segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Opinião: As mulheres que se destacaram em 2016

Opinião: As mulheres que se destacaram em 2016


Uma retrospectiva das mulheres que nos inspiraram no ano de 2016, no Brasil e no Mundo; entre elas Dilma Rousseff, Luiza Erundina, Rafaela Silva, MC Carol, Tati Quebra Barraco e Berta Cáceres
Bom, parece que apesar de todos os pesares, 2016 finalmente está chegando ao seu fim. Esse ano, que quase acabou com a gente e permanecerá eternamente na infâmia, está enfim terminando e não podia acabar sem a nossa listinha homenageando as mulheres que se destacaram no Brasil e no mundo e conquistaram um lugar especial em nossos corações.
A primeira é a presidenta Dilma Rousseff que enfrentou magnanimamente e com uma dignidade ímpar o sórdido processo de impeachment e que se firmou como um exemplo para todas as mulheres do Brasil e do mundo como um exemplo de conquista, garra, dignidade e honestidade. O primeiro lugar não podia ser de outra mulher que não tem Dilma Rousseff.

Agência Efe

A presidente eleita Dilma Rousseff enfrentou um processo de impeachment que acabou com sua remoção do cargo
Não poderíamos deixar de lembrar também a atuação destemida das mulheres da bancada de apoio da presidenta Jandira Feghali, Maria do Rosário, Gleisi Hoffmann, Fátima Bezerra, Vanessa Grazziotin e Luiza Erundina que lutaram bravamente ao lado da presidenta durante todo o processo de impeachment e permanecem ainda hoje aguerridas combatendo o governo golpista e suas medidas impopulares que atacam diretamente os direitos trabalhistas, o SUS e a educação pública do Brasil.
E falando em educação a gente não podia esquecer das meninas secundaristas e da luta maravilhosa que elas protagonizaram durante os anos de 2015 e 2016 enfrentando toda a força do aparato policial e ocupando as escolas contra a proposta de reforma do ensino médio e a PEC 55, que congela por 20 anos os investimentos em educação.

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Meninas secundaristas e a luta dos estudantes secundaristas também foi importante o momento de 2016


2016 também foi o ano que o Brasil sediou pela primeira vez os jogos olímpicos e essas Olimpíadas foram das mulheres, com destaque especial para a garra da Seleção feminina de Futebol do Brasil e para a força da querida Rafaela Silva e seu discurso emocionado contra o racismo sofrido na olimpíada anterior em Londres. Rafaela Silva, negra de origem humilde e lésbica perseverou contra todos os preconceitos e todas as dificuldades que uma mulher negra e lésbica enfrenta no mundo e saiu vitoriosa. Seu choro emocionou o Brasil todo e sua vitória trouxe esperança à outras mulheres negras pobres e lésbicas que o Brasil insiste em não ver.

Roberto Castro/Brasil2016

A judoca e medalhista olímpica Rafaela Silva, após receber medalha de ouro no Rio, falou dos preconceitos que sofre por ser mulher negra, lésbica e de origem humilde

A cada minuto uma mulher faz um aborto no Brasil

Presidente da República Dominicana veta Código Penal que mantém criminalização do aborto e reabre debate no país

Tráfico de pessoas fez 63 mil vítimas no mundo entre 2012 e 2014, diz agência da ONU

 
Luana Barbosa dos Reis e Roseli Barbosa dos Reis:Infelizmente oposto foi o destino de Luana Barbosa dos Reis, também ela uma mulher negra lésbica e humilde, mas, ao contrário de Rafaela essa nossa homenagem à Luana, nasce de um momento de dor.Luana foi cruelmente espancada pela polícia militar e morreu em consequência dos ferimentos sofridos. Sua irmã Roseli denunciou bravamente a crueldade dos policiais em depoimento à Câmara de Ribeirão Preto.


As mulheres que se manifestaram por NI UNA MENOS: Em vários países da América Latina e também na Europa, milhares de mulheres foram às ruas protestar contra o bárbaro assassinato da adolescente Lúcia Perez, de 16 anos, na Argentina. Lúcia foi drogada, estuprada e empalada, no dia 8 de outubro. Depois de abusar sexualmente e provocar a morte da adolescente, os assassinos lavaram o corpo e o levaram até um centro de saúde, dizendo que ela tinha sofrido uma overdose. Mulheres protestaram por Ni Una Menos, Nenhuma a Menos, na Argentina, Chile, Peru, México, EUA, Brasil e França. O movimento surgiu em 2015, depois da morte de uma outra adolescente, Chiara Arroyo, de 14 anos, assassina da pelo namorado.

MC Carol de Niterói mostrou ao Brasil que mulher sabe compor, entende da história do Brasil e que não é obrigada a abaixar a cabeça nem para o racismo, nem para o machismo. Em 2016 ela lançou os hits “100% Feminista” e “Delação Premiada” que retratam a vida das mulheres na nossa sociedade e como o racismo e a violência contra a mulher se manifestam, principalmente nas comunidades mais carentes.
A cantora Tati Quebra Barraco também teve um destaque muito importante no ano de 2016. Cantora de funk, negra e periférica, teve seu filho morto pela Polícia Militar do Rio de Janeiro e, com por sua popularidade, ajudou a midializar o genocídio da população negra – que a cada 23 minutos, mata um jovem negro no Brasil, segundo dados da CPI do assassinato de jovens.
Elza Soares lançou em 2016 o álbum “A Mulher do Fim do Mundo”, em que canta “Você vai se arrepender de levantar a mão pra mim” em Maria da Vila Matilde, samba contra a violência sofrida por tantas mulheres. Com 80 anos de idade, Elza marcou o ano com um disco que dá força à luta das mulheres.
Também negra e compositora, MC Soffia é uma menina de 12 anos que ganhou o Brasil com a música “Menina Pretinha”, que exalta a importância das meninas negras se reconhecerem como rainhas. “Vou me divertir enquanto sou pequena, Barbie é legal, mas eu prefiro a Makena africana. Como história de griô, sou negra e tenho orgulho da minha cor. Africana, como história de griô, sou negra e tenho orgulho da minha cor. Menina pretinha, exótica não é linda. Você não é bonitinha, você é uma rainha!”

No plano internacional é preciso citar Theresa Kachindamoto, supervisora de um distrito em Malawi, que nos últimos 3 anos anulou mais de 850 casamentos forçados de meninas e as colocou de volta na escola. Ela encabeça a luta para abolir essa prática. Só no Malawi mais da metade das mulheres com menos de 18 anos são forçadas a iniciar a vida sexual se casando com homens que não desejam.
Carrie Fisher, a grande Princesa Leia, faleceu há menos de uma semana e gostaríamos de prestar uma homenagem póstuma à grande mulher que ela foi. Carrie Fisher declarou “Parem de discutir se eu envelheci bem ou não. Infelizmente isso fere todos os meus sentimentos. Meu corpo não envelheceu tão bem quanto eu. Dane-se. Juventude e beleza não são méritos. Eles são um alegre produto do tempo e do DNA.”.
Também numa homenagem póstuma, não podemos deixar de citar Berta Cáceres, da Comunidade Lenca, defensora das águas, do Rio Gualcarque, foi uma das fundadoras da COPINH (Conselho Civil das Organizações Populares e Indígenas de Honduras). Ela fez forte oposição à instalação de mineradoras nas terras indígenas. Financiada pelo Banco Mundial, a multinacional SinoHydro pretendia construir a Hidrelétrica água Zarca, no Rio Gualcarque. Berta organizou seu povo e decidiu defender seu território e o rio. Após muitas lutas, ameaças e mortes, sinoHydro e Banco Mundial se retiram, em um raro momento de vitória para as comunidades indígenas. Por ocasião do golpe contra o presidente de Honduras, Berta reagiu com veemência e passou a ser fortemente perseguida. Ela chegou a solicitar proteção, mas nunca foi atendida. Em 2015, Berta recebeu o Prêmio Goldman que reconhece, em âmbito internacional, defensores/as da Natureza. No dia 03 de março desse ano, Berta foi assassinada.
Mulheres da Polônia: Outro marco deste ano aconteceu em outubro na Polônia, quando milhares de mulheres se vestiram de preto e realizaram uma greve geral para protestar contra um projeto de lei que proibiria totalmente o aborto. Universidades, escolas, lojas e escritórios do governo passaram o dia com as portas fechadas. A luta pela autonomia de seus corpos uniu as mulheres do país todo.

Agência Efe

Manifestação de mulheres em Varsóvia
A cantora Beyoncé bateu de frente com Lemonade. O álbum fala sobre empoderamento do povo negro, violência policial e traição, e foi escrito e co-produzido pela própria Beyoncé.  As letras sugerem “uma jornada de autoconhecimento e cura de todas as mulheres”, como anunciado pela plataforma musical Tidal.
E para fechar a nossa lista com chave de ouro, homenageamos aqui todas as mulheres revolucionárias de Rojava que não só estão combatendo (e vencendo) as milícias extremistas do Estado Islâmico, como também protagonizam uma revolução política em sua região, criando uma alternativa de esquerda chamada Confederalismo Democrático, um sistema de governo de tendência marxista sem Estado Centralizado e com ênfase na libertação das mulheres como a primeira condição para uma sociedade livre e justa.
*Texto originalmente publicado em Jornalistas Livres

Chanceler Delcy Rodríguez declara que Venezuela entrega presidência temporária do Mercosul à Argentina


Chanceler Delcy Rodríguez declara que Venezuela entrega presidência temporária do Mercosul à Argentina


Suspensão de Venezuela do bloco não havia sido reconhecida por país, que acusou Brasil, Paraguai e Uruguai de 'golpe à institucionalidade'
A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, publicou nesta sexta-feira (30/12) uma carta dirigida a seus colegas do Mercosul na qual informa que entrega a presidência temporária do bloco regional à Argentina, após ter finalizado o “exercício legítimo” de sua gestão.
"Me dirijo aos senhores na ocasião de informar a finalização do exercício legítimo por parte da República Bolivariana da Venezuela da presidência temporária do Mercosul, assumida pela Venezuela de acordo com o estipulado no artigo 12 do Tratado de Assunção e no artigo 5 do Protocolo de Ouro Preto", diz a carta publicada na conta do Twitter de Rodríguez.
"Nesse sentido, a Venezuela formaliza a entrega da presidência do Mercosul à República Argentina, tal como corresponde conforme a legalidade e os tratados constitutivos deste bloco regional", acrescenta a carta.
Os quatro fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) haviam comunicado à Venezuela que o país deixaria de exercer seus "direitos inerentes" como integrante do bloco regional, após ter descumprido as obrigações assumidas no Protocolo de Adesão, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai em comunicado no dia 2 de dezembro. A decisão foi notificada à chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, pelos chanceleres dos quatro países, José Serra, Susana Malcorra (Argentina), Eladio Loizaga (Paraguai) e Rodolfo Nin Novoa (Uruguai).
AVN

Ministra Delcy Rodríguez: "Exercemos legitimamente a presidência Mercosul durante o semestre que corresponde"

Sob protestos da Venezuela, Argentina assume presidência rotativa do Mercosul

Maduro envia carta de protesto a governo da Argentina após chanceler denunciar agressão

Parlamentares brasileiras repudiam agressão a chanceler venezuelana na Argentina

 
Com a suspensão da Venezuela do bloco, o país ficou na mesma situação que a Bolívia, que participa com direito a voz, mas sem voto.
A Venezuela, no entanto, não reconheceu a suspensão e declarou que seguiria “exercendo a presidência legítima” e participaria “com direito a voz e voto em todas as reuniões como Estado Parte”.
Segundo o bloco econômico, a Argentina assumiu a presidência rotativa do Mercosul no dia 14 de dezembro, em reunião do bloco em Buenos Aires da qual a Venezuela não participou e sem o reconhecimento do país. “Assumimos a presidência Pró-tempore”, declarou Malcorra em entrevista coletiva no Palácio San Martín, na capital argentina, após reunião com os ministros do Paraguai, Eladio Loizaga, do Brasil, José Serra, e do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa.
O coordenador nacional da Venezuela no Mercosul, Héctor Constant, também denunciou a proibição do país de participar das reuniões do bloco como um “golpe à institucionalidade”.
(*) Com Agência Efe

O país dos doutores !!!


domingo, 16 de outubro de 2016

O país dos doutores !!!

Durante o governo de FHC houve um aumento de 16 mil novos doutores e mestres em nosso imenso Brasil. Durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu a formação de doutores e mestres em número muito maior, mas estranhamente esse aumento no número de mestres e doutores não se refletiu em uma melhora perceptível em nossa sociedade.

Desde que entrei na universidade, argumento que um aumento no número de pessoas com formação universitária, mestrado e doutorado não implicaria em uma mudança intelectual ou mesmo social na nação brasileira. Da mesma maneira que em um pais rico não é certeza de não existirem miseráveis e pessoas marginalizadas.

Sempre ouvi muito que o grande problema do Brasil é criar ricos em vez de criar riquezas e parafraseando, para a educação, é perfeitamente verdadeiro afirmar que o problema do Brasil é diplomar o maior número de doutores e esquecer de educar a população.


O status social


Qualquer cidadão sabe muito bem que o fato de se conseguir um diploma universitário tras oportunidade de melhoria primeiramente de vida para o adquirente do curso e isso não quer dizer que esse fato irá melhorar a qualidade de vida da população. A percepção que um curso de graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado traz melhorias pessoais torna comum chamarem de doutor os que possuem melhor um melhor padrão salarial e consequentemente melhor padrão de vida. Claro que, na maioria dos casos, são chamados de doutores visando tirarem algum proveito financeiro. Fique muito desconfiado quando for chamado de doutor em estacionamentos, restaurantes e até mesmo por feirantes que na realidade estão com interesse de terem algum proveito financeiro.

Mesmo para aqueles que não possuem diploma de doutor, muitas das vezes, se colocam como tal para exigirem respeito e tirarem alguma vantagem se posicionando como alguém importante na sociedade como é o caso de advogados, engenheiros, contadores, etc. Esse posicionamento mostra uma grande contradição onde podemos ser chamados “A miserável terra dos doutores”.


Raciocinam com o diploma!


Outro fato que está se tornando um grande problema é que tem muito doutor pensando que diploma e cérebro são coisa iguais. Muitos têm o diploma e o conhecimento é pífio em decorrência da má qualidade que são formados nessas universidades da vida. . Qualquer pessoa sabe que quem tem um título universitário, seja ele qual for, está apto na área que foi graduado, mas cada vez mais esses seres usam diplomas para dizer o que devemos fazer e achando que somente eles têm cérebro e querem impor as ideias como sendo os deuses da sabedoria em área que sequer possuem conhecimento.

Nos últimos seis anos fiz vários cursos de capacitação e muitos desses foram feitos online e por universidades fora do Estado (Sergipe) e a primeira vez que percebi que alguma estava errada foi quando em um desses cursos a tutora parabenizou todos os alunos presentes (estávamos em uma sala online) como alunos virtuais (ocorreu em outros cursos online e presenciais). Discordei e a tutorial usou o argumento que seriamos virtuais pelo fato de se comunicarmos e nunca interagirmos pessoalmente! Expliquei que o fato de uma pessoa não poder interagir pessoalmente não torna ela em um ser virtual e ele me mandou vários textos (alguns de doutores) tentando me convencer do contrário. Disse para a tutora e digo mais uma vez: estávamos em um curso online e éramos alunos online. Ainda argumentei que trabalhei vários anos em uma bancada de aplicação financeira e nunca conversei pessoalmente com os clientes e isso não tornava os clientes do banco em virtuais (as vezes alguns apareceriam em carne e osso).

Outro fato interessante foi quando me pediram um projeto (curso elaboração de projetos) e depois me pediram para converter em um programa. Solicitei para a Tutora (doutora em educação) que pegasse um dicionário e procurasse a diferença entre projetos e programas (são palavras sinônimas). Dessa vez foi pior, já que até colegas de trabalho argumentaram em favor da doutora! Argumentei que o que ela estava solicitando era que eu convertesse um modelo de ação futura (projeto) em outro modelo (programa) e não convertendo uma coisa em outra totalmente diferente.Que eu saiba as palavras  planejar, projetar e programar é criar modelo de como serão apresentadas ou efetuadas ações futuras e colocar nomes próprios em modelos usando palavras sinônimas é criar mais confusão na nossa combalida língua portuguesa.  

Complicado é quando você pega, esse doutores, como coordenadores pedagógicos estando em sala de aula e fica tentando te dizer como você deve ministrar suas aulas. A grande maioria, desses novos profissionais, nunca lecionou uma única aula e se baseia única e exclusivamente nas teorias educacionais que decoraram nos cursos pedagógicos.

O problema de se ter um diploma leva muitas dessas pessoas culturalmente e psicologicamente se posicionar como um ser superior, ter preconceito com que não é doutor e tendo o direito de dizer o que você dever fazer e como pensar. Tem até casos de doutores que fica contestando de algumas profissões ganharem salários iguais ou superiores ao deles (bons carpinteiros chegam ganhar salários iguais ou mesmo superiores a alguns professores) e questionando como pode já que ele estudou e é doutor (isso se chama carteirada).

Antônio Carlos Vieira
Licenciatura Plena - Geografia (UFS)

CIRO GOMES : ´´DELTAN DALLAGNOL É UM FASCISTA QUE FALA EM NOME DE DEUS ``

Clique:

https://www.youtube.com/watch?v=HLWg1tNKrt0

A retrospectiva do golpe

Clique:

https://www.youtube.com/watch?v=xgdH_5du7Ws

CONHEÇA DEZ HISTÓRIAS DE CORRUPÇÃO DURANTE A DITADURA MILITAR DE 1964

Conheça dez histórias de corrupção durante a ditadura militar de 1964

Marcelo Freire

O UOL listou dez denúncias de corrupção, tendo como fonte a série de quatro livros de Elio Gaspari sobre o período da ditadura militar ("A Ditadura Envergonhada", "A Ditadura Escancarada", "A Ditadura Derrotada" e "A Ditadura Encurralada") e reportagens da época.

1 - Contrabando na Polícia do Exército

A partir de 1970, dentro da 1ª Companhia do 2º Batalhão da Polícia do Exército, no Rio de Janeiro, sargentos, capitães e cabos começaram a se relacionar com o contrabando carioca. O capitão Aílton Guimarães Jorge, que já havia recebido a honra da Medalha do Pacificador pelo combate à guerrilha, era um dos integrantes da quadrilha que comercializava ilegalmente caixas de uísques, perfumes e roupas de luxo, inclusive roubando a carga de outros contrabandistas. Os militares escoltavam e intermediavam negócios dos contraventores. Foram presos pelo SNI (Serviço Nacional de Informações) e torturados, mas acabaram inocentados porque os depoimentos foram colhidos com uso de violência – direito de que os civis não dispunham em seus processos na época. O capitão Guimarães, posteriormente, deixaria o Exército para virar um dos principais nomes do jogo do bicho no Rio, ganhando fama também no meio do samba carioca. Foi patrono da Vila Isabel e presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba).

2 - A vida dupla do delegado Fleury

Um dos nomes mais conhecidos da repressão, atuando na captura, na tortura e no assassinato de presos políticos, o delegado paulista Sérgio Fernandes Paranhos Fleury foi acusado pelo Ministério Público de associação ao tráfico de drogas e extermínios. Apontado como líder do Esquadrão da Morte, um grupo paramilitar que cometia execuções, Fleury também era ligado a criminosos comuns, segundo o MP, fornecendo serviço de proteção ao traficante José Iglesias, o "Juca", na guerra de quadrilhas paulistanas. No fim de 1968, ele teria metralhado o traficante rival Domiciano Antunes Filho, o "Luciano",  com outro comparsa, e capturado, na companhia de outros policiais associados ao crime, uma caderneta que detalhava as propinas pagas a detetives, comissários e delegados pelos traficantes. O caso chegou a ser divulgado à imprensa por um alcaguete, Odilon Marcheronide Queiróz ("Carioca"), que acabou preso por Fleury e, posteriormente, desmentiu a história a jornais de São Paulo. Carioca seria morto pelo investigador Adhemar Augusto de Oliveira, segundo o próprio revelaria a um jornalista, tempos depois.

Os atos do delegado na repressão, no entanto, lhe renderam uma Medalha do Pacificador e muita blindagem dentro do Exército, que deixou de investigar as denúncias. Promotores do MP foram alertados para interromper as investigações contra Fleury. De acordo com o relato publicado em "A Ditadura Escancarada", o procurador-geral da Justiça, Oscar Xavier de Freitas, avisou dois promotores em 1973: "Eu não recebo solicitações, apenas ordens. (…) Esqueçam tudo, não se metam em mais nada. Existem olheiros em toda parte, nos fiscalizando. Nossos telefones estão censurados".
No fim daquele ano de 1973, o delegado chegou a ter a prisão preventiva decretada pelo assassinato de um traficante, mas o Código Penal foi reescrito para que réus primários com "bons antecedentes" tivessem direito à liberdade durante a tramitação dos recursos. Em uma conversa com Heitor Ferreira, secretário do presidente Ernesto Geisel (1974-1979), o general Golbery do Couto e Silva – então ministro do Gabinete Civil e um dos principais articuladores da ditadura militar – classificou assim o delegado Fleury, quando pensava em afastá-lo: "Esse é um bandido. Agora, prestou serviços e sabe muita coisa". Fleury morreu em 1979, quando ainda estava sob investigação da Justiça.

3 - Governadores biônicos e sob suspeita

Em 1970, uma avaliação feita pelo SNI ajudou a determinar quais seriam os governadores do Estado indicados pelo presidente Médici (1969-1974). No Paraná, Haroldo Leon Peres foi escolhido após ser elogiado pela postura favorável ao regime; um ano depois, foi pego extorquindo um empreiteiro em US$ 1 milhão e obrigado a renunciar. Segundo o general João Baptista Figueiredo, chefe do SNI no governo Geisel, os agentes teriam descoberto que Peres "era ladrão em Maringá" se o tivessem investigado adequadamente. Na Bahia, Antônio Carlos Magalhães, em seu primeiro mandato no Estado, foi acusado em 1972 de beneficiar a Magnesita, da qual seria acionista, abatendo em 50% as dívidas da empresa.

4 - O caso Lutfalla

Outro governador envolvido em denúncias foi o paulista Paulo Maluf. Dois anos antes de assumir o Estado, em 1979, ele foi acusado de corrupção no caso conhecido como Lutfalla – empresa têxtil de sua mulher, Sylvia, que recebeu empréstimos do BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento) quando estava em processo de falência. As denúncias envolviam também o ministro do Planejamento Reis Velloso, que negou as irregularidades, e terminou sem punições.

5 - As mordomias do regime

Em 1976, as Redações de jornal já tinham maior liberdade, apesar de ainda estarem sob censura. O jornalista Ricardo Kotscho publicou no "Estado de São Paulo" reportagens expondo as mordomias de que ministros e servidores, financiados por dinheiro público, dispunham em Brasília. Uma piscina térmica banhava a casa do ministro de Minas e Energia, enquanto o ministro do Trabalho contava com 28 empregados. Na casa do governador de Brasília, frascos de laquê e alimentos eram comprados em quantidades desmedidas – 6.800 pãezinhos teriam sido adquiridos num mesmo dia. Filmes proibidos pela censura, como o erótico "Emmanuelle", eram permitidos na casa dos servidores que os requisitavam. Na época, os ministros não viajavam em voos de carreira, e sim em jatos da Força Aérea.

Antes disso, no governo Médici já se observavam outras regalias: o ministro do Exército, cuja pasta ficava em Brasília, tinha uma casa de veraneio na serra fluminense, com direito a mordomo. Os generais de exército (quatro estrelas) possuíam dois carros, três empregados e casa decorada; os generais de brigada (duas estrelas) que iam para Brasília contavam com US$ 27 mil para comprar mobília. Cabos e sargentos prestavam serviços domésticos às autoridades, e o Planalto também pagou transporte e hospedagem a aspirantes para um churrasco na capital federal.

6 - Delfim e a Camargo Corrêa

Delfim Netto – ministro da Fazenda durante os governos Costa e Silva (1967-1969) e Médici, embaixador brasileiro na França no governo Geisel e ministro da Agricultura (depois Planejamento) no governo Figueiredo – sofreu algumas acusações de corrupção. Na primeira delas, em 1974, foi acusado pelo próprio Figueiredo (ainda chefe do SNI), em conversas reservadas com Geisel e Heitor Ferreira. Delfim teria beneficiado a empreiteira Camargo Corrêa a ganhar a concorrência da construção da hidrelétrica de Água Vermelha (MG). Anos depois, como embaixador, foi acusado pelo francês Jacques de la Broissia de ter prejudicado seu banco, o Crédit Commercial de France, que teria se recusado a fornecer US$ 60 milhões para a construção da usina hidrelétrica de Tucuruí, obra também executada pela Camargo Corrêa. Em citação reproduzida pela "Folha de S.Paulo" em 2006, Delfim falou sobre as denúncias, que foram publicadas nos livros de Elio Gaspari: "Ele [Gaspari] retrata o conjunto de intrigas armado dentro do staff de Geisel pelo temor que o general tinha de que eu fosse eleito governador de São Paulo", afirmou o ex-ministro.

Outro lado: Em relação às denúncias que envolvem seu nome nesse texto, o ex-ministro Delfim Netto respondeu ao UOL: "Trata-se de velhas intrigas que sempre foram esclarecidas. Nunca tive participação nos eventos relatados".

7 - As comissões da General Electric

Durante um processo no Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) em 1976, o presidente da General Electric no Brasil, Gerald Thomas Smilley, admitiu que a empresa pagou comissão a alguns funcionários no país para vender locomotivas à estatal Rede Ferroviária Federal, segundo noticiou a "Folha de S.Paulo" na época. Em 1969, a Junta Militar que sucedeu Costa e Silva e precedeu Médici havia aprovado um decreto-lei que destinava "fundos especiais" para a compra de 180 locomotivas da GE. Na época, um dos diretores da empresa no Brasil na época era Alcio Costa e Silva, irmão do ex-presidente, morto naquele mesmo ano de 1969. Na investigação de 1976, o Cade apurava a formação de um cartel de multinacionais no Brasil e o pagamento de subornos e comissões a autoridades para a obtenção de contratos.

8 - Newton Cruz, caso Capemi e o dossiê Baumgarten

O jornalista Alexandre von Baumgarten, colaborador do SNI, foi assassinado em 1982, pouco depois de publicar um dossiê acusando o general Newton Cruz de planejar sua morte – segundo o ex-delegado do Dops Cláudio Guerra, em declaração de 2012, a ordem partiu do próprio SNI. A morte do jornalista teria ligação com seu conhecimento sobre as denúncias envolvendo Cruz e outros agentes do Serviço no escândalo da Agropecuária Capemi, empresa dirigida por militares, contratada para comercializar a madeira da região do futuro lago de Tucuruí. Pelo menos US$ 10 milhões teriam sido desviados para beneficiar agentes do SNI no início da década de 1980. O general foi inocentado pela morte do jornalista.

9 - Caso Coroa-Brastel

Delfim Netto sofreria uma terceira acusação direta de corrupção, dessa vez como ministro do Planejamento, ao lado de Ernane Galvêas, ministro da Fazenda, durante o governo Figueiredo. Segundo a acusação apresentada em 1985 pelo procurador-geral da República José Paulo Sepúlveda Pertence, os dois teriam desviado irregularmente recursos públicos por meio de um empréstimo da Caixa Econômica Federal ao empresário Assis Paim, dono do grupo Coroa-Brastel, em 1981. Galvêas foi absolvido em 1994, e a acusação contra Delfim – que disse na época que a denúncia era de "iniciativa política" – não chegou a ser examinada.

10 - Grupo Delfin

Denúncia feita pela "Folha de S.Paulo" de dezembro de 1982 apontou que o Grupo Delfin, empresa privada de crédito imobiliário, foi beneficiado pelo governo por meio do Banco Nacional da Habitação ao obter Cr$ 70 bilhões para abater parte dos Cr$ 82 bilhões devidos ao banco. Segundo a reportagem, o valor total dos terrenos usados para a quitação era de apenas Cr$ 9 bilhões. Assustados com a notícia, clientes do grupo retiraram seus fundos, o que levou a empresa à falência pouco depois. A denúncia envolveu os nomes dos ministros Mário Andreazza (Interior), Delfim Netto (Planejamento) e Ernane Galvêas (Fazenda), que chegaram a ser acusados judicialmente por causa do acordo.