terça-feira, 19 de setembro de 2017

A INTERVENÇÃO MILITAR É UM FILME TRÁGICO E REPETIDO

A intervenção militar é um filme trágico e repetido

O silêncio diante das palavras do general Hamilton Mourão coloca o País em um caminho perigoso
Roberto Amaral
Tropas no Rio de Janeiro: não cabe aos comandantes a “última palavra”
Uma das características das democracias, em seu conceito ocidental, é o rigoroso império da ordem legal-constitucional, reinando sobre todos e tudo, pessoas e instituições, sem privilégios de classe ou posto, ou função. A República moderna, ainda herdando o que sobrou da teoria clássica da separação e harmonia dos poderes (Montesquieu), entre nós Executivo, Legislativo e Judiciário, ignora o ‘Poder Moderador’, uma herança do Império, a qual, no entanto, tende a insinuar-se nos momentos de crise institucional, vividos com certa frequência nas democracias ditas frágeis, como aliás pode ser identificada a brasileira.
Recentemente o Poder Judiciário, com destaque para o Supremo Tribunal Federal, tem intentado exercer esse papel de custódia que a Constituição lhe nega, extrapolando os limites de sua estrita competência, e interferindo, para reduzi-los, os poderes tanto do Legislativo quanto do Executivo, ora legiferando, ora operando como se Executivo fora.
Esse papel, de fato uma usurpação, vem sendo perseguido nos últimos anos, e chegou mesmo a ser formalmente defendido pelo ministro Ricardo Lewandowski, então presidente do STF, em artigo de imprensa que, todavia, não despertou as preocupações que estava a merecer dos constitucionalistas liberais, hoje silentes como uma pedra de mármore.
Essas intervenções descabidas, por inconstitucionais e perturbadoras da ordem jurídica, se manifestam no comportamento coletivo da Corte e no comportamento esdrúxulo (para dizer o mínimo) de alguns de seus membros, e o exemplo paradigmático, inexcedível, devemos ao ministro Gilmar Mendes, candidato a pop star, a deitar falação sobre temas que dizem respeito a outras casas da Praça dos três Poderes. A esse fenômeno de hoje chama-se ora ativismo judicial, ora judicialização da política. Seja isso ou aquilo, será sempre um indicador da fragilidade e dos riscos  do processo democrático brasileiro, caracterizado, especialmente na República, por frequentes interrupções da ordem constitucional. São governos de exceção que tomam formas as mais diversas, caminhando  do autoritarismo larvar às ditaduras militares, passando por períodos de violência legal, como o que estamos vivendo, quando qualquer juiz, dizendo interpretar a lei ou a Constituição, transforma-se em legislador e constituinte.
A Justiça se partidariza, adota um dos lados querelantes, e chega mesmo a “revogar” a vigência do dispositivo constitucional que consagra a presunção da inocência. Trata-se da heterodoxa ‘flexibilização das garantias constitucionais’, com a qual se pretende, por exemplo, a legitimação de prisões antes de esgotados os recursos a que todo condenado tem direito. No extenso rol de violência que caracteriza a exceção constitucional estão o uso de prisões preventivas com prazo indeterminado como instrumento de chantagem processual, o abuso das conduções coercitivas acompanhadas de estardalhaço mediático, a política de ‘vazamentos seletivos’, e a manipulação das delações em busca de confissões dirigidas. A associação do Ministério Público Federal com o STF criou a figura inconstitucional do juiz de jurisdição nacional e monopólio temático, caso do juiz Sérgio Moro, para cuja mesa convergem todos os processos que digam respeito à Lava-Jato, independentemente da jurisdição de apuração dos fatos. E Moro – enfant gâté da grande mídia — é apenas o exemplo mais estelar: nele confundem-se as figuras de investigador,  promotor e julgador, jogando às favas a isenção que a Constituição impõe a todos os membros da Magistratura, em todos os níveis.
As vítimas desse terrorismo judicial não são apenas os perseguidos pela lei, independentemente do mérito do que se lhes imputa, mas o Direito, que se fragiliza sempre que as regras legais são violadas, ainda quando em nome de suposta defesa da legalidade. Como em 1964, quando os militares, em nome da defesa da Constituição e da democracia, supostamente ameaçadas por um governo constitucional, nos impuseram 20 anos de ditadura. Como recentemente, no processo do impeachment de Dilma Rousseff, que se sabe hoje comprado com as fartas malas de dinheiro de Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima, Michel Temer et caterva.
A prática da intervenção militar, direta e indireta, nasce com a República, com o golpe de 15 de novembro de 1889 e com o governo inconstitucional de Floriano Peixoto e se consolida com os conflitos e levantes militares que se seguem num crescendo desde o levante da Armada (1893-1894); como processos em cadeia seguem-se os levantes de 1922 (Forte de Copacabana), 1924 (revolta paulista ou Revolta de Isidoro) e 1925 (início da Coluna Prestes-Miguel Costa), até a ‘revolução’ de 1930 e o governo provisório. Esse período é, por seu turno, marcado pelo levante paulista de 1932, o levante comunista de 1935, a implantação do Estado Novo em 1937 e o putsch integralista de 1938, até o golpe de 1945, que, depondo Vargas, assegurou a reconstitucionalização de 1946. A jovem democracia, porém, logo seria vítima de mais uma intervenção militar na ordem institucional, com a crise de agosto que culminou com a deposição e suicídio de Getúlio Vargas, presidente eleito em 1950.
A tênue normalidade constitucional seria truncada com a frustrada tentativa de impedir a posse de Juscelino Kubitscheck, eleito presidente da República em 1955. À tentativa de golpe comandada pelo brigadeiro Eduardo Gomes e o marechal Juarez Távora, interpôs-se o golpe vitorioso (ou contragolpe) dos marechais Henrique Teixeira Lott e Odílio Denys, ministro da Guerra e comandante do I Exército, respectivamente, depondo o presidente Café Filho. No governo, Juscelino sufocaria duas arruaças militares, a de Jacareacanga (1956) e a de Aragarças (1959), lideradas por oficiais da Força Aérea Brasileira. Uma intentona militar tentaria, em 1961, impedir a posse de João Goulart, e, derrogando o presidencialismo, lograria impor ao Congresso Nacional o parlamentarismo (a seguir rejeitado em plebiscito nacional) como regime de governo. Enfim, tivemos o golpe de 1964 e a longa ditadura que se seguiu e que ideologicamente sobrevive no pensamento político de setores expressivos das forças armadas.
Esses fatos mostram, ao lado da óbvia indisciplina, a preeminência da força militar, impondo pelas armas uma vontade que não emana da soberania popular. Essa preeminência fez das Forças Armadas brasileiras, na República de 46, o ‘poder moderador’ (um ‘quarto poder’ que se postava acima de todos os demais) que agora o STF intenta disputar, valendo-se da fragilidade de um Legislativo e de um Executivo irmanados no abraço de afogados no mar de corrupção em que estão envolvidos, a se sustentarem tão somente em virtude de se prestarem a destruir, de forma sistemática, as conquistas econômicas e sociais das últimas oito décadas, em benefício do “mercado” e do rentismo.
O que chamamos de República de 46 era, nesses termos, um regime sem maturidade, sem segurança política, sujeito a quarteladas e marcado pelo que então se convencionou chamar de ‘pronunciamentos’ militares, pois os ministros militares, principalmente o ministro da Guerra (como então era denominado o hoje comandante do Exército), falavam e eram ouvidos e consultados sobre tudo. Mas não só eles, pois a tal direito se arvoravam coronéis e seus ‘Memoriais’, e o Clube Militar era uma das instâncias mais efetivas de agitação de que dispunham.
Era um poder que amedrontava a todos, pois o único armado.
Um cenário inaceitável.
Naquele então os militares se pronunciavam sobre tudo o que dizia respeito à vida civil, sobre eleições e candidaturas, sobre salários dos funcionários públicos e reajuste do salário-mínimo, anunciavam vetos e aprovações, sancionavam e condenavam candidaturas. Tinham sempre a “última palavra” sobre tudo.
Essas considerações vêm a propósito do mais recente, insólito e inaceitável pronunciamento, político e assustadoramente golpista, do reincidente general Antônio Hamilton Martins Mourão, que, dizendo falar em nome de seu comandante e do Alto Comando do Exército, ameaça o país com uma nova intervenção militar, uma nova ruptura da Constituição, um novo crime coletivo contra a República. Seu pronunciamento, o general devidamente fardado (por quê?), teve como auditório uma loja Maçônica em Brasília, na última sexta-feira 15 e nossa imprensa, cúmplice em todos os golpes levados a cabo em nossa história, não lhe deu até aqui a devida importância, como silente está o soi disant ministro da Defesa, como silente permanecem os democratas e liberais de carteirinha. O grave incidente seria ignorado se não tivesse sido filmado e distribuído pelas redes sociais. O primeiro registro, sumário, se deu pela Folha de S. Paulo on line só no domingo à noite, vindo para as páginas impressas apenas na segunda-feira. A indisciplina precisa ser cortada pela raiz e no caso do general Mourão, não pode passar em brancas nuvens, pois se trata de um reincidente de cinco estrelas, pois em 2015 perdeu o comando do III Exército após agredir os governantes aos quais devia obediência constitucional.

Nesta altura, qualquer silêncio será lido como tonitruante discurso de apoio. O repúdio à intervenção militar deve nos unir a todos. É filme que já vimos, de dolorosa memória.

PT-MT divulga nota de pesar pelo assassinato de Tereza Rios

PT-MT divulga nota de pesar pelo assassinato de Tereza Rios

Corpos da ex-vereadora de Livramento (MT) Tereza Rios (PT) e seu marido Aluísio foram encontrados no sítio em que o casal morava nesta quinta (07)

Foto: FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
A ex-vereadora e ex-candidata a vice-prefeita de Nossa Senhora do Livramento (MT) Terezinha Rios Pedrosa, conhecida com Tereza Rios (PT) e o marido, Aluísio, foram encontrados mortos na região da comunidade Mata Cavalo, próximo à cidade de Livramento, na tarde desta quinta (7), segundo informações do portal Folhamax, de Cuiabá.
A Polícia Militar informou que o casal foi executado com diversos disparos de arma de fogo, em uma área aberta do sítio que servia como cozinha. A polícia ainda não sabe informar quantos suspeitos participaram do crime, mas suspeita que a execução tenha sido motivada por pistolagem.
A ex-vereadora se destacou como líder da comunidade de pequenos agricultores da região de Livramento, lutando pelos direitos de quem vive da terra. A direção do Partido dos Trabalhadores do Mato Grosso divulgounota de pesar lamentando o crime bárbaro. Veja a nota na íntegra:
Nota de Pesar – PT – MT
O Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras de Mato Grosso, torna pública a sua indignação pela perda dos companheiros, Tereza Rios e Aluísio , que viveram de forma digna, como exemplos de pais, de companheiros, irmanando -se na luta pela terra e pela partilha! Os companheiros tombaram porque lutaram, porque se entregaram de forma determinada a lavrar a terra, plantar , colher e cobrar espaços em nossa sociedade , para que pudessem sobreviver com dignidade e em comunidade.
Companheira Terezinha Rios, Petista, dedicou sua vida à luta pelo fortalecimento da agricultura familiar, na luta por terra, justiça e paz no campo. Foi presidente do Sindicato dos Trabalhador@s Rurais, na defesa dos direitos trabalhistas e dos agricultores familiares, foi vereadora pelo Partido dos Trabalhadores, Secretária Municipal de Agricultura, candidata a vice prefeita pelo PT em Nossa Senhora do Livramento, Secretária de Mulheres da Fetagri – MT, participou da elaboração e construção da Central de Comercialização da Agricultura Familiar, através da sua atuação no Colegiado Territorial da Baixada Cuiabana, onde também ajudou a criar a Central das Cooperativas – COOPCENTRAL, para apoiar a comercialização dos produtos da Agricultura Familiar, foi membro do CEDRS, representando a Rede de Colegiados Territorias e a UNICAFES, era integrante do Coletivo Agrário do Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso e Atualmente
estava presidente da UNICAFES-MT e da COOPERLIVRE.
Companheiros, a vida de vocês não será em vão , não daremos um minuto de trégua, todas as forças das quais vocês fizeram parte, já estão honrando a história de suas vidas. Juntos vamos cobrar JUSTIÇA!!!
Terezinha Rios e Aluísio?
PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!!!
Partido dos Trabalhadores-MT
Cuiabá-MT, 07 de setembro de 2017.

RESISTIR E AVANÇAR NA UNIDADE É PRECISO

RESISTIR E AVANÇAR NA UNIDADE É PRECISO

Dom Orvandil*

Frequentemente vejo pessoas se queixando da falta de espírito de luta em nosso povo e de fragilidade no campo da unidade no essencial para derrubarmos o golpe. Vejo pessoas desanimadas ao extremo, cujo desânimo as faz se queixarem dolorosamente.

Preocupado com esse descrédito procuro sinais, aliás, e os encontro abundantes, da luta e dos esforços que se espraiam socialmente e com muita indignação, embora a mídia dominante os esconda e a população composta de 80% que se informa somente pela mídia dominante e conservadora e 73% restringem-se à Rede Globo. Daí é difícil de formar e informar a opinião pública.

Ao atentar apenas para alguns indícios postados neste final de semana e nesta segunda feira aqui no blog, o amigo perceberá o quanto a resistência borbulha.

Ao clicar nas páginas “notícias” e “colunistas” acessará e se arrepiará com belíssimos sinais de uma erupção que amadurece em aparente silêncio no útero revolucionário.

Menciono o artigo de Celso Vicenzi: “O perigo de subestimar a história” onde o jornalista demonstra escavar a história do Brasil e encontrar a linha luminosa de lutas, revoltas, guerras e revoluções que demarcam a resistência de nosso povo e a derrota moral e humana dos aparentes “vencedores”, que impuseram sacrifícios e opressões aos trabalhadores e aos pobres.

A notícia sobre a ovada (Ovos na cara de Dória acertam os golpistas!) recebida pelo fanfarrão João Dória, o prefeito turista de São Paulo, é digna de atenção no que se refere à clarividência de nosso povo sobre o que representa gente como aquele burguês superficial e venal.

Assim merecem atenção os casos de Candomblé: religião de resistência e Cartas dos franciscanos reunidos em Aparecida conclama à indignação contra as injustiças pelos indícios potenciais rebeldes contra o golpe e os golpes que inibem as esperanças de quem não consegue ler o texto da vida onde a revolução é escrita diariamente, inclusive com o vermelho do sangue derramado.

Isso é bem claro nos testemunhos dados no “1º Seminário de Luta Contra o Neoliberalismo” acontecido aqui em Goiânia no final de semana passado.

Enfim, nossas esperanças para a luta e os avanços na unidade contra o golpe do pior do capitalismo se acentuam se soubermos ler o texto da Presidenta Dilma Rousseff sobre Carlos Araújo intitulado “A PERDA DE UM COMPANHEIRO”, quando ela  mostra a grandeza de uma mulher que sabe respeitar seu ex-companheiro e sua atual companheira Ana Lúcia. Dilma reverencia Carlos Araújo por sua humanidade sensível na luta pelo trabalhismo e pelos trabalhadores e promete continuar a luta pelo Brasil em honra à memória daquele que, segundo ela, continuará vivo nas filhas, netos, na Ana, nos amigos e nela mesma, Dilma. A mulher que foi Presidenta sabe dar exemplo a tantas mulheres que se amesquinham, ciumentas, e perseguem outras mulheres e até ex-maridos, sem respeito à dignidade das novas escolhas. Quem sabe se relacionar no respeito aos outros e suas opções qualifica-se para lutas maiores pelo povo ou vice-versa.

Chamo a atenção para o caráter dialético da luta, que sempre é esperançoso. Onde parece predominar o desânimo e a desunião brotam borbotões intensos de vida nova. Onde se lê denúncias e até o aparente denuncismo há traços de indignação. E nos colunistas que honram este blog, como é o caso do Dr. Roberto Bueno que denuncia a desumanidade da servidão dos subjugados. No seu belo texto percebe-se crítica necessária à acomodação que pode nos infestar e retirar de nós a ética da revolta pela justiça ameaçada pelos massacres dos direitos.

Assim leio nas palavras do Dr. Aluisio Pompolha Bevilaqua ao ressaltar a luminosidade revolucionária de Carlos Araújo, com quem tinha profunda comunhão política e ideológica na análise de nosso País. Em Nota de pesar 24 horas depois descreve com tintas arrebatadoras de paixão pelo povo, pelo Brasil e pela revolução a amizade com Carlos Araújo e dos debates com o amigo. “Todo nosso pesar pelo desaparecimento físico do amigo e companheiro de luta Carlos Araújo. Para mim e todos que o conheceram, mesmo que minimamente, sua presença será indelével pelo pensamento objetivo e ideais que transcendiam ao trabalhismo herdado do pai”, sabiamente escreveu Aluísio. Como Dilma, Bevilaqua afirma sobre o amigo, com quem também estive algumas vezes em Porto Alegre, “por fim, falar de um amigo e companheiro de luta que passou como cometa em nossas vidas, mas como astro maior continua a nos iluminar, é um pesar que nos impulsiona a continuar lutando e se esmerando para seguir-lhe o exemplo.”

“Aos seus filhos Leandro, Paula e Rodrigo, aos seus netos, e à sua companheira Ana Lúcia, mais que nossos pêsames, expressamos nosso mais profundo sentimento de admiração e respeito.”

Exatamente isso, meu amigo Aurino, é de nosso dever nos iluminarmos pelos astros que brilham sobre nossa realidade tornada cruel por este golpe brutal, mas que não será para sempre desumana, porque lutaremos e nos esmeraremos para seguirmos exemplos como o de Carlos Araújo.

Abraços críticos e fraternos na mobilização e luta por uma sociedade justa.


* Dom Orvandil é Arcebispo Primaz da Igreja Católica Anglicana

Que país queremos?


REPASSANDO
Que país queremos? Acordei hoje lembrando uma coisa que Claus Emmeche me disse quando fiz pos-doc com ele em Copenhague. Que na escola desde os primeiros anos é ensinado aos alunos - insistentemente - que todas as pessoas são iguais. Isso é incutido na visão de mundo dos dinamarqueses. E só para lembrar: Não é um país "comunista" - lembrete para esse pessoal no Brasil por aí afora que esqueceu que o muro de Berlim caiu. Apenas é um capitalismo que não é selvagem, que ainda nutre uma empatia pelo outro, que ainda lembra da máxima utilitarista do liberalismo econômico: Que cada um maximize o bem para si mesmo e para os outros. Muito diferente do neoliberalismo de "winners" e "losers" que se anda a copiar dos Estados Unidos com seu "sonho americano" de profunda desigualdade, sonho construído do sofrimento dos outros, perda de empatia que um animal social não pode sofrer, beco sem saída da história da humanidade. O estado do bem estar social nos países escandinavos ainda sobrevive, apesar dos problemas que enfrentam com a integração dos migrantes, assunto que divide o país - não tem lugar perfeito não.... Só para lembrar de que não devemos fantasiar. Mas não é fantasia mas fato que todo cidadão dinamarquês tem acesso a saúde, educação, lazer, segurança pública, gratuita. Ah só para lembrar a uns brasileiros mal informados e mal formados que parecem legião - não. Os países escandinavos não são socialistas. Mas conseguiram diminuir a desigualdade social ao longo das décadas, de modo que o país todo se tornou uma grande classe média. Isso ocorreu por mecanismos como imposto de renda progressivo. Quanto mais rico mais imposto se paga. E bom uso de recursos públicos, que fazem o imposto virar fonte de bem estar social. Isso me lembra outra história com Claus: Um dia vimos um homem de meia idade correndo com dois cães e Claus me disse, era o homem mais rico da Dinamarca na época. Estava ali o bem estar social dele: Corria pelas ruas sem seguranças. Não tinha medo de ser sequestrado. Não devia temer pelos seus filhos e netos. Provavelmente ele não pensava que segurança implica polícia matando pessoas. Provavelmente não se importava de pagar mais imposto. Havia sido educado numa escola que o ensinou que todos são iguais, não que há winners e losers. Quando morei na Dinamarca aprendi sobre um país possível, no qual queria muito viver, mas não lá. Aqui. E numa época pareceu possível. Na época do Governo Lula os ricos ficaram mais ricos cerca de 30%, os pobres mais ricos cerca de 110%. Todos ganharam e a desigualdade diminuiu. Parecia possível o sonho do estado de bem estar social, não lá, aqui nos trópicos. Mas faltou ensinar na escola brasileira que todos são iguais. Lembro de uma jovem dizendo:"tudo bem eles deixarem de ser miseráveis, mas eles têm de virar classe média?"ou pessoas dizendo que o problema do trânsito era resultado de que "hoje todo mundo pode comprar carro", ou gente reclamando do salário mínimo das domésticas. Para alguns desigualdade e exclusão social parecem soluções. Vivem sonhando com um estado menor sem nem saber exatamente o que isso significa. Eu sigo sonhando com o estado do bem estar social. Não quer dizer que vou votar em Lula nem escrevi isso para defender sua candidatura. É bom dizer isso para a irracionalidade não impedir que - me chamando de "petralha" - alguém não me acompanhe nessa reflexão. Não estou defendendo algum candidato mas discutindo que país queremos. Qual o nosso projeto do Brasil? O de meus sonhos é um estado de bem estar social, com saúde, educação, segurança pública para todos, não um estado mínimo de winners e losers. Com escolas que ensinem a todos desde a mais tenra idade que somos todos iguais. Um país de gente capaz de empatia, termo criado por Adam Smith - sim, aquele do liberalismo econômico - para designar a capacidade sumamente humana de ser capaz de se colocar no lugar do outro, ou nas palavras dele, "no lugar de quem sofre". Charbel El-Hani

A delação de Funaro


A delação de Funaro 09/09/2017


É melhor dividir por tópicos porque Funaro fez um estrago na República. 

1 – Ele diz que tem provas que o filho do ex-ministro Edison Lobão é sócio, através de laranjas, de várias pequenas usinas hidrelétricas no Pará. 

2 – Funaro afirma “tinha uma conta corrente entre eu e Geddel. Às vezes eu repassava valores quando solicitado e às vezes fazia remessas mensais”. Segundo ele, somente entre fevereiro de 2014 até maio de 2015 tem registros e comprovantes que repassou R$ 11,4 milhões a Geddel, provenientes de propina em negócios da Caixa onde o político baiano era vice-presidente. 

3 – Funaro apresentou documentos que comprovam que atuou para liberar junto à Caixa R$ 2 bilhões para uma concessionária do grupo Bertin na obra do Rodoanel de São Paulo. Nesta operação a propina foi de R$ 40 milhões. Segundo o delator foi dividida entre ele, Geddel e Eduardo Cunha. 

4 – Funaro escracha Moreira Franco: “dando dinheiro Moreira faz qualquer coisa”. Segundo Funaro, com a ajuda de Moreira a CIBE obteve empréstimos de R$ 300 milhões. A propina de 4% foi dividida da seguinte forma: 60% para Moreira; 25% para Cunha; e 15% pra Funaro. O doleiro ainda disse que o operador de Moreira Franco na Infraero era André Luiz Marques, conhecido como André Bocão. 

5 – Além de dizer que Michel Temer sempre soube de tudo, se beneficiou de muito dinheiro, Funaro apontou como operadores do presidente quatro pessoas: José Yunes (ex-assessor especial), Wagner Rossi (ex-ministro da Agricultura), Marcelo Azeredo, além do coronel João Batista Lima Filho. Para Funaro, Yunes era o maior operador, e usou a empresa do coronel Lima para escoar propinas do contrato de Angra 3, enquanto Rossi e Azeredo operavam as propinas do Porto de Santos e outras. 

6 – Funaro apresentou documentos que comprovam o pagamento de propina, a pedido de Eduardo Cunha, aos seguintes políticos: 

Michel Temer – R$ 1,5 milhão 
Henrique Eduardo Alves – R$ 4,95 milhões 
Sandro Mabel – R$ 2 milhões 
Gabriel Chalita – R$ 9,8 milhões 
Toninho Andrade (atual vice-governador de Minas Gerais (PMDB)) – R$ 9,8 milhões 
Manoel Júnior – R$ 150 mil 
Cândido Vaccarezza – R$ 700 mil 
Soraia Santos (PMDB-RJ) – R$ 1 milhão 
Alexandre Santos (ex-deputado do PMDB-RJ) – R$ 1 milhão 
Marcelo Castro (PMDB-PI) – R$ 1 milhão 

Funaro diz que a lista é muito maior e ficou de apresentar outros comprovantes envolvendo outros políticos. 

7 – Funaro mostrou documentos que comprovam que ele repassou 5 milhões de francos suíços do empresário Jacob Barata Filho ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio, Jorge Picciani (PMDB). O repasse foi feito a pedido de Eduardo Cunha na campanha de 2014, e saiu de uma offshore cujo nome é Tuindorp Enterprise, no Banco Audi, na Suíça. Ele informou até o número da conta. Após uma operação dólar-cabo, efetuada por um doleiro chamado Tony, a quantia foi sacada no Brasil e entregue ao senhor Milton, operador de Jorge Picciani. Para comprovar o que afirmou, além do extrato da conta, Funaro entregou as mensagens que trocou com Eduardo Cunha no celular que não foi apreendido pela Polícia Federal no dia da operação. 

8 – Funaro confirmou a versão que recebeu dinheiro para manter o silêncio sobre Michel Temer. Valor: R$ 100 milhões pagos por Joesley Batista, que tinha como intermediário Geddel Vieira Lima. 

9 – Segundo Funaro, ele transferiu para Michel Temer, via Eduardo Cunha, R$ 13,5 milhões em propina sendo R$ 7 milhões da JBS, R$ 5 milhões de Henrique Constantino, do grupo Gol, e R$ 1,5 milhão do grupo Bertin. 

10 – Funaro aceitou pagar pelo acordo de delação premiada R$ 45 milhões, que serão em quitados em 10 parcelas semestrais, terá que cumprir dois anos em regime fechado, e mais 6 em prisão domiciliar, com regime progressivo a cada dois anos (fechado, semiaberto e aberto). Ele também se compromete a  cumprir 4 anos de serviço à comunidade. Tudo isto e muito mais já está assinado e homologado

Por Miguel Rossetto: "Algo de muito podre na República do Brasil.


Por Miguel Rossetto: "Algo de muito podre na República do Brasil.
Em Hamlet, Shakespeare fala de traições, covardia, medo, ganância, cobiça. Por um dever político, assisti ao depoimento de Palocci e, enojado, percebi que os personagens de Hamlet estão todos ali. 
O depoimento de Palocci é a repetição de uma farsa já montada pela Lava-Jato para o criminoso Leo Pinheiro. Leo Pinheiro faz um depoimento no qual inocenta Lula, é condenado a 30 anos de cadeia. Leo Pinheiro é estimulado a corrigir seu depoimento, com a promessa de redução de pena para três anos, caso lembre de condenar Lula. Leo Pinheiro corrige seu depoimento e, sem nenhuma prova, acusa Lula e tem mesmo sua pena reduzida. E é este depoimento, construído dessa maneira, a única base para a sentença contra Lula. Como numa refilmagem, em primeiro depoimento, Palocci não envolve ou acusa Lula. É condenado a 12 anos de cadeia. Palocci é aconselhado por aqueles mesmos agentes a modificar seu depoimento com a promessa de redução de pena. Palocci, rastejando, no segundo depoimento incrimina Lula. O faz sem nenhuma prova, sem foto, sem gravação, sem áudio, assumidamente esperando o prêmio da delação. E assim, os depoimentos que acusam Lula são transmitidos amplamente e editados nas suas “melhores” partes.
Não considero Palocci um traidor, sem-vergonha, canalha porque revelou fatos que incriminam Lula, porque estes não existem e não há provas. Na farsa, a traição é de outra natureza, e dupla. Palocci trai o valor da confiança de Lula, por anos construída na luta política. E os agentes do MPF e do Judiciário, que tem o dever de proteger a República, a traem, ao montar farsas e premiar mentiras. 
Aliás, aqui se revela o verdadeiro pacto de sangue. O pacto das elites reacionárias contra os direitos do povo, contra a democracia e contra uma verdadeira República. É preciso ter coragem, acreditar e lutar pela verdade."

Qual o verdadeiro significado do depoimento de Palocci?

Repassando:


*O PACTO DE SANGUE*
*Os desorientados ou surpresos, como eu, com o depoimento de Palocci deveriam ouvir análise de pessoas com experiência no jogo de interesses por trás desse depoimento para não continuar sendo iludido e feito de fantoche por quem detém o poder da informação.*
*Somos  muito ingênuos nesses jogos de poder para tirar conclusões factíveis.*
*Não estou querendo "convencer " ninguém. Apenas espero que pensem. Simples assim.*
*Em abril deste ano Palocci promete delatar a Globo e o sistema financeiro. Por que mudou seu depoimento??? Ninguém se pergunta isso?*
*Rovai analisa o roteiro "a la novela da Globo", tão inverossímil quanto, porque sem provas e sem compromisso com a verdade.*
*Tire suas conclusões, porque não dá para concluir nada ouvindo argumentações de um lado só, não é mesmo?*
Assista em:
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A Farsa do 11 de Setembro

TERÇA-FEIRA, 29 DE NOVEMBRO DE 2011

A Farsa do 11 de Setembro

Sempre estou recebendo textos e endereços de vídeos sobre os acontecimentos de 11 de setembro de 2001 mas, este vídeo que me enviaram foi o que melhor argumentou aquela tragédia que mudou o rumo da história.

Se você for daqueles que acredita em tudo que a televisão mostra sem  nenhuma autocrítica e aconselhável a não assistir este vídeo embora, os argumentos utilizados pelos jornalistas são difíceis de se derrubarem.

Acesse:

https://youtu.be/2FqNePqTsGg

Texto relacionado:
Mentindo mas, falando somente a verdade!!!

Sem um Estado forte, outro Poder mandará


Sem um Estado forte, outro Poder mandará

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Sem um Estado forte, outro Poder mandará
Por André Araújo
Do Jornal GGN
O Brasil está em uma crise política, econômica e social de caráter histórico. A raiz da crise é o ENFRAQUECIMENTO do Estado nacional, hoje submetido a forças desintegradoras que  agridem o funcionamento e a estabilidade de um dos maiores países do mundo.
Um novo governo, seja ele de esquerda, centro ou direita não governará nesse quadro caótico.
Ou o poder se recentraliza ou o Brasil será ingovernável, correndo sérios riscos de ruptura das colunas de integridade construídas em séculos pela Coroa ibérica, pela Igreja Catolica e especialmente pelas forças armadas, fundamentais na repulsa às invasões holandesa e francesa, às incursões castelhanas, na luta pela Independência e na submissão de rebeldias internas, forças desintegradoras que de norte a sul contestaram o Estado colonial e nacional.
Leia mais:
Nenhum desses movimentos rebeldes poderia ter sido enfrentado se o Estado brasileiro não fosse forte por índole e propósito. O Brasil nasceu como nação pelas mãos do Estado fundador, anterior à própria formação da nacionalidade, o Estado antecede à Nação.
O Imperador Dom Pedro II era o símbolo da solidez do Estado brasileiro, o ponto de união e convergência em seis décadas quando os riscos potenciais de ruptura do Estado foram muitos e de toda ordem. Foi o Império com sua legitimidade histórica que impediu a fragmentação do território nacional, como ocorreu na América espanhola, dividida em 17 paises.
Na Primeira República, os Presidentes foram fortes e esmagaram incontáveis movimentos de contestação ao poder central, capitais foram bombardeadas ou invadidas como Salvador, São Luis , Fortaleza e São Paulo, rebeldias regionais não foram admitidas contra a República.
Revoltas violentas  foram enfrentadas por todo lado, como a Farroupilha, a do Contestado, a do Acre, que resultou na sua anexação pelo Brasil, o amplo e duradouro movimento dos Tenentes de 1922, a rebelião de 1924 em São Paulo. Já a Segunda República enfrentou revoltas em São Paulo em  1932, dos comunistas no Rio e em Natal em 1935 e com o desfecho do Estado Novo em 1937, etapa máxima da centralização do Poder do Chefe de Estado, figura simbólica  como sucessor do soberano, criando as condições de um enorme desenvolvimento social e econômico do Brasil de 1937 a 1975, regimes sequenciais ao regime varguista de 1937.
Contestação judicial ao Governo Floriano pelo STF levou à celebre frase do Presidente Floriano Peixoto ao ser ameaçado pelo Supremo “ mas quem é que dará habeas corpus ao Supremo?”
Hoje o poder da Presidência, que deveria ter as características de poder superior aos demais no sentido de seu exercício de comando operacional do Governo, está ABAIXO em poder de outras três torres de comando oficiais: o Supremo Tribunal Federal, a Procuradoria Geral e a Policia Federal. Ao invés do poder dos canhões, essas três torres se utilizam de INQUÉRITOS, que podem abrir contra qualquer  autoridade em qualquer numero e sob sua exclusiva vontade, sem contraponto, contestação ou bloqueio, poder que não tem o Executivo ou Legislativo, cujas regras podem ser contestadas judicialmente enquanto normas do Supremo não tem instância superior de controle e inquéritos da Policia ou da Procuradoria produzem efeitos políticos a partir do momento de sua divulgação. Formou-se assim uma assimetria que transforma a Presidência em poder refém de outros, enquanto os demais não dependem em nada da Presidência ou do Congresso, podem atuar sem contrapesos.
Esses poderes podem abrir quantos inquéritos quiserem, com ou sem motivos e através dos inquéritos comandam os acontecimentos políticos, inalcançáveis por controle externo.
O Supremo incorporou o PODER DE LEGISLAR sobre matérias que não estavam antes em seu alcance e através dessa nova aquisição de poder governa a politica. Exemplo marcante é a decisão do STF de proibir o financiamento empresarial de campanha. É claríssimo, de uma limpidez ímpar, que essa é uma matéria de LEGISLAÇÃO e não de decisão judicial.
Não há na lei proibição ao financiamento empresarial, a proibição foi um exercício ilegítimo de poder pelo Supremo e como esse inúmeros outros temas foram objetos de PODER CRIADO interna corporis, o Supremo gera dentro dele o novo poder que exercita ACIMA DA LEI, como a aplicação da norma do DOMINIO DO FATO, que não se encontra na legislação positiva.
Nas novas leis “abertas” de Iivre  interpretação, as chamadas “leis omnibus” dentro das quais cabem enquadramentos ao infinito ,  se  usa e abusa  de uma aplicação extensiva e ao único arbítrio do julgador,  permitindo penas aterradoras, muito superiores àquelas do Codigo Penal, penas de 20,  30, 40 ou mais anos por ter ido a um guichê sacar um cheque, tudo entendido como  lavagem de dinheiro,penas  que não se dá a assassinos estupradores, o que demonstra grave distorção do sistema de leis penais e de sua aplicação pratica,  tal disfunção tem clara explicação politica:  essas regras extravagantes e de interpretação aberta como obstrução de justiça, lavagem de dinheiro, anti-corrupção, são LEIS DE PODER,  tem como alvo principal a “classe politica” que fica assim submetida ao comando dos novos soberanos, a arma de guerra é a capacidade desse poder reforçado de aplicar penas que equivalem à prisão perpetua, destruindo a capacidade de reação da classe eleita, colocada contra a parede por inquéritos que podem ser manejados livremente como instrumentos de comando politico.
Ao proibir o financiamento empresarial de campanha o Supremo abre largamente o mercado de inquéritos contra todos os políticos do Legislativo e do Executivo, tornando-os mais vulneráveis e imputáveis. O STF aumenta por sua própria decisão o poder da PF e da PGR para criminalizar condutas de políticos que anteriormente a essa decisão poderiam receber doações empresariais e aumentam largamente o campo de arbitragem do sistema judiciário sobre a atividade politica e seus operadores eleitos pelo voto direto, agora submetidos a um poder maior que a eleição.
MERCADO FINANCEIRO
Mais duas poderosas e  não oficiais  TORRES DE COMANDO estão acima da Presidencia: o ente conhecido como “mercado financeiro”, hoje representado pelo Ministro da Fazenda e pela sua divisão blindada, o Banco Central, a ponto de um Ministro que deveria ser um auxiliar do Presidente, por ele nomeado e demissível a qualquer momento, se permitir de forma publica  a MAXIMA ousadia que jamais um Ministro da Fazenda invocou no Brasil republicano, dizer que se mudar o Presidente ele fica, entendendo-se ele e sua equipe. Essa simples declaração em outros tempos implicaria em imediata demissão mas nestes momentos  escuros o Presidente não pode demiti-lo. Na historia recente em 1965 o Ministro da Guerra, Costa e Silva, disse algo semelhante  quando fez uma viagem à Europa no inicio do Governo Militar “viajo Ministro e volto Ministro” o que foi entendido como sendo seu poder ser superior ao do próprio Presidente Castello Branco, que a partir dai  encolheu sua autoridade até Costa e Silva ser  indicado e empossado realmente como Presidente, sua declaração atrevida previu o desfecho de seu poder superior ao Presidente como Ministro da Guerra.
 A entidade “mercado financeiro” por seus porta vozes na mídia, cito apenas uma, Miriam Leitão, vem declarando continuamente que a POLITICA ECONOMICA é independente de quem seja o futuro Presidente, o que é  uma visão historicamente absurda, porque o futuro Presidente estaria amarrado a uma politica econômica de um grupo anterior ao seu Governo?
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MIDIA
Chegamos então à quinta TORRE DE COMANDO sobre a Presidencia, a mídia eletrônica, rádios e TVs que são uma concessão do Estado mas se permitem contesta-lo a todo dia. O Estado concede e pode cassar a capacidade de usar as ondas hertzianas, que pertencem ao Estado e são apenas cedidas temporariamente a particulares, o Codigo de Telecomunicações dá amplos poderes ao Estado para conceder e cancelar essas concessões quando elas forem desvirtuadas de suas finalidades ou em situações onde a transmissão põe em risco a segurança nacional, a cassação não demanda muitas explicações e pode ser executada por simples decreto da Presidencia, ninguém é “dono” de uma frequência para radio e tv, é uma regra universal.
O democratíssimo Presidente Juscelino usou de seu poder legal para tirar do ar a TV Tupi quando Carlos  Lacerda ameaçou fazer um discurso para depor o Presidente.
Quando a mídia divulga vazamentos ilegais de processos protegidos por sigilo cabe punição severa. Paises democráticos processaram um Julian Assange por quebra de sigilos que estavam sob proteção do Estado. O que é sigiloso não pode ser divulgado e quem é cumplice da divulgação pode perder a concessão, o Estado está acima do direito subjetivo de transgressões que agridem as leis ,  Governos democráticos não devem ser fracos para dar a pessoas individuais o direito de desafia-lo indo contra a ordem legal  Certas máximas do Poder mesmo em países democráticos fora, esquecidas no Brasil a partir da Constituição de 88, a Constituição que ampliou ao infinito os “direitos” a custa do enfraquecimento do Estado.
POLITICA ECONOMICA
Nas mais solidas democracias a mudança da Presidencia implica na mudança da politica econômica, nos EUA isso ocorreu em todas as mudanças de ocupantes da Casa Branca, há grande diferença entre uma politica econômica do Partido Democrata e a do Partido Republicano, na crise dos anos 30, as politicas de Hoover e Roosevelt eram diametralmente opostas, assim como a de Churchill e Attlee no Reino Unido, a saída de Thatcher implicou em grande virada na politica econômica britânica. Como então o “mercado” por seus porta vozes na mídia  se atreve a dizer que o próximo Presidente manterá a mesma politica recessionista da atual equipe, aliás se atrevem a dizer que a mesma equipe continuará, é muita ousadia e se se a permitem  é porque acham que a força do “mercado financeiro” é suficiente para mandar na economia e por extensão, no Governo, no atual contexto parece que conseguem esse feito.
Isso é o contexto de hoje mas não foi sempre assim. O Presidente Fernando Henrique mudou duas vezes o presidente do Banco Central, demitindo o ocupante por telefone,  sem se aprisionar ao mercado. O Presidente Itamar Franco mudou em pouco tmpo três Ministros da Fazenda, sem dar maiores satisfações ao “mercado”. O Presidente Collor mudou quem e quando quis na área econômica, tirou Zelia para colocar Marcilio Moreira sem pedir permissão ao mercado ou à mídia, o Presidente do Brasil pode muito , é uma Presidencia imperial.
OS PODERES DA PRESIDENCIA
O aprisionamento atual da Presidencia a esses novos poderes e algo novo , não tem precedentes históricos e nem é da natureza do cargo e da extensão de sua autoridade.
Um Chefe de Estado que pretenda governar o Brasil não o fará com essas torres de comando acima dele. Nada tem a ver com ideologia, é uma regra de poder simplesmente, o Comandante não pode ser emparedado pelo sargento corneteiro ou pelo oficial de intendência ou é Comandante incontestado ou o Regimento não vai combater.
A saída logica é uma aliança do Chefe de Estado com as Forças Armadas para reconduzir as TORRES DE COMANDO a seu devido lugar na politica e na Historia.
Uma Presidencia forte e centralizada será essencial para o Brasil enfrentar sérios desafios na cena internacional dos próximos anos. O enfraquecimento da Presidencia levou ao aprquenamento da projeção internacional do Brasil, hoje uma sombra do que foi durante o Governo Vargas e durante os governos militares, que projetaram a influencia e presença do Brasil no Oriente Medio e na Africa, criaram uma forte indústria de material bélico, prontamente liquidada pelo governo FHC ao rejeitar um papel internacional do Brasil para alinha-lo automaticamente ao sistema de Washington,, assinando o Tratado de Não Proliferação e o Acordo de Cooperação Judiciaria, dois instrumentos de perda de soberania.
Os desafios da economia, da ecologia, dos conflitos regionais, do aumento da pobreza e da concentração de renda exigirão uma Presidencia institucionalmente forte e eficiente, o que jamis será com a existência de ilhas de poder concorrente contra a Presidencia.
Esta pequena analise é oferecida no contexto da práxis do poder politico no modelo proposto pelo mestre Nicoló Machiavelli, sem qualquer pretensão de  julgamento ideológico ou ético-moral para indagar as razões do poder, apenas pretende-se um olhar sobre o poder em EXISTENCIA, ele existindo só poderá operar se tiver comando do território.
Quando os militares depuseram o digno Imperador Dom Pedro II em 15 de novembro de 1889 o Embaixador britânico no Rio de Janeiro Sir Hugh Wyndham perguntou por telegrama ao Ministro do Exterior em Londres, o lendario Marques de Salisbury (Robert Gascoyne-Cecil), vamos reconhecer o novo Governo republicano do Brasil?
O Imperador era respeitadíssimo em Londres, seu longo reinado tornara-o um figura de peso na Europa e nos Estados Unidos, o Embaixador com razão lamentava o fim da Monarquia mas Lord  Salisbury, três vezes Primeiro Ministro, que comandava o Imperio Britanico quando abriu o Seculo XX,  não derramou uma lagrima sentimental , so fez uma única pergunta?
Os militares que depuseram o Imperador dominam o território?
SE DOMINAM O TERRITORIO RECONHECA O NOVO GOVERNO IMEDIATAMENTE.
Dominio para Lord Salibury significava mandar sem contestação ou oposição.
Para Salisbury não importava o justo ou o injusto, a ética, a moral, a tradição  ou a ideologia do novo governo que obiviamente não poderia ser da  simpatia da Monarquia inglesa.
Mas a politica é antes de tudo REALIDADE, o Marques de Salisbury operava dentro dela.
Essa é a chave, governa quem domina o território, quem PODE MANDAR é o poder.

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