quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Parque Ibirapuera, Pacaembu e até cemitérios: em vídeo, Prefeitura de São Paulo coloca cidade à venda; assista

Parque Ibirapuera, Pacaembu e até cemitérios: em vídeo, Prefeitura de São Paulo coloca cidade à venda; assista


Vídeo apresentado pelo prefeito João Dória a investidores estrangeiros em Dubai traz 'maior programa de privatização da história da cidade'; Bilhete Único, terminais de ônibus e iluminação pública também constam em lista de 'ativos'
Em vídeo publicado nesta segunda-feira (13/02) no canal do YouTube da Prefeitura de São Paulo, a administração de João Dória (PSDB) apresenta “o maior programa de privatização da história da cidade” a investidores estrangeiros, e lista até cemitérios como estruturas à venda.
Narrado em inglês, o vídeo apresenta São Paulo como uma “cidade do mundo”, destacando seu potencial para negócios e investimentos. A “maior cidade das Américas” é o “maior centro financeiro no hemisfério sul”, diz o vídeo, que foi apresentado a investidores estrangeiros em Dubai, nos Emirados Árabes, por Dória nesta terça-feira (14/02), segundo o portal de notícias G1.
Entre as estruturas à venda, constam cemitérios, terminais de ônibus, iluminação pública, o sistema Bilhete Único de cobrança de passagem de transporte público, o estádio do Pacaembu, Parque Ibirapuera, complexo Anhembi, autódromo de Interlagos e outros “ativos” disponíveis para receber investimentos estrangeiros.
Reprodução/Youtube

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O vídeo também destaca o “fast-track”, dispositivo que possibilita a aceleração de processos e redução de burocracias, o que “garante que todos os projetos de investimentos sejam implementados com sucesso” para “facilitar e fortalecer novos negócios”. 
Veja o vídeo completo:

SOLIDARIEDADE À REVOLUÇÃO BOLIVARIANA

Solidariedade à Revolução Bolivariana

Nesta terça-feira (14), o Departamento do Tesouro dos EUA anunciou sanções econômicas contra o vice-presidente da República Bolivariana da Venezuela, Tareck El Aissami, incluindo-o em uma lista de supostos “narcotraficantes”.

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) posta-se ao lado do povo venezuelano e do governo de Nicolás Maduro em prontidão contra mais esta sórdida investida que sinaliza uma nova onda de ataques contra a Revolução Bolivariana por parte de Donald Trump e de sua equipe.

A falsa acusação acontece apenas 42 dias após El Aissami assumir a vice-presidência e sete dias depois de 34 congressistas estadunidenses pressionarem Donald Trump no sentido de continuar a política de Barack Obama de promoção constante de hostilidades contra a Venezuela.

O vice-presidente venezuelano qualificou de “agressão miserável” as sanções econômicas, e afirmou que as recebe como “um reconhecimento de minha condição de revolucionário anti-imperialista”.

Respeitado perito criminologista, El Aissami foi responsável pela pasta de Segurança Cidadã, durante a gestão do presidente Hugo Chávez e levou à cadeia mais de 100 chefes do narcotráfico, inclusive tendo entregue aos EUA 21 narcotraficantes cujas extradições foram solicitadas internacionalmente.
Como lembra a firme nota do governo venezuelano, “a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu-nos como um dos seis países que mais confiscam drogas no mundo e livre de cultivos ilícitos em território nacional”.

A mesma nota informa que o governo bolivariano “rechaça, protesta e condena energicamente as ações arbitrárias e extraterritoriais perpetradas pelo Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos da América contra o vice-presidente da República Bolivariana da Venezuela, Tareck El Aissami” e diz que estas ações “carecem de legalidade internacional e violam flagrantemente o Direito Internacional Público, as instituições internacionais e os princípios fundamentais que regem a comunidade de nações, tais como o respeito à igualdade soberana e o princípio de imunidade dos Estados, constituindo uma grave agressão à Venezuela. Constituem, além disso, uma infâmia contra uma altíssima autoridade de Estado e, sem dúvida, um falso positivo contra um venezuelano decente e digno, cujas acusações não encontram sustentação alguma na realidade, conformam uma mentira grotesca do Império estadunidense para agredir e formam parte de uma trama internacional para atentar contra uma alta investidura e impedir o exercício de suas funções”.

Existem muitas razões para o ódio do imperialismo contra a experiência venezuelana. Atacada ferozmente por todos os lados, resistiu e venceu a onda mais poderosa da ofensiva conservadora que recentemente assola a América Latina. Contrariando os desejos e previsões dos imperialistas e seus lacaios o chavismo e seus aliados seguem resistindo, apostando na mobilização popular, na elevação da consciência política e no aprofundamento da democracia.

A Venezuela, desde a presidência de Hugo Chávez, faz da defesa da integração latino-americana e da soberania nacional uma de suas principais políticas. Foi inclusive durante a gestão de Hugo Chávez que o novo secretário de Estado dos EUA, nomeado por Donald Trump, Rex Tillerson, viu o braço de sua empresa na Venezuela, Exxon Mobil, ser nacionalizada pela Revolução Bolivariana.

A lista na qual foi incluída o vice-presidente venezuelano carece de total credibilidade. Uma lista mais veraz e fácil de fazer seria com as mentiras que o imperialismo impinge ao mundo para justificar suas ações, o que formaria uma verdadeira enciclopédia.

Quem não lembra, por exemplo, em 2003, do então secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, em plena ONU, mostrando “provas cabais” que seu governo coletou sobre a existência de “armas de destruição de massa” em mãos de Saddam Hussein? As “provas” eram falsas, mas o Iraque foi invadido, o país destruído, e foram assassinados direta ou indiretamente mais de 600 mil iraquianos. Como saldo do ato criminoso, o imperialismo conseguiu o controle do petróleo iraquiano, que hoje é majoritariamente de empresas estadunidenses ou de países satélites, e a indústria bélica, que movimenta parte significativa da economia americana, lucrou bilhões de dólares com a carnificina.

É método, portanto, já conhecido da máquina de propaganda imperialista ser alimentada com calúnias e falsas denúncias contra seus adversários visando pavimentar o caminho para a desestabilização interna do país que se busca dominar.

No caso da Venezuela, encontram como obstáculo maior a determinação de uma nação que afirma com dignidade: “Somos um povo de paz, amante dos princípios da autodeterminação e do respeito à soberania, assim como apegados à ordem e ao Direito Internacional. Com a mesma determinação, dizemos que não toleramos nem toleraremos agressão alguma contra nosso território, contra o nosso direito a sermos livres, nem contra nenhum irmão nascido nesta terra de homens e mulheres dignos e herdeiros da glória de Simón Bolívar e Hugo Chávez”.

O PCdoB, partido que pratica o internacionalismo de forma militante, expressa sua indeclinável solidariedade ao povo venezuelano na luta contra o imperialismo, pela integração latino-americana, em defesa da paz e da justiça no mundo.


São Paulo, 15 de fevereiro de 2017

José Reinaldo Carvalho

Secretário de Política e Relações Internacionais do PCdoB

Para não esquecer.


"Quem não conhece o esquema do Aécio?", pergunta Sergio Machado

por Redação — publicado 23/05/2016 11h44
Diálogo entre ex-presidente da Transpetro e ministro do Planejamento, Romero Jucá, atinge o senador tucano
Roque de Sá / Agência Senado
Aécio Neves
Aécio Neves, presidente do PSDB, aparece algumas vezes nas gravações de Jucá
Citado cinco vezes por delatores da Operação Lava Jato, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG), aparece com destaque nas conversas entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. 
Feitas de forma clandestina, provavelmente pelo próprio Sergio Machado, que estaria negociando um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato, as gravações foram divulgadas nesta segunda-feira 23 pela Folha de S.Paulo. Os áudios aparentemente indicam que o impeachment de Dilma Rousseff seria parte de uma estratégia para conter a Lava Jato.
Aécio é citado duas vezes nos trechos do diálogo selecionados pela Folha. No primeiro, Machado demonstra preocupação a Jucá a respeito das investigações, que iriam atrás de "todos os políticos", e questiona se "a ficha" do PSDB já teria caído. 
MACHADO - A situação é grave. Porque, Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi dado...
JUCÁ - Acabar com a classe política para ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com...
MACHADO - Isso, e pegar todo mundo. E o PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ - Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes, senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].
MACHADO - Caiu a ficha. Tasso [Jereissati] também caiu?
JUCÁ - Também. Todo mundo na bandeja para ser comido.
Machado cita Aécio como "primeiro" a ser "comido" e faz uma referência à eleição do então deputado federal Aécio à presidência da Câmara. A eleição ocorreu em fevereiro de 2001, na parte final do governo Fernando Henrique Cardoso e provocou uma feroz disputa entre o PSDB e o PFL.
Partido do vice de FHC, Marco Maciel, o PFL (hoje DEM) queria emplacar Inocêncio Oliveira (PE) e Antonio Carlos Magalhães (BA) nas presidências da Câmara e do Senado, mas acabou derrotado pela articulação do PSDB, que emplacou Aécio na Câmara e Jáder Barbalho (PMDB-PA) no Senado
MACHADO - O primeiro a ser comido vai ser o Aécio.
JUCÁ - Todos, porra. E vão pegando e vão...
MACHADO - [Sussurrando] O que que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os deputados, para ele ser presidente da Câmara? [Mudando de assunto] Amigo, eu preciso da sua inteligência.
Em entrevista à rádio CBN, Jucá negou que a referência à eleição de Aécio envolvesse algum esquema de corrupção. Segundo o hoje ministro, Sergio Machado fez uma referência ao "contexto político" daquela época.
"Nós construímos um entendimento pro Jáder ser o presidente do Senado e para o Aécio ser presidente da Câmara", afirmou Jucá à CBN. Naquele período, Sergio Machado era senador pelo PSDB e liderava o partido na Casa. Seu vice era Romero Jucá. 
"O esquema do Aécio"
A segunda citação a Aécio é mais contundente. Machado e Jucá estão aparentemente dialogando sobre as futuras eleições presidenciais e o ministro do Planejamento afirma que nenhum "político tradicional" tem possibilidades de vencer um pleito. Machado, então, diz que "Aécio não tem condição" e pergunta: "Quem não conhece o esquema do Aécio?"
MACHADO - É aquilo que você diz, o Aécio não ganha porra nenhuma...
JUCÁ - Não, esquece. Nenhum político desse tradicional ganha eleição, não.
MACHADO - O Aécio, rapaz... O Aécio não tem condição, a gente sabe disso. Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB...
JUCÁ - É, a gente viveu tudo.

Formação do governo Temer visava proteger organização criminosa, diz Janot

Política

Corrupção

Formação do governo Temer visava proteger organização criminosa, diz Janot

por Redação — publicado 07/02/2017 10h46, última modificação 07/02/2017 10h47
Para PGR, nomeações de Jucá, Sarney Filho e Fabiano Silveira tinham objetivo de criar "ampla base de apoio" para conter a Lava Jato
Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Jucá, Temer e Renan
Jucá, Temer e Renan: governo foi formado para barrar a Lava Jato
A formação do governo de Michel Temer teve, ao menos em parte, o intuito de proteger a organização criminosa que vem sendo investigada na Operação Lava Jato. Essa é a conclusão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em petição apresentada na noite de segunda-feira 6 ao Supremo Tribunal Federal (STF).
No documento, Janot pede a abertura de um inquérito criminal contra o ex-presidente José Sarney (PMDB), os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-diretor da Transpetro Sérgio Machado por possível crime de embaraço às investigações da Lava Jato.
A base do pedido de Janot são as gravações feitas por Machado com os caciques do PMDB e que foram vazadas à imprensa em maio de 2016. Nos áudios, o grupo trata do impeachment de Dilma Rousseff, discute a "solução Michel" e Jucá afirma, em meio a um diálogo sobre a preocupação com as delações premiadas de executivos de empreiteiras, que a forma de "estancar a sangria" é "mudar o governo".
No pedido entregue ao STF, Janot aborda tangencialmente o impeachment, mas afirma que indicados de Temer para o ministério tinham o intuito de aprovar "medidas de alteração do ordenamento jurídico em favor da organização criminosa".
Na página 28 da petição, Janot afirma que Jucá "explicita em uma das suas conversas com Sérgio Machado que na solução via Michel Temer haveria espaço para uma ampla negociação prévia em torno do novo governo". Na conversa, Jucá afirma que a "solução Michel" pode ser negociada "antes de resolver" colocá-la em prática.
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Na sequência, Janot afirma que "pode-se inferir destes áudios que certamente fez parte dessa negociação" a nomeação de Jucá para o Ministério do Planejamento, além da nomeação do deputado Sarney Filho para o Ministério do Meio Ambiente e de Fabiano Silveira para o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, que substituiu a Controladoria-Geral da União.
Jucá também cita na lista "cargos já mencionados para o PSDB", mas não diz quais são. Antes, na petição, Janot cita diálogos de Romero Jucá com Sergio Machado nos quais o senador afirma que "caiu a ficha" do PSDB sobre a necessidade de embarcar no plano, e cita especificamente os senadores tucanos Aloysio Nunes Ferreira (SP), José Serra (SP) e Aécio Neves (MG).
O intento dos nominados de Temer, afirma Janot, "é conseguir construir uma ampla base de apoio político para conseguir, pelo menos, aprovar três medidas de alteração do ordenamento jurídico em favor da organização criminosa".
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Essas medidas, diz Janot na petição, "seriam implementadas no bojo de um amplo acordo político — tratar-se-ia do propalado e temido 'acordão' — que envolveria o próprio Supremo Tribunal Federal, como fica explícito em intervenções tanto do senador Renan Calheiros, como do senador Romero Jucá".
Ainda de acordo com o PGR, o "acordão" tinha o objetivo de conter "os avanços da Operação Lava Jato em relação a políticos, especialmente do PMDB, do PSDB e do próprio PT, por meio de acordo com o Supremo Tribunal Federal e da aprovação de mudanças legislativas".
Jucá foi ministro de Temer por apenas 11 dias. Deixou o cargo em 23 de maio de 2016 em meio ao escândalo provocado pelo vazamento justamente dos áudios que, agora, ensejam a ação criminal de Rodrigo Janot. Hoje ele é o líder do governo Michel Temer no senado.
Fabiano Silveira durou mais tempo no cargo. Ficou até 30 de maio e caiu após a divulgação de áudios também feitos por Sérgio Machado. Na gravação, Silveira orientava investigados da Lava Jato sobre como proceder diante das investigações do Ministério Público enquanto tinha um cargo de conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que fiscaliza o poder Judiciário.
Sarney Filho ainda é ministro de Temer. 
A petição da PGR segue agora para o ministro Edson Fachin, que herdou a relatoria da Lava Jato após a morte de Teori Zavascki. 
Leia a íntegra da petição:          Nº 6474/2017- GTLJ/PGR
Fonte: Carta Capital

O golpe e a toga

O golpe e a toga

por Roberto Amaral — publicado 16/02/2017 00h04, última modificação 15/02/2017 15h47
Vivemos tempos estranhos, e muita estranha é a nossa Justiça, graças a nomes como Gilmar Mendes e Sergio Moro
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Rosinei Coutinho / SCO / STF
Gilmar Mendes
Mendes: diante da decisão de Celso de Mello, a sua sobre Lula trata-se de aberração
Fosse outro seu mundo ético (valor presentemente depreciado por determinadas categorias profissionais em tempos idos muito respeitadas), Gilmar Mendes, aquele que não disfarça, declarar-se-ia impedido de atuar em causas do interesse do Partido dos Trabalhadores e, especialmente, naquelas que dissessem respeito diretamente ao ex-presidente Lula, de quem se anunciou desafeto e a quem devota ódio bilioso, desde desastrado encontro promovido pelo ministro Nelson Jobim.
Mas seria exigir demais de sua militância partidária.
Em março de 2016, no ápice da crise do governo Dilma Rousseff, referido juiz assumiu a relatoria de mandado de segurança interposto pela dupla PPS- PSDB que pretendia suspender em caráter liminar a nomeação do ex-presidente para a chefia da Casa Civil.
Ao conceder a liminar e frustrar a posse de Lula, Mendes acusou a nomeação de pretender “impedir o cumprimento de ordem de prisão [de Lula] de juiz de primeira instância" blindando-o com o foro privilegiado e, dele derivado, a impunidade supostamente perseguida.
Ora é prerrogativa constitucional do presidente da República nomear seus ministros, e nela não pode avançar o Judiciário. Ademais, no momento de seu despacho, Lula não era réu nem estava condenado em qualquer processo, as únicas razões que o Direito, que presentemente passa ao largo da República de Curitiba e do gabinete do ministro, admite para a prisão.
Mas o inefável Mendes sabia, como sabe ainda hoje até o reino mineral, que a nomeação de Lula não visava, como visa agora a de Moreira, a assegurar-lhe foro privilegiado, senão a concertar o governo em crise, numa tentativa de bloquear o golpe de Estado conjurado ostensivamente.
E esta possibilidade, do concerto do governo, foi a motivação verdadeira de Gilmar Mendes para a concessão injustificável da suspensão por decisão monocrática, no que aliás se estão especializando os ministros do STF, anulando o papel das comissões e do pleno. Que ainda faz o ministro?
Pede vistas do processo que julgara liminarmente, impedindo que, com recurso ao pleno, pudesse ser cassada a liminar indevidamente concedida. A concessão da liminar e o imediato pedido de vistas foram decisões políticas fundamentais para a consolidação do golpe que cassou o mandato da presidente Dilma.
A inconsistência jurídica da decisão de Mendes surge à luz do sol na justificativa do ministro Celso de Mello para indeferir mandado de segurança interposto agora pelo PSOL e pela Rede para impedir a posse de Wellington Moreira Franco. Para o decano, não se pode presumir desvio de finalidade –como arguiu Gilmar Mendes contra Lula – se a pessoa preenche os requisitos para ocupar o cargo!
O fato de ter foro especial, continua Celso de Mello, não livra o titular desse direito de possível processo e muitos menos o blinda contra eventual decretação de prisão preventiva. Por fim, entende que não cabe a partidos políticos apresentar mandado de segurança contra nomeação de ministro pelo presidente da República.
Ou seja, para negar a liminar contra posse de Moreira, refuta todos os argumentos levantados por Mendes para conceder a liminar contra Lula. Celso de Mello e o STF fazem justiça a Moreira Franco, aquela mesma justiça que é sistematicamente negada a Luiz Inácio Lula da Silva.
Essa decisão de Celso de Melo e sua justificativa – que, espera-se, será confirmada pelo pleno do STF – transforma a decisão anterior de Gilmar Mendes em uma aberração.
Se o ministro Mendes tivesse respeito à toga, não se transformaria em assessor e conselheiro do presidente Temer, zanzando a qualquer horário, inclusive aos domingos, entre os palácios presidenciais, simplesmente porque este não pode ser o papel de um ministro do STF, mas sobretudo porque o presidente por ele assessorado será julgado no TSE do qual ele, Mendes, é presidente, e porque ainda poderá Michel Temer ser julgado de novo por Mendes no pleno do STF, julgamento previsível considerando que o ainda presidente já carrega 43 citações nas delações da Odebrecht, homologadas pela presidente Cármen Lúcia.
Compreende-se, assim, o açodamento do Planalto tentando apressar a aprovação do indescritível Alexandre de Moraes por um Senado dócil, posto que está sob os cuidados de Renan Calheiros e Romero Jucá. Pressa que contraria o bom senso, pois a boa conduta, de que se descuidou a Constituição, seria estabelecer um rito mínimo para a escolha do candidato após a indicação do presidente; seria, pois, deixar esse e qualquer candidato por algum tempo à mercê das intempéries, para assim possibilitar a intervenção da opinião pública acicatada, ainda que timidamente, pela imprensa.
De Alexandre de Moraes, prócer tucano, não se pode esperar outra ética na revisão da Lava Jato, e no pleno votando em processos que poderão ter como réus o presidente que o nomeou, os senadores que aprovarão sua indicação (assegurada de saída pelo acordo do do Planalto com Renan Calheiros e o PSDB) e muitos de seus colegas de governo.
Na Comissão de Constituição e Justiça, presidida por ninguém menos que Edison Lobão (alvo de ação de busca e apreensão em sua residência e gabinete), o futuro ministro encontrar-se-á, como seus julgadores, com dez senadores citados nas delações da inesgotável Odebrecht.
E é impossível prever o que virá das delações das outras empreiteiras, na fila de espera. No plenário do Senado o ministro terá sua indicação previsivelmente aprovada, dentre outros, pelos votos de 23 acusados, todos por ele procurados no périplo de beija-mão pedindo apoio para sua própria aprovação.
Não se sabe qual será seu comportamento diante de acusações que amanhã venham a pairar sobre os senadores seus companheiros de estranha vilegiatura pelo Lago Paranoá, numa embarcação conhecida como garçonnière, de conhecido prócer do baixo clero do Senado.  
Diz-se que o ministro Alexandre de Moraes será, a despeito da prevalência de Gilmar Mendes, este o sumo pontífice, o representante do Palácio do Planalto, e nessas condições, de advogado e não de julgador, apreciará politicamente os temas de interesse do Executivo.
Assim, sem pejo ou acanhamento, estará pronto para eventualmente julgar seus ex-colegas de governo com passaporte já com visto para processos no STF, pois todos são adquirentes de foro privilegiado: Michel Temer (43 citações até aqui), Moreira Franco (34 citações), Eliseu Padilha (45 citações), Eunício Oliveira, Romero Jucá, Rodrigo Maia e Renan Calheiros, entre outros, constituindo uma verdadeira famiglia, enraizada em todos os escaninhos e porões da República.
Mas essa, com a exceção de Rodrigo Maia, do DEM, é só a súcia do PMDB. Os procurados e os procuradores não poderão impedir que em algum momento seja sarjado o tumor de corrupção que atinge o PSDB do ministro Moraes, trazendo à baila os até aqui poupados Alckmin e Aécio Neves.
São estranhos os tempos, e muita estranha é nossa Justiça.
Por que o juiz Sérgio Moro apresentado, como o último catão da República, protege tanto o Sr. Michel Temer?
Em novembro passado, a defesa do ex-deputado Eduardo Cunha apresentou um rol de 41 perguntas a serem encaminhadas a Temer, arrolado como testemunha de defesa. O juiz vetou não menos que 21: considerou umas ‘impertinentes’; outras, ‘inapropriadas’.
Há poucos dias, negando o pedido de soltura formulado por Cunha, Moro retomou a crítica às perguntas do ex-deputado, acusando-as (num julgamento puramente subjetivo) de terem como único motivo (registra Bernardo Mello Franco, colunista da Folha de S.Paulo) “constranger o Exmo. Sr. Presidente da República e provavelmente buscavam com isso provocar alguma espécie de intervenção indevida da parte dele (Temer)".
Por que o juiz não está interessado em passar a limpo a participação do presidente da República e ex-presidente do PMDB nas tramoias que a operação Lava Jato está expondo à luz do dia, quando ele é acusado de receber propina para financiar campanhas do PMDB? 
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