sexta-feira, 8 de maio de 2020

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Grupo arrecada mais de R$67 mil e dá treinamento militarizado a defensores de Bolsonaro O FASCISMO AVANÇA.

Notícias

Grupo arrecada mais de R$67 mil e dá treinamento militarizado a defensores de Bolsonaro

Por Lisandra Paraguassu
Reuters
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Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Em meio a um número crescente de casos e mortes causadas pelo coronavírus, um grupo de brasileiros ignora os riscos e se reúne em Brasília para aprender sobre "revolução não violenta", "táticas de guerra de informação", em um treinamento em local não identificado de uma "milícia não violenta e desarmada" de defesa do presidente Jair Bolsonaro.
O grupo, que se autodenomina "300 do Brasil", já conseguiu arrecadar mais de 67 mil reais em uma vaquinha online e seu canal no Telegram, aberto, tem mais de 3 mil membros. Ali, a convocação deixa clara qual é a ideia do grupo.
"O presidente da República, Jair Bolsonaro está por sofrer um golpe de Estado, protagonizados por Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e Dias Toffoli. Civis e militares de todo o país organizam o MAIOR acampamento contra a esquerda e a corrupção DO MUNDO, que será feito em Brasília", diz a primeira convocação do grupo. "Lembre-se, você NÃO É MAIS UM MILITANTE, VOCÊ É UM MILITAR, um militar com uma farda verde e amarela, pronto para dar a vida pela sua nação."
O tom militar, a arrecadação de recursos sem um objetivo específico --a não ser treinar pessoas para dar "sangue, suor e sono" em prol do Brasil-- chamou a atenção da Procuradoria Geral da República. O Ministério Público Federal já pediu uma investigação sobre o "acampamento dos 300", segundo uma fonte da instituição a par do caso ouvida pela Reuters.
Idealizadora do grupo, a ativista Sara Geromini --conhecida como Sara Winter-- garante que o "300 do Brasil" não usa armas. Na verdade, em uma de suas postagens, explica que o treinamento é de guerra sem armas porque em uma "ditadura" a primeira coisa feita é tirar as armas da população.
"São táticas de inteligência, de investigação de geopolítica. Tivemos instrução de guerra não violenta, desobediência civil vindos da literatura de Olavo de Carvalho", disse Sara em uma entrevista à Reuters. "Ele nos deu uma força moral, mas não é nosso mentor ou guru", ressaltou.
Cercado de mistérios, a ideia do grupo surgiu em uma live em rede social feita por Sara e outros dois conhecidos blogueiros bolsonaristas, de um "acampamento" em defesa do presidente Jair Bolsonaro.
Ex-membro do coletivo feminista Femem no Brasil, Sara fez um giro de 180 graus em suas crenças políticas e, desde 2015 passou a atuar em grupos de extrema-direita. Até outubro do ano passado, Sara trabalhava no Ministério da Família como coordenadora de Atenção Integral à Gestante e à Maternidade, quando foi exonerada. Hoje, voltou a se dedicar a palestras, livros e suas redes sociais.
Sara contou à Reuters que o nome veio da ideia dos "300 de Gideão", uma história bíblica em que, incentivado diretamente por Jeová, o povo judeu venceu uma batalha com apenas 300 homens.

ACABAR COM OS COMUNISTAS
Seus alvos principais são os "comunistas", que na visão do grupo estão infiltrados em todos os lugares --entre os ministros do Supremo Tribunal Federal, no Congresso, na PGR.
"Os 300 não respeitamos, nós desmoralizamos (os comunistas), os deixamos com medo. Eles sairão do poder por bem ou mal. Isso não significa assassinar. Quando digo que quero ucranizar é que queremos tirar os comunistas e corruptos do poder com a indignação da povo", explicou.
No final de abril, Sara começou uma convocação por suas redes sociais. O acampamento chegou a ser marcado para o dia 2 de maio e, no canal do Telegram, era possível ver vídeos de pessoas chegando a Brasília, em ônibus e até avião.
Nesse momento, uma vaquinha online foi criada. A intenção seria garantir pagamento para os treinadores, o local do acampamento e uma refeição por dia aos cooptados.
A tropa dos 300 não revela o local do acampamento base, segundo Sara para evitar que pessoas indesejadas, que queiram provocar, ou não tenho seus antecedentes checados, possam tentar se infiltrar no grupo.
Mas alguns vídeos mostrando treinamentos e palavras de ordem foram colocados nas redes. O grupo criou um grito de guerra: "300 do Brasil, arru, arru, arru". O vocábulo, explica Sara, não tem um significado além de querer mostrar força e "assustar o inimigo".
"Nós temos uma pegada meio militarizada, temos muitos ex-militares. Eles sugeriram isso. Foi uma coisa que pegou para mostrar garra, até para assustar o inimigo", explicou.
Os 300 fizeram sua estreia na manifestação do último domingo, em frente ao Palácio do Planalto, que clamou contra o Supremo Tribunal Federal e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Na véspera, tentou montar um acampamento na Esplanada dos Ministérios --apesar das barracas todas iguais, o movimento teria sido "espontâneo"-- mas foi impedido pela Polícia Militar do Distrito Federal.
Em um vídeo, militantes aparecem bradando de que só sairiam dali quando "Maia cair" ou quando os 11 ministros do STF "entenderem que não são semi-deuses".
Nos dias seguintes, o grupo tentou montar um outro acampamento, dessa vez em frente ao STF, sem sucesso. Depois de conversar com o comando da PM do DF, Sara foi às redes bradar contra os policiais.
"Resumindo a reunião com a PMDF e demais órgãos de segurança do DF: não pode barraca, não pode faixa, não pode ocupar o Congresso (mesmo que seja nosso). Não pode nada", escreveu nas redes sociais, acrescentando alguns palavrões.
Desde então, o grupo tentou fazer uma ação em frente ao Palácio da Alvorada, em uma demonstração ao presidente de seu treinamento, mas não conseguiu. As outras ações programadas também não foram feitas, mas a intenção é reaparecer em mais uma manifestação marcada para esse sábado, em Brasília.

TROPA DE CHOQUE
O cientista político Creomar de Souza, afirma que o surgimento de um grupo como os 300 pode ser creditada a uma tentativa de criar uma militância aguerrida em um momento de diminuição da base de apoio espontânea do presidente.
"Esse movimento me parece jovem, bastante organizado, tem organicidade, não é espontâneo. Mudou do panorama de estamos aqui espontaneamente para uma organização", disse à Reuters. "Esse processo de militância é a última barreira, é quem dá suporte ao governo."
Toda militância, lembra o professor da Universidade de Brasília, tem a função de tropa de choque, de afrontar o descontente.
"O que a gente precisa entender é se essa militância vai ficar nos gritos de guerra ou se evolui para um comportamento mais agressivo", avaliou. "É cedo para saber qual impacto terá no jogo político."
A intenção do grupo é ir além do acampamento de Brasília, diz Sara. Não há recursos por enquanto, diz ela, para levar os "treinamentos" a outros Estados, mas quem passar por Brasília tem a função de montar seus núcleos de manifestação nas cidades.
"Nós temos que levar em consideração que a esquerda tem esse tipo de treinamento há 50 anos, em áreas rurais e urbanas, bancada por muito dinheiro, financiada por empresas. Precisamos organizar a direita para manter a governabilidade", defendeu.

(Reportagem adicional de Ricardo Brito)

Com medo, bolsonaristas esconderão faixas golpistas JÁ?


Com medo, bolsonaristas esconderão faixas golpistas

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Foto: Jorge William/Agência O Globo
Com o avanço do inquérito no STF sobre os bolsonaristas que organizam atos contra a democracia, a militância que vai para as ruas no sábado sentiu o calor na nuca.
Em áudios de grupos bolsonaristas, a ordem agora é banir do movimento as faixas que pedem explicitamente o golpe militar e o retorno da ditadura.
“Esqueçam faixas escritas ‘intervenção militar’, ‘fechamento do Congresso’ e ‘AI-5 com Bolsonaro’”, orientam os líderes.
O foco dos aloprados, a partir de agora, será na figura de cada autoridade considerada “inimiga” de Jair Bolsonaro.
“É só para levar ‘Fora Maia’, ‘Fora Alcolumbre’, ‘Fora Celso de Mello’ e ‘Fora Alexandre de Moraes’”.
A conferir.

Trump não quer parar guerras pela pandemia


Trump não quer parar guerras pela pandemia

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Foto: Saul Loeb / AFP
Os Estados Unidos impediram que o Conselho de Segurança da ONU votasse uma resolução que pedia um cessar-fogo dos conflitos armados durante a pandemia de coronavírus, aparentemente porque o texto fazia menção implícita à Organização Mundial da Saúde (OMS).
O impasse se mantém desde o dia 23 de março, quando o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um cessar-fogo em conflitos globais, para que o mundo possa se concentrar na pandemia.
O presidente Donald Trump tem criticado fortemente a OMS sobre o que ele chama de manejo inadequado da crise global da saúde e suspendeu o financiamento dos EUA à agência da ONU. Trump acusa a organização de de ser “centrada na China” e de promover a “desinformação” da China sobre o surto, afirmações que a OMS nega.
As críticas dos EUA provocaram uma firme defesa da OMS durante as negociações do conselho por parte da China, onde o novo coronavírus surgiu no final do ano passado, matando até agora cerca de 275 mil pessoas em todo o mundo.
Enquanto o Conselho de Segurança — encarregado de manter a paz e a segurança internacionais — não pode fazer muito para lidar com o próprio coronavírus, diplomatas e analistas dizem que o órgão poderia ter demonstrado unidade ao apoiar o pedido de Gutérres por uma trégua global.
— Este teria sido um apelo muito mais eficaz para um cessar-fogo se tivesse ocorrido um mês atrás. Agora parece um pouco manco e tarde — disse Richard Gowan, diretor para ONU do International Crisis Group, ONG de prevenção de conflitos. — O conselho perdeu alguma credibilidade com o passar das semanas, principalmente graças ao obstrucionismo dos EUA.
Diplomatas disseram que a China e os Estados Unidos levantaram a perspectiva de veto caso a OMS fosse ou não mencionada. Uma resolução precisa de nove votos a favor e nenhum veto da França, Rússia, Reino, Estados Unidos ou China, que têm assentos permanentes, para aprovação.
Na noite de quinta-feira, parecia que o órgão de 15 membros tinha chegado a um acordo, disseram diplomatas, de acordo com a versão mais recente de um projeto de resolução francês e tunisiano.
Em vez de nomear a OMS, o texto preliminar, visto pela Reuters, “enfatiza a necessidade urgente de apoiar todos os países, bem como todas as entidades relevantes do sistema das Nações Unidas, incluindo agências de saúde especializadas”. A OMS é a única agência desse tipo.
Os Estados Unidos rejeitaram o trecho na sexta-feira, disseram diplomatas, porque era uma referência óbvia à OMS, com sede em Genebra.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que o conselho deve avançar com uma resolução limitada ao apoio à chamada de cessar-fogo de Gutérres ou com uma resolução ampla que exija que os países se comprometam com a transparência e a responsabilidade para o combate à Covid-19.
Trump aumentou as críticas à OMS depois que ele e o presidente chinês, Xi Jinping, concordaram essencialmente, em um telefonema em 27 de março, com uma trégua informal em uma guerra de palavras, durante a qual Trump se referiu ao coronavírus como o “vírus chinês”.
Na semana passada, Trump voltou a engrossar a voz contra a China. Na quarta-feira, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, acusou a China de “se recusar a compartilhar as informações necessárias para manter as pessoas em segurança”. Pequim acusou Pompeo de mentir.
Alguns diplomatas e analistas também questionaram os motivos da China em defender a OMS no Conselho de Segurança, o que eles disseram ser incomum, porque Pequim tradicionalmente argumenta que o trabalho da agência está fora do mandato de paz e segurança do conselho.
”A batalha por dar nome ou não à OMS é a verdadeira definição de obstrução mesquinha e de disfuncionalidade mesquinha”, postou no Twitter Simon Adams, diretor executivo do Centro Global para a Responsabilidade de Proteger.