sexta-feira, 2 de março de 2018

Empregos precários e mal remunerados


QUARTA-FEIRA, 28 DE FEVEREIRO DE 2018


Empregos precários e mal remunerados


Por Marize Muniz, no site Vermelho:

O Brasil está gerando mais empregos precários e mal remunerados, aponta Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgado nesta sexta-feira (23) pelo IBGE. 

Em 2017, o número de trabalhadores e trabalhadoras sem carteira assinada, portanto, sem direito a férias e 13º salário, entre outros benefícios, aumentou 5,7% - o de trabalhadores formais caiu 2%. 

Além de não terem direitos, os informais recebem, em média, 44% menos do que o trabalhador que tem carteira assinada. 

Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, esses dados mostram a incapacidade do golpista e ilegítimo Michel Temer (MDB-SP) de propor medidas para aquecer a economia do país e assim gerar emprego decente, e derrubam o discurso de que a reforma Trabalhista contribuiria para criar milhões de empregos no Brasil. 

“O fato é que ele legalizou o bico por meio de sua reforma e, com isso, criou o cenário ideal para empresários inescrupulosos explorarem uma mão de obra que se torna barata pela total falta de opção e desespero”.

“O que gera emprego não é a retirada de direitos, não é flexibilização, é crescimento econômico. E a economia do Brasil só vai voltar de fato a crescer quando o governo aumentar os investimentos público e privado, e o povo voltar a consumir porque têm emprego e acreditam na política econômica”, diz Vagner. 

O dirigente diz, ainda, que é preciso aumentar o acesso ao crédito, o gasto público e os salários, não o contrário, como os golpistas parecem acreditar. “Sem investimentos em máquinas, ciência, tecnologia e educação o país não voltará a crescer, muito menos gerar emprego decente e renda”, afirma Vagner. 

O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, confirma que a crise econômica contribuiu para a precarização do trabalho. Segundo disse em entrevista à um portal de notícia da grande imprensa, só entre 2014 e 2017, o Brasil perdeu cerca de 3 milhões de postos de trabalho com carteira assinada e, “com isso, aumentou o número de trabalhadores contratados sem carteira assinada e por conta própria”. 

Rendimento dos trabalhadores com carteira e dos sem carteira

Segundo o IBGE, no 4° trimestre de 2017 a média de rendimento mensal do trabalhador com carteira assinada no país era de R$ 2.090. Já o rendimento dos sem carteira assinada era de R$ 1.179 - uma diferença de R$ 911. No mesmo trimestre de 2016, a diferença entre o valor pago (já descontada a inflação) era menor - 40,5% ou R$ 818.

Trabalho por conta própria tem renda 25% menor do que os formais
A pesquisa também mostrou que o trabalho por conta própria aumentou 4,8% e que o rendimento médio em 2017 foi de R$ 1.567 - um pouco superior ao dos empregados sem carteira assinada, mas 25% menor que o dos trabalhadores formais.

Rendimento médio cresce 1,6% em 1 ano
O rendimento médio de todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros, com e sem carteira arteira assinada, cresceu 1,6% - no caso dos trabalhadores com carteira assinada o aumento foi de, em média, 3,6% maior do que o recebido no ano anterior. Já o rendimento dos sem carteira caiu 1,8%, enquanto o do trabalhador por conta própria subiu 1,2%.

Texto original: BLOG DO MIRO

Cármen Lúcia quer ser a “Dona Solange”, a censora do STF? A BRUXA ESTÁ SOLTA


Cármen Lúcia quer ser a “Dona Solange”, a censora do STF?

Cármen Lúcia não é uma “superministra” do Supremo Tribunal Federal, é sua presidenta.
Foi, em tese, eleita pela maioria de seus pares para representar-lhes a vontade, não para exercer as suas.
Quando se recusa a pautar o julgamento do habeas-corpus impetrado pela defesa de Lula, que a maioria dos ministros – inclusive o relator do caso, Luiz Edson Fachin – quer ver decidido pelo plenário, não está, como diz, engrandecendo o STF.
Está apequenando a Corte, à medida em que a coloca refém da vontade imperial de sua presidente.
Se Cármen Lúcia acha que a decisão de permitir o encarceramento de pessoas antes de esgotados os recursos legais é constitucional, mesmo com o texto da carta Magna dizendo coisa diferente, é o entendimento da maioria do Supremo, que o ponha em votação e deixe que cada um assuma suas responsabilidades.
E porque não o põe? Porque sabe que irá perder?
Lula, fora do poder e presumivelmente, a continuar a maré atual do Judiciário, impedido de voltar ao Governo pode fazer que tipo de pressão sobre os ministros senão aquela que é legítima, a de suas consciências, ou o que resta delas, depois de tantos episódios de agachamento moral que protagonizaram?
Se há uma tendência a acolher o pedido da defesa, como é o que parece despertar a recusa de Cármen Lúcia em pô-lo em votação, é um motivo aceitável deixar para fazê-lo só quando se houver consumado a humilhação pública do réu, em rede nacional de rádio e televisão, entrando numa cela para daí a dias ser dela retirado pelo habeas corpus protelado?
É algo de uma sordidez moral indescritível.
Adiar uma decisão judicial para provocar a humilhação pública e o dano de imagem a alguém, deliberadamente, não é papel de um jurista, de um juiz e nem de um “juizeco”. Seria o de um moleque togado.
Se Lula não tem direito ao habeas-corpus, que se diga claramente, diante da nação, assumindo o ônus – ou o bônus, para os muitos que o querem preso. Se tem, idem e haverá também ônus e bônus, dependendo de quem vê a decisão.
Mas fazer o que Cármen Lúcia está fazendo ao “cozinhar” a inevitável votação até que se consume uma prisão que ela sabe que será, em seguida, revertida é o mesmo que Salomão esperar que a criança seja partida em duas para, só depois, dar sua sábia decisão sobre a qual das pretensas mães deve ela ser entregue, agora já na forma de sangue e vísceras.
O bom rei teria passado á história como um monstro, não como um sábio.
A ministra que ficou conhecida por dizer “cala a boca já morreu” está para dizer: “cala a boca é só meu, quem manda no Supremo sou eu”.
Todos sabem que ela é alguém que vive pressionada pela mídia, sem capacidade de exercer a corajosa autonomia que o cargo lhe exige.
Mas manobrar para calar seus próprios pares e jogar por alguns dias no cárcere um ex-presidente da República apenas para tentar humilhá-lo só vai produzir dois efeitos.
O primeiro, o de produzir o  inverso  do que se pretende, ao ter de proclamar o resultado de uma votação que o libertará e que soará como absolvição, ainda que não o seja, tecnicamente.
O segundo, o de apresentá-la como alguém que não lidera seu próprio colegiado, mas que tenta vencê-lo “no grito”, impondo-lhe o silêncio.
Nem mesmo Joaquim Barbosa. com seus esgares, com suas caras e bocas, fez isso com os embargos infringentes  do chamado “mensalão” e, convenhamos, era homem de mais recursos intelectuais e retóricos que a minguada ministra.
A figura miúda de Cármen Lúcia está a um passo de sair do físico e ir para o moral e ético.
Para entrar na história como a presidenta que impede os seus pares de se manifestarem, como a famosa Dona Solange, do departamento de Censura do regime de arbítrio, aquela que impedia que fosse dito aquilo que se pensava.

Boa Noite 247 (02.03.2018) - Vox: condenação de Lula é política e ele deve ser candidato

Acessem:



https://youtu.be/STStAtadaVc

Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso, por Theotonio do Santos


Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso, por Theotonio do Santos


'Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente'; 'o plano real não derrubou a inflação'
Meu caro Fernando,
Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete comtudo este debate teórico. Esta carta assiada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).
Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.
O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartir com você... Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário. 
No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?
Conclusões: O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.
Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
Reprodução

O plano real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro

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E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. UM GOVERNO QUE CHEGOU A PAGAR 50% AO ANO DE JUROS POR SEUS TÍTULOS, PARA EM SEGUIDA DEPOSITAR OS INVESTIMENTOS VINDOS DO EXTERIOR EM MOEDA FORTE A JUROS NORMAIS DE 3 A 4%, NÃO PODE FUGIR DO FATO DE QUE CRIOU UMA DÍVIDA COLOSSAL SÓ PARA ATRAIR CAPITAIS DO EXTERIOR PARA COBRIR OS DÉFICITS COMERCIAIS COLOSSAIS GERADOS POR UMA MOEDA SOBREVALORIZADA QUE IMPEDIA A EXPORTAÇÃO, AGRAVADA AINDA MAIS PELOS JUROS ABSURDOS QUE PAGAVA PARA COBRIR O DÉFICIT QUE GERAVA. Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. VERGONHA FERNANDO. MUITA VERGONHA. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo...te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro mito - Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.
Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa. Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar... Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este pais. 
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.
Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora. 
Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder. 
Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço

Theotonio Dos Santos

(*)Theotonio Dos Santos foi Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO, da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável e Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Natural de Carangola, interior de Minas Gerais, militou na Polop (Organização Revolucionária Marxista Política Operária). Foi um dos fundadores da Revista Diálogos do Sul e colaborou com a publicação até o fim de sua vida.
Publicado em Theotonio dos Santos

Livros publicados de Theotonio dos Santos


Livros publicados


1. DOS SANTOS, Theotonio.  Imperialismo y Dependencia. Caracas: Biblioteca Ayacucho de Clásicos Políticos da América Latina; Banco Central de Venezuela, 2012. 
Nota: Livro com nova introdução de Carlos Eduardo Martins sobre o presente debate.

2. DOS SANTOS, Theotonio. Marxismo y Ciencias Sociales: una revisión crítica. Buenos Aires: Ediciones Luxemburg, 2011.

3. DOS SANTOS, Theotonio. Economia Mundial, Integración Regional y Desarrollo Sustentable: Las Nuevas Tendencias y la Integración Latinoamericana. Lima: Infodem, 2010.

4. SADER, Emir (coord.) e DOS SANTOS, Theotonio (coord.); MARTINS, Carlos Eduardo (org.) e VALENCIA Adrián Sotelo (org.). A América Latina e os desafios da globalização: Ensaios dedicados a Ruy Mauro Marini. Rio de Janeiro: Boitempo; PUC – Rio, 2009.

5. DOS SANTOS, Theotonio (Org.); MARTINS, Carlos Eduardo (Org.); BRUCKMANN, Mónica (Org.). Países emergentes e os novos caminhos da modernidade. Brasília: UNESCO, 2008.

6. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) ; MARTINS, Carlos Eduardo (Org.) ; VALENCIA, A. Sotelo (Org.) ; SADER, Emir (Org.) . A América Latina e os desafios da globalização: ensaios dedicados a Ruy Mauro Marini. Rio de Janeiro; São Paulo: PUC-Rio; Boitempo, 2009.

7. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) ; MARTINS, Carlos Eduardo (Org.) ; BRUCKMANN, Monica (Org.) . Países emergentes e os novos caminhos da modernidade. 1. ed. Brasília: UNESCO, 2008.

8. DOS SANTOS, Theotonio . Del Terror a la Esperanza - Auge y Decadencia del Neoliberalismo. 1. ed. Caracas: Monte Ávila Editores Latinoamericana, 2007.

9. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) ; XIAN, Gao (Org.) ; SHUGUANG, Xie (Org.) . Hegemony and Counter Hegemony - The Globalization - Constrains and Process of Regionalization. 1. ed. Pequim: CASS PRESS, 2005. v. 01.

10. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) ; MARTINS, Carlos Eduardo (Org.) ; SÁ, Fernanado (Org.) ; BRUCKMANN, Mónica (Org.) . Coleção Hegemonia e Contra Hegemonia :Globalização e Integração das Américas (vol.4). 1. ed. Sâo Paulo: Edições Loyola, 2005. v. 4. 321 p.

11. DOS SANTOS, Theotonio . Economía Mundial La Integración Latinoamerica. 1. ed. México: Plaza Janés, 2004. v. 1.

12. DOS SANTOS, Theotonio . Do Terror à Esperança - Auge e declínio do neoliberalismo. 1. ed. Aparecida: Idéias & Letras, 2004. v. 1.

13. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) ; MARTINS, Carlos Eduardo da Rosa (Org.) ; SÁ, Fernando (Org.) ; BRUCKMANN, Mónica (Org.) . Coleção Hegemonia e Contra-Hegemonia: Globalização e Regionalização (vol.3). 1. ed. São Paulo: Edições Loyola e PUC, 2004. v. 3.

14. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) ; MARTINS, Carlos Eduardo da Rosa (Org.) ; SÁ, Fernando (Org.) ; BRUCKMANN, Mónica (Org.) . Coleção Hegemonia e Contra-Hegemonia : Globalização - Dimensões e Alternativas (vol.2). 1. ed. São Paulo: Edições Loyola e PUC, 2004. v. 2.

15. DOS SANTOS, Theotonio . Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo. 1. ed. Aparecisa - SP: Editora Idéias & Letras Ltda, 2004.

16. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) . Coleção Hegemonia e Contra-Hegemonia :Os Impasses da Globalização (vol.1). 01. ed. Rio de Janeiro: Editora Loyola - PUC, 2003. v. 01.

17. DOS SANTOS, Theotonio . Globalização e Mundialização. Rio de Janeiro: FGV - EBAPE, 2002. v. 1.

18. DOS SANTOS, Theotonio . Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável. Rio de Janeiro: FGV - EBAPE, 2002. v. 1.

19. DOS SANTOS, Theotonio . La Teoria de la Dependencia: Balance y Perspectivas. Ciudad de Mexico, México: Plaza y Janés, 2002.

20. DOS SANTOS, Theotonio . O Rio Pensa o Brasil. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2001.

21. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) . O Rio Pensa o Brasil - Ciclo de Debates - Parte I - 1999. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2001. v. 1.

22. DOS SANTOS, Theotonio . Encimas 2000. Lima: Editora Magisterial, 2000. v. 1.

23. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) . América Latina no Limiar do Século XXI. Niterói: Ed. UFF, 2000. v. 1.

24. DOS SANTOS, Theotonio . A Teoria da Dependência. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2000. v. 1.

25. DOS SANTOS, Theotonio . De la Dependencia al Sistema Mundial, Balance y Perspectiva. Ciudad de Mexico, México: Universidade Nacional Autónoma de México, 1999. v. 1.

26. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) . A Crise dos Paradigmas em Ciências Sociais e os Desafios para o Século XXI . Rio de Janeiro: Editora Contraponto, 1999. v. 1.

27. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) ; MARINI, Ruy Mauro (Org.) . El Pensamiento Social Latinoamericano en el Siglo XX. Tomos I e II. Caracas: UNESCO Caracas, 1999. v. 1.

28. DOS SANTOS, Theotonio . O Marxistmo na América Latina. São Paulo, SP: Editora Fundação Perseu Abramo, 1999. v. 1.

29. DOS SANTOS, Theotonio . La Globalización de la Economia. Cidae do México: Miguel Ángel Porrua Grupo Editorial, 1999. v. 1.

30. DOS SANTOS, Theotonio . O Novo Projeto Histórixo das Maiorias. Rio de Janeiro: Oficina do Autor, 1999. v. 1.

31. DOS SANTOS, Theotonio . El Pensamiento Social Latinoamericano en el Siglo XX. Caracas: , 1999. v. 1.

32. DOS SANTOS, Theotonio . Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio dos Santos - 2 Tomos. Caracas: UNESCO - Unidad Regional de Ciencias Sociales y Humanas para América Latina y el Caribe, 1998. v. 2.

33. DOS SANTOS, Theotonio . La Crisis Financeira: Mercado Sin Fronteras. El Cabalito: UNAM, IIE, 1998. v. 1.

34. DOS SANTOS, Theotonio . Estado, Economia Pública e Regulação, Ensaios de Bruno Théret. Brasília, DF: Editora Universa, 1998. v. 1.

35. DOS SANTOS, Theotonio . The Underdevelopment of Development. Sage Publications, 1996. v. 1.

36. DOS SANTOS, Theotonio . Evolução Histórica do Brasil - da Colônia à Crise da Nova República. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1994.

37. DOS SANTOS, Theotonio . A Revolução Científico-Técnica, A Divisão Internacional do Trabalho e o Sistema Econômico Mundial. Vitória, ES: Cadernos ANGE, 1994.

38. DOS SANTOS, Theotonio . Os Elos Perdidos de um Teoria Elegante. Niterói, RJ: UFF, 1994.

39. DOS SANTOS, Theotonio . Memorial. Niterói, RJ: UFF, 1994.

40. DOS SANTOS, Theotonio . Revolução Científico-Técnica, Nova Divisão Internacional do Trablaho e Sistema Mundial. Vitória, ES: Cadenos da ANGE, 1994.

41. DOS SANTOS, Theotonio . Território: Globalização e Fragmentação . São Paulo: ANPUR, 1994. v. 1.

42. DOS SANTOS, Theotonio . O Desenvolvimento Latinoamericano: Passado, Presente e Futuro (uma homenagem a André Gunder Frank. , 1994.

43. DOS SANTOS, Theotonio . Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentavel - As Novas Tendências da Economia Mundial e a Integração Latino-Americana. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1993.

44. DOS SANTOS, Theotonio . Points de Vue sur la Système Monde. Paris: , 1993. v. 1.

45. DOS SANTOS, Theotonio . Democracia e Socialismo no Capitalismo Dependente. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1991.

46. DOS SANTOS, Theotonio . Realidade e Perspectivas na América Latina. São Luiz: , 1991. v. 1.

47. DOS SANTOS, Theotonio . Educação Internacional, Paz e Direitos Himanos. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura - UNESCO, 1989. v. 1.

48. DOS SANTOS, Theotonio . Prospectiva Científica y Tecnológica en America Latina - Intercambio de Experiencias CEE y America Latina. Cidade do México: Editora de la UNAM, 1989. v. 1.

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50. DOS SANTOS, Theotonio . Revolução Científico-Técnica e Acumulação de Capital. Petrópolis, RJ: Ec. Vozes, 1987.

51. DOS SANTOS, Theotonio . La Crisis Internacional del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarollo. Buenos Aires, Argentina: Ed. Contrapunto, 1987.

52. DOS SANTOS, Theotonio . O Caminho Brasileiro para o Socialismo. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1986.

53. DOS SANTOS, Theotonio . Los Movimentos Sociales ante la Crisis. Buenos Aires: CLACSO, 1986. v. 1.

54. DOS SANTOS, Theotonio . Forças Produtivas e Relações de Produção - Ensaio Introdutório. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1985.

55. DOS SANTOS, Theotonio . Constituinte no Brasil Hoje. São Paulo: Ed. Brasiliense, 1985. v. 1.

56. DOS SANTOS, Theotonio . Socialismus in 21. Iahrhudert, Band I. Berlim: Argument Verlag, 1985. v. 1.

57. DOS SANTOS, Theotonio . Unreal Growth - Critical Studies in Asian Develpment. Dehli: , 1984. v. 1.

58. DOS SANTOS, Theotonio . Cultura y Creación Intelectual en América Latina. Cidade do México: Ed. Siglo XXI, 1984. v. 1.

59. DOS SANTOS, Theotonio . Tallertes de Estudios Latinoamericanos de las Ciencias y la Tecnologia. Caracas: Cocinit - OEA - CENDES, 1984. v. 1.

61. DOS SANTOS, Theotonio . La Crisis del Capitalismo. Teoria y Pratica. Cidade do México: Ed. Siglo XXI, 1984. v. 1.

62. DOS SANTOS, Theotonio . Revolução Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 1983.

63. DOS SANTOS, Theotonio . Teorias do Capitalismo Contemporâneo. Belo Horizonte, RJ: Ed. Vega, 1983.

64. DOS SANTOS, Theotonio . Latinska America - Nerazvijenost; Refolucija. Belgrado: Prosveta, 1983. v. 1.

65. DOS SANTOS, Theotonio . Teoria Marxista de las Clases Sociales. Cidade de México: Cuadernos Teoria y Socciedad - UNAM, 1983. v. 1.

66. DOS SANTOS, Theotonio . La Crisis sin Salida. Caracas: ILDES - CENDES, 1982. v. 1.

67. DOS SANTOS, Theotonio . Neue Technik und Socialismus. Berlim: Argument Verlag, 1982. v. 1.

68. DOS SANTOS, Theotonio ; BAMBIRRA, V. . La Estrategia y Tactica Socialista: de Marx y Engel à Lenin.. Ciudad de Mexico, México: Ed. Era, 1980. v. 2.

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70. DOS SANTOS, Theotonio . Lecturas sobre Economia Internacional II - Teoria del Imperrialsmo, La Dependencia y su Evidencia Historica. Cidade do México: Fondo de Cultura Económica, 1979. v. 1.

71. DOS SANTOS, Theotonio (Org.) . Iglesia y Estado en América Latina. Cidade do México: SEPLA, 1979. v. 1.

72. DOS SANTOS, Theotonio . Imperialismo y Dependencia. Cidade do Mexico, México: Ed. Era, 1978.

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O passaporte de Kim Jong-un e a irresponsabilidade da Reuters

O passaporte de Kim Jong-un e a irresponsabilidade da Reuters


'Fake news'? Publicação da reportagem sobre suposto passaporte brasileiro dos norte-coreanos pela Reuters desrespeita qualquer sentido editorial ou regra de boa conduta jornalística

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Agências de notícias e grandes veículos de imprensa vêm atacando as chamadas "fake news" e jogando a responsabilidade por elas numa grande maçaroca que mistura criadores de perfis em massa para difundi-las, falsificadores de dados da realidade, agências de notícias de países "inimigos" (Rússia especialmente) e, de quebra, o jornalismo independente.
Mas vamos ao caso do passaporte de Kim Jong-un, divulgado por uma das maiores empresas de jornalismo e comunicação do mundo, a Reuters - que integra um conglomerado supostamente respeitável, que publica notícias, mas também livros, bases de dados de legislação, manuais de direito e administração etc. etc. etc. (talvez esteja faltando mais algumas linhas de etc. neste parágrafo).
Pois bem, ainda que um dia Kim Jong-un tenha usado um passaporte brasileiro, a publicação dessa notícia pela Reuters desrespeita qualquer sentido editorial, qualquer regra de boa conduta jornalística. O fato pode vir a se provar verdadeiro - o que, acredito, tem pouca chance de acontecer -, mas a divulgação da reportagem que circulou ontem pelo mundo é um escândalo em si.
Digo isso como alguém que, no perfil pessoal, compartilhou a notícia. Não sou um novato na área: trabalho com jornalismo há 24 anos, já fui redator, repórter, correspondente, diretor de redação, pesquisador na área de literatura e de história - tenho também diploma de brigadista de incêndio e massagem terapêutica. Sou o que os jornalistas antigamente chamavam com respeito de "puta velha": já vi muita coisa. E ainda assim, num primeiro momento, com a chave profissional desligada, caí na armadilha da Reuters e cheguei a compartilhei a nota original, em inglês (já excluí da minha TL).
Antes de responder à pergunta "por que caí", vou dar uma voltinha, e explicar os problemas da notícia, por ordem de relevância e apresentação da apuração:
Reprodução/YouTube

Suposto passaporte do líder coreano Kim Jong-un
1) A fonte mais importante, pelo menos na ordem de relevância escolhida pela Reuters, é anônima e, em tese, fortemente interessada na divulgação de que Kim passeava por um mundo inseguro tentando chegar à Disneylândia (isso é sarcasmo, a Disneylândia não é citada no texto). Não se diz se a fonte é norte-americana ou britânica, por exemplo, mas sabemos que ela é uma "alta fonte de segurança ocidental": "Eles usaram esses passaportes brasileiros, que claramente mostram fotos de Kim Jong-un e Kim Jong-il, para tentar obter vistos de embaixadas estrangeiras". Não apenas isso, a fonte anônima faz uma avaliação da política interna norte-coreana baseada no nada: "Isso mostra seu desejo por viagens [oi?], e aponta para as tentativas da família governante de construir uma possível rota de fuga [para quê? não é preciso explicar, nem para a fonte, nem para a Reuters]. Por segurança da fonte, ou própria, ou por algum tipo de encabulamento, o jornalista da Reuters preferiu omitir sua origem.
2) Nem Coreia do Norte, nem Brasil confirmaram o uso do passaporte brasileiro falsificado.
3) Uma outra fonte, brasileira, que também falou em condição de se manter anônima, disse que "os dois passaportes em questão eram documentos legítimos quando enviados em branco para emissão em consulados". Ou seja, basicamente a fonte afirmou que o número do passaporte existe e que o documento um dia esteve em branco. Não há nenhuma informação relevante aqui, a não ser a que os números dos passaportes - no caso de Kim Jong-Un, CE 375766 - respondem às regras de numeração da Polícia Federal. Não há nem mesmo uma apuração para dizer se Antonio de Souza e Silva, que assina o passaporte do atual presidente coreano, servia em Praga (República Tcheca) em 1996, onde e quando supostamente foram emitidos os documentos.
4) Quatro "fontes de segurança europeias" – ou seja, não sabemos nem suas nacionalidades, nem se trabalham para o mesmo país, nada, nada: podem ser quatro amigos da fonte um – disseram que, com esses passaportes, Jong-un e Jong-il pediram vistos. As quatro fontes não disseram ao jornalista nem ao menos se os vistos foram concedidos. Ou seja, de novo, não há uma informação realmente relevante, que permita qualquer rastreamento das viagens dos dois ou pelo menos de onde a informação poderia ser checada.

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5) Na falta de informação relevante, temos o Google, né? O jornalista lembrou e procurou a notícia de que o jornal Yomiuri Shimbun falou em 2011 que Jong-un foi a Tóquio em 1991 usando um passaporte brasileiro. A Reuters diz malandramente que tal fato ocorreu "antes da data de emissão impressa nos dois passaportes". Bom, eu gostaria de acrescentar o tempo entre uma coisa e outra: cinco anos. Ou seja, não há nenhuma prova empírica que ligue a suposta viagem ao suposto passaporte. Mas por que aceitar os fatos se uma suposição alimenta a outra suposição, e assim as duas saem, simultaneamente, não comprovadas, mas aparentemente mais fortes?
6) "O passaporte de Kim Jong-un foi emitido em nome de Josef Pwag, com data de nascimento de 1º de fevereiro de 1983". Por que raios um brasileiro, nascido em São Paulo, ainda que de ascendência coreana, escolheria o nome Josef e não José? Essa pergunta o repórter da Reuters não se faz, talvez porque tenha ouvido falar que a sonoridade do português é semelhante à do russo.
7) Após uma série de suposições sobre o nascimento de Jong-un sem nenhuma relevância para o caso, vem o suprassumo da apuração: "A primeira fonte de segurança" (aqui, temos um eufemismo que esconde até mesmo que ela é ocidental, quem sabe o leitor já esqueceu a essa altura) "se recusou a descrever como as cópias dos passaportes foram obtidas, citando regras de sigilo" [oi?]. E a cereja do bolo: "A Reuters viu apenas cópias dos documentos, de forma que não foi capaz de discernir se foram adulteradas".
Pronto, na última linha, a confissão de que a matéria é impublicável, pelo menos no estágio atual de apuração. Qualquer mané em Photoshop faz uma ficha falsa da Dilma – digo, um passaporte brasileiro de um Kim.
Reprodução

Operação Colombo: 'fake news em 1975
Por que caí nessa? Porque histórias saborosas são assim. Elas se parecem verdade. Jornalistas gostam de publicá-las e, quando elas são boas demais, fecham muitas vezes involuntariamente os olhos para toda a manipulação que pode estar sendo feita com eles.
Essa é, no entanto, uma leitura ingênua minha. Pode muito bem ter sido um relaxamento de precisão da Reuters. Mas as agências de notícias internacionais tantas outras vezes se prestaram, no passado, a manipulações programadas.
O caso que sempre me vem à cabeça é a da lista da Operação Colombo, também conhecido com "O caso dos 119". Numa operação da Dina (Direção de Inteligência Nacional) chilena, em 1975, duas publicações, “Lea” (da Argentina) e “Novo O Dia” (brasileira, de Curitiba, e que só teve uma edição), publicaram uma lista de desaparecidos políticos que teriam sido, supostamente, assassinados pelo Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) chileno. Na verdade, eles haviam sido assassinados pela própria ditadura do general Pinochet. A ação visava ao mesmo tempo encobrir os assassinatos praticados pelo Estado e envenenar a relação entre os grupos de esquerda que lutavam contra o regime.
Prontamente, a agência de notícias norte-americana United Press International (UPI), de grande relevância na época, divulgou as informações, sem nenhuma checagem adicional, tornando "verdade" aquilo que publicações para lá de suspeitas afirmavam sem nenhuma prova. Provavelmente, a UPI atuou sob influência direta ou indireta da CIA, a "Dina" norte-americana.
Por isso, quando falarmos de "fake news", precisamos lembrar que muitas vezes os veículos mais tradicionais são capazes de, voluntariamente ou não, produzi-las.

PIMENTA DENUNCIA COOPERAÇÃO CLANDESTINA ENTRE EUA E MORO Isso é GRAVÍSSIMO!!!!