quinta-feira, 30 de julho de 2020

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30/07/2020
O desastre do neoliberalismo salta aos olhos. Só não vê quem não quer
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30/07/2020 -Pelo Mundo
BRUTALIDADE POLICIAL ESPALHA PROTESTO A VÁRIAS CIDADES DOS EUA

30/07/2020 -Pelo Mundo
A UNIÃO EUROPEIA ESTÁ SEMEANDO SEU POTENCIAL COLAPSO

30/07/2020 -Trabalho
DIRETORIA DA PETROBRÁS AUMENTA EM 400% A SUA REMUNERAÇÃO E OFERECE ZERO DE REAJUSTE AOS TRABALHADORES

30/07/2020 -Pelo Mundo
GOVERNO BOLIVIANO CRIMINALIZA LIDERANÇAS QUE LUTAM PELA VIDA E PELA DEMOCRACIA COMO ''TERRORISTAS''

30/07/2020 -Cartas do Mundo
CARTA DE NOVA IORQUE: TRUMP, DE CARA A SU REELECCIÓN, ECHA GASOLINA A UNA EVENTUAL GUERRA CIVIL

30/07/2020 -Cinema
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30/07/2020 -Pelo Mundo
O CULTO AO EGOÍSMO ESTÁ MATANDO OS ESTADOS UNIDOS

30/07/2020 -Humor
DIÁRIO DO BOLSO, 30 DE JULHO DE 2020

30/07/2020 -Clipping Internacional
CLIPPING INTERNACIONAL - 30/07/2020

29/07/2020 -Economia Política
BILIONÁRIOS DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE AUMENTARAM FORTUNA EM US$ 48,2 BILHÕES DURANTE A PANDEMIA, ENQUANTO MAIORIA DA POPULAÇÃO PERDEU EMPREGO E RENDA

29/07/2020 -Sociedade e Cultura
O FIM DO CONFINAMENTO DO DEUS CARTESIANO

29/07/2020 -Cartas do Mundo
CARTA DE LA PAZ: BOLIVIA EXIGE ELECCIONES; MOVILIZACIÓN MASIVA Y HUELGA INDEFINIDA

29/07/2020 -Humor
DIÁRIO DO BOLSO, 29 DE JULHO DE 2020

29/07/2020 -Economia Política
REFORMA TRIBUTÁRIA JUSTA E SOLIDÁRIA

29/07/2020 -Pelo Mundo
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29/07/2020 -Clipping Internacional
CLIPPING INTERNACIONAL - 29/07/2020

28/07/2020 -Economia Política
A HORA E A VEZ DA TEORIA DA MOEDA MODERNA

28/07/2020 -Trabalho
MERCADO DE TRABALHO: NO FUNDO DO POÇO, E CAVANDO

28/07/2020 -Política
O NOVO DESAFIO DO PT

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terça-feira, 28 de julho de 2020

História do presente

editora expressão popular

PARA ENTENDER O GOLPE POLÍTICO EM PROCESSO NO BRASIL

História do presente – conciliação, desigualdade e desafios
 Roberto Amaral
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Sinopse
            História do presente – conciliação, desigualdade e desafios é uma seleção de artigos jornalísticos de Roberto Amaral, publicados na revista Carta Capital, sobre o golpe político que depôs a presidenta eleita Dilma Rousseff, em agosto de 2016, desde as primeiras articulações direitistas até a entrada do presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, no governo federal.
           Os artigos de Amaral, marcados pela linguagem militante do calor da hora, do gênero jornalismo opinativo, contribuem para uma análise sobre a história imediata com base na memória política dos principais momentos históricos do Brasil, como as tentativas políticas para derrubar o governo Getúlio Vargas e o golpe empresarial-militar de 1964. O autor, além de informar, questionar e debater os principais fatos políticos da atualidade, convoca os leitores e leitoras para uma reação organizada em frentes populares para derrotar definitivamente o golpismo e restabelecer a democracia política no país.
Trechos do texto
"Roberto Amaral pertence a uma categoria rara, aquela dos cidadãos destemidos até a temeridade e coerentes às últimas consequências. Este livro prova sem deixar dúvidas.  (...) A leitura desta obra desperta a imagem de um clínico muito sábio à cabeceira de um enfermo por ora sem cura". (Prefácio, Mino Carta)
"Ao acompanhar a sucessão de erros e acertos das forças populares diante dos desafios a serem enfrentados, o autor, um cientista político e jornalista que se debruça como intelectual
militante que é, produz um conjunto de reflexões que precisava ser sistematizado e colocado à disposição de leitores interessados em acompanhar os desdobramentos recentes do país.  (Apresentação, Lincoln de Abreu Penna)
"Nestes textos vemos um verdadeiro diário da luta de classes no Brasil, em que Amaral, descreve, não só como observador arguto da correlação de forças na sociedade, mas como militante e atuante incansável. Seus escritos nos ajudam a entender esses períodos da história do Brasil, mas também nos motivam a sermos sempre observadores atentos dos acontecimentos e estudiosos do comportamento das classes sociais na sua luta pelo poder político e a hegemonia na sociedade"(João Pedro Stedile)
"O neoliberalismo, que levou o "mercado" a apoiar o projeto liderado pelo capitão, desconstitui o Estado desenvolvimentista que remonta aos anos 1930, e promove a desindustrialização do país; ao tempo em que escancara a economia ao capital internacional, promove a privatização (em regra, na bacia das almas) das empresas vetores de inovação, esvazia o papel das agências de desenvolvimento e reduz os gastos públicos, orgulhando-se de fazê-lo. Isto em país que caminha da estagnação à recessão, que lamenta duas décadas perdidas, que precisa crescer para enfrentar uma concentração de renda obscena". (Roberto Amaral, maio de 2020)

Sobre o autor
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Roberto Átila Amaral Vieira nasceu em Fortaleza (Ceará), em 1939, foi militante do movimento estudantil, graduou-se em Direito e atuou como jornalista. Foi presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e ministro da Ciência e Tecnologia do governo Lula. Atualmente, é professor, cientista político e jornalista, articulista da revista Carta Capital. É autor de várias obras de não ficção e de ficção, como também de Socialismo, Morte e Ressurreição (Editora Vozes).

Ficha técnica
447 páginas
Expressão Popular
1ª edição junho de 2020
ISBN: 978-659-9041-471
Preço: R$ 20
E-book (epub / mobi)
Coleção: Realidade Brasileira
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Editora Expressão Popular
Rua Abolição, 201 - Bela Vista - 
São Paulo - SP
tel. (11) 3105-9500 
3522-7512  


A tramoia da casa-grande para salvar Bolsonaro

A tramoia da casa-grande para salvar Bolsonaro


Nos bastidores do poder arma-se um golpe contra o país.
Mais uma vez, e mantendo a rotina de nossa história, a casa-grande – aquele 1% que nos governa desde a colônia – intervém na crise política e arquiteta a nova ordem: não se fala mais nas ameaças de  golpe bolsonarista, ao mesmo tempo em que o impeachment do capitão (ou qualquer outra forma de defenestrá-lo) vai para as calendas gregas. O povo que se lixe, pois a classe dominante está preocupada tão-só com seus lucros e dividendos, e esses vão bem, apesar de o país ir muito mal. Vão bem, mas estavam ameaçados pelo desastre do governo. Para preservá-los, é preciso, pois, pôr ordem na casa.
Daí a intervenção da casa-grande e o “acordo de cavalheiros”, em marcha,  traficado entre seus comensais para cumprimento por todos nós.
Os três grandes jornais falam alto com o silêncio sobre a tramoia transacionada pelo “mercado” com militares, ministros do STF, líderes da câmara e do senado e, sem dúvida, os procuradores do grande império. Mas já cuidaram de mudar suas linhas editoriais, adaptada aos novos tempos. Afinal, são aparelhos ideológicos do sistema. Não têm voz própria. No centro do entendimento está  a intocabilidade da “pauta Guedes”, a ser preservada com ou sem o capitão. Por enquanto com ele, ou apesar dele. Aliás, o freio de arrumação decorre do temor que acometeu a casa-grande, receosa de que as turbulências políticas provocadas pelo presidente irresponsável pusessem em xeque os interesses do “mercado”. Este é o fator decisivo; o resto, como o discurso democrático, é só aparência.
A partir desse ponto de união, tudo fica mais fácil pois tudo o mais é negociável, inclusive os “limites da democracia”, inclusive nossos interesses de povo e nação, nosso futuro como país independente, nossa credibilidade junto aos parceiros internacionais. Por isso mesmo é irrelevante a quebradeira das pequenas e médias empresas e o desemprego; secundárias se tornam mesmo as milhares de mortes que a pandemia vem acumulando, graças à inépcia, a incúria e a insensibilidade do governo – e aí não se trata, apenas do capitão, mas de toda a entourage: a imagem que dela guardo é a daquela reunião vinda a público graças à decisão do ministro Celso de Mello.  O fato objetivo é que, para o “mercado”, tornou-se taticamente conveniente a permanência do capitão. Temiam os rentistas que com a água suja do banho também fosse jogada fora a criança.
O capitão, que não sabe o que é neoliberalismo, dedicar-se-á, doravante, ao que lhe interessa, salvar o mandato (e a impunidade sua, a de seus filhos e a de seus “amigos”) e, por consequência, dará tempo ao projeto golpista. Durante esse recesso não açulará suas hordas contra os demais poderes, e nossos ministros e parlamentares se quedarão em sossego. Por algum tempo, pelo menos. E os generais da récua palaciana renunciam a qualquer propósito de intervenção militar, pelo menos em seus pronunciamentos, que deverão ser mais comedidos. Não se fala mais em “novo AI-5”. A justiça, de olhos desvendados, compreenderá o gesto de boa vontade do Napoleão de hospício. Os juízes e os ministros saberão sopesar a nova realidade e saberão julgar, como os parlamentares saberão legislar, todos com as vistas voltadas para "o funcionamento normal das instituições".
Não se sabe se o “bispo” Macedo foi ouvido.
Independentemente do neopentecostalismo comercial-eletrônico, o novo clima republicano será de entendimentos e de “mútuo respeito” entre os poderes que se vinham estranhando, para desgosto do “mercado”, que tudo apostou na agenda do neoliberalismo a la Guedes.  Isto é, tudo permanecerá como dantes no Castelo de Abrantes, pelo menos até a próxima recidiva golpista. Ou até setembro, quando a curva ascendente dos efeitos catastróficos da pandemia se encontrar com a curva descendente dos indicadores da economia, transitando da desaceleração (1,1% de crescimento do PIB em 2019) para uma brutal depressão, com seu  imponderável custo social.
Aí então poderão as ruas voltar a falar, dispensando porta-vozes e desconhecendo acordos que não lhes dizem respeito. A partir deste ponto, porém, qualquer conjectura de futuro, hoje, será irresponsável.
Bolsonaro, portanto, vai ficando, apesar da promessa de tragédia. É o arranjo de nossos dias. Mas, como na política não há almoço grátis, o capitão recebeu um manual de boas maneiras, um cardápio de bom comportamento, ou o que Marcos Coimbra (“Quieto, Bolsonaro, quieto”, Carta Capital 9/07/20) alcunhou de focinheira, para que não morda as mãos de seus donos. É o preço que lhe foi cobrado e que, justiça lhe seja feita, vem pagando nos últimos dez dias. Está “pianinho”. Parece, quase, um homem educado. Até voltar ao seu natural.
Os militares são os fiadores desse mostrengo. É neles que se apoia o bolsonarismo (seja o bolsonarismo “raiz”, seja o das hordas, seja o das milícias, seja mesmo o bolsonarismo “bem comportado”), e é graças a essa coluna de sustentação que o país vive sua pior tragédia em toda a história republicana. Sem ela a crônica que se conta dos dias presentes seria outra, bem diversa, e bem menos lamentável. Os militares, que trouxeram o capitão ao planalto, que governam com ele, com ele querem permanecer, pois os palácios, centros de poder, são sempre mais confortáveis que os quartéis. Para que um fique, todos precisam ficar, ou, para que todos permaneçam em suas comissões, é preciso que, até outra alternativa, permaneça o capitão ocupando o gabinete do terceiro andar do palácio do planalto.
As forças democráticas, porém,  não se podem sentir comprometidas com esse arranjo ditado de cima para baixo, sem sua audiência, – que, aliás, só é requerida quando não lhe falta, como falta agora, capacidade de mobilizar a reação popular. Essa sua capacidade, ou a falta/ausência dela, é que dita o seu peso na arena política.
É evidente que, doravante, o discurso do centro liberal, clamando por democracia, mudará de tom, ao tempo em que a direita não bolsonarista, receosa dos desdobramentos de um golpe militar sem seu controle, ensarilhará as armas. Escassearão os manifestos e mais frágeis ainda ficarão as esperanças de uma grande frente em defesa da democracia e do emprego. Pelo menos enquanto durar a entente, que, se outro objetivo não tivesse, tem esse de dificultar a unidade popular contra a “pauta Guedes”.
Os percalços para a resistência, hoje, são de toda ordem, a começar pela realidade fática que impõe, antes de quaisquer considerações políticas, as dificuldades  de mobilização popular. Aos problemas já conhecidos da crise de organização dos partidos de esquerda e progressistas de um modo geral, e do movimento sindical, somam-se as precauções devidas às medidas de isolamento social exigidas pela pandemia. As novas condições do país, porém, haverão de indicar às esquerdas novos instrumentos e meios de luta, e a construção de um discurso que, sem descurar da defesa da democracia, sempre ameaçada, com ou sem acordos traficados pelas elites entre os comensais da casa-grande, compreenda a urgência do combate ao neoliberalismo, e mais concretamente, à pauta Guedes, e, ainda mais precisamente, que denuncie o desemprego, o grande inimigo das massas.
Nesse quadro cresce a importância da oposição parlamentar,  por mais desanimador que possa ser o desigual confronto com a maioria parlamentar, de centro direita. Grande espaço é oferecido pela campanha eleitoral que se aproxima, se os partidos de esquerda tiverem a competência histórica de divisar, para muito além de uma disputa puramente eleitoral, a oportunidade de seu aproveitamento político para denúncia do real significado do atual governo e do acordo de classe que o sustém. Mas, acima de tudo, essas eleições municipais devem ser vistas pelas esquerdas brasileiras como a grande chance de denunciar o neoliberalismo como expressão do capitalismo financeiro monopolista, de retomar o discurso ideológico, de apresentar suas teses fundamentais, ou seja, valer-se dos meios oferecidos pela campanha para a defesa do socialismo, a que renunciou desde 2002.


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Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia