Piorando a cada dia.
A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país,
subiu de 9,77% para 10,12% neste ano. É a 33ª elevação consecutiva da projeção.
A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira, pesquisa divulgada
semanalmente pelo Banco Central (BC), com a expectativa das instituições para
os principais indicadores econômicos.
Em outubro, puxada pelo aumento de preços de
combustíveis e alimentos, a inflação acelerou 1,25%, a maior para o mês desde
2002, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com isso, o indicador acumula altas de 8,24% no ano e de 10,67%, nos últimos 12
meses.
A previsão para 2021 está acima da meta de inflação que
deve ser perseguida pelo BC. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN), é de 3,75% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o
superior de 5,25%. Para 2022 e 2023, as metas são 3,5% e 3,25%,
respectivamente, com o mesmo intervalo de tolerância.
Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa
como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 7,75%
ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Para a próxima reunião do órgão,
no mês que vem, o Copom já sinalizou que pode elevar a Selic em mais 1,5 ponto
percentual.
E o desemprego não alivia. Levantamento
da Austin Rating mostra que taxa de desemprego no Brasil é o dobro da média
mundial e a pior entre os membros do G20 que já divulgaram números do 3º
trimestre
A taxa de desemprego do Brasil tem mostrado tendência
de queda, mas é a 4ª maior entre as principais economias do mundo. É o que
aponta ranking da agência de classificação de risco Austin Rating, que reúne
dados de mais de 40 países que já divulgaram dados oficiais no 3º trimestre.
O levantamento mostra que o desemprego no Brasil é mais
que o dobro da taxa média global e também o pior entre os integrantes do G20
(grupo que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia) que já
divulgaram números relativos a agosto ou setembro.
De acordo com o ranking, apenas Costa Rica, Espanha e
Grécia registraram em agosto uma taxa de desemprego maior que a do Brasil.
No conjunto de países da Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), a taxa de desemprego caiu para 5,8% em
setembro, e agora está 0,5 ponto percentual acima do patamar pré-pandemia, de
fevereiro do ano passado (5,3%). Na zona do euro, a taxa ficou em 7,4% em
setembro, retornado ao patamar pré-pandemia. Nos EUA, o desemprego recuou para
4,8%, ante 5,2% em agosto.
Levantamento anterior da Austin Rating, elaborado a
partir dos dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), mostrou que o Brasil teve
a 21ª pior taxa de desemprego do mundo em 2020, em ranking com 111 países.
O FMI projeta uma taxa média de 13,8% em 2021, o que
faria o país terminar o ano com o 14º pior desemprego do mundo. Mas diante da
desaceleração da economia brasileira, a posição do Brasil no ranking global pode
piorar ainda mais.
Apesar da queda do desemprego nos últimos meses, a
recuperação do mercado de trabalho vem se dando com vagas de baixa qualidade,
com poucas horas de trabalho e queda recorde no rendimento médio da população
ocupada.
Industria nacional “quase parando”. A
Sondagem Industrial de outubro, divulgada na segunda-feira, pela Confederação
Nacional Indústria (CNI), mostra desaquecimento da indústria. A pesquisa aponta
para produção industrial estável, pequeno recuo da utilização da capacidade e
redução no ritmo de crescimento do emprego. Os estoques, por sua vez, voltaram
ao nível planejado pelos empresários. Foram entrevistadas 1.907 empresas, sendo
760 pequeno porte, 672 médio porte e 475 de grande porte entre 3 a 12 de
novembro de 2021.
O índice de evolução do nível de estoques foi a 50,5
pontos em outubro. Esse resultado é 5 pontos acima do registrado em outubro de
2020. Esse indicador varia de 0 a 100, sendo que 50 pontos é a linha de corte
que separa crescimento e queda dos estoques em relação ao mês anterior.
A produção industrial ficou estável na passagem de
setembro para outubro. O índice de evolução da produção registrado no mês foi
de 50,1 pontos. É o segundo mês consecutivo de estabilidade da produção, após quatro
meses consecutivos de alta.
Apesar das negativas do insano... A
Amazônia Legal perdeu 13.235 km² de floresta entre agosto de 2020 e julho deste
ano. A área equivale a oito vezes à da cidade de São Paulo. As perdas são
21,97% maiores diante dos 10.851 km² desmatados em 2020, que já era um recorde
em relação aos últimos 12 anos. Trata-se da terceira alta de desmatamento
consecutiva nos três anos do governo Jair Bolsonaro e a maior taxa desde 2006,
quando foram derrubados 14.286 km².
Os dados são uma estimativa da taxa de desmatamento do
Prodes – Projeto para o mapeamento oficial das perdas anuais de vegetação
nativa na Amazônia Legal – do INPE, ligado ao governo federal, divulgados na
última quinta-feira (18/11), sem alarde.
Conforme balanços do Observatório do Clima e do
MapBiomas, os 13.235 km² desmatados representam um aumento de 75% nas perdas
florestais desde 2018. Nos três anos deste governo, o desmate acumulado chega a
34.215 km². O montante representa 1,9 bilhão de árvores derrubadas, conforme dados
do monitor do PlenaMata, e 2 bilhões de toneladas de CO₂ lançadas na atmosfera,
potencializando o aquecimento planetário. As derrubadas cresceram em todos os
estados da Região Norte, sobretudo no Pará, Amazonas e Mato Grosso, o que não
acontecia desde 1998.
Os dados oficiais mostram que o desmate disparou em
estados que historicamente lideram o desmatamento da Amazônia Legal, como o
Pará (39,72%) e o Mato Grosso (17,10%). A novidade foi o Amazonas ocupar o
segundo lugar, com 17,73% das perdas apontadas pelo INPE. Em relação ao ano
passado e julho deste ano, o desmatamento no estado cresceu 55%. A variação
percentual só foi maior no Amapá, de 62,5%.
O mapeamento do Prodes é feito com base em imagens do
satélite Landsat ou similares, para registrar e quantificar as áreas desmatadas
maiores que 6,25 hectares. O sistema considera como desmatamento a remoção
completa da cobertura florestal primária por corte raso, independentemente da
futura utilização destas áreas. A estimativa da taxa 2021 foi calculada a partir
da análise de 106 cenas prioritárias de todos os estados da Amazônia Legal.
Colômbia: sindicalismo em perigo! Constantemente
noticiamos a situação de ataques aos movimentos sociais e defensores de direitos
humanos na Colômbia, mas a direita vai ficando mais nervosa a cada dia.
Entidades sindicais de todo o mundo, comprometidas com
os direitos humanos das famílias dos trabalhadores colombianos, realizaram
entre segunda (22) e terça-feira (23) um Fórum internacional para dar mais
visibilidade ao combate à violência e em protesto aos ataques à paz, vida e
democracia na Colômbia.
O secretário-geral da UNI Américas, Marcio Monzane,
explicou que o Fórum debateu uma agenda para o próximo governo. “Esperamos que
seja um governo progressista e que discuta a inclusão social, o trabalho
decente, a formalização do trabalho, o direito à aposentadoria e o acesso à
seguridade social”, disse.
O Fórum Internacional #PazVidaDemocracia foi organizado
pela Central Sindical das Américas (CSA-TUCA), UNI Américas, IndustriALL Global
Union, Public Services International (ISP- PSI), Centro de Solidariedade
Sindical da Finlândia (SASK), International Transport Workers (ITF Américas),
Building and Wood Worker’s International (BWI), Central Unitaria de
Trabajadores (CUT) da Colômbia, e pela Confederación de Trabajadores (CTC) da
Colômbia.
A Colômbia é o terceiro país das Américas com a maior
desigualdade de renda com mulheres, povos indígenas e com as comunidades
rurais, que foram profundamente afetadas pelos anos de conflito. “E tudo fica
mais difícil quando a violência policial do governo e das milícias mata
seguidamente lideranças sociais e opositores do governo”, lamentou von der
Osten.
O fórum denunciou ainda que, na Colômbia, ocorrem seguidas
ações de lawfare. Os dez governadores da oposição, diversos senadores, deputados
e vereadores, estão sofrendo processos administrativos e judiciais.
No dia 28 de abril de 2021, o Esquadrão Anti-Motim
(Esmad) atacou violentamente manifestantes que protestavam contra o pacote
neoliberal de Iván Duque, presidente de extrema direita da Colômbia, que aumentava
impostos e propunha reformar o sistema de saúde tornando o sistema mais
privatizado ainda.
Milhões de colombianos saíram às ruas para expressar seu
descontentamento com o governo, apesar do auge da pandemia, da companha contra
a Greve Nacional promovida pelos meios de comunicação e da tradicional
violência policial governamental contra manifestantes.
Novamente, no dia 28 de setembro, o Exército colombiano
voltou a intimidar e reprimir jovens estudantes da Universidade Industrial de
Santander, em Bucaramanga, que comemoravam os cinco meses desde a Greve
Nacional de abril, tratando os manifestantes pacíficos como se estivessem em
uma guerra.
Venezuela: grande vitória do chavismo! O
Grande Polo Patriótico, coalizão eleitoral chavista, conquistou o governo de 20
dos 23 Estados nas eleições regionais da Venezuela realizadas neste domingo
(21/11) e saiu da disputa com uma ampla vitória.
Foram eleitos para um mandato de quatro anos os
candidatos da esquerda governista nos Estados de Amazonas, Anzoátegui, Apure,
Aragua, Barinas, Bolívar, Carabobo, Delta Amacuro, Falcón, Guárico, La Guaira,
Lara, Mérida, Miranda, Monagas, Portuguesa, Sucre, Táchira, Trujillo e Yaracuy.
Além disso, a candidata do Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV) à prefeitura de Caracas, Carmen Melendéz, recebeu 59% dos
votos e foi eleita a nova prefeita da capital.
Ainda de acordo com o órgão eleitoral venezuelano, a
participação nesse processo eleitoral foi de 41,8%, um índice maior do que os
cerca de 31% que participaram nas últimas eleições, em dezembro de 2020, que
elegeu o Parlamento do país.
Consolidação do poder. O
bolivarianismo consolidou seu poder na Venezuela neste domingo ao vencer em 20
dos 23 estados do país, além de Caracas, em eleições regionais onde a oposição
pagou caro por sua falta de unidade, e nas quais apenas 41,8% do Registro -10
por cento a mais do que o registrado nas eleições de dezembro de 2020 - e que,
pela primeira vez em 15 anos, teve uma Missão de Observação Eleitoral da União Europeia,
Nações Unidas e Centro Carter.
Segundo analistas, tendo alcançado a unidade, a
oposição poderia estar perto da vitória em pelo menos mais três estados, mas
cinco anos pedindo a abstenção instalou desconfiança em grande parte da
população.
A respeito dos três candidatos da oposição, José
Galíndez, Manuel Rosales e Morel Rodríguez, vencedores nos estados de Cojedes,
Zulia e Nueva Esparta, o PSUV manifestou que espera colaborar com eles por meio
do diálogo e do entendimento para a realização de planos de ação conjunta.
benefício das comunidades. Anunciou que nos próximos dias convocará o Conselho
Deliberativo no qual espera a presença dos três adversários.
Observadores internacionais validam as
eleições. Desespero na CIA e na Casa Branca. O principal argumento
contra Maduro e a Venezuela naufragou vergonhosamente.
Os relatórios apresentados por diversas missões de
observação presentes na Venezuela ratificam a validade e a transparência das
eleições regionais e municipais realizadas no passado dia 21 de novembro na Venezuela.
A equipe de especialistas destacada na nação
sul-americana pelo Parlamento do Mercosul (Parlasul) apresentou no dia anterior
o relatório preliminar sobre o trabalho de fiscalização realizado durante o
evento democrático, descrito como um dia que permitiu a expressão da vontade
popular.
A este respeito, o vice-presidente do Parlasul e chefe
da missão do Observatório para a Democracia daquela organização, Oscar Laborde,
reconheceu perante o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela que a sua
equipa de trabalho teve oportunidade de se encontrar com representantes de
todos. as tendências políticas.
Embora tenham sido registrados incidentes isolados,
eles não invalidam o processo em geral, disse Laborde, que também qualificou o
sistema eleitoral venezuelano de impecável.
Segundo o presidente Nicolás Maduro, os mais de 300
observadores de 55 países, e em representação de várias organizações
internacionais, “viram a verdade de um país atacado, que se levanta e supera
dificuldades”.
Até a União Europeia teve que “botar o galho dentro”. A
missão de observação apresentou na terça-feira (23) a versão preliminar de seu
informe sobre as eleições regionais realizadas no país no último domingo (21).
Segundo a chefe da missão, a deputada portuguesa Isabel Santos, foram
constatadas melhorias no sistema eleitoral venezuelano e a atual conformação do
Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foi a “mais equilibrada dos últimos 20 anos”.
A grande derrota de Washington. Chavismo
obteve uma vitória retumbante nas megaeleições regionais e municipais de 21 de
novembro. Havia 3.082 cargos eleitos pelo voto popular em disputa, incluindo 23
governadores, 335 prefeitos, 253 deputados de Conselhos Legislativos estaduais
e 2.471 vereadores municipais. para o qual foram apresentados 70 mil
candidatos. A nomeação eleitoral ganha grande legitimidade pelo comparecimento
às urnas pela grande maioria da oposição, inclusive aquela que, até poucos
meses atrás, permanecia ligada à desestabilização e ao golpe ordenado pelo
império e que jurou não participar nas eleições “com o chavismo no poder”. O
fato constitui uma grande derrota da política de desconhecimento da institucionalidade
venezuelana, desqualificação do prestigioso Conselho Eleitoral Nacional (CNE) e
mudança de regime apoiada pelos Estados Unidos (UE) desde a era Obama,
duramente exacerbada por Trump e mantida por Biden. Também reforça a
legitimidade do concurso, a assistência de 42,26 por cento, proporção perfeitamente
ajustada à habitual participação em eleições desta natureza. Para dar um
exemplo bem próximo, nesse mesmo dia, no Chile, no primeiro turno das eleições
presidenciais, em todos os lugares com maior número de eleitores, apenas 46,7%
da assistência foi alcançada. No entanto, a migração provocada pelo implacável
bloqueio gringo e a persistente desconfiança na CNE e na trajetória eleitoral
semeada pela oposição Guaidosista entre os seus seguidores deve ter reduzido o
voto. O bloqueio também provoca apatia aos partidários naturais do chavismo,
absortos em resolver seus problemas individuais. Mas esse setor pode certamente
ser motivado e mobilizado posteriormente por um movimento vitorioso de Chávez e
pela melhoria econômica que está por vir.
Washington nunca desiste. Depois
de ser vergonhosamente derrotada na Venezuela, sem a alternativa de falar em “fraude”,
os planos da Casa Branca e da CIA voltam-se para o Peru. Ainda não se
conformaram com a vitória de um professor rural que derrubou a oligarquia
dominada pelos EUA.
Agora preparam mais um “golpe branco” ou, para quem
prefere, lawfare. Os legisladores da oposição apresentaram um novo pedido de vacância
de poder no Congresso na quinta-feira (25) contra o presidente do Peru, Pedro
Castillo.
A medida foi promovida pelas bancadas dos partidos de
direita Fuerza Popular (de Keiko Fujimori), Renovación Popular e Avanza País,
que solicitaram formalmente a moção por suposta "incapacidade moral"
do chefe de Estado.
Mas ainda não é tudo. A Casa Branca sempre tem outra
carta na manga, em geral é apelar para os milicos sempre subservientes. Os
comandantes gerais do Exército e da Aeronáutica José Vizcarra e Jorge Chaparro,
surpreendentemente separados de seus cargos e aposentados há duas semanas, responderam
a essa decisão atirando contra o governo e denunciando que da cúpula do
Executivo foram pressionados a fazê-lo.
Eles visaram diretamente o secretário do presidente
Castillo, Bruno Pacheco, e o ministro da Defesa, Walter Ayala. Os réus negaram
as acusações. Ayala até implicou diretamente Castillo, mas também não pôde
sustentar essa acusação. A queda de seu secretário é um duro golpe para o
presidente. Pacheco, um professor como Castillo, faz parte do círculo de
confiança do presidente.
O Congresso, dominado pela oposição, assumiu com
entusiasmo os ataques dos generais contra o governo e agora estão mais uma vez
à frente de Castillo, a quem acusam de tráfico de influência e de ter
“ofendido” as Forças Armadas com demissão intempestiva para os dois chefes
militares.
As duas caras de Washington. Enquanto esbraveja e faz ameaças contra as eleições na
Venezuela, o governo estadunidense envia uma mensagem para Honduras pedindo que
sejam transparentes e pacíficas as eleições deste domingo (28).
Mas isto tem uma razão: o Partido Nacional (PN), que
está no poder desde 2010, espera continuar liderando o país por meio do atual
prefeito de Tegucigalpa, Nasry Asfura. É fortemente apoiado pela Casa Branca.
Por outro lado, temos a candidatura de Xiomara Castro,
do partido Libertad y Refundación (Libre), que lidera as últimas pesquisas de
opinião e pode ser a primeira mulher a governar Honduras.
Mais de 5 milhões de pessoas são chamadas a votar em
Honduras para eleger o presidente, três vice-presidentes, 128 deputados ao
Congresso Nacional e seus suplentes, 20 ao Parlamento Centro-Americano
(Parlacen), além de 298 prefeitos, vice-prefeitos municipais e vereadores.
Mas, qual é a questão de fundo? Os analistas
hondurenhos acreditam que uma baixa votação, com muitas abstenções, dará
vitória certa ao partido apoiado por Biden. Mas, se a quantidade de eleitores
que comparecer às urnas for alta, as maiores possibilidades são de Xiomara
Castro
Quem vencer terá que enfrentar uma difícil situação
econômica, o persistente problema da violência das organizações criminosas e os
crescentes fluxos migratórios. E terá que lidar com a relação com os EUA e as
recentes acusações que vinculariam o atual presidente de Honduras ao
narcotráfico, tudo em um contexto de violência política.
Chile sob ameaça do neofascismo. É
realmente difícil entender o que acontece no Chile. Depois das fantásticas
mobilizações de 2019, exigindo o fim da “herança” de Pinochet e uma nova
Constituinte, o povo chileno foi às urnas para o primeiro turno das eleições
presidenciais.
De um lado o candidato de esquerda, Gabriel Boric
(Convergencia Social), que levou 25,80% dos votos. Do outro lado, o candidato
de extrema direita, José Antonio Kast (Partido Republicano), que levou a maior
fatia do bolo: 27,92%, de acordo com o G1.
O segundo turno acontecerá no dia 19 de dezembro,
entretanto, no país, o voto não é obrigatório e sim facultativo, ou seja, quem
for votar é a parcela da população que: ou está desejosa por mudança sociais ou
quer se assegurar em políticas conservadoras e liberais.
Essa foi a primeira eleição, em 16 anos, sem o atual
presidente, Sebastián Piñera nem Michelle Bachelet, ex-presidente, concorrendo
como candidatos.
A ameaça é real! Causa muita
estranheza a passagem de Jose Antonio Kast, do Partido Republicano, de
extrema-direita, para o segundo turno das eleições presidenciais no Chile. Pior
ainda, ficou na frente de Gabriel Boric, da coalizão Aprovo Dignidade, de
esquerda, formada principalmente pela Frente Ampla (FA) e o Partido Comunista
(PC), arregimentando 27,91% dos votos, contra 25,83% de seu principal oponente.
De quebra, o pinochetista colocou para fora do jogo a velha aliança da direita
tradicional, composta pela União Democrática Independente (UDI) e a Renovação
Nacional (RN), que governa o país com Sebastián Piñera.
O protagonismo da frente de esquerda já era esperado,
desde as manifestações de 2019, as eleições constituintes e as disputas
provinciais dos últimos meses. Essa ascensão acabou por marginalizar as correntes
da chamada centro-esquerda, agrupadas no Novo Pacto Social. Com 11,61% para sua
candidata, Yasna Provoste, quinto lugar na corrida eleitoral, afundou o bloco
formado pelo Partido Socialista (PS), o Partido Pela Democracia (PPD) e a
Democracia Cristã (DC). Esse arco dirigiu a transição da ditadura à democracia,
governando o país por 24 dos quase 32 anos desde o final do regime militar.
Mesmo incorporando os quase 8% de votos dados a Marco Enriquez-Ominami, de um
campo político próximo, o condomínio entre socialistas e democrata-cristãos não
alcançaria 20% dos sufrágios.
Karl Marx escreveu, em ‘18 Brumário’, que, “sempre que
a esquerda e a direita lutam aparece um centro que ajuda à direita”. As
sociedades costumam caminhar para as pontas, em situações dessa natureza. O centro,
em tais casos, tende a ser o pântano onde afundam os defensores diretos ou indiretos
do sistema. Foi o que ocorreu, em 2018, em território brasileiro; é o que se
passa no Chile de hoje. Assume grave risco de fracasso quem não enxerga a
diferença desses cenários com os de baixa intensidade, quando os conflitos por
conservação ou mudança estão contidos dentro do sistema, gerando uma força
centrípeta que expurga as pontas e conduz a luta de classes para o centro.
Mais medo da China? Um veículo hipersônico deslizante lançado pela China
disparou um míssil sobre o mar do Sul da China enquanto se movia a cinco vezes
a velocidade do som, informou o jornal Financial Times, adicionando que o Pentágono
ficou surpreso com o domínio da tecnologia obtido por Pequim.
Ao testar essa arma hipersônica, a China mostrou uma
capacidade que nenhum outro país demonstrou até hoje, surpreendendo os
cientistas do Pentágono.
O teste chinês permitiu que o veículo hipersônico
deslizante, uma espaçonave manobrável capaz de transportar uma ogiva nuclear,
disparasse um míssil em pleno voo sobre o mar do Sul da China.
E o Pentágono segue sem entender como Pequim conseguiu
ir além das leis da física ao disparar mísseis a partir de um veículo que se
movia a velocidade hipersônica.
Novamente a China. A rede elétrica e a infraestrutura eletrônica dos EUA permanecem
vulneráveis às ameaças das novas armas não convencionais desenvolvidas pela
China, em particular, aquelas capazes de realizar ataques de “pulso eletromagnético”
(EMP, na sigla em inglês), aponta o The Washington Times citando especialistas estadunidenses.
Entre esses especialistas, reunidos em um fórum virtual
organizado pela Federação Universal da Paz, estava Peter Vincent Pry, diretor
executivo da Força-Tarefa de Segurança Nacional e Interna dos EUA.
Segundo ele, a China possui as chamadas armas “super-EMP”
– projetadas para realizar ataques através de poderosas descargas de energia e
poderia usá-las contra os EUA, talvez até combiná-las com outras táticas
militares modernas não convencionais.
O especialista afirmou que isso também pode ser
considerado por países como a Rússia, Coreia do Norte e Irã como “potencialmente
a revolução militar mais decisiva da história”.
Negacionismo e neofascismo aumentam na
Europa. Da Áustria à Holanda, a Europa vive uma nova onda de
protestos em que milhares de pessoas mostram sua rejeição e insatisfação com as
novas medidas diante do aumento dos casos de coronavírus, como o passaporte de
saúde ou a vacinação obrigatória. As mobilizações atraem uma ampla variedade de
atores e grupos, desde militantes de extrema direita até famílias com crianças.
E quanto mais dura a pandemia, “mais complexo se torna
o cenário de inquietação, mesmo para quem tentou capitalizar os protestos e
espaços de confronto desde o início da COVID”, como diz Carme Colomina,
pesquisadora principal, a elDiario.es da CIDOB, um centro de estudos com sede
em Barcelona.
Na Áustria, a extrema direita organizou protestos, mas
em outros países os partidos de extrema direita estão divididos e pagaram por
suas posições nas urnas. Na Holanda ou na Bélgica, as manifestações também são
alimentadas por jovens que repetidamente provocam motins
Na Holanda, o fim de semana passado foi mais uma vez
marcado por protestos e fortes motins em várias cidades. No fundo estão o
descontentamento social e a polarização crescente após um ano e meio de pandemia.
Nas últimas semanas, os casos dispararam para níveis recordes, o Governo
reintroduziu restrições e a agitação cresceu: estádios estão fechados ao público,
fogos de artifício foram proibidos na passagem de ano, o fechamento de hotéis
foi antecipado para as 20h e existem planos para excluir os não vacinados do
passaporte COVID, mesmo que o teste seja negativo.
Em Bruxelas, milhares de pessoas marcharam pelo centro
no domingo para protestar contra as últimas medidas impostas pelo governo belga
para conter o recente aumento de casos. Estima-se que 35.000 pessoas
participaram da marcha e, embora tenha começado de forma pacífica, houve
tumultos.
Na França, tumultos ocorreram no território ultramarino
de Guadalupe. Os sindicatos iniciaram uma greve para protestar contra a
vacinação obrigatória dos trabalhadores da saúde contra a COVID-19 e a
exigência do passe de saúde. Os protestos se espalharam para a vizinha ilha da
Martinica e, embora tenham origem na obrigação de se imunizar, o contexto
social é mais amplo devido à falta de trabalho e cortes contínuos de água,
entre outros motivos, informa a EFE.
Arrastões no país mais rico. O Tio
Sam não deixa de fazer publicidade sobre suas riquezas e oportunidade para todos.
Afinal, a imagem de “país da liberdade” precisa ser mantida, mas muitas coisas
estão acontecendo no país que nossos jornais não divulgam.
Uma loja de departamentos da Nordstrom, em um shopping
de Los Angeles, se tornou o mais recente alvo de uma série de arrastões que
atingiram varejistas de luxo nos estados da Califórnia e de Illinois, com a
chegada das festas de fim de ano.
Na última sexta-feira, várias lojas de luxo já tinham
sido saqueadas, entre elas a loja de Louis Vuitton, também em São Francisco. O
arrastão deixou um prejuízo calculado de cerca de US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões).
O Departamento de Polícia de Los Angeles informou que
deteve três suspeitos. Informações locais dizem que até 20 pessoas podem estar
envolvidas nos roubos.
A região da Baía de San Francisco tem sido
especialmente atingida, dada a grande densidade de lojas de luxo. A área é uma
das mais abastadas do país, com renda média doméstica que chega perto do dobro
da média nacional, de acordo com o Censo dos EUA.
Uma nova geração consciente? Os Estados
Unidos vivem uma onda de sindicalização de jovens trabalhadores. A chamada Geração
Z, formada por mulheres e homens nascidos entre 1996 e meados dos anos 2000,
atingiu a maioridade por meio do Black Lives Matter, da pandemia de Covid-19 e
da presidência de Donald Trump – tudo sob os ecos da crise do capitalismo de
2008. Os sindicatos lhes despontaram como uma legítima alternativa.
Agora as pesquisas nos mostram que 77% dos jovens adultos
apoiam os sindicatos, de acordo com pesquisa Gallup de setembro. Isso não
significa necessariamente que eles vão se sindicalizar. Mas, em vários setores
– particularmente nos de mídia e serviços –, o interesse no movimento sindical
ganha força entre os trabalhadores mais novos.
A Geração Z se lembra da crise global de 2008 e da
Grande Recessão – e enfrenta hoje os ecos da instabilidade econômica. “Eles
viram as oportunidades para sua geração desaparecerem e temem ficar em situação
pior do que seus pais”, diz Kate Bronfenbrenner, diretora de Pesquisa em Educação
do Trabalho e conferencista sênior da Escola de Relações Industriais e
Trabalhistas da Universidade Cornell. “Eles olham ao redor para ver quem está
fazendo algo – e veem o movimento trabalhista.”
Com apenas 23 anos, Kaitlin Bell é diretora de
Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores Profissionais de Empresas Sem Fins
Lucrativos e membro do Sindicato dos Trabalhadores da Clinic, que representa a
Rede Católica de Imigração Legal. Ela se organizou depois de ver TikToks de
millennials trabalhando no setor sem fins lucrativos, fazendo piadas sobre
chefes arrogantes e seus medos de serem demitidos.
Kati Kokal, agora repórter do Palm Beach Post, era a
jornalista mais jovem da equipe do Island Packet, de Hilton Head, Carolina do
Sul, quando ingressou no jornal aos 22 anos, em 2018. A equipe do Packet começou
a discutir a sindicalização em março de 2020, pouco antes de o dono do jornal,
McClatchy, ter vendido a publicação para o fundo de hedge Chatham Asset Management
em uma liquidação judicial.
Radicada no Cinturão de Ferrugem dos Estados Unidos,
onde seu pai era membro de um sindicato de fundição de uma fábrica, Kokal
entrou para o comitê de negociação do jornal. Ela dirigia para as casas dos
trabalhadores após o expediente para que eles assinassem as fichas de filiação
ao sindicato. “Quando eu estava na faculdade, não estávamos falando sobre
sindicalização nas redações. Agora, entre os estudantes jornalistas, existe
mais dessa ideia”, disse Kokal.
Quando William Westlake, de 24 anos, foi abordado pela
primeira vez para se juntar no Gimme! Café em Ithaca, Nova York, em 2016, ele
tinha uma lista de 140 perguntas para os organizadores antes de entrar para a
comissão sindical. Por exemplo: qual seria a estrutura de organização e quanto
ganharia o presidente do sindicato? Tinha aprendido sobre direitos trabalhistas
no colégio, mas não tinha certeza se grandes movimentos trabalhistas ainda
estavam na ativa.
Agora, ele lidera o esforço de organização em sua
unidade Starbucks em Buffalo, onde os trabalhadores de três lojas estão realizando
eleições sindicais e outros três entraram com petições solicitando uma eleição
para ingressar na União dos Trabalhadores. “É raro ter um amigo com quem eu já
não tenha falado sobre sindicalização em algum momento, quer você esteja
trabalhando com café ou começando como profissional médico ou engenheiro”, afirma
Westlake.