segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

QUEM PODE TIRAR O BRASIL DO LODO?

Quem pode tirar o Brasil do lodo?
Saul Leblon
A guinada editorial dos últimos dias é tão seca que os leitores e assinantes da mídia conservadora poderiam acionar o Procon por propaganda enganosa.
Depois de incentivar as ‘expectativas otimistas dos mercados’ com a promessa de que os rios verteriam leite e fios de mel desceriam das encostas - tão logo o comando da nação retornasse às mãos dos livres mercados - a emissão conservadora mudou o tom abruptamente para a chave sombria.
Não foi isso que se vendeu ao longo de meses de exortação ao golpe.
Mais precisamente há um ano, com o início oficial do processo de impeachment, autorizado em 2 de dezembro de 2015 pelo impoluto Eduardo Cunha - então presidente da Câmara, ‘camera’, segundo o infalível Moro - o que se ouvia e se lia eram sopros de euforia a prometer a redenção imediata, tão logo a escolha de 54 milhões de brasileiros fosse revogada.
O clima ruim que se espalha agora dos circuitos do dinheiro para os labirintos do poder, e reverbera das redações para o país, desativa esse compressor de expectativas otimistas.
‘Economia derrete’, disparou como se fosse a sirene de um carro de bombeiro, o jornal Valor Econômico, no alto da página da semana passada (01/12).
Quando um dos principais sopradores do otimismo associados ao golpe diz que a nação derrete é melhor prestar atenção.
A mensagem sugere que reina o mais completo caos na sala de comando.
A ‘decolagem’ política não ativou o módulo onde fica o combustível econômico.
Os investidores externos não afluíram em filas nas bolsas ou fora delas.
Ao contrário.
O Real fechou a última semana como a segunda moeda a sofrer a maior desvalorização mundial, só superada pela lira turca.
O que significa isso?
Significa que ninguém precisa, ninguém quer o dinheiro brasileiro: o país saiu do monitor das prioridades internacionais do capital.
Não são muito melhores as expectativas para 2017.
O desastre não seria completo se ao cheiro do otimismo derretido não se misturasse o bodum de quem sente as labaredas do colapso cozinharem seus dogmas.
‘As pressões por cortes de juros crescem’, diz o mesmo Valor – o porta-voz mais explícito dos mercados - do alto de suas agora abaladas convicções monetaristas.
Quando o herege era o governo da Presidenta Dilma, ‘especialistas’ nunca hesitaram em condenar o ‘intervencionismo lulopetista’, em sua tentativa ‘artificial’ de forçar a queda dos juros.
A água chegou no nó das gravatas italianas e o discurso mudou.
O que aconteceu em 2012, porém, não deve ser esquecido.
Não por uma retaliação tola.
Argumentos não farão o golpe recuar.
Quem pode fazer isso é a rua.
Mas a memória é um pedaço do futuro que está em disputa.
Evidenciar a irresponsabilidade conservadora no trato das grandes questões nacionais cumpre uma função profilática no discernimento social.
Não duvide: o que está em disputa é se a democracia - leia-se a vontade da maioria e os instrumentos aos quais ela pode recorrer - tem ou não capacidade de reordenar o passo seguinte do desenvolvimento brasileiro.
O que o aparelho emissor do golpe nos tem dito há mais de um ano é que ‘não’.
A democracia é um adereço para dias amenos, tempos felizes de ventos alísios e temperança humana.
Não se ataca direto a participação da sociedade nas escolhas que moldar o seu destino.
Identifica-se no PT a incapacidade, melhor, a ilegitimidade para agir nesse tipo de travessia.
A instalação de uma falsa memória no socavão do imaginário social é decisiva para isso.
É o que tem sido feito por um aparato diuturno de destruição, desqualificação e criminalização de tudo aquilo que foi erguido, conquistado e semeado desde 2003.
A ponto de segmentos do próprio campo da esquerda terem assimilado a devassa como pauta e aderido à cantilena de que ‘é preciso recomeçar o Brasil do zero’.
Quem recomeçar? Naturalmente, os organismos e átomos primais não contaminados pela investida recente do ‘populismo’ no país.
O Mercado, os Juízes e Promotores acima de qualquer suspeita, as grandes corporações internacionais, os tecnocratas etc.
É preciso disputar a memória com o chip do esquecimento e da manipulação.
Uma verdade a ser reposta é que todas as tentativas anteriores de se reordenar o desenvolvimento brasileiro – em condições melhores e mais previsíveis do que as atuais - foram boicotadas pelos interesses que, unificados em torno do golpe, agora jogam a toalha no caso do juro, por exemplo.
À memória:
Em 2012, quando a Presidenta Dilma abraçou a agenda da redução dos juros como um requisito à renovação da política econômica, a mídia que hoje aquiesce para a necessidade de acelerar a queda das taxas abriu fogo;
Dilma insistiu, como noticiava O Globo em 09/04/2012:
‘O Brasil deve passar por uma fase de reordenamento de todas as variáveis pouco competitivas. A redução dos juros (uma delas) é uma questão de equilíbrio. Eu espero que haja um processo de convergência dos juros para patamares internacionais’, explicava a presidenta diante da urgência de se reorganizar a máquina do crescimento com ênfase no investimento, não mais no consumo.
O governo apostou alto nesse jogo.
Tão alto que trincou de vez os laços com ‘os mercados’ (o dinheiro grosso a juro).
Enquanto Dilma exortava a banca, ferramentas indutoras eram acionadas.
Em abril de 2012, a Caixa Econômica Federal (CEF) sucedia o Banco do Brasil na redução das taxas em várias linhas de financiamento.
Era um fogo de barragem do sistema financeiro estatal (hoje em processo de desmanche pelo golpe) para emparedar as taxas na banca privada.
Tratava-se, entre outras coisas, de forçar a queda do spread (leia-se, do megalucro) em todo o mercado.
Os bancos privados tiveram que apresentar um plano à sociedade nessa direção.
Fizeram-no a contragosto.
A coalizão contra Dilma começou a ser urdida nesse braço de ferro em torno do lucro bancário (dos acionistas de bancos...).
Seu fracasso na urna em 2014 acionou o plano B, que ora afunda a nação no lodo.
Esse ilustrativo capítulo da memória recente foi apagado pelos escribas que ora admitem que o país ‘derrete’.
Importa reter – a bem da função pedagógica da memória - que o governo Dilma e o PT também cometeram erros nesse capítulo.
O principal deles foi atacar o privilégio rentista apenas com peso da indução estatal, sem recorrer ao apoio popular num confronto muito mais político que econômico.
Ademais do boicote do establishment, o plano fracassou por isso.
Mas a pertinência e a oportunidade estavam corretas.
A amplitude do desastre por não tê-lo feito na hora própria pode ser avaliada agora pela intempestiva guinada da mídia, que pede a aceleração daquilo que antes reverberava como anátema.
O paradoxo fica maior quando se sabe que as chances de êxito então eram maiores que agora.
A dívida pública como proporção do PIB era significativamente inferior à atual e havia superávit fiscal, ao contrário dos R$ 170 bilhões de déficit contratados pelo golpe.
Qual a novidade ‘favorável’ hoje?
O desastre.
Todos os componentes da demanda e do consumo que formam o PIB desabaram no terceiro trimestre.
Desde o início de 2014, quando se intensificou a escalada conservadora para inviabilizar o governo, derrotá-lo nas urnas ou pelo golpe, o PIB acumula um tombo de 8,5%.
A convicta previsão ‘dos mercados’ de uma volta do crescimento em 2017 murcha sob o outono antecipado do golpe.
O banco com maior capilaridade no país depois do Banco do Brasil, o Bradesco, já fala em um pífio 0,3% de crescimento para o próximo ano.
Não há força de expressão na metáfora ‘derrete’.
O que há é um exército de 22 milhões de desempregados, precários ou simplesmente gente que desistiu de procurar por uma vaga, pulsando incerteza e revolta no metabolismo político.
O consumo acumula um tombo de 10%, sendo de 30% o mergulho da taxa de investimento.
O presente murcha, o futuro definha.
É o lodo econômico.
A produção industrial teve o pior outubro desde 2013, com retração puxada justamente pelo setor de bens de capital (queda de 2,2% no mês e de 17,4% em 12 meses).
O dado antecipa novo tombo no investimento brasileiro.
Significa que cada dia de sobrevivência do golpe terá um preço alto para a nação.
Aquilo que em 2012 teria um efeito catalisador virtuoso, a queda nos juros, agora poderá ser insuficiente em um ambiente político conflagrado, com elevada ociosidade industrial, famílias e empresas endividadas, desemprego a galope, Trump amplificando as incertezas externas, a cadeia do petróleo e as grandes empreiteiras esquartejadas pela ação no mínimo irresponsável da Lava-Jato.                                                                                         
O Brasil é um país-náufrago que grita por socorro.
A disputa pela memória, que é também a do futuro, gira em torno da pergunta: quem poderá ouvi-lo e, sobretudo, proceder ao resgate?
Já houve um momento assim.
Nos anos 80, o colapso econômico e político sincronizado parecia engolfar a nação num atoleiro insuperável.
A resposta que rompeu o cadeado das impossibilidades nacionais veio de onde terá que vir novamente: da aliança de amplos setores decididos a não morrer no pântano ao qual a irresponsabilidade conservadora arrastava a economia e a sociedade.
Quando esse salto venceu a hesitação e assumiu a forma de uma aliança da rua com a democracia o Brasil ressuscitou.
Um sistema político ditatorial esgotado, acoplado a uma bomba de sucção financeira para o pagamento da dívida externa, garroteava o pescoço e a nossa alma nos anos 80.
Dessa mistura ácida nasceu a ‘década perdida’, um termo imperfeito para designar um ciclo que engordou credores murchando a sociedade, o que resultou num todo ainda mais desigual e excludente.
O golpe ameaça ir além na sua danação.
O que se anuncia agora é a necessidade de duas décadas perdidas de igual cepa.
O prazo foi inscrito na PEC 55 como o tempo necessário para debulhar a Carta Cidadã, atropelar o pacto social de 1988, triturar a CLT, extirpar direitos e amesquinhar conquistas.
Dias de fúria e noites de assombração não deixam dúvida: um ciclo da nossa história se esgotou, outro precisa ser pactuado.
Não se renda ao sofá, nem terceirize o leme: as implicações dessa travessia marcarão todo o século XXI brasileiro.
A batalha essencial cabe nessa interrogação.
Quem vai modelar o país dos próximos 15 anos - o lodo ou a insatisfação mobilizada da sociedade?
A lógica autônoma da ganância rentista? Ou as escolhas do discernimento democrático, inteiradas das possibilidades e limites da nação?
Sim, há limites em jogo.
No momento em que de dentro das próprias fileiras do golpe ecoam sinais de que é preciso atingir o núcleo duro da crise – a dominância financeira que asfixia os interesses gerais da nação - é a hora de uma frente ampla liderar a sedimentação do que é essencial e crível ao lado do não negociável.
Não é um exercício retórico, mas uma construção de força e consentimento a ser erguida nas ruas e praças.
A lógica oposta não saciará enquanto não abater, eviscerar e desossar integralmente o espaço do desenvolvimento e da soberania brasileira no século XXI.
As implicações são avassaladoras.
A doença rentista que hoje sabota, espreme e estreita o alicerce social do emprego e do investimento consome 8% do PIB em juros por ano.
A república rentista quer perpetuar esse desfrute.
Ele inviabiliza guinchar o Brasil para fora do lodo.
Para a atividade produtiva, por exemplo, significa um garrote vil seccionando todas as suas artérias.
Daí segue-se o sabido.
A retração da atividade compromete a receita do Estado e reduz a margem de ação fiscal do governo. Leia-se: direitos sociais e infraestrutura.
A anemia do investimento público e da demanda popular afugenta o capital produtivo.
A ideia de que um novo degrau de arrocho resolveria isso, devolveria ao capitalismo brasileiro a leveza e a generosidade que ele nunca teve, já pode ser medida em metros cúbicos de fracasso econômico, social e institucional.
Sem freios e contrapesos de repactuação política, que viabilizem a ação coordenadora do Estado, será impossível retomar o comando democrático de um sistema econômico desordenado.
Panaceias conservadoras, do tipo ‘cortar na carne’, ou a ilusão - à esquerda - na autossuficiente taxação dos ricos, transpiram notória limitação diante do chão mole que ganhou profundidade pantanosa nos últimos seis meses de desastroso poder golpista.
Cortando o que for possível, taxando o que for capaz, ainda assim a sociedade se defrontará com dilemas superlativos diante de urgências sobrepostas e interditos alargados pelos erros sucessivos cometidos na aventura iniciada em 2 de dezembro de 2015.
O desassombro para negociar uma travessia crível implica a honestidade de compartilhar flancos e riscos, dividir ônus e legitimar salvaguardas – como a garantia do emprego, o poder de compra das famílias assalariadas, os serviços públicos e os programas sociais; mas também alongar o calendário das conquistas e dos sacrifícios.
Importante: ampliar a margem de manobra das políticas de desenvolvimento inclui um esforço hercúleo para romper a unidade entre a classe média e o capital.
Interesses não antagônicos à expansão do investimento, da justiça social e da ativação do mercado de massa brasileiro devem ser incorporados à agenda ecumênica de uma frente ampla.
Qualquer coisa menos que isso jogará a nação num moedor interminável de crises e ajustes, que os números atuais do desemprego, da receita, do investimento e do encolhimento industrial prefiguram e advertem.
O lodo pode vencer.
É preciso começar a drená-lo com a força e o consentimento da maioria da nação. Hoje, amanhã pode ser tarde para abortar décadas de retrocesso.

Fidel é enterrado neste domingo em Santiago, junto a líder da independência de Cuba


Fidel é enterrado neste domingo em Santiago, junto a líder da independência de Cuba


Após cortejo pelo país que durou quatro dias, em percurso em homeagem à Caravana da Liberdade, cinzas de Fidel Castro são enterradas em Santiago
As cinzas do líder revolucionário e ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, foram enterradas neste domingo (04/12), às 7h (10h de Brasília), no cemitério Santa Ifigênia, na cidade de Santiago. Em cerimônia fechada a parentes e convidados, as cinzas de Fidel foram depositadas em local próximo de onde estão os restos mortais de José Martí, um dos símbolos da independência do país dos domínios da Espanha, em 1898.
O anúncio da morte de Fidel, em 25 de novembro, silenciou Cuba. Seu corpo foi cremado na manhã do dia seguinte, e o enterro deste domingo encerra a série de atos fúnebres realizados em homenagem à memória de Fidel, como parte dos nove dias de luto decretados pelo governo cubano.
As primeiras homenagens começaram na segunda-feira (28/11), quando cubanas e cubanos da capital Havana esperaram mais de seis horas para assinar o livro com o compromisso com a Revolução Cubana e passaram pela sala fúnebre montada no Memorial José Martí, para um último adeus ao líder revolucionário.
No dia seguinte, em um grande ato que reuniu mais de 2 milhões de pessoas e chefes de governo de outros países, o povo de Cuba lotou a praça da Revolução, em frente ao memorial, para gritar as palavras que se espalharam por todo o país como um mantra: “Eu sou Fidel”. O ato se encerrou com um discurso do irmão de Fidel e atual presidente de Cuba, Raúl Castro.
Caravana da Liberdade
A partir da quarta-feira (30/11), um cortejo com as cinzas de Fidel percorreu o interior do país, numa repetição da Caravana da Liberdade, que marcou a vitória dos revolucionários que derrubaram o regime de Fulgêncio Batista, em 1959. Fazendo o percurso inverso ao da caravana, o cortejo passou por Mayaveque, Matanza, Santa Clara, Santo Espírito, Ciudad de Ávila, Camaguey, Las Tunas, Olguín e Bayamo até chegar a Santiago.
Agência Efe

Milhares de pessoass foram às ruas para último adeus ao líder cubano

Cientes da importância de Fidel Castro, jovens em Cuba dizem ter vontade de viajar pelo mundo

Povo nas ruas e simbolismo marcam fim do cortejo com cinzas de Fidel

'Fidel nos ensinou que, sim, podemos', diz Raul Castro; veja íntegra de discurso em Santiago

 
A última parada se deu em Santiago, neste sábado (03/12), onde à noite a praça Antonio Maceo foi tomada para um novo ato de massas com a presença de chefes de governo, representantes de países e personalidades, como o jogador argentino Diego Maradona e o vitorioso atleta cubano em salto em altura Javier Sotomayor. Os ex-presidentes brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff estavam entre os que acompanharam o ato em homenagem a Fidel Castro.
O ato começou pontualmente às 19h (22h de Brasília), com a execução do hino nacional de Cuba, e se estendeu até as 20h30. A seguir, representantes de movimentos sociais e organizações de trabalhores cubanos fizeram discursos relembrando a importância de Fidel para cada um dos movimentos.
Discursaram, pela ordem: Ulisses Nascimiento, presidente da Central dos Trabalhadores de Cuba; Rafael Poso, presidente da Associação Nacional dos Pequenos Agricultores; José Carrillo Gomes, presidente da Associação de Combatentes Cubanos; Carlos Rafael Martinez, Coordenador Nacional dos Comitês de Defesa da Revolução; Tereza Boué, secretária nacional das Federação das Mulheres de Cuba; Miguel Lanza, presidente da União Nacional de Escritores e Artistas de Cuba; Jennifer Martinez, presidenta da Federação de Estudantes Universitários; e, Susely Gonzales, primeira-secretária da União da Juventude Cubana.
Raúl Castro foi o último a falar. Em seu discurso, o presidente cubano lembrou que foi Fidel quem ensinou ao país que “sim, se pode”, rementendo a diversos momentos da história recente de Cuba em que o país enfrentou dificuldades. Após a fala do presidente, foi exibido um vídeo com imagens dos momentos mais significativos de Fidel, como o apoio dado a Nelson Mandela para debelar o apartheid na África do Sul ou as ações humanitárias na área da saúde.

Fidel 'encarou a aspiração do povo cubano e latino-americano à independência e à soberania', diz Dirceu


Fidel 'encarou a aspiração do povo cubano e latino-americano à independência e à soberania', diz Dirceu


Leia na íntegra carta de José Dirceu em homenagem ao ex-presidente e líder cubano Fidel Castro, enterrado neste domingo (04/12) em Santiago
Acabo de saber da morte de Fidel. São 9h15 da manhã de sábado. Ontem, dia de visitas aqui no Complexo Médico Penal, eu pedia para que transmitissem a amigos meus cumprimentos pelos seus 90 anos celebrados em 13 de agosto, o que não pude fazê-lo pessoalmente por estar preso.
Coincidentemente, hoje, recebo a triste e infelizmente esperada notícia, já que Fidel vivera e sobrevivera a uma longa enfermidade. Não só lutou contra ela e resistiu, mas passou por essa longa jornada sempre trabalhando e lutando, escrevendo e estudando, pesquisando e recebendo os companheiros de luta de todo o mundo.
Fidel era um sobrevivente de inúmeros atentados e tentativas de assassinato, hoje comprovadas pelos próprios documentos oficiais do governo dos Estados Unidos - da luta estudantil, do ataque a Moncada, do desembarque do "Granma", da guerrilha e, depois, vencendo a batalha de Girón e enfrentando a longa luta para consolidar a revolução nos anos 60/70.
EBC

Amizade de José Dirceu e Fidel Castro começou há mais de 40 anos

Povo nas ruas e simbolismo marcam fim do cortejo com cinzas de Fidel

Fidel é enterrado neste domingo em Santiago, junto a líder da independência de Cuba

'Fidel nos ensinou que, sim, podemos', diz Raul Castro; veja íntegra de discurso em Santiago

 
Um líder revolucionário e estadista, colocou Cuba e seu povo na história do século 20. Participou e foi protagonista, mesmo governando uma ilha de 100 mil km² e 10 milhões de habitantes, de todos os grandes acontecimentos mundiais e esteve presente em todas as grandes lutas de independência e contra as ditaduras nas décadas de 60, 70 e 80, na América Latina e na África.
Enfrentou e não se rendeu à maior potência do mundo, os Estados Unidos da América.
Como ninguém, encarou a aspiração do povo cubano e latino-americano à independência e à soberania, seguindo a herança do pai de Cuba, José Martí, e dos grandes da América Latina, como Bolívar. Foi um símbolo de esperança e fonte de inspiração para os pobres, deserdados, explorados e oprimidos de todo o mundo.
EBC

José Dirceu participou da comitiva do ex-presidente Lula em visita a Cuba
Tive, já em 1969, ao chegar a Cuba, a surpresa de encontrá-lo pela primeira vez. Jovial, alegre e emocionado, foi nos dar as boas-vindas e nos prestar solidariedade. Chegávamos a Cuba vindos do México, para onde fomos ao sair das prisões da ditadura brasileira trocados pelo embaixador norte-americano. Foi o primeiro de muitos encontros durante minha vida em Cuba e, depois, como petista, deputado, ministro e, por fim, ex-ministro e de novo perseguido e exilado dentro do meu próprio país.
Nunca me faltou com a solidariedade e apoio - ele e Cuba - e se manifestou em sua plenitude, não quando eu estava no governo, e sim sempre quando eu mais necessitava - de novo banido e caluniado nos anos do mensalão e também depois da minha condenação e prisão em 2013. Anos de infâmia, quando Fidel e Cuba continuaram solidários.
Ao tomar posse como ministro, em 2003, agradeci em meu discurso a solidariedade do povo cubano e seu líder Fidel Castro durante a ditadura. Hoje rendo minha humilde homenagem ao comandante e ao herói do povo de Cuba. Presto minhas condolências ao povo e ao governo de Cuba e me despeço de Fidel sem poder estar em Havana para fazê-lo pessoalmente, assinando com o nome que recebi quando os perigos e as ameaças da ditadura e seu tutor, os Estados Unidos, nos obrigavam a usar pseudônimos.
Daniel

Suspensão da Venezuela do Mercosul é reversível, diz presidente uruguaio O BRASIL, SOB O GOLPISTA TEMER, NOS ENVERGONHA!

Suspensão da Venezuela do Mercosul é reversível, diz presidente uruguaio


País foi suspenso por não cumprir protocolo de adesão ao bloco; Venezuela acusa decisão de 'golpe de Estado'
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, se mostrou neste domingo (04/12) disposto a se reunir com seu colega venezuelano, Nicolás Maduro, para debater a suspensão temporária da Venezuela do Mercosul, uma medida que - disse - não é "irreversível" e pode ser mudada se forem aplicados fundamentos jurídicos e diálogo.
"Em política e nas relações entre os países, nada é irreversível, tudo pode mudar. Mas tem que haver fundamentos jurídicos, fundamentos legais, fundamentos sólidos, para ver o caminho que vamos seguir rumo ao futuro", afirmou Vázquez à Agência Efe. O presidente venezuelano havia pedido neste sábado (03/12) ao presidente do Uruguai para defender seu governo após o país ter sido suspenso do Mercosul, medida considerada uma “fraudulenta suspensão” pelo governo venezuelano.
“A pretendida sanção não tem sustentação legal válida, carece de expresso procedimento jurídico e de um corpo colegiado competente para decidir”, disse o Ministério de Relações Externas da Venezuela em comunicado divulgado neste sábado, reiterando que a Venezuela “segue e seguirá exercendo todos os seus direitos como Estado Parte do Mercosul pelo mandato da lei”.
Os quatro fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) comunicaram à Venezuela que o país deixa de exercer seus "direitos inerentes" como integrante do bloco regional, após ter descumprido as obrigações assumidas no Protocolo de Adesão, informou o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai em comunicado nesta sexta-feira (02/12). A decisão foi notificada à chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, pelos chanceleres dos quatro países, José Serra, Susana Malcorra (Argentina), Eladio Loizaga (Paraguai) e Rodolfo Nin Novoa (Uruguai).
Flickr / ANDES

Nicolás Maduro e Tabaré Vázquez, em encontro em 2015 em Quito

Morre o embaixador da Venezuela na OEA, Bernardo Álvarez

Maduro lamenta morte de Fidel Castro: 'seguimos com seu legado'

Venezuela não reconhece suspensão do Mercosul e 'seguirá exercendo presidência legítima', diz chanceler


Brasil, Argentina e Paraguai, com a abstenção do Uruguai, decidiram que se a Venezuela não se adaptasse aos regulamentos internos do Mercosul até 1º de dezembro, seria suspensa por tempo indeterminado do bloco, o que a deixaria na mesma situação que a Bolívia, participando com voz e sem voto. Rodríguez, por sua vez, assegurou que seu país não foi notificado da suspensão de seus "direitos inerentes" e qualificou essa decisão de "golpe de Estado".
O governo venezuelano ainda afirmou que o país não só cumpriu o marco normativo do Mercosul, implantando em quatro anos 95% das normas, mas também o fez com maior eficiência que os demais países. "Em 25 anos, os países do Mercosul nem sequer se aproximam da porcentagem de internacionalização legislativa de nosso país". "Se fossem pelo menos coerentes com suas próprias mentiras, deveriam primeiro suspenderem a si próprios, dado o extravagante e escandaloso atraso na incorporação das normas", acrescenta a nota.
O presidente venezuelano Nicolás Maduro disse em pronunciamento em rede nacional neste sábado que “defenderá pessoalmente” a posição do país no bloco, e acusou a ação dos três países de “injusta e ilegal”.  
(*) Com Agência Efe

'Fidel nos ensinou que, sim, podemos', diz Raul Castro; veja íntegra de discurso em Santiago


'Fidel nos ensinou que, sim, podemos', diz Raul Castro; veja íntegra de discurso em Santiago


'[Fidel] demonstrou que sim se pôde, sim se pode e sim se poderá superar qualquer obstáculo, ameaça ou turbulência em nosso firme empenho de construir o socialismo em Cuba'
Em discurso realizado na noite deste sábado (03/12), durante o ato de massas que lotou a praça Antonio Maceo, na cidade de Santiago, como parte dos atos fúnebres para marcar a morte do líder revolucionário Fidel Castro, seu irmão e presidente de Cuba, Raúl Castro, disse que o grande ensinamento que Fidel deixou foi que “sim, se pode”.
A frase relembra palavras ditas por Fidel aos cubanos durante o período em que governou o país. O presidente cubano lembrou momentos importantes da vida de Fidel, como o apoio dado a Angola para debelar as forças racistas do apartheid no país, ou a ajuda médica enviada a diversos países, inclusive ao Brasil.
Raúl reforçou o papel de Fidel para a construção dos valores do modelo cubano de sociedade, baseado na solidariedade, humanidade e internacionalismo. Esse modelo levou Cuba a ter na saúde, educação e segurança públicas suas maiores realizações, tendo erradicado o analfabetismo em um ano, logo no início do governo revolucionário, e reduzido a taxas baixas a mortalidade infantil.
Segundo Raul, a manutenção desses valores, mesmo ante ao bloqueio de mais de 50 anos imposto pelos EUA a Cuba, colocou a capacidade de resistência das cubanas e cubanos à prova. Mas, com a condução de Fidel, o país revelou que “sim, se pode” superar as adversidades e sustentar os ideias revolucionários.
Agência Efe

Raúl Castro lembrou momentos importantes da vida de Fidel, em discurso na cidade de Santiago, onde foram enterradas as cinzas de Fidel
Em discurso realizado na noite deste sábado (03/12), durante o ato de massas que lotou a praça Antonio Maceo, na cidade de Santiago, como parte dos atos fúnebres para marcar a morte do líder revolucionário Fidel Castro, seu irmão e presidente de Cuba, Raúl Castro, disse que o grande ensinamento que Fidel deixou foi que “sim, se pode”.
A frase relembra palavras ditas por Fidel aos cubanos durante o período em que governou o país. O presidente cubano lembrou momentos importantes da vida de Fidel, como o apoio dado a Angola para debelar as forças racistas do apartheid no país, ou a ajuda médica enviada a diversos países, inclusive ao Brasil.
Raul reforçou o papel de Fidel para a construção dos valores do modelo cubano de sociedade, baseado na solidariedade, humanidade e internacionalismo. Esse modelo levou Cuba a ter na saúde, educação e segurança públicas suas maiores realizações, tendo erradicado o analfabetismo em um ano, logo no início do governo revolucionário, e reduzido a taxas baixas a mortalidade infantil.
Segundo Raul, a manutenção desses valores, mesmo ante ao bloqueio de mais de 50 anos imposto pelos EUA a Cuba, colocou a capacidade de resistência das cubanas e cubanos à prova. Mas, com a condução de Fidel, o país revelou que “sim, se pode” superar as adversidades e sustentar os ideias revolucionários.
Reprodução / Cubadebate
Leia a seguir a íntegra do discurso do presidente Raul Castro:
“Estimados chefes de Estados e de Governos,
Destacadas personalidades que nos acompanham,
Compatriotas que se encontram hoje aqui em representação das províncias orientais e Camaguey,
Santiagueras e santiagueros,
Querido povo de Cuba,
Na tarde de hoje, trazido a esta cidade o cortejo fúnebre das cinzas de Fidel, que reeditou em sentido inverso a Caravana da Liberdade, de janeiro de 1959, realizaou um percurso por pontos emblemáticos de Santiago de Cuba, berço da Revolução, onde, como no resto do país, recebeu o testemunho de amor dos cubanos.
Amanhã, suas cinzas serão depositadas em uma simples cerimônia no cemitério de Santa Efigênia, muito perto do mausoleu do heroi nacional José Martí, de seus companheiros de luta do Moncada, do Granma, e do exército rebelde, da clandestinidade e das missões internacionalistas.
A poucos passos se encontram as tumbas de Carlos Manuel de Céspedes, pai da pátria, e da legendária Mariana Grajales, mãe dos Maceos, e me atrevo a improvisar neste ato, que também mãe de todos os cubanos e cubanas. Próximo também está o panteão com os restos do inesquecível Frank País García, jovem santiaguero, assasinado por capangas da tirania batistiana com apenas 22 anos, um mês depois em que caiu combatendo em uma ação nesta cidade seu pequeno irmão Josué.
A idade de Frank não o impediu de acumular uma exemplar trajetória de combate contra a ditadura, em que se destacou como chefe do levantamento armado de Santiago de Cuba em 30 de novembro de 1956, em apoio ao desembarque dos expedicionários do Granma, assim como a organização do decisivo envio de armamento e combatentes ao nascente exército rebelde na Sierra Maestra.
Desde que se conheceu, tarde da noite de 25 de novembro, a notícia do falecimento do líder histórico da Revolução Cubana, a dor e a tristeza se apoderaram do povo que, profundamente comovido com sua inesperada perda física, demonstrou fortaleza, convicção patriótica, disciplina e maturidade ao comparecer de forma massiva às atividades de homenagens organizadas e fazer o juramento de fidelidade ao conceito de revolução exposto por Fidel em 1º de maio do ano 2000. Entre os dias 28 e 29 de novembre, milhões de compatriotas estamparam suas assinaturas em respaldo à revolução.
Em meio à dor dessas jornadas, temos nos sentido reconfortados e orgulhosos uma vez mais com a impressionante reação das crianças e jovens cubanos, que reafirmam sua disposição de serem fiéis continuadores dos ideais do líder da revolução.
Em nome de nosso povo, do partido, Estado, governo e dos familiares, reitero o agradecimento mais profundo pelas incontáveis mostras de afeto e respeito a Fidel, suas ideas e sua obra, que continuam chegando de todos os confins do planeta.
Fiel à ética martiana, de que a glória do mundo cabe num grão de milho, o líder da revolução rejeitava qualquer manifestação de culto à personalidade. E foi consequentecom essa atitude até as últimas horas de vida, insistindo que, uma vez falecido, seu nombre e sua figura nunca fossem utilizados para denominar instituições, praças, parques, avenidas, ruas ou outros locais públicos, nem erguer em sua memória monumentos, bustos, estátuas ou outras formas similares de tributo.
Em correspondência com a determinação do companheiro Fidel, apresentaremos no próximo período de sessões da Assembleia Nacional do Poder Popular as propostas legislativas requeridas para que prevaleça sua vontade.
Com razão, o querido amigo [Abdelaziz] Bouteflika, presidente dz Argélia, expressou que Fidel possuia a extraordinária capacidade de viajar ao futuro, regressar e explicá-lo. Em 26 de julho de 1989, na cidade de Camaguey, o comandante em chefe previu, com dois anos e meio de antecedência, a desaparição da União Soviética e o campo socialista, e assegurou ante o mundo que se ocorressem essas circunstâncias, Cuba continuaria defendendo as bandeiras do socialismo.
A autoridade de Fidel e sua relação cativante com o povo foi determinante para a heróica resistência do país, nos dramáticos anos do período especial, quando o Produto Interno Bruto caiu 34,8% e se deteriorou sensivelmente a alimentação dos cubanos, sofremos apagões de 16 e até 20 horas diárias e se paralisou boa parte das indústrias e dos transportes públicos. Apesar disso, conseguiu-se preservar a saúde pública e a educação a toda nossa população.
Vêm à minha mente as reuniões do partido nos territórios oriental, na cidade de Olguín; central, na cidade de Santa Clara; e ocidental, na capital da República, Havana, realizadas em julho de 1994, para analisar como enfrentar com melhor eficiência e coesão os desafios do período especial, o crescente bloqueio imperialista e as campanhas midiáticas dirigidas a plantar o desânimo entre a cidadania. Dessas reuniões, incluindo as do ocidente presididas Fidel, saímos todos convencidos que com a força e a inteligência das massas coesas, sob a direção do partido, sim se podia e se pôde converter o período especial em uma nova batalha vitoriosa na história da pátria.
Nesse período, poucos no mundo apostavam em nossa capacidade de resistir e vencer ante a adversidade e o reforçado cerco inimigo; no entanto, nosso povo, sob a condução de Fidel, deu uma inesquecível lição de firmeza e lealdade aos princípios da revolução.
Ao rememorar esses difíceis momentos, acredito ser justo e pertinente retomar o que Fidel expressou em 26 de julho de 1994, um dos anos mais difíceis, na Ilha da Juventude, há mais de 22 anos. Cito: “O mais nobre filho de Cuba neste século, aquele que nos demonstrou que sim, se podia tentar a conquista do quartel Moncada, que sim se podia converter aquele revés em vitória, que conseguimos 5 anos, 5 meses e 5 dias naquele memorável 1º de 1959, este último acrescentado às palavras textuais que disse naquela ocasião.
Demonstrou que sim, se podia chegar até Cuba no iate Granma, que sim se podia resistir ao inimigo, à fome, à chuva e ao frio, organizar um exército revolucionário na Serra Maestra, depois do desastre de Alegría de Pío; que sim, se podia abrir novas frentes guerrilheiras na província do oriente, com as colunas de Almeida e a nossa; que sim se podia derrotar com 300 fuzis a grande ofensiva de mais de 10 mil soldados que, ao serem derrotados, Che escreveu em seu diário de campanha que com essa vitória se havia partido a coluna vertebral do exército da tirania; que sim se podia repetir a epopeia de Maceo e Gómez, estendendo com as colunas de Che e Camilo a luta do oriente até o ocidente da ilha; que sim se podia derrocar, com o respaldo de todo o povo, a tirania batistiana, apoiada pelo imperialismo norteamericano.
Aquele que nos ensinou que sim, se podia derrotar em 72 horas e ainda menos a invasão mercenária de Playa Girón e prosseguir ao mesmo tempo a campanha de erradicar o analfabetismo em um ano, como aconteceu em 1961; que sim se podia proclamar o caráter socialista da revolução a 90 milhas do império, e quando seus navios de guerra avançavam até Cuba, após as tropas das brigadas mercenárias, que sim se podia manter com firmeza os princípios irrenunciáveis de nossa soberania, sem temer a chantagem nuclear dos Estados Unidos nos dias da crise dos mísseis, em outubro de 1962; que sim se podia enviar ajuda solidária a outros povos irmãos na luta contra a opressão colonial, a agressão externa e o racismo; que sim se podia derrotar os racistas sul-africanos, salvando a integridade territorial de Angola, forçando a independência da Namíbia e acertando um duro golpe ao regime do apartheid; que sim se podia transformar Cuba em uma potência médica, reduzir a mortalidade infantil às taxas mais baixas do terceiro mundo, primeiro, e do mundo rico depois, porque neste continente pelo menos temos menos mortandade infantil com menores de un ano de idade que o Canadá e os próprios Estados Unidos [aplausos] e, ao mesmo tempo, elevar consideravelmente a esperança de vida da nossa população.
Que sim se podia transformar Cuba em um grande polo científico, avançando nos modernos e decisivos campos de engenharia genética e de biotecnologia, nos inserir no meio fechado do comércio internacional de farmacêuticos, desenvolver o turismo apesar do bloqueio norteamericano, construir caminhos elevados no mar para fazer de Cuba cada vez mais um pólo atrativo, obtendo de nossas belezas naturais um ingresso crescente de divisas; que sim se pode resistir, sobreviver e desenvolver-nos sem renunciar aos princípios, nem às conquistas do socialismo no mundo unipolar e de onipotência das transnacionais que surgiu depois da queda do campo socialista da Europa e da desintegração da União Soviética.
O permanente ensinamento de Fidel é que sim se pode. Que o homem é capaz de sobrepujar as mais duras condições se não desfalece sua vontade de vencer, faz uma avaliação correta de cada situação e não renuncia a seus justos e nobres princípios”. Fim das aspas.
Essas palavras que expressei há mais de duas décadas sobre quem, depois do desastre do primero combate em Alegría del Pio, que depois de amanhã se completará 60 anos, nunca perdeu a fé na vitória e, 13 dias depois, já nas montanhas da Sierra Maestra, no dia 18 de dezembro do ano mencionado, ao reunir 7 fuzis e um punhado de combatentes, exclamou: “agora sim, ganhamos a guerra!”.
[Aplausos e gritos de “Fidel”, “Esse é o Fidel”]
Esse é o Fidel invicto que nos convoca com seu exemplo e com a demonstração que sim se pôde, sim se pode e sim se poderá.
[“Sim se pode”]
Repito que ele demonstrou que sim se pôde, sim se pode e sim se poderá superar qualquer obstáculo, ameaça ou turbulência em nosso firme empenho de construir o socialismo em Cuba, ou, o que é o mesmo, garantir a independência e a soberania da pátria.
[Aplausos]
Ante os restos de Fidel, na praça da Revolução Maior General Antonio Maceo Grajales, na heróica cidade de Santiago de Cuba, juremos defender a pátria e o socialismo [exclamações: Juramos!] e juntos reafirmemos todos a sentência do titã de bronze “quem tentar se apropriar de Cuba, recolherá o pó de seu solo regado em seu sangue, se não perecer na luta”.
Fidel, Fidel, até a vitória!"
[“Sempre!”, “Eu sou Fidel”, “Raul é Fidel!” e “Raul, tranquilo, o povo está contigo!”].

Sete grandes mentiras sobre Fidel Castro que circulam (muito) nas redes sociais

Povo nas ruas e simbolismo marcam fim do cortejo com cinzas de Fidel

Fidel é enterrado neste domingo em Santiago, junto a líder da independência de Cuba

 
Em espanhol:
“Estimados Jefes de Estado y de Gobierno;
Destacadas personalidades que nos acompañan;
Compatriotas que se encuentran hoy aquí en representación de las provincias orientales y el Camagüey;
Santiagueras y santiagueros;
Querido pueblo de Cuba:
En la tarde de hoy, tras su arribo a esta heroica ciudad, el cortejo fúnebre con las cenizas de Fidel, que reeditó en sentido inverso la Caravana de la Libertad de enero de 1959, realizó un recorrido por sitios emblemáticos de Santiago de Cuba, cuna de la Revolución, donde, al igual que en el resto del país, recibió el testimonio de amor de los cubanos.
Mañana sus cenizas serán depositadas en una sencilla ceremonia en el Cementerio de Santa Ifigenia, muy cerca del mausoleo del Héroe Nacional José Martí; de sus compañeros de lucha en el Moncada, el Granma y el Ejército Rebelde; de la clandestinidad y las misiones internacionalistas.
A pocos pasos se encuentran las tumbas de Carlos Manuel de Céspedes, el Padre de la Patria, y de la legendaria Mariana Grajales, madre de los Maceo, y me atrevo a improvisar en este acto, que también madre de todos los cubanos y cubanas. Cercano también está el panteón con los restos del inolvidable Frank País García, joven santiaguero, asesinado por esbirros de la tiranía batistiana con apenas 22 años, un mes después de que cayera combatiendo en una acción en esta ciudad su pequeño hermano Josué. La edad de Frank no le impidió acumular una ejemplar trayectoria de combate contra la dictadura, en la que se destacó como jefe del levantamiento armado de Santiago de Cuba, el 30 de noviembre de 1956, en apoyo al desembarco de los expedicionarios del Granma, así como la organización del decisivo envío de armamento y combatientes al naciente Ejército Rebelde en la Sierra Maestra.
Desde que se conoció, ya tarde en la noche del 25 de noviembre, la noticia del deceso del líder histórico de la Revolución Cubana, el dolor y la tristeza se adueñaron del pueblo que, profundamente conmovido por su irreparable pérdida física, demostró entereza, convicción patriótica, disciplina y madurez al acudir de forma masiva a las actividades de homenaje organizadas y hacer suyo el juramento de fidelidad al concepto de Revolución, expuesto por Fidel el Primero de Mayo del año 2000. Entre los días 28 y 29 de noviembre millones de compatriotas estamparon sus firmas en respaldo a la Revolución.
En medio del dolor de estas jornadas nos hemos sentido reconfortados y orgullosos, una vez más, por la impresionante reacción de los niños y jóvenes cubanos, que reafirman sus disposición a ser fieles continuadores de los ideales del líder de la Revolución.
En nombre de nuestro pueblo, del Partido, el Estado, el Gobierno y de los familiares reitero el agradecimiento más profundo por las incontables muestras de afecto y respeto a Fidel, sus ideas y su obra, que continúan llegando desde todos los confines del planeta.
Fiel a la ética martiana de que “toda la gloria del mundo cabe en un grano de maíz”, el líder de la Revolución rechazaba cualquier manifestación de culto a la personalidad y fue consecuente con esa actitud hasta las últimas horas de vida, insistiendo en que, una vez fallecido, su nombre y su figura nunca fueran utilizados para denominar instituciones, plazas, parques, avenidas, calles u otros sitios públicos, ni erigidos en su memoria monumentos, bustos, estatuas y otras formas similares de tributo.
En correspondencia con la determinación del compañero Fidel, presentaremos al próximo período de sesiones de la Asamblea Nacional del Poder Popular, las propuestas legislativas requeridas para que prevalezca su voluntad.
Con razón, el querido amigo Bouteflika, presidente de Argelia, expresó que Fidel poseía la extraordinaria capacidad de viajar al futuro, regresar y explicarlo. El 26 de Julio de 1989, en la ciudad de Camagüey, el Comandante en Jefe predijo, con dos años y medio de antelación, la desaparición de la Unión Soviética y el campo socialista, y aseguró ante el mundo que si se dieran esas circunstancias, Cuba continuaría defendiendo las banderas del socialismo.
La autoridad de Fidel y su relación entrañable con el pueblo fueron determinantes para la heroica resistencia del país en los dramáticos años del período especial, cuando el Producto Interno Bruto cayó un 34,8% y se deterioró sensiblemente la alimentación de los cubanos, sufrimos apagones de 16 y hasta 20 horas diarias y se paralizó buena parte de la industria y el transporte público. A pesar de ello se logró preservar la salud pública y la educación a toda nuestra población.
Vienen a mi mente las reuniones del Partido en los territorios: oriental, en la ciudad de Holguín; central, en la ciudad de Santa Clara, y occidental, en la capital de la república, La Habana, efectuadas en julio de 1994 para analizar cómo enfrentar con mayor eficiencia y cohesión los retos del período especial, el creciente bloqueo imperialista y las campañas mediáticas dirigidas a sembrar el desánimo entre la ciudadanía. De esas reuniones, incluyendo la de occidente, que presidió Fidel, salimos todos convencidos de que con la fuerza y la inteligencia de las masas cohesionadas bajo la dirección del Partido, sí se podía y se pudo convertir el período especial en una nueva batalla victoriosa en la historia de la patria.
Entonces pocos en el mundo apostaban por nuestra capacidad de resistir y vencer ante la adversidad y el reforzado cerco enemigo; sin embargo, nuestro pueblo bajo la conducción de Fidel dio una inolvidable lección de firmeza y lealtad a los principios de la Revolución.
Al rememorar esos difíciles momentos, creo justo y pertinente retomar lo que sobre Fidel expresé el 26 de Julio de 1994, uno de los años más difíciles, en la Isla de la Juventud, hace más de 22 años, cito: “…el más preclaro hijo de Cuba en este siglo, aquel que nos demostró que sí se podía intentar la conquista del Cuartel Moncada; que sí se podía convertir aquel revés en victoria”, que logramos cinco años, cinco meses y cinco días, aquel glorioso Primero de Enero de 1959, esto último añadido a las palabras textuales que dije en aquella ocasión (Aplausos).
Nos demostró “que sí se podía llegar a las costas de Cuba en el yate Granma; que sí se podía resistir al enemigo, al hambre, a la lluvia y el frío, y organizar un ejército revolucionario en la Sierra Maestra tras la debacle de Alegría de Pío; que sí se podían abrir nuevos frentes guerrilleros en la provincia de Oriente, con las columnas de Almeida y la nuestra; que sí se podía derrotar con 300 fusiles la gran ofensiva de más de 10 000 soldados”, que al ser derrotados el Che escribió en su Diario de Campaña, que con esa victoria se le había partido la columna vertebral al ejército de la tiranía; “que sí se podía repetir la epopeya de Maceo y Gómez, extendiendo con las columnas del Che y Camilo la lucha desde el oriente hasta el occidente de la isla; que sí se podía derrocar, con el respaldo de todo el pueblo, la tiranía batistiana apoyada por el imperialismo norteamericano.
“Aquel que nos enseñó que sí se podía derrotar en 72 horas” y aún menos, “la invasión mercenaria de Playa Girón y proseguir al mismo tiempo la campaña para erradicar el analfabetismo en un año”, como se logró en 1961.
Que sí se podía proclamar el carácter socialista de la Revolución a 90 millas del imperio, y cuando sus naves de guerra avanzaban hacia Cuba, tras las tropas de la brigada mercenaria; que sí se podía mantener con firmeza los principios irrenunciables de nuestra soberanía sin temer al chantaje nuclear de Estados Unidos en los días de la Crisis de los misiles en octubre de 1962.
Que sí se podía enviar ayuda solidaria a otros pueblos hermanos en lucha contra la opresión colonial, la agresión externa y el racismo.
Que sí se podía derrotar a los racistas sudafricanos, salvando la integridad territorial de Angola, forzando la independencia de Namibia y asestando un rudo golpe al régimen del apartheid.
Que sí se podía convertir a Cuba en una potencia médica, reducir la mortalidad infantil a la tasa más bajas del Tercer Mundo, primero, y del otro mundo rico después; porque en este continente por lo menos tenemos menos mortalidad infantil de menores de un año de edad que Canadá y los propios Estados Unidos (Aplausos), y, a su vez, elevar considerablemente la esperanza de vida de nuestra población.
Que sí se podía transformar a Cuba en un gran polo científico, avanzar en los modernos y decisivos campos de la ingeniería genética y la biotecnología; insertarnos en el coto cerrado del comercio internacional de fármacos; desarrollar el turismo, pese al bloqueo norteamericano; construir pedraplenes en el mar para hacer de Cuba un archipiélago cada vez más atractivo, obteniendo de nuestras bellezas naturales un ingreso creciente de divisas.
Que sí se puede resistir, sobrevivir y desarrollarnos sin renunciar a los principios ni a las conquistas del socialismo en el mundo unipolar y de omnipotencia de las transnacionales que surgió después del derrumbe del campo socialista de Europa y de la desintegración de la Unión Soviética.
La permanente enseñanza de Fidel es que sí se puede, que el hombre es capaz de sobreponerse a las más duras condiciones si no desfallece su voluntad de vencer, hace una evaluación correcta de cada situación y no renuncia a sus justos y nobles principios.” Fin de la cita.
Esas palabras que expresé hace más de dos décadas sobre quien, tras el desastre del primer combate en Alegría de Pío, del que pasado mañana se cumplirán 60 años, nunca perdió la fe en la victoria, y 13 días después, ya en las montañas de la Sierra Maestra, un 18 de diciembre del año mencionado, al reunir siete fusiles y un puñado de combatientes, exclamó: “¡Ahora sí ganamos la guerra! (Aplausos y exclamaciones de: “¡Fidel, Fidel! ¡Ese es Fidel!”)
Ese es el Fidel invicto que nos convoca con su ejemplo y con la demostración de que ¡Sí se pudo, sí se puede y sí se podrá! (Aplausos y exclamaciones de: “¡Sí se puede!) O sea, repito que demostró que sí se pudo, sí se puede y se podrá superar cualquier obstáculo, amenaza o turbulencia en nuestro firme empeño de construir el socialismo en Cuba, o lo que es lo mismo, ¡Garantizar la independencia y la soberanía de la patria! (Aplausos.)
Ante los restos de Fidel en la Plaza de la Revolución Mayor General Antonio Maceo Grajales, en la heroica ciudad de Santiago de Cuba, ¡Juremos defender la patria y el socialismo! (Exclamaciones de: “¡Juramos!) Y juntos reafirmemos todos la sentencia del Titán de Bronce: “Quien intente apropiarse de Cuba, recogerá el polvo de su suelo anegado en sangre, si no perece en la lucha! (Exclamaciones.)
¡Fidel, Fidel! ¡Hasta la Victoria! (Exclamaciones de: “¡Siempre!) (Exclamaciones de: “¡Raúl es Fidel! y de: “¡Raúl, tranquilo, el pueblo está contigo!”