"A família Bolsonaro nunca teve apreço pela democracia. O Bolsonaro sempre fez apelo pela ditadura, tortura. E agora começam a dar uma demonstração de que estão cansados da experiência democrática", alerta o líder do PT na Câmara, em vídeo, lembrando de declarações recentes de Onyx Lorenzoni e Eduardo Bolsonaro; "A democracia está em perigo e nós precisamos ter uma grande mobilização, uma frente ampla em defesa da democracia e contra o fascismo", defende; assista
247 - O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) alerta, em um vídeo divulgado nas redes sociais neste domingo 24, que a democracia está em perigo e que o momento é de união por todas as forças que defendem a democracia, uma vez que a família Bolsonaro não tem qualquer apreço por ela e demonstra cansaço desse sistema político de governo.
Ele cita dois exemplos recentes para demonstrar, como as declarações do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que na última semana elogiou o ditador Augusto Pinochet e afirmou que ele "teve que dar um banho de sangue" no país, e de Eduardo Bolsoarno, filho do presidente, defendendo "uso da força" para tirar do poder o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
"A família Bolsonaro nunca teve apreço pela democracia. O Bolsonaro sempre fez apelo pela ditadura, tortura... e agora fizeram um consórcio para o governo, em conjunto com o Paulo Guedes, e começam a dar uma demonstração de que estão cansados da experiência democrática", diz Pimenta no vídeo.
"A democracia está em perigo e nós precisamos ter uma grande mobilização, uma frente ampla em defesa da democracia e contra o fascismo", completa o parlamentar.
Para Pimenta, a investigação do Supremo Tribunal Federal "vai demonstrar que essa rede utilizada nesse momento para atacar Rodrigo Maia e o STF é a mesma rede que sempre nos atacou e foi utilizada na campanha para disseminar as fake news".
Por Florestan Fernandes Júnior, para o Jornalistas pela Democracia - A pergunta que todos devem estar se fazendo hoje, menos de três meses após a posse do capitão, é por que, diabos, generais de alta patente embarcaram na campanha de Jair Bolsonaro? Todos tinham conhecimento do desequilíbrio emocional e da falta de estatura intelectual do candidato do PSL para a presidência da República. Todo o alto comando do Exército sabia dos motivos que levaram à expulsão de Bolsonaro da Escola de Oficiais.
Em 1988, o então tenente respondeu a 11 inquéritos no Supremo Tribunal Militar. Um deles era por ter proposto explodir bombas em quarteis do Exército no Rio para protestar contra os baixos salários das tropas. "Serão apenas explosões pequenas, para assustar o ministro. Só o suficiente para o presidente José Sarney entender que o Leônidas Pires Gonçalves (ministro do Exército na época) não e exerce nenhum controle sobre a tropa", disse uma esposa de oficial à repórter da Veja que fez a matéria sobre a ação nomeada de "Beco sem Saída". Na mesma reportagem, Bolsonaro diz: "temos um ministro incompetente e até racista".
Por conta da indisciplina, Bolsonaro ficou 15 dias preso. Foi para a reserva como herói das polícias do Rio. Seu discurso tosco encontrou ressonância não só nos quartéis, mas também nas empresas de segurança privada comandadas por policiais aposentados e ex-policiais que controlam as milícias nas periferias. Um apoio que ajudou a elegê-lo e também a colocar na política seus filhos e sua ex-mulher.
Pois bem, nesta carreira de quase 30 anos, o deputado federal Jair Bolsonaro apresentou apenas 2 projetos e ficou relegado ao grupo de parlamentares do chamado "baixo clero". Aparecia na mídia como um político excêntrico que chegava a propor absurdos como o de matar 30 mil pessoas começando por Fernando Henrique Cardoso.
Tudo leva a crer que setores das forças armadas pegaram uma carona na candidatura de Bolsonaro para retornar ao poder. Nenhum deles teve coragem de se lançar candidato numa campanha democrática, como fizeram no passado os generais Eurico Gaspar Dutra e Henrique Teixeira Lot. Se tivessem lançado um nome, não só fortaleceriam o processo democrático como teriam boas chances de ganhar a eleição.
Agora, a reboque de um capitão e de seus filhos sem projeto de governo, os oficiais da reserva se colocaram num mato com cachorros que mordem pra tudo que é lado. Em queda nas pesquisas de opinião, o capitão demostra aptidão apenas para fazer terrorismo através de fake news nas mídias sociais. Pior: ao se atrelar aos EUA e a Israel, Bolsonaro só pensa em fortalecer seu viés ideológico, mesmo que isso cause prejuízo aos setores produtivo e financeiro do país.
Na próxima semana, a Fiesp reunirá em torno do vice-presidente, general Hamilton Mourão, 500 empresários que querem soluções rápidas para a crise de governabilidade instalada no Planalto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirma em entrevista ao Estadão que o governo Bolsonaro é um deserto de ideias.
Em sua coluna na revista Exame, Sérgio Vale, economista da USP e da universidade de Wisconsin, diz que o país não suportaria outro impeachment como saída para enfrentar o caos do governo Bolsonaro. Mas que numa tentativa de golpe ele apostaria suas fichas em Mourão.
Para afastar Bolsonaro existem várias situações que estão sendo colocadas na mesa: a abertura de uma CPI para apurar o envolvimento dele e dos filhos com as milícias do Rio, o afastamento justificado pela saúde debilitada do capitão ou ainda uma intervenção pura e simples dos militares nos moldes de 1964. Todas elas são péssimas para a democracia e podem levar a um estado de exceção que poderia resultar no endurecimento das liberdades e dos direitos dos cidadãos.
Seja qual for o caminho que os generais decidirem seguir, uma coisa é certa: eles terão o apoio da mídia tradicional, do setor produtivo e dos mercados. Tanto defendeu o golpe de 1964 que, agora, é bem provável que Bolsonaro experimente ele mesmo uma puxada de tapete.
MAIA EXCLUI PACOTE ANTICRIME DE MORO DE SUA AGENDA NA CÂMARA
A queda de braço entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e setores do governo Bolsonaro continua; neste sábado (23), Maia deu a entender que o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, está fora da agenda e não terá vez na pauta da Casa tão cedo; "A minha agenda é a reforma da Previdência", disse Maia, que completou: "Depois da Previdência, a nossa agenda é a reforma tributária e a repactuação do Estado brasileiro", excluindo o projeto de Moro
247 - A queda de braço entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e setores do governo Bolsonaro continua. Neste sábado (23), Maia "deu a entender que o pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, está fora da agenda e não terá vez na pauta da Casa tão cedo", informou o Uol neste domingo (24). "A minha agenda é a reforma da Previdência", disse Maia.
Sérgio Moro enviou seu pacote anticrime para a Câmara em fevereiro, antes do projeto de reforma da Previdência, e contava com celeridade no andamento da matéria. Porém, Maia mandou o projeto para análise em um colegiado de deputados com prazo de 90 dias para a conclusão dos trabalhos, renováveis por mais 90, causando a insatisfação de Moro.
Apesar do congelamento temporário, Maia acenava com a possibilidade de colocar o projeto na sua lista de prioridades assim que a reforma da Previdência fosse votada. Mas com a troca de farpas dos últimos dias, a tendência é que a matéria seja esquecida até segunda ordem.
"Depois da Previdência, a nossa agenda é a reforma tributária e a repactuação do Estado brasileiro. É isso que queremos fazer. De que forma o governo vai ou não participar não é um problema meu, é um problema do Executivo", disse Maia, sem incluir o projeto anticrime de Moro. "Esse é o grande objetivo de todos no Brasil, organizar as contas do Estado brasileiro."
Bolsonaro é refém do personagem criado por ele. Apresentou-se como não político - logo ele que por quase 30 anos foi deputado. Como adversário da corrupção - logo ele que trocava com os filhos assessores que devolviam parte do salário. Disse que governaria para todos. Mentiu.