terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Os destaques da noite no 247

 

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suspeição de Moro obtidas por Lula

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Lava Jato: “maior escândalo judicial
do mundo”

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vão a júri popular

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filho de Miriam Leitão, orientou Dallagnol sobre condução coercitiva de Lula

Lula deixa hospital Sírio Libanês após diagnóstico de bacteremia

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Ministério Público quer que o STF rediscuta caso Rubens Paiva

 

Ministério Público quer que o STF rediscuta caso Rubens Paiva

 CRIME PERMANENTE

Ministério Público quer que o STF rediscuta caso Rubens Paiva

Deputado foi morto em 1971. Seu corpo nunca foi encontrado. MPF denunciou cinco militares pelo crime

Reprodução
Ex-deputado foi levado de sua casa, em 1971. Morreu sob tortura

São Paulo – O Ministério Público Federal (MPF) quer reencaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) o caso do ex-deputado Rubens Paiva, desaparecido em 1971. A ação reabre debate sobre a Lei da Anistia (6.683, de 1979). Segundo a subprocuradora Samantha Dobrowolski, cabe à Corte discutir se a lei é compatível com a Constituição e com normas internacionais de direitos humanos. Em 2010, o STF rejeitou pedido de revisão da Lei da Anistia. Ainda há recursos pendentes.

Em setembro do ano passado, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acolheu embargos do MPF para reconhecer que a ocultação do cadáver do ex-deputado é “crime instantâneo de efeitos permanentes”. Mas, por outro lado, não atendeu pedido da Procuradoria para manter o processo contra os militares denunciados pelo Ministério Público. Em 2019, o colegiado trancou a ação penal, instaurada em 2014.

Cinco denunciados

O MPF no Rio de Janeiro denunciou cinco militares reformados do Exército por homicídio e ocultação do cadáver de Rubens Paiva, entre 21 e 22 de janeiro de 1971. O crime aconteceu no Destacamento de Operações de Informações (DOI) do I Exército, no bairro da Tijuca, zona norte carioca. Paiva foi levado por agentes de sua casa, no Leblon, zona sul, na presença da família. Nunca mais foi visto. Confira a denúncia.

Após três anos de investigação sobre o caso envolvendo o ex-parlamentar do PTB, o Ministério Público identificou os cinco denunciados, além de nove que já haviam morrido. Assim, segundo os procuradores, “ficou provado nos autos que o Exército Brasileiro vem sonegando informações ao MPF, a respeito da participação de militares em ações da repressão ditatorial”.

Homicídio e ocultação de cadáver

Foram denunciados, então, o general José Antônio Nogueira Belham, ex-comandante do DOI, e o ex-integrante do Centro de Informações do Exército (CIE) Rubens Paim Sampaio, por homicídio triplamente qualificado. Além deles, o coronel Raymundo Ronaldo Campos e os militares Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza, acusados de ocultação de cadáver, fraude processual e associação criminosa armada.

Nos embargos, o MPF apontou omissão em relação à tese de que a ocultação de cadáver seria crime permanente. Dessa forma, embora o crime tenha começado em momento coberto pela Lei de Anistia (ou seja, antes de 1979), sua prática permaneceria até que o cadáver fosse encontrado.

O relator, ministro Joel Ilan Paciornik, por sua vez, sustentou que esse entendimento contraria a lei (Código Penal). Na ocultação de cadáver, a intenção seria esconder o corpo temporariamente. “Afirmar que a ação ocultar cadáver é permanente somente seria possível quando se depreendesse que o agente responsável espera, em um momento ou outro, que o objeto jurídico venha a ser encontrado”, afirmou. Confira aqui o acórdão do STJ.

Denunciou e morreu

Em 2014, o coronel reformado Paulo Malhães declarou à Comissão da Verdade que o corpo de Paiva foi jogado em um rio na região serrana fluminense. Um mês depois desse depoimento, o militar foi morto durante invasão em sua casa. Em setembro do mesmo ano, o ministro Teori Zavascki, do STF (morto em acidente em 2017), concedeu liminar para suspender a ação penal. O mérito não foi julgado. O caso foi também para o STJ, com liminar indeferida em 2015 e mérito julgado em 209, com o trancamento da ação.

“As sucessivas condenações sofridas pelo Brasil e por outros países na Corte Interamericana de Direitos Humanos em função da incompatibilidade existente entre suas Leis de Anistia e a persecução de crimes de lesa-humanidade, que, conforme a Ordem jurídica internacional, são imprescritíveis e insuscetíveis de anistia, demonstram a urgência de a Suprema Corte revisitar o tema, que diz respeito diretamente à incompatibilidade entre a Lei de Anistia e o bloco de constitucionalidade do ordenamento jurídico brasileiro”, diz a subprocuradora-geral da República, conforme o jornal O Globo.

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Gilmar confronta representante do Ministério Público em crítica à Lava Jato: “Não foi tortura, Dra. Cláudia?”

 

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O ministro do STF leu trechos dos diálogos presentes nos arquivos da Spoofing durante julgamento na Segunda Turma

 
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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), leu algumas das mensagens obtidas pela defesa do ex-presidente Lula através da Operação Spoofing durante sessão em que a Segunda Turma do tribunal negou por 4×1 uma petição apresentada pelos procuradores da Lava Jato contra decisão do ministro Ricardo Lewandowski que permitiu o acesso do material ao ex-presidente.

Ao dizer que acompanharia o relator, Mendes apontou que o material passou por escrutínio da Polícia Federal antes de ser repassado aos advogados de Lula e que o conteúdo é “reflexo da atuação coordenada entre acusação e magistrado”.

“Já é possível depreender o funcionamento de uma certa combinação institucionalizada e permanente, a serem verdadeiras as mensagens, do ex-juiz e dos ex-membros da Força-Tarefa da Operação Lava Jato”, apontou.

Na sequência, o ministro lê por mais de 10 minutos alguns dos diálogos que aparecem nos arquivos da Spoofing. “Em fevereiro de 2016, quando o reclamante [Lula] ainda estava sendo investigado por inquérito policial, o ex-juiz chegou a indagar se já havia da parte do Ministério Público uma ‘denúncia sólida o suficiente’. O procurador responde apresentando um verdadeiro resumo das razões acusatórias do MP”, diz Mendes.

“Se alguém puder dizer que isto tem respaldo, dr. Claudia, em algum código de Processo Penal da América Latina, pode fazer um aparte. Mas vejam, senhores, um modelo”, comentou, provocando a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques.

“Vejam: ‘estamos trabalhando’… Prestem atenção… Isso precisa ser verificado. ‘Estamos trabalhando a delação de Pedro Corrêa que dirá que Lula sabia’. ‘Que dirá que Lula sabia’! Doutora Cláudia, é a sua instituição que está em jogo. É o futuro da Procuradoria-Geral que está em jogo”, acrescentou.

“Chama a atenção, senhores, o fato de o referido diálogo ter ocorrido em 23 de fevereiro de 2016 e a denúncia contra o reclamante [Lula] só ter sido ofertada ao referido juiz em 14 de setembro de 2016. Ou seja, quase 7 meses após a conversa em que o procurador repassa ao juiz todos os fundamentos da peça acusatória. Isso tem a ver, doutora Cláudia, com o processo penal. Ou esses fatos não existiram, ou se existiram são de uma gravidade que comprometem a existência da PGR, doutora Cláudia”, completou.

Tortura

“Veja que tipo de gente nós produzimos, doutora Cláudia! Numa instituição como o Ministério Público! Estão ameaçando mandar para uma prisão de caráter precário e ele decidiu falar. Isso não tem nome, doutora Cláudia? Isto não é tortura não? Feita por essa gente bonita de Curitiba”, questiona Gilmar em outro momento, ao ler um diálogo Deltan Dallagnol com outros procuradores.

Para o ministro, a conversa (veja print abaixo) demonstra os abusos promovidos pelas prisões preventivas e pelos acordos de leniência.

Fachin

Mendes ainda acionou Fachin, frequente defensor da Lava Jato. “Ministro Fachin, isso é muito sério, eu tenho na memória a Curitiba de 1978, que atuou na 7ª Conferência da OAB, da redemocratização. É constrangedor”, disse.

Nobel de Literatura

Se esses diálogos não existiram, os hackers de Araraquara são uns notáveis ficcionistas. Eles escreveram tudo isso!? Vejam o tamanho constrangimento”, ironizou Gilmar. “Ou nós estamos diante de uma obra ficcional fantástica que merece o Prêmio Nobel de literatura, ou estamos diante do maior escândalo judicial da história da humanidade”, finaliza.

LEIA TAMBÉM: “Estamos diante de um verdadeiro escândalo”, diz jurista Margarida Lacombe sobre diálogos de Moro e Dallagnol obtidos por Lula

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Lucas Rocha

Jornalista da Sucursal do Rio de Janeiro da Fórum.