedimento, diga-se de passagem, sem base legal, a não ser pela investida de grupos que querem voltar a gerenciar o Estado brasileiro.
O “capitão do golpe” em outras ocasiões se alinhou com partidários do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quanto a isso não há dúvidas.
Conta-se até uma história nos bastidores políticos que quando remanescentes do PMDB fundaram o PSDB, Michel Temer queria aderir, mas foi aconselhado pelos próprios tucanos, entre os quais Mario Covas, a permanecer no PMDB, pois nesse partido poderia ser de utilidade para a nova sigla que estava sendo criada.  Temer sem pestanejar obedeceu a “ordem” e durante todos os anos manteve-se fiel ao PSDB, mesmo sendo vice-presidente numa composição com o PT.
Neste momento novamente os partidos de direita como o PSDB e o DEM, incluído também o PPS, um agrupamento formado por ex-comunistas, que como todos ex de qualquer espécie acabam se tornando muito mais realistas do que o rei, voltaram às boas com Eduardo Cunha. O deputado Roberto Freire que o diga. E tudo em nome do “pragmatismo” político por ter Cunha aceito o ritual de uma nova forma de golpe de estado.
Eduardo Cunha joga todas as suas cartas, mesmo queimado, na ascensão de Michel Temer. O presidente da Câmara acredita que se tal acontecer, o amigo e correligionário vai tentar de todas as formas livrar a sua cara. Faz parte do jogo do PMDB. Cunha sabe perfeitamente que se a decisão sobre o seu futuro ficar na dependência apenas da Justiça, poderá perder as bocas. É o que pelo menos se espera.
Ele conta com os correligionários, haja vista à ação vergonhosa de alguns deles na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, que fazem o possível e impossível para livrar a cara de Cunha.
É neste quadro lamentável que vive o Brasil. Diariamente tem havido surpresas, muitas delas negativas, inclusive o não pronunciamento judicial imediato sobre a continuidade de Eduardo Cunha na presidência da Câmara dos Deputados e até mesmo a sua prisão, já alardeada até pelo peemedebista Rena Calheiros, presidente do Senado.
Café Filho, ou melhor, Michel Temer aguarda com ansiedade o desenrolar dos acontecimentos e sem perder tempo já está pensando na formação de seu ministério para levar adiante o seu projeto Brasil, apoiado pelo PSDB. Tanto assim que nos bastidores já se fala até na indicação do senador José Serra, o tal político mencionado no site WikiLeaks como prestador de serviços às multinacionais petrolíferas, entre as quais a Chevron.
Aliás, vale uma pergunta que não quer calar: Serra seria Ministro de um governo brasileiro ou funcionário da Chevron?
Se o momento atual do Brasil é considerado ruim podem imaginar o que seria num governo de “união nacional” entre a facção golpista do PMDB, o PSDB, o DEM e o PPS?  Serra e outros do gênero, entre os quais Moreira Franco,  o tal “gato angorá”, segundo Leonel Brizola, ocupariam grandes espaços para levar adiante um projeto que em pouco tempo levaria o Brasil para o abismo total.
Mário Augusto Jakobskindjornalista e escritor, correspondente do jornal uruguaio Brecha; membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (TvBrasil). Consultor de História do IDEA Programa de TV trasnmitido pelo Canal Universitário de Niterói, Sede UFF – Universidade Federal Fluminense Seus livros mais recentes: Líbia – Barrados na Fronteira; Cuba, Apesar do Bloqueio e Parla , lançado no Rio de Janeiro.
Direto da Redação é um fórum de debates editado pelo jornalista Rui Martins.

Mais um navio-plataforma chega para aumentar produção do pré-sal

Mais um navio-plataforma chega para aumentar produção do pré-sal

Mais um navio-plataforma chega para aumentar produção do pré-sal
26 Dez 
O polo pré-sal da Bacia de Santos recebeu mais um navio-plataforma. O FPSO Cidade de Maricá deixou, no dia 19 de dezembro, o estaleiro Brasa, em Niterói (RJ) e chegou à locação no campo de Lula (área de Lula Alto), nesta sexta-feira, dia 25 de dezembro. O Cidade de Maricá será o quinto FPSO a produzir no campo de Lula. Com capacidade de produzir até 150 mil barris de óleo por dia (bpd) e comprimir até 6 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia, a previsão é que a plataforma entre em produção no primeiro trimestre de 2016. Apenas considerando os quatro FPSOs já em operação, o campo de Lula já é o maior produtor nacional de petróleo e de gás natural.
Instalado a 250 km do litoral do Rio de Janeiro, em área com profundidade de água aproximada de 2.120 metros, o Cidade de Maricá terá agora as suas linhas de ancoragem instaladas e, depois disto, será conectado a dez poços produtores e sete poços injetores. O gás natural será exportado para a costa por meio de um gasoduto submarino. A unidade tem, ainda, capacidade de armazenamento de 1,6 milhão de barris de óleo e de injeção de 200 mil barris de água por dia.
O navio-plataforma estava desde julho deste ano no estaleiro Brasa para conclusão das operações de içamento e integração final de módulos e comissionamento. Além da obra de integração, o estaleiro também foi responsável pela fabricação de seis módulos do FPSO (Floating Production Storage and Offloading), sigla em inglês que identifica uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de petróleo.
Esse um navio-plataforma tem capacidade para separar o óleo do gás e da água durante o processo de produção, armazená-lo nos tanques de carga para, finalmente, transferi-lo para navios petroleiros, que serão os responsáveis pelo seu transporte.
No último mês de novembro, a produção de petróleo e gás natural operada pela Petrobras na camada pré-sal atingiu a média diária de 1,023 milhão barris de óleo equivalente por dia (boed), um crescimento de 1,8% em relação a outubro deste ano. 
Dados técnicos do FPSO Cidade de Maricá:
· Capacidade de processamento de petróleo: 150 mil barris/dia
· Capacidade de tratamento e compressão de gás: 6 milhões m³/dia
· Capacidade de tratamento de água de injeção: 200 mil barris/dia
· Capacidade de armazenamento: 1,6 milhão de barris de óleo
· Profundidade de água: 2.120 metros
· Comprimento Total: 346,5 metros
· Boca: 58 metros
· Pontal (altura): 32,6 metros
Foto: Petrobras

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Corrupção na ditadura

FINALMENTE, AS RUAS TOMAM A PALAVRA

FINALMENTE, AS RUAS TOMAM A PALAVRA
Roberto Amaral
A carta do vice-presidente da República – pobre, patética, beirando a infantilidade – dá a justa medida do estado moral lastimável em que se encontra a política brasileira, apequenada, amesquinhada, aviltada e envilecida.
O pronunciamento das ruas grita um rotundo "não" a toda e qualquer ameaça às conquistas sociais
A ambição do impedimento da presidente Dilma é mais do que reverter o resultado das eleições de 2014 – um ano que insiste em não terminar –, jogando ao lixo, com a ordem constitucional irremediavelmente corrompida, a soberania do voto, na qual se assenta a legitimidade da democracia representativa.
O argumento forjado em torno das tais ‘pedaladas’ – e outras chicanas – é simples pretexto para justificar uma petição inepta, firmada por um ancião digno, mas manipulado, um advogado cuja importância está no sobrenome herdado, e uma ‘jurista’ sem nome e sem obra, açulados os três pelos holofotes do momento, e lamentavelmente servindo, conscientemente, de biombo a uma alcateia faminta de poder.
E aí está o cerne da questão. O mérito do pedido, mesmo para seus subscritores, torna-se, no contexto, irrelevante, pois o que importa é seu papel como detonador necessário da abertura do processo de impeachment, acuando a presidente, paralisando o governo e a vida econômica, e pondo em xeque a desarticulada e infiel e cara base governista.
Para esse efeito, portanto, o expediente já cumpriu com seu papel de espoleta, ao ensejar ao correntista suíço a abertura do procedimento jurídico que visa à cassação do mandato da presidente Dilma. O fato objetivo, portanto, é que a oposição, com a contribuição indispensável e valorosa do PMDB, e seus principais líderes, logrou acuar o governo e pôr suas lideranças na defensiva. Mas logrou também acionar o STF – uma vez mais a judicialização da política por iniciativa de partidos! – e, principalmente, trazer a discussão para a sociedade, dividida, mas mobilizada.
Mas o mesmo movimento que acuou o governo e a presidente liberou as grandes massas que retornaram às ruas em todo o País em defesa de seu mandato. O pronunciamento das ruas chamado pela Frente Brasil Popular, porém, deve ser lido em todos os significados. Ele também grita um rotundo "Não" a toda e qualquer ameaça às conquistas sociais, e ainda serve de aviso sobre a disposição de resistir à eventualidade do golpe, bem como suas consequências.
A crise, entre outros méritos, tem o de expor à luz do sol o sempre escamoteado caráter de luta de classe do conflito politico. Não é por acaso que o impeachment seja reclamado por instituições como a FIESP, e que a defesa do mandato de Dilma Rousseff seja a palavra de ordem dos trabalhadores, liderados pelas centrais sindicais e pelo MST.
A direita de hoje (é do seu DNA a incapacidade de renovar-se, pelo menos no Brasil) é a mesma que nos anos 50 não aceitava a hegemonia do trabalhismo, e que nos anos 60 rejeitava tanto a emergência das massas quanto a promessa de reformas. Reformas que, diga-se de passagem, simplesmente prometiam a construção de uma sociedade capitalista mais moderna e um pouco menos injusta. As ‘reformas de base’, ainda à espera de realização (meio século passado), detonaram João Goulart.
Esses fantasmas, com o lulismo, voltaram a assustar a Avenida Paulista. Daí a crise, daí a conspiração golpista, à plena luz do dia, da qual hoje participa, ostensivamente, o vice-presidente da República, seu primeiro beneficiário.
O que está em questão, hoje, para além das aparências, não é a maior ou menor popularidade do governo, nem seu desempenho, nem a corrupção endêmica (registre-se, entre outras, a condenação a 20 anos de cadeia de Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB), nem a distonia entre o discurso da candidata e a política econômica adotada pela presidente. Tudo que se alega não passa de meros pretextos.
Nem mesmo está em jogo o futuro do reajuste, cujo combate desavisados da esquerda privilegiam em detrimento da defesa da legalidade, como princípio, porque não sabem ou fingem não saber que o prêmio em disputa é a tomada do aparelho de Estado (o controle da política, da economia e da vida social), depois da conquista ideológica, fruto da associação fática do monopólio da informação (e nele o monopólio do discurso único ditado pela direita) com a pregação de um fundamentalismo religioso assustadoramente primitivo e retrógrado.
O que seria a sociedade pós-Dilma está anunciado com todas as letras nas palavras de ordem das passeatas de Copacabana e da Avenida Paulista.
A preservação do mandato da presidente é o dique que vem contendo, no plano institucional, a onda reacionária. Rompida essa barreira, será impossível segurar o tsunami conservador que tudo varrerá: direitos dos trabalhadores, conquistas sociais, soberania nacional, desenvolvimento, distribuição de renda, combate às desigualdades sociais e regionais. Exatamente por isso, impedir o golpe é a prioridade tática.
Não é pequeno o desafio.
A ofensiva reacionária opera em todas as frentes, seja a frente ideológica, seja a frente institucional, onde, ainda hoje – e até quando? – atua, comandando a Câmara dos Deputados como senhor de baraço e cutelo, um político com o prontuário do ainda deputado Eduardo Cunha. Mas não é, ele, o personagem único dessa trama sem mocinho.
Até há pouco agindo apenas à socapa, conduzindo os cordéis dos mamelucos a partir dos camarins, hoje se destaca no proscênio desse circo de horrores a figura lamentável de político menor que é o vice-presidente da República. Figura menor – cuja ascensão é denotativa da pobreza de nossa política –, mas ainda assim perigosa, pois tem sob seu comando, travestida de partido, uma empresa de achaques, na lapidar definição de Marcos Nobre (Valor, 14/12/2015): “O PMDB é uma empresa de fornecimento de apoio parlamentar, com cláusulas de permanente revisão do valor do contrato.”
Fazem-lhe coro envergonhado, companhia covarde, a liderança do PSDB que, ao tempo de Mario Covas e Franco Montoro, se apresentou como alternativa socialdemocrata.
Quando, superada a crise que hoje parece sem fim, o que sobrar de política e de partidos e de políticos tomará consciência da crise agônica da democracia representativa, da falência sem cura do ‘presidencialismo de coalizão’, e se entregará a uma reforma política estrutural? Ora, pedir essa reforma em ambiente hegemonizado por partidos como o PMDB e o PSDB, ou líderes partidários como Michel Temer e Aécio Neves (para ficarmos nos presidentes), é clamar no vazio, discursar para as pedras do deserto.
Fonte: Blog do Roberto Amaral, 19/12/2015


O significado da carta de Temer. Por Paulo Nogueira

O significado da carta de Temer. Por Paulo Nogueira



Postado em 08 dez 2015
Falsa vítima
Falsa vítima
A carta de Temer a Dilma é uma coisa que depõe contra ele mesmo, embora o alvo seja ela.
Algumas pessoas lembraram a carta de Getúlio aos brasileiros, antes de se matar, e aí você vê dois extremos. A carta de GV o engrandeceu para a posteridade, e a de Temer é um documento que mostra quanto minúsculo ele é.
Um sujeito que conspira, trai, envenena, alimenta os inimigos de Dilma, esse sujeito se coloca como vítima.
Os grandes sábios da humanidade recomendaram, sempre, que diante da miséria humana você deve rir, e não chorar. Em seus Ensaios, Montaigne defendeu o riso magistralmente diante do choro em situações de canalhice e patifaria.
Por isso, riamos todos do gesto de Temer.
Ele diz que foi sempre tratado como um vice decorativo.
A questão é: por que ele aceitou ser vice depois de quatro anos alegadamente tratado como, bem, como um vice?
Fosse altivo, fosse digno, teria dito o que escreveu na carta na hora certa a Dilma. Quer dizer, antes de ser oficialmente designado companheiro de chapa de Dilma.
Ninguém o obrigou a ser vice pela segunda vez. Ele agiu voluntariamente. Da primeira vez, poderia alegar, depois de algum tempo, que não imaginava que Dilma fosse o que ele disse que é na carta.
Mas e na segunda?
Considere um casamento renovável. Você casa e depois tem a oportunidade de renovar ou não o casamento. Você renova. E logo depois aponta os defeitos incríveis que, se reais, deveriam ter feito você não renovar.
Mas não.
Temer alegremente se reuniu de novo a Dilma, e desembarca apropriadamente quando enxerga a possibilidade de ser presidente.
De volta a Getúlio, este atirou no próprio coração, em nome de uma causa – a do povo contra a plutocracia. GV adiou o golpe dos plutocratas por dez anos.
Com sua carta, Temer atirou no coração de Dilma – e da democracia.
A autovitimização de Temer passará para o museu das infâmias nacionais. Um político a vida toda inexpressivo vira enfim manchete pela vileza e não por ter revelado no crepúsculo da carreira uma grandeza que ninguém percebeu.
Onde isso vai dar?
Seria uma tragédia tudo terminar com o triunfo dos golpistas. Seria a vitória de Eduardo Cunha. É dele o rosto, é dele a alma dos conspiradores.
Eduardo Cunha não é manipulado por Aécio, FHC, Serra, Temer – ou quem seja. Ele manobra a todos eles, em busca da impunidade para sua corrupção descarada, compulsiva e continuada.
São dois os lados que se enfrentam, a carta de Temer deixou claro.
Um é o lado de Eduardo Cunha e cúmplices.
O outro é o lado não de Dilma — mas da democracia.
A democracia perdeu em 1954, perdeu em 1964. Nas duas vezes, com custos formidáveis para o povo. Sangue jorrou, e o câncer nacional — a desigualdade — se espalhou.
Não é possível que a democracia perca de novo em 2015. Porque perdemos todos nós.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

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