domingo, 10 de maio de 2020

Os destaques da manhã no 247

Bolsonaro dobra gastos secretos com cartão corporativo da presidência

Celso de Mello quebra sigilo da explosiva reunião do Planalto em que Bolsonaro assumiu interferência na PF

Mais de 500 artistas assinam manifesto contra Regina Duarte: 'Não nos representa'

Agenda de Paulo Guedes está praticamente liquidada, diz Miriam Leitão

Ferréz: a periferia é que carrega o sistema

Bolsonaro é um sociopata, diz Eduardo Moreira, após passeio de jet-ski presidencial

Maduro vai acusar presidente da Colômbia no Tribunal Penal Internacional por tentativa de invasão

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The Intercept Brasil

Sábado, 9 de maio de 2020
E aí, STF?

Enquanto você lê essa newsletter, mais de 5 mil mães estão presas ilegalmente, longe dos filhos, vendo a evolução de um vírus que ninguém sabe ao certo quantas pessoas vai matar. Há, entre elas, grávidas. As mães – mulheres com crianças de até 12 anos – não cometeram crimes violentos e deveriam estar soltas. 
Elas ganharam do STF, em fevereiro de 2018, o direito de esperar pela decisão final da justiça em casa. Só faltou o judiciário cumprir o que o próprio judiciário determinou. É uma sacanagem que já dura mais de dois anos e que o novo coronavírus torna ainda mais urgente. Vamos esperar que elas morram?
Sem nunca terem sido julgadas, elas foram colocadas em penitenciárias superlotadas e insalubres. Ao tentar o habeas corpus a que têm direito, ouviram, como mostram as decisões a que tivemos acesso, que, “como mães”, não deveriam ter cometido crimes, por isso não mereciam ser soltas, ou que, apesar de 80% delas serem chefes de família, seus filhos não ficariam desassistidos. 
Não há espaço para dúvidas: se existe uma decisão da mais alta instância jurídica deste país exigindo que todas essas mulheres sejam mandadas para casa, cada juiz que desobedece a lei rouba dessas mulheres, dia após dia, a liberdade – e, numa crise como a que vivemos, arrisca tirar delas também a saúde e, em casos extremos, a vida. 
Nossas penitenciárias são locais terríveis onde epidemias se espalham com velocidade e intensidade assustadoras. É longo o histórico da tuberculose em nossos presídios, por exemplo. A doença respiratória é 30 vezes mais presente do que entre a população em geral aqui fora. Embora a tuberculose seja considerada a infecção mais letal do mundo, em plena pandemia do novo coronavírus ela perde em número de mortes diárias no mundo para a covid-19. 
O perigo que essas mulheres correm durante a pandemia é evidente, como lembrou o próprio Conselho Nacional de Justiça ao recomendar, em março, a sua soltura. É isso que nós passamos a mostrar hoje em uma série de reportagens financiadas pela Fundação Gabriel García Márquez. Essas mulheres precisam ser soltas. Não é questão de ideologia; não é opinião. É a lei. 

LEIA A REPORTAGEM

Leandro Demori
Editor Executivo
 

Destaques

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Nota de militares cutuca Bolsonaro, chuta canela do STF e embute armadilha sobre ‘missão constitucional’
Rafael Moro Martins
Ministério da Defesa emitiu nota cheia de recados sobre frase de Bolsonaro de que Forças Armadas estão “ao lado do povo” contra instituições.
A crise do coronavírus
General incentiva surto de coronavírus para ‘imunizar tropa' em abrigo de refugiados
Tatiana Dias
Antônio Manoel de Barros defendeu que seus comandados buscassem se contaminar numa gravação de pouco mais de três minutos distribuída aos integrantes militares e civis.
Condenados do Mensalão e investigados pela Lava Jato: quem são os novos aliados de Bolsonaro
João Filho
No palanque, Bolsonaro continuará atacando a velha política. Na prática, estará jogando o jogo dela do pior jeito possível.
A crise do coronavírus
Coronavírus: o Congresso precisa agir imediatamente para o Brasil ter acesso aos tratamentos da covid-19
Jorge Bermudez, Achal Prabhala
Precisamos quebrar patentes dos medicamentos agora ou gigantes farmacêuticas decidirão se devemos viver ou morrer.
A crise do coronavírus
Coronavírus: terceira divisão
Breno Costa
75% dos testes de coronavírus importados pelo Brasil são pouco confiáveis e podem falhar
A crise do coronavírus
Tráfico toma conta, e violência mata tanto quanto o coronavírus na periferia de Fortaleza
Cecília Olliveira
Os 15 bairros da Regional I da capital concentram o maior número de mortes violentas de abril e a maior letalidade pela covid-19 de Fortaleza.
A crise do coronavírus
Coronavírus: MP quer acabar com mamata de irmandades religiosas em cemitério público de Salvador
Nayara Felizardo
Gavetas vendidas pelas irmãs em cemitério estadual custam 1600% a mais que gavetas administradas pela prefeitura. Cidade já prevê colapso funerário.

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Os destaques da manhã no 247, em 09/5/2020

Com seu churrasco, Bolsonaro administra o sadomasoquismo nacional, diz Marcia Tiburi

MP vai investigar "pastor" que prometia feijões mágicos contra o coronavírus

Grupo terrorista criado para defender Bolsonaro já arrecadou R$ 67 mil

Governo Bolsonaro finalmente entrega ao STF vídeo de reunião ministerial

"Não faça churrasco, Bolsonaro. Não há o que celebrar", diz Haddad

Dilma: "temos um único caminho, que é o Fora Bolsonaro"

Desmatamento na Amazônia cresce 63,7% em abril: "grileiro não faz home office"

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A pauta que precisamos encarar










A pauta que precisamos encarar

 
Queridos leitores,

Começo esta conversa agradecendo aos 298 novos parceiros-doadores de Carta Maior que, a partir de 4 de março, quando iniciamos esta campanha de doação, passaram a contribuir com nossa luta. Antes, nós contávamos com 1.177 doadores e 300 mil leitores/mês. Agora somos 1.475 doadores e, nos últimos trinta dias, alcançamos 558.329 leitores na página, ou seja, as doações recebidas nos permitiram avançar na linha editorial e publicar mais textos neste momento de total incertezas.

Para alcançarmos o nosso ponto de equilíbrio, de 3 mil parceiros-doadores, ainda faltam 1.525 novos doadores, no universo de mais de 550 mil leitores mensais que hoje alcançamos. Precisamos atingir esse número o mais rápido possível, ou pelo menos, até dezembro deste ano.

Quero pedir um grande favor, com muito carinho e humildade, por favor nos ajudem. Com apenas R$ 1 real por dia vocês podem sim fazer a diferença. Se puder, doem mais (saiba aqui como).

Vale lembrar que muitos companheiros nossos perderam emprego ou tiveram salários rebaixados, estão doentes ou com familiares doentes. Quem tem mais condições pode e deve ajudar quem tem menos. E a sobrevivência de Carta Maior, lida por muitos desses companheiros, depende da contribuição de vocês.

Neste momento de crise, precisamos uns dos outros. E como tudo na vida, a crise nos proporciona momentos de grande fertilidade criativa. Há muito o que fazer e sabemos o que fazer, vocês se surpreenderiam com as propostas que temos ainda para este ano.

A esquerda brasileira e os partidos políticos estão praticamente paralisados, atônitos, com tudo o que está acontecendo. Eles também precisam de nós.

Por quê?

Teremos um sério aprofundamento das dificuldades que estamos sofrendo em decorrência das três crises principais que se apresentam:

A crise econômica, resultante da obsessão neoliberal do sr. Paulo Guedes que, incapaz de compreender o que é o Brasil, em plena pandemia mundial, ainda vem falar em redução de gastos, austeridade e congelamento de salário; exceto o dos militares que, para aprovarem a Reforma da Previdência, receberam polpudo aumento de seus vencimentos. Lembrando que, em dezembro de 2019, o PIB já era um pibinho de 1,1 com previsão de redução para 0,02 em janeiro de 2020. E o FMI já fala em queda de mais de 7 pontos percentuais para este ano. Nos Estados Unidos, poderá cair até 12 pontos percentuais. Imaginem aqui...

A crise sanitária, provocada pela pandemia do coronavírus, muito mais mortal e, certamente, mais duradoura no Brasil, por causa da figura grotesca de Bolsonaro que convoca a população a sair às ruas, na contramão de qualquer determinação sanitária do mundo; e desdenha do SUS, da OMS e da Ciência. Tanto os Estados Unidos quanto o Brasil não prepararam seus sistemas de saúde para enfrentar tamanha crise. Ambos chefes de Estado não fizeram o isolamento social que deveriam, e minimizaram a pandemia. Trump já desistiu, Bolsonaro continua em sua política assassina, inclusive, invadindo a Suprema Corte, com objetivo claro de constranger e convencer o ministro Toffoli a abrir a economia, o que poderá significar a contaminação e morte de milhares de pessoas.

A crise política, gravíssima, provocada pelo atual desgoverno. Como prevíamos, a aliança construída para eleger Bolsonaro está completamente destruída. Resta o núcleo duro de seu eleitorado – 25 a 30% dos que nele votaram, o que não é pouco –, extremamente organizado pela internet, e sob firme comando de seus filhos. Um governo que concebe o “público” como “gado”, dirigindo o Estado e suas instituições como bens privados da família Bolsonaro. Não há articulação política, os poderes da República não se falam. Ele é, inclusive, o primeiro presidente sem partido deste país. Gaba-se de não fazer a “velha política”, mas segue abraçando o condenado Roberto Jefferson e Valdemar da Costa Neto.

Meus caros, nós já vimos esse filme.

O Golpe de 64 iniciou com o avanço de uma coluna militar blindada, comandada pelo general Olímpio Mourão Filho, da 4ª. Região Militar que, partindo de Juiz de Fora se deslocou por uma estrada federal até o Rio de Janeiro, sem sofrer nenhuma resistência. De nada adiantaram os avisos do ex-deputado federal Leonel Brizola que, inúmeras vezes, alertou o presidente Jango de que os militares iriam dar o golpe.

  

A Carta Maior, foi fundada em 2001. Era o início da rede mundial de computadores no Brasil. O Facebook foi lançado em 2004, o YouTube em 2005 e o Twitter, em 2006. No dia 28 de janeiro de 2020 completaremos 19 anos. O GOLPE de 2016, nos atingiu violentamente, quase nos levando ao desaparecimento. Porém, nossos leitores não permitiram que isso ocorresse e nos trouxeram até aqui. Agora precisamos avançar, criando outras formas de comunicação.
Se você valoriza o que obtém da Carta Maior e quer mais, junte-se a nós com uma doação, para que possamos crescer e fazer o jornalismo que é necessário e que os próximos anos nos exigirão. Doe 1 real por dia (R$30,00 mês) e se puder doe mais. Precisamos de todos.

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Brizola sempre dizia:

Você sabe como acontecem os golpes? Você dorme dentro da normalidade e acorda com os tanques nas ruas.

A crise que vivemos ultrapassa qualquer possibilidade de previsão. E quem disser que sabe o que irá acontecer está blefando. Mas que tem cheiro de golpe no ar, tem.

Mantidas as diferenças e circunstâncias entre 1964 e 2020, nós estamos assistindo de braços cruzados ao avanço das forças da extrema direita, num passo acelerado rumo ao rompimento definitivo do Estado democrático de Direito. É isso ou a renúncia.

Bolsonaro não é e nunca foi maioria. Dos 147,3 milhões de eleitores aptos a votar em 2018: 57,7 milhões de pessoas escolheram Bolsonaro; 47 milhões Haddad; e 42.1 milhões votaram nulo, branco ou se abstiveram da escolha.

Sua vitória é a vitória da polarização social e da criminalização da política fomentada, ao longo dos governos petistas e de modo contundente, pelos veículos de comunicação que se lançaram e lançaram o país em um tremendo vale-tudo contra a esquerda.

Esse homem aliou-se e tem Donald Trump como seu líder e juntos serão responsáveis por milhões de seres humanos que perderam a vida nessa terrível pandemia.

O mundo amou, odiou e invejou os Estados Unidos. Agora, pela primeira vez, temos pena.

Antes de todos, quem tem que fazer autocrítica é essa imprensa que pensa jornalismo como mercadoria e nunca como direito. Todos os veículos que embarcaram no golpe contra Dilma, sem exceção, estão constrangidamente envolvidos com a vitória de Bolsonaro em 2018. Todos, sem exceção, são responsáveis pelo que irá acontecer neste país nos próximos meses.

Pela polarização que alimentaram, pela criminalização da política que praticaram e, sobretudo, pela asfixia do debate que continuam fomentando, porque como papagaios só sabem reproduzir um único discurso: aquele que agrada aos bancos e aos norte-americanos.

Não há debate na imprensa dita “profissional”. Não há nenhuma reflexão que efetivamente queira transformar os rumos do país. O que há é desmonte do Estado, venda do patrimônio público, precarização de direitos, roubo da previdência dos mais pobres, crimes ambientais...

Nestes tempos tristes de pandemia, a imprensa tem uma mínima chance de resgatar algum tipo de credibilidade, enfrentando a discussão trazida pelo coronavírus à sociedade brasileira, economicamente tão desigual, e que diz respeito a duas perguntas:

Qual modelo de saúde precisamos e queremos daqui para frente?

Qual modelo de Estado precisamos e queremos para garantir a vida e não a morte das pessoas?

Essa é a pauta que o jornalismo precisa encarar.

Nós, da Carta Maior, somos de esquerda e queremos ir mais além.

Discutir com profundidade a mudança do modelo econômico para um modelo SOCIALISTA de produção. Construir juntos uma proposta concreta para o socialismo que este país tanto precisa.

Com muita luta e muita militância, é o que tentamos fazer em Carta Maior. Formação política, debate sobre a conjuntura, difusão do conhecimento científico, tradução do que dizem lá fora e cobertura do que dizem aqui dentro. E sempre com muita garra, porque amamos este país, amamos a América Latina e amamos o que fazemos.

Por isso, insistimos: nos ajude.

Talvez tenha passado despercebido o que relatamos numa das últimas cartas do Editor: o Twitter de Carta Maior atingiu a marca de 5 milhões e 700 mil visitantes nos últimos 28 dias.

Venham para o Twitter da Carta Maior (clique aqui) e nos acompanhem por essa mídia dinâmica. É uma arma poderosa.

Por fim, meus amigos, fiquem bem.

Mantenham-se VIRTUALMENTE próximos uns dos outros. Aproveitem a família, ajudem as crianças nos estudos virtuais, elas crescem mais rápido do que pensamos. E não se isolem, acompanhem nosso site, nossos textos, nossos podcasts, nossas dicas de cinema que, garantimos, são imperdíveis.

E, por favor, fiquem em casa.

Sigamos juntos,

Joaquim Ernesto Palhares
Diretor de Carta Maior

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