terça-feira, 2 de maio de 2017

GOLPE QUER DIA DO “PÓS-TRABALHO”

Golpe quer dia do “Pós-Trabalho”

MARCELO ZERO


Neste 1º de maio, os trabalhadores do Brasil não têm o que comemorar.

Em primeiro lugar, porque o desemprego promovido pelo austericídio golpista já bateu seu recorde histórico, 14,2 milhões de desempregados.

E não para de crescer.

Em segundo lugar, porque os direitos dos trabalhadores brasileiros a um emprego decente estão sendo destruídos pela Reforma Trabalhista do governo ilegítimo.

Com efeito, os trabalhadores do Brasil estão entrando no mundo tenebroso do “pós-emprego” e do “pós-trabalho”.

Estão dando adeus ao trabalho regular, decente e protegido e entrando numa era de trabalho precário, irregular, desprotegido, perigoso e mal pago.

Estão se despedindo da CLT e voltando aos tempos da República Velha, quando a “flexibilidade” e a falta total de proteção eram a regra.

Como sempre, a destruição selvagem de direitos é apresentada como algo "moderno" e "civilizado", que vai "beneficiar a todos", principalmente os trabalhadores.

Trata-se de uma moderna “pós-verdade”.

Ou de uma mentira arcaica.

Na realidade, as revisões das legislações trabalhistas destinadas a “flexibilizar” o mercado de trabalho e instituir novas formas de contratação já são antigas. Elas começaram na década de 1970, em alguns países anglo-saxônicos, e se intensificaram nas décadas de 1980 e 1990, com o predomínio do neoliberalismo, em nível mundial.

É, portanto, algo arcaico e que não produziu, de um modo geral, os resultados esperados, em termos de geração de empregos, principalmente empregos decentes e de qualidade.

No final do ano passado, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um extenso relatório sobre o assunto intitulado Emprego Não Normalizado no Mundo.

A OIT define esse tipo de emprego (NSE) como o trabalho que não se enquadra em contratos por tempo indefinido, em jornadas integrais e numa clara relação de subordinação entre patrão e empregado. Em outras palavras, NSE é todo trabalho que não se enquadra nos padrões clássicos do emprego formal e plenamente protegido, com jornadas regulares.

Por isso, ele também é definido, às vezes, como trabalho precário.

Pois bem, nesse relatório da OIT, embora se reconheça que, em certas circunstâncias, o NSE pode beneficiar segmentos específicos, são feitas extensas advertências sobre os perigos desse tipo de emprego para trabalhadores, empresas, mercados de trabalho, economias e sociedades.

Os efeitos nocivos sobre os trabalhadores são bem conhecidos, no mundo inteiro:

·        Os trabalhadores inseridos no NSE em geral ganham menos que os demais trabalhadores (em média 30% menos, podendo chegar a 60% menos, pelo mesmo trabalho);

·        Têm proteção social inferior ou muito inferior, suas jornadas são muito inferiores ou muito superiores (sem direito a horas extras) às jornadas regulares;

·        Recebem pouco ou nenhum treinamento, estando, portanto, mais sujeitos a acidentes e a trabalhos insalubres e perigosos;

·        Vivem numa situação de imprevisibilidade e insegurança;

·        Seus padrões de consumo são inferiores aos dos trabalhadores regulares;

·        Têm também dificuldade em acessar ao crédito, especialmente crédito de longo prazo para comprar imóveis. Por isso, em muitos países europeus é comum encontrar jovens e até pessoas de meia idade que coabitam com seus pais, mesmo trabalhando.

No que tange às empresas, a OIT adverte que aquelas que privilegiam o NSE tendem a ver diminuída a sua produtividade, devido à falta de comprometimento dos trabalhadores com a empresa e ao baixo investimento em qualificação e treinamento da força de trabalho.

Mas as advertências mais graves dizem respeito aos mercados de trabalho e às sociedades.

A OIT adverte que não há uma relação empírica consistente entre NSE e geração de empregos, principal justificativa para a revisão dos direitos trabalhistas. A bem da verdade, tudo depende mais das condições macroeconômicas do que das legislações.

Quando há demanda e crescimento, o emprego tende a crescer. Quando vem a recessão, os empregos mínguam.

Entretanto, nos países em que há número significativo de NSE, os mercados de trabalho se tornam mais sensíveis às oscilações do ciclo econômico, especialmente às recessões. Nesses países, esse tipo de emprego tende a crescer mais que o emprego plenamente protegido, quando há crescimento.

Foi que aconteceu, por exemplo, na Espanha e na Itália, que fizeram modificações em suas legislações trabalhistas na década de 1980 (Espanha) e final da década de 1990 (Itália). Na Espanha, por exemplo, o trabalho temporário e a tempo parcial cresceu, como proporção dos ocupados, de cerca de 15%, em meados da década de 1980, para 35%, em 1995, sem que ocorresse, porém, uma expansão significativa do emprego total. A OIT denomina esse efeito de “efeito lua de mel”, justamente porque é de curta duração.

Já na crise, esses trabalhadores mais desprotegidos são demitidos em massa, pois o custo das demissões é muito baixo.

Com isso, o desemprego sobe muito e rapidamente.

Por tal razão, a Espanha combina, atualmente, legislação trabalhista flexível e índices elevados de NSE com altos índices de desemprego. O mesmo aconteceu no Japão, após a crise dos anos 1990. Assim, não há evidências consistentes de que o NSE aumente, de forma significativa, a geração de empregos na expansão, mas há evidências de que elevados índices de NSE aumentem o desemprego nas recessões.

Outra advertência que a OIT faz se relaciona à segmentação do mercado de trabalho pelo NSE.

O NSE foi introduzido, em muitos países, para gerar empregos em segmentos específicos, em especial jovens e mulheres que tinham dificuldade em conciliar estudos e cuidados parentais com jornadas regulares de trabalho. A expectativa era de que o NSE, particularmente o trabalho temporário e o parcial, servisse como escada para o acesso ao trabalho protegido.

Mas não foi isso o que aconteceu.

Com o tempo, o mercado de trabalho foi segmentado.

Assim, em muitos países há um mercado de trabalho precário, no qual estão sobrerrepresentados os jovens, as mulheres e os migrantes e um mercado de trabalho protegido, mas não há um fluxo de trabalhadores substancial do primeiro para o segundo. O fluxo do mercado de trabalho regido pelo NSE é em direção ao desemprego, não ao emprego decente. O trabalho precário não conduz ao trabalho protegido, mas conduz ao desemprego.

Nos casos dos países em desenvolvimento, que já têm um mercado de trabalho tradicionalmente segmentado entre formalidade e informalidade, o NSE acaba por agregar uma segmentação no mercado de trabalho formal, criando, desse modo, uma dupla segmentação.

Foi o que aconteceu no Peru, por exemplo, que fez reformas trabalhistas ao final da década de 1990.

Como resultado, entre 2003 e 2012, houve apenas leve redução na informalidade no mercado de trabalho não agrícola, que passou de 75% para 69%. Porém, tal redução esteve muito associada às boas taxas de crescimento daquele país (7,2% ao ano, entre 2006 e 2012).

Não à reforma.

E, mais grave, os empregos gerados no mercado formal, foram, em sua imensa maioria, de trabalhos temporários. Assim, hoje em dia 63% dos trabalhos com contrato assinado, no Peru, são trabalhos temporários.

Ou seja, além de não resolver o problema da informalidade, que continua extremamente elevada, a reforma trabalhista peruana gerou precariedade no mercado formal.

Coisa semelhante aconteceu no Chile no Equador.

E é o que provavelmente vai acontecer no Brasil, caso essa infame Reforma Trabalhista seja aprovada.

Outras consequências negativas do NSE podem ser, em nível geral:

·        A fragilização da representação sindical, com repercussões óbvias sobre a defesa dos interesses dos trabalhadores, e a redução da competitividade e produtividade globais da economia, face ao baixo investimento que as firmas que usam muito NSE fazem em educação dos trabalhadores e em inovação tecnológica.

·        Efeito negativo na seguridade social, face à diminuição das arrecadações previdenciárias.

Nada disso, no entanto, é necessário.

No Brasil, o mercado de trabalho já é bastante flexível e a maioria dos contratos tem duração de apenas um ou dois anos. A rotatividade é muito alta, notadamente entre os trabalhadores menos qualificados. A ideia de que os trabalhadores brasileiros têm proteção demasiada, o que dificultaria a geração de empregos, é simplesmente ridícula.

Nosso país demonstrou que se podem gerar muitos empregos e se reduzir a informalidade, com a atual legislação laboral que protege minimamente os trabalhadores:

·        Entre 2004 e 2014, foram gerados 23 milhões de empregos formais e o salário mínimo cresceu cerca de 75%.

·        A formalização do mercado de trabalho, nesse período, subiu de 45,7% para 57,7%, fazendo crescer as receitas previdenciárias.

·        Em dezembro daquele último ano, a taxa de desemprego atingiu seu mínimo histórico: 4,3%.

A CLT atrapalhou?

Não, a CLT ajudou, pois a demanda permaneceu aquecida não só devido à quantidade dos empregos, mas à qualidade dos postos de trabalho formais, cuja remuneração cresceu acompanhando o salário mínimo.

Ademais, a qualidade dos empregos, formais e protegidos, é de fundamental importância para os processos de distribuição de renda e o combate à pobreza.

A própria OCDE publicou, em 2009, o relatório “O Papel do Emprego e da Proteção Social - Tornando o crescimento econômico mais pró-pobre”, no qual se afirma que o emprego decente é o principal caminho para a eliminação da pobreza e que a proteção social reduz a pobreza e a desigualdade transferindo renda para os pobres.

O relatório da OIT mostra que há duas estratégias opostas para a implantação do NSE:

·        A primeira é a “estratégia da integração”, pela qual o NSE é introduzido como forma de atrair profissionais que não desejam ou não podem cumprir a jornada integral de trabalhos. Nesse caso, a flexibilização das regras trabalhistas resulta em trabalhos de boa qualidade. Foi o que aconteceu em alguns países do norte da Europa, com benefícios para alguns grupos específicos, como estudantes e mães com filhos pequenos.

·        A segunda é a “estratégia da marginalização”, na qual a reforma trabalhista é usada simplesmente para burlar a legislação em vigor e diminuir os custos do trabalho de um modo geral. Essa é a estratégia da Reforma Trabalhista do golpe.

O que se quer não é se revolver o problema de grupos e ou segmentos específicos.

O que se quer não é adaptar a CLT a novas atividades econômicas.

O que se quer é reduzir substancialmente os custos trabalhistas e aumentar as taxas de lucros, numa conjuntura recessiva.

O que se quer é colocar os custos da crise nas costas do trabalhador.

Além disso, há o desejo evidente de se fragilizar os sindicatos.

No Brasil, voltaram os massacres de trabalhadores. Os metafóricos (reforma trabalhista, reforma da previdência) e os literais (Colniza). Como na República Velha, a questão social voltou a ser caso de polícia.

O governo golpista, que declarou guerra aos trabalhadores e aos pobres, quer comemorar, neste 1º de Maio, o pós-trabalho regular, o pós-emprego decente. Quer comemorar o fim da CLT.

Contudo, o êxito da greve geral do último dia 28 de abril mostra que os trabalhadores do Brasil não aceitam as pós-verdades do governo ilegítimo e da mídia golpista e insiste em comemorar o trabalho decente. Insiste em manter seus direitos.

O dia do “pós-trabalho” golpista fracassará.

O 1º de maio será sempre o Dia do Trabalho. Protegido e decente.

O que nunca foi decente é o golpe.


Cuba reafirma apoio a Venezuela e acusa OEA de ser 'instrumento de dominação imperialista'


Cuba reafirma apoio a Venezuela e acusa OEA de ser 'instrumento de dominação imperialista'


Para Havana, posição da organização em relação a Caracas 'confirma que onde quer que haja um governo que não convenha aos interesses dos círculos do poder imperial e seus aliados, será atacado'
O governo cubano manifestou nesta quinta-feira (27/04) seu apoio à “digna” decisão da Venezuela de deixar a OEA (Organização dos Estados Americanos) e disse que a entidade tem “uma história de quase 70 anos de subordinação a interesses oligárquicos e imperialistas”.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou na quarta-feira (26/04) a saída "imediata" de seu país da OEA após a organização convocar uma reunião para discutir a situação venezuelana sem seu consentimento. A decisão também se dá depois de meses de tensão entre Caracas e o secretário-geral da organização, Luis Almagro, que insiste há um ano na existência de uma “ruptura institucional” na Venezuela.
“Fomos testemunhas, mais uma vez, de outra decisão infame e imoral da desprestigiada OEA contra a Revolução Bolivariana, que reedita as vergonhosas páginas escritas contra a Revolução Cubana na década de 70 do século passado”, diz Havana em comunicado divulgado por seu Ministério de Relações Exteriores.
Cuba afirma que a atitude da OEA é “coerente com o tradicional papel dessa organização como instrumento de dominação imperialista no hemisfério, a fim de enfraquecer a soberania, a independência e a dignidade de Nossa América”.
“A OEA sempre esteve de costas aos povos da América, com uma história de quase 70 anos de subordinação a interesses oligárquicos e imperialistas”, diz o governo cubano, para quem a organização “esteve ausente quando nossa região foi vítima de intervenções e agressões políticas, econômicas e militares, ou de graves violações à democracia e aos direitos humanos”.
Agência Efe / Arquivo
 
O presidente de Cuba, Raúl Castro, condecorou o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com a Ordem José Martí em março de 2016

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Para Havana, “é tempo de reconhecer que a OEA resulta incompatível com as necessidades mais urgentes dos povos de América Latina e Caribe”. “A OEA agride e impõe, e não concilia nem dialoga; deprecia a igualdade e a autodeterminação dos Estados”, diz Cuba, acrescentando que a organização “merece o mais profundo repúdio”.
O governo cubano disse apoiar firmemente a “digna decisão” da Venezuela de se retirar da organização “após ter enfrentado com valentia o acosso, a ingerência e a ignomínia de que foi alvo nesta instituição e por parte de seu febril secretário-geral”. “A OEA nunca se propôs a aceitar um governo popular e muito menos ajudar a Venezuela, como predicam alguns. Pelo contrário, se alinhou cada vez mais com os propósitos de derrocar a Revolução Bolivariana”, diz Havana.
Para Cuba, “as agressões e a desprezível conduta da OEA contra a Venezuela confirmam que onde quer que haja um governo que não convenha aos interesses dos círculos do poder imperial e seus aliados, será atacado”. “Os novos métodos de desgaste, mais sutis e mascarados, sem renunciar à violência, para quebrar a paz e a ordem interna, não ocultam a velha estratégia de demonstrar a inviabilidade do progressismo, das esquerdas e de suas lutas pelo desenvolvimento econômico e social de nossa região”, diz o governo liderado por Raúl Castro.

Greve geral no Brasil: a volta da centralidade do trabalho


Greve geral no Brasil: a volta da centralidade do trabalho


Primeira lição que se tira do vulcão desatado a partir das ameaças da perda dos direitos trabalhistas e previdenciários: o que toca a vida concreta das pessoas, sua sobrevivência e o mundo da produção é o trabalho
1. A greve geral desta sexta (28) se constitui, em seu conjunto, em uma das mais expressivas manifestações populares da História do Brasil. A lembrança mais recorrente tem sido compará-la aos movimentos paredistas de 1983 e 1986.
2. É preciso ajustar a régua. Há uma grande diferença qualitativa. Em 1985, a economia brasileira vivia o ápice da participação da indústria na composição do PIB: 27,5%, porcentagem de país altamente industrializado. Hoje esse número está em torno de 10%.
3. Isso ensejou, ao longo dessas três décadas, o advento de inúmeras teorias dando conta da perda da centralidade do trabalho na sociedade e, logo, na organização social, em favor de outras pautas relevantes.
4. Essa é a primeira lição a se tirar do vulcão desatado a partir das ameaças da perda dos direitos trabalhistas e previdenciários: o que toca a vida concreta das pessoas, sua sobrevivência e o mundo da produção é o trabalho. Embora tenhamos importantes agendas laterais, como corrupção e direitos de setores específicos, o que unifica os de baixo e faz tremer os de cima é o trabalho. A classe dominante interveio nessa questão e provocou um curto-circuito que não esperava.
5. Assim, a efervescência social desatada a partir dos protestos de 15 de março e potencializados dia 31 só tendem a crescer. Mas essa tendência se dá de uma maneira também distinta às chamadas jornadas de junho de 2013. Agora há foco, direção, tática e estratégia. Sua base são os setores organizados e em processo de organização. Não há espontaneísmo.

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Cesar Itiberê/ FotosPublicas

Início da concentração da manifestação no largo da Batata, em São Paulo
6. A marca mais auspiciosa é a inédita unidade de ação entre todas as centrais sindicais e praticamente todos os movimentos sociais. Ao avançar sobre os direitos do trabalho, o governo Temer conseguiu fazer convergir contra si forças que há décadas não se juntavam.
7. O sentimento de vitória e de que a conjuntura mudou contagia ativistas, lideranças e rompe a bolha da militância de esquerda, fortemente minoritária no país. Mais que a conjuntura, a agenda nacional foi virada de ponta-cabeça: os de baixo podem definir os rumos do país.
8. O golpe faz água. A aprovação, nesta semana, da reforma trabalhista na Câmara foi um espasmo, apesar dos 296 votos que obteve. Com toda a pressão, chantagem e compra de apoio, a administração federal não tem nenhuma segurança de que aprovará a mãe de todas as reformas, a das aposentadorias, para a qual necessita de quórum qualificado.
9. Mais do que isso: não há segurança de que mesmo a trabalhista - que pede maioria simples - seja aprovada no Senado. Renan Calheiros abriu clara dissidência, premido por sua necessidade de sobrevivência política e pessoal. Caso não se reeleja em 2018, seu mais provável destino é a cadeia, nas águas da Lava-jato. Sabedor da baixíssima popularidade - 4%! - do governo, o prócer das Alagoas não quer afundar junto com o barco avariado no qual é tripulante.
10. Nas disputas entre a direita para 2018, um personagem tenta ocupar o centro da cena na base da cotovelada. Trata-se do saltitante João Dória Jr., prefeito de São Paulo. Ele se tornou figura de destaque da greve geral ao buscar matar no peito e desafiar o movimento social. Anunciou a proibição da realização do ato de 1o. de Maio na avenida Paulista, cartão de visitas da cidade. As centrais bancaram o jogo e disseram não arredar o pé de lá.
11. Para lograr seu objetivo, Dória terá de se armar com um aparato repressivo de proporções exageradas. Embora tudo seja possível e o equilíbrio - como tem ficado claro - não seja o seu forte, é pouco provável que, após o dia 28, obtenha unanimidade entre a direita paulista para bancar a brincadeira. Se recuar, fica desmoralizado. Tem um problema a resolver nas próximas 48 horas. Problema sério.
12. Assim, o Dia do Trabalhador será o novo desafio do movimento popular. O sabor de vitória parece indicar um inédito patamar de lutas.
(A partir de conversas com Edson Carneiro Índio e Artur Araújo)

Repercussão na imprensa internacional da greve geral no Brasil



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Greve, que parou país, foram destaque em jornais e sites de notícias de países como EUA, Argentina, Reino Unido, Alemanha, Rússia, Cuba, Venezuela e outros
A imprensa internacional repercutiu a greve geral realizada no Brasil nesta sexta-feira (29/04), movimento que foi considerado o maior de seu gênero na história do país. As manifestações, que pararam o país, foram destaque em jornais e sites de notícias de países como EUA, Argentina, Reino Unido, Alemanha, Rússia, Canadá, Cuba, Venezuela e outros.
Veja como os veículos internacionais reportaram a greve geral:
The Guardian – Reino Unido
O título da reportagem do jornal britânico sobre o assunto foi “Brasileiros cansados de políticos corruptos vão às ruas protestar contra medidas de austeridade”. “Muitos eleitores estão furiosos que políticos insistem nos cortes em benefícios sociais e serviços públicos mesmo que cresçam as evidências de que eles [os políticos] se beneficiem ilegalmente de comissões em contratos superfaturados”, afirma o jornal.
O periódico diz que a paralisação não foi total, já que ônibus e metrô no Rio funcionaram de maneira parcial, mas que, em São Paulo, o impacto foi maior, com a interrupção da maioria das linhas de transporte coletivo e “confrontos no caminho para o aeroporto de Congonhas”.
Reprodução
teleSUR – Venezuela
A emissora multiestatal teleSur afirou que a greve geral veio como resposta às políticas de ajustes e cortes que leva adiante o governo do presidente de facto Michel Temer contra a classe operária e trabalhadora do país sul-americano.
A página da emissora destacou a opinião da ex-presidente Dilma Rousseff, que chamou a greve geral de “dia histórico”. “A luta e a defesa da democracia é um dever de todos nós”, afirmou Rousseff, que disse que seu coração “se enchia de esperança”. 
Cubadebate – Cuba
periódico cubano disse que o Brasil se viu envolto em uma greve geral convocada pelos principais sindicatos do país “contra as reformas levadas a cabo durante o mandato de Michel Temer”.
“As informações da imprensa que chegam de todos os estados coincidem em indicar o transporte público como um dos setores com maior adesão à paralisação, que se realiza para manifestar o descontentamento com as reformas trabalhista e de aposentadorias, ambas em discussão atualmente no Congresso”, diz.

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RT – Rússia
A emissora russa RT também destacou a repressão policial no Rio de Janeiro, que usou canhões de água e gás lacrimogêneo contra manifestantes, em um dos maiores protestos na greve geral, que aconteceu em frente à Assembleia Estadual do Rio.
“A greve geral foi a primeira em duas décadas no Brasil. Milhões de brasileiros ficaram em casa nesta sexta, de acordo com os organizadores da greve. Trabalhadores protestaram contra congelamento nos gastos públicos e mudanças nas aposentadorias e nas salvaguardas trabalhistas”, afirmou a emissora.
Reprodução/Frente Brasil Popular
Manifestação em São Paulo durante greve geral se concentrou no largo da Batata, zona oeste da cidade
New York Times – EUA
O jornal norte-americano The New York Times disse que o Brasil foi “tomado pela greve geral contra as medidas de austeridade”.
“A greve revelou fissuras profundas na sociedade brasileira sobre o governo de Temer e susas políticas. O presidente permanece muito impopular após subir ao poder no ano passado com o impeachment de Dilma Rousseff. Mas Temer argumenta que suas reformas são necessárias para restaurar a confiança na fraca economia do Brasil”, diz o jornal.
Le Monde – França
Para o jornal Le Monde, da França, a greve foi “menor do que a esperada”, mas “histórica”.
“Escolas públicas e privadas, correios, bancos, comércios, transportes e hospitais foram afetados em São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro na maior parte das grandes cidades por uma greve geral em sinal de protesto à reforma do mercado de trabalho e da previdência”, diz o periódico francês.
Clarín – Argentina
O jornal Clarín, da Argentina, deu ampla cobertura ao dia de greve geral e destacou a repressão policial feita no Rio de Janeiro contra os manifestantes. De acordo com o periódico argentino, a greve se converteu em um protesto contra o próprio Temer.
“Convocada para manifestar-se contra as reformas das leis trabalhistas e previdenciárias, se converteu, na verdade, em um protesto contra o próprio presidente brasileiro. Em todas as capitais do país, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Salvador e Porto Alegre, o transporte doméstico deixou de funcionar a partir da meia noite de sexta para retomar a atividade na madrugada de sábado”, diz a reportagem.
La Tercera – Chile
O veículo La Tercera afirmou que a greve paralisou parcialmente o Brasil “enquanto os índices econômicos pioram”, e destacou a tentativa de Temer de minimizar o movimento.
“Uma avaliação díspare teve a greve geral convocada esta sexta pelos principais sindicatos do Brasil contra as reformas promovidas pelo presidente Michel Temer. Enquanto o governo qualificou a medida de pressão de ‘fracasso’, a Central Única dos Trabalhadores do Brasil (CUT) fez um balanço positivo. A greve geral, a primeira que se realizava no país desde 1996, coincidiu com a difusão de novos e negativos índices econômicos, em especial, no desemprego”.