terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Bolero de Ravel. EMOCIONANTE!

Na época (1994) o consagrado maestro estava com 82 anos. Faleceu em 1996.
Um exemplo de determinação, de amor à arte, de amor à vida.


http://www.youtube.com/watch?v=AmEJLoawItU

MST, 30. Muito além da distribuição de terras


http://revistaforum.com.br/digital/131/mst-30-muito-alem-da-distribuicao-de-terras/

MST, 30. Muito além da distribuição de terras


Em entrevista, João Pedro Stédile fala sobre os 30 anos do movimento, faz uma avaliação sobre a luta pela terra no período e explica os novos parâmetros do que considera a reforma agrária popular, que inclui conceitos da agroecologia e a democratização da educação
Por Igor Carvalho e Glauco Faria, na Revista Fórum Digital
João Pedro Stédile (Foto: MST) João Pedro Stédile (Foto: MST)
Com presença em 23 estados, além do Distrito Federal, e com mais 900 assentamentos que abrigam 150 mil famílias, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) completou 30 nesta semana. Criado em um encontro nacional que reuniu 80 trabalhadores do campo em Cascavel, no Paraná, em 22 de janeiro de 1984, o movimento já realizou, ao longo de sua história, mais de 2,5 mil ocupações, acumulando duas mil escolas instaladas em assentamentos, além de outras conquistas como acesso a crédito para a produção.
Em entrevista exclusiva à Fórum, João Pedro Stédile, membro da coordenação nacional do MST, falou sobre os novos rumos do movimento e da luta no campo. “Os parâmetros das mudanças propostas pela reforma agrária popular significam reorganizar os bens da natureza e a produção agrícola para, em primeiro lugar, produzir alimentos sadios para todo o povo. Produzir com base na matriz da agroecologia, em equilíbrio com a natureza e sem o uso de venenos agrícolas. Implementar agroindústrias na forma de cooperativas, para beneficiar os alimentos e aumentar a renda dos trabalhadores do campo”, aponta.
Stédile também criticou o atual ritmo das desapropriações de terra no Brasil. “No governo Dilma, esse processo está totalmente paralisado, fruto de uma correlação de forças mais adversa, pela base social e política que compõe o governo, e por uma incompetência operacional impressionante dos setores que atuam no governo.” Confira a íntegra da entrevista a seguir.
II Congresso Nacional do MST em 1990 (Foto: Arquivo) II Congresso Nacional do MST em 1990 (Foto: Arquivo)
Fórum – Nestes 30 anos, bancada ruralista e parte da mídia tradicional combateram, às vezes de forma pouco sutil, o MST. Como o senhor vê a atuação desses dois grupos?
João Pedro Stédile – O capital está adotando um modelo de exploração da agricultura que se chama agronegócio. Nesse modelo, há uma nova aliança das classes dominantes, que aglutina os grandes proprietários, as empresas transnacionais e a mídia burguesa. Eles usam todos os seus instrumentos, como o Poder Judiciário e o Congresso, para defender sua proposta, desmoralizar a reforma agrária e toda luta social no campo.
Fórum – Boa parte da estagnação e dos retrocessos na questão agrária estão relacionados não apenas ao Executivo, mas também ao agronegócio, muito representado no Congresso Nacional. Nesse sentido, o senhor
entende que é essencial uma reforma política? Quais pontos seriam
fundamentais para serem mudados?
João Pedro Stédile –
O Brasil vive uma crise política. Crise política no sentido de que o povo e a classe trabalhadora não têm controle sobre os que deveriam ser seus representantes nas esferas políticas do Estado. Essa distorção se dá pelo financiamento privado das campanhas eleitorais, cada vez mais caras, e pela manipulação ideológica do monopólio dos meios de comunicação, sobretudo pela televisão.
Assim, os eleitos respondem apenas aos interesses da classe que os financia, em vez daqueles que votaram neles.  É preciso mudar as regras da política, para voltarmos a ter uma democracia representativa séria em que o povo possa acreditar. Então, a reforma política é para modificar muitos aspectos desse processo, e vai desde a forma de escolher os candidatos, de financiar as campanhas, os compromissos, os tempos de mandato e o direito do povo de convocar por conta própria plebiscitos populares para julgar questões candentes, até revogar mandatos de eleitos que descumprirem os compromissos assumidos com o povo. Porém, esses detalhes da reforma política, que não estão claros para todos ou mesmo não tendo unidade entre as forças populares, precisam ser aprofundados, justamente num amplo debate político com a população.
Por isso, estamos articulados numa ampla plenária de todos os movimentos sociais brasileiros que tiraram como missão comum realizar neste ano um grande mutirão para debater com a população que tipo de problemas temos na política e que tipo de reforma precisamos fazer. Na semana do 7 de setembro, vamos realizar um plebiscito popular para que a população vote se é necessário ou não convocar uma Assembleia Constituinte, soberana e exclusiva para implementar uma reforma política. Essa será nossa tarefa nos próximos meses.
Via Campesina (Foto: Arquivo) Via Campesina (Foto: Arquivo)
Fórum – O congresso nacional do MST, em 2014, falará sobre o programa Reforma Agrária Popular, construído internamente pelo movimento. Como o movimento vai se organizar para enfrentar o agronegócio?
João Pedro Stédile – O agronegócio é um modelo de produção agrícola do capital, que exclui a população. Constitui uma nova classe dominante, mais forte e mais complexa. Daqui em diante, as mudanças no campo, para a construção de um novo modelo agrícola que produza alimentos sadios, que não agrida a natureza, que distribua renda e represente desenvolvimento para nosso povo, depende de uma aliança de toda classe trabalhadora.  Por isso, nossas táticas devem incluir a aliança com a classe trabalhadora na cidade, com os jovens e todos os movimentos sociais urbanos.
Fórum – Antigamente, o que se via no MST era prioritariamente a busca pela distribuição de terra. Hoje, há uma preocupação, também, com a infraestrutura dos assentamentos e por acesso à tecnologia na produção agrícola. A defesa do meio ambiente, pensando em modelos de produção que não sejam agressivos à natureza, é a próxima bandeira do movimento?
João Pedro Stédile – Exatamente. Houve uma mudança nos últimos anos em nosso programa agrário e construímos o que chamamos de proposta de reforma agrária popular. No período anterior, dominado pelo capitalismo industrial, havia ainda a possibilidade de uma reforma agrária do tipo clássico, que representava democratizar a propriedade da terra e integrar o campesinato nesse processo. Porém, agora a economia mundial é dirigida pelo capital financeiro e internacionalizado. No campo, esse modelo implementou o agronegócio, que exclui e expulsa os camponeses e a mão de obra do campo. Agora, não basta apenas distribuir terra, até porque o processo em curso é de concentração da propriedade da terra e desnacionalização.
Os parâmetros das mudanças propostas pela reforma agrária popular significam reorganizar os bens da natureza e a produção agrícola para, em primeiro lugar, produzir alimentos sadios para todo o povo. Produzir com base na matriz da agroecologia, em equilíbrio com a natureza e sem o uso de venenos agrícolas. Implementar agroindústrias na forma de cooperativas, para beneficiar os alimentos e aumentar a renda dos trabalhadores do campo. E incluir a democratização da educação como uma necessidade do desenvolvimento social. Não se pode admitir que ainda tenhamos 18 milhões de trabalhadores adultos analfabetos, e a maioria está no campo.
Marcha para São Gabriel, em 2003 (Foto: Ayrton Centeno) Marcha para São Gabriel, em 2003 (Foto: Ayrton Centeno)
Fórum – O senhor falou, recentemente, da união de forças entre MST e a população indígena. Acredita que, unindo forças com os índios, a luta por terra ganharia outra dimensão no país?
João Pedro Stédile – A classe trabalhadora tem de defender a causa indígena. Os povos indígenas vem sendo massacrados pela ofensiva do capital, que quer também suas terras e riquezas, em especial na fronteira econômica do agronegócio, como Mato Grosso do Sul, sul da Bahia e Maranhão. Os povos indígenas, apesar deterem seus direitos garantidos pela Constituição, são minoritários e não têm força de, sozinhos, enfrentarem o poder do capital.  Por isso, renovo o apelo: que todo o povo, em especial os setores organizados da classe trabalhadora, defendamos os povos indígenas. É uma forma, inclusive, de pagamento da nossa dívida histórica, com os nossos avós históricos, que sempre foram os zeladores da natureza para que chegássemos aonde estamos.
Fórum – Estamos em um ano eleitoral. Como o MST irá se posicionar nessas eleições?
João Pedro Stédile – O MST tem uma tradição histórica de nunca se posicionar enquanto movimento social por um ou outro candidato.  Sempre nos posicionamos em torno da necessidade de defender projetos populares. Procuramos conscientizar a nossa base, para que tenha visão política e vote nos candidatos e projetos que representam os interesses do povo e derrotem os setores direitistas. Esse comportamento individual, como cidadão consciente, vai se manter nas próximas eleições.
Famílias marcham com o MST (Foto: Leonardo Melgarejo) Famílias marcham com o MST (Foto: Leonardo Melgarejo)
Fórum – De que forma o senhor vê a evolução da reforma agrária nos governos Lula e Dilma?
João Pedro Stédile – A reforma agrária, do ponto de vista conceitual, é um amplo programa de Estado que consegue democratizar o acesso à terra e eliminar o latifúndio, como está até na nossa lei. Porém, nunca houve reforma agrária no Brasil. Nós tivemos apenas programas pontuais de criação assentamentos, frutos da luta direta e da pressão social, que obriga os governos a desapropriar algumas fazendas e as transformarem em assentamentos.
No governo Lula, ainda se manteve um ritmo razoável de desapropriações pontuais, embora parecido com o governo FHC. No governo Dilma, esse processo está totalmente paralisado, fruto de uma correlação de forças mais adversa, pela base social e política que compõe o governo, e por uma incompetência operacional impressionante dos setores que atuam no governo.
Não me canso de dar um exemplo que chega a ser patético: a presidenta Dilma se comprometeu com o movimento de assentar as famílias sem terra do Nordeste nos perímetros irrigados de projetos do governo. Existem atualmente  86 mil lotes vagos em projetos antigos, onde o governo já investiu milhões, tem água e terra. Basta levar as famílias. E nada acontece. Ou seja, poderíamos assentar imediatamente 86 mil famílias em área irrigada, com garantia de produção que resolveria a situação de grande parte dos acampamentos do Nordeste.
Fórum – Há uma expectativa sobre como vão se comportar os movimentos sociais durante a Copa do Mundo no Brasil. O MST irá às ruas? Qual a posição do movimento em relação ao Mundial?
João Pedro Stédile – Há muitos setores sociais da juventude que certamente vão se mobilizar. Estaremos juntos com todas as mobilizações que representem lutas por melhores condições de vida de nosso povo. O lugar privilegiado do povo é fazer política com mobilização nas ruas. Somente pela mobilização poderemos alcançar mudanças.  Elas nunca virão do Congresso ou pela vontade iluminada de governantes.
Porém, espero que as mobilizações comecem logo. Não necessitemos casar a luta por melhores condições de vida com o período da Copa. No período da Copa, corremos o risco do povo em geral não gostar e não aderir. Todos queremos ver a Copa e, por outro lado, corremos o risco de reduzir as mobilizações a denúncias do valor das obras. Cá entre nós, mesmo os valores exagerados gastos em algumas obras e reformas representam muito pouco perto dos bilhões repassados pelo governo todo dia no pagamento dos juros aos banqueiros.
Nossa luta deve ser para que os recursos públicos, hoje reservados pelo supervit primário para pagamento dos juros – que só engordam os especuladores e o capital financeiro – sejam destinados para investimentos necessários em educação, saúde, transporte público e reforma agrária.

Gilmar Mendes "faz acusações sem provas" afirma Bandeira de Melo


Gilmar Mendes ‘faz acusações sem provas’, afirma Bandeira de Mello

6/2/2014 12:45
Por Redação - de São Paulo

Bandeira de Mello é um dos juristas mais respeitados no país
Bandeira de Mello é um dos juristas mais respeitados no país
Celebrado como um dos mais respeitados juristas brasileiros, o advogado Celso Antônio Bandeira de Mello, professor Emérito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), considerou “escandalosas” as declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sobre suspeita de lavagem de dinheiro nas doações feitas a petistas condenados na AP 470.
– Faz acusações sem provas. Ele irroga a terceiros a prática de um crime sem indícios e isso, vindo de um ministro da Suprema Corte, é escandaloso – disse o jurista ao diário conservador paulistano Folha de S. Paulo.
Bandeira de Mello também é amigo do ex-presidente do PT José Genoino e foi uma das 2.620 pessoas que doaram ao petista para ajudá-lo a pagar a multa de R$ 667,5 mil imposta pela Justiça. Ele acrescentou que “não vê lógica” na tese sobre lavagem de dinheiro.
– O montante é grande porque as pessoas que doaram consideraram o julgamento do mensalão injusto – afirmou.
O jurista pretende também fazer doações para José Dirceu e disse que só não doou para Delúbio porque “não era muito próximo” do ex-tesoureiro do PT. O próprio advogado doou R$ 10 mil para ajudar José Genoino pagar multa de R$ 667,5 mil imposta pela Justiça.
– Como doador, me senti ofendido, porque Gilmar Mendes lançou publicamente uma suspeita sem provas e fui atingido por ela. Estou chocado – afirmou.
No ano passado, o jurista criticou o presidente do STF, Joaquim Barbosa, pela condução da prisão do ex-presidente do PT.
– Acho que é mais um problema de maldade. Ele é uma pessoa má. Falo isso sem nenhum preconceito com a pessoa dele pois já o convidei para jantar na minha casa. Mas o que ele faz é simplesmente maldade – afirmou.
Representações
Segundo a editora do blog Maria Frô, Conceição Oliveira, “o Brasil constatou, recentemente, a força da militância do Partido dos Trabalhadores. Pela internet, sem nenhum apoio de governos, nem muito menos da mídia, militantes e eleitores do PT conseguiram arrecadar mais de R$ 700 mil para pagar a multa imposta ao ex-deputado José Genoíno, como parte da condenação imposta a ele, na AP 470, pelo Supremo Tribunal Federal. Em seguida, mais de R$ 1 milhão foram arrecadados da mesma forma, desta vez, para pagar a multa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares”.
“Sem provas e de forma absolutamente irresponsável para um juiz da Suprema Corte do País, o ministro Gilmar Mendes passou a insinuar, em declarações à imprensa, que as doações poderiam, inclusive, ser fruto de lavagem de dinheiro. Só quem não conhece o PT e a história de luta da militância do partido pode fazer uma ilação como essa. Por conta disso, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, vai interpelar Gilmar Mendes para que ele esclareça e prove o que disse. Em juízo”. Segundo Conceição Oliveira, a medida foi protocolada nesta quinta-feira, na Presidência do STF.
No ano passado, o ministro Gilmar Mendes também foi alvo de representações após denúncia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentara chantageá-lo. Mesmo o PSOL – que havia se unido ao PSDB, DEM e PPS para solicitar à investigação da conduta de Lula – protocolou na Procuradoria Geral da República representação em que questiona a conduta do Mendes, classificada pela sigla como “bastante questionável”. No documento, o partido pede a investigação dos fatos e, se comprovada conduta indevida, que a Procuradoria adote as medidas cabíveis, nos âmbitos administrativo, civil ou penal.
O servidor público Cícero Batista Araújo Rôla também protocolou, em maio do ano passado, na Presidência do Senado, o pedido de impeachment do ministro do STF, Gilmar Mendes. Cícero, que é filiado ao PT e secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores no Distrito Federal (CUT-DF), disse a jornalistas que, “como cidadão que cumpre suas obrigações, não pode aceitar que este magistrado desrespeite o ordenamento jurídico, adote posições tão parciais”.
“Esta é uma postura inaceitável da parte de um juiz da mais alta corte. As contradições entre os depoimentos dos dois revelam que ou Lula cometeu uma irregularidade, ou o ministro mente, o que é uma postura inaceitável da parte de um juiz da mais alta corte. E, dado o histórico de mentiras de Gilmar Mendes, solicitei ao Senado que o afaste de suas funções e apure sua conduta”, justificou na ação.

Fonte: Correio do Brasil

Cortina de fumaça


Cortina de fumaça

6/2/2014 13:02
Por Theófilo Rodrigues - do Rio de Janeiro

Sempre que o debate sobre a democratização dos meios de comunicação ganha maior espaço na esfera pública uma enorme fumaça cinzenta
Sempre que o debate sobre a democratização dos meios de comunicação ganha maior espaço na esfera pública uma enorme fumaça cinzenta
Sempre que o debate sobre a democratização dos meios de comunicação ganha maior espaço na esfera pública uma enorme fumaça cinzenta recheada com desinformações surge na imprensa. A última recaída dessa fuligem sobre nossos olhos deu-se após a notícia da troca de comando feita na Secretaria de Comunicação Social (SECOM) do governo federal.
A substituição de Helena Chagas por Thomas Traumann na SECOM fez ressurgir o mito de que há forças na sociedade civil brasileira – em especial nos movimentos sociais – e mesmo ocultas dentro do governo federal que pretendem censurar aquilo que os jornais publicam.
Editorial do Estadão publicado nesta segunda-feira (03/02/2014) segue essa linha ao afirmar que o que está em debate na verdade é “levar adiante um projeto de regulamentação da mídia que incluísse uma óbvia tentativa de controlar conteúdos jornalísticos”. Nada muito diferente do que já havia sido dito pelo jornal O Globo em 07/04/2013. Segundo seu editorial “a “regulação” do desejo dessa militância visa a interferir no conteúdo jornalístico — censura, a palavra certa”.
Claro, é plausível que haja ainda hoje saudosistas de plantão que queiram reivindicar os tempos da ditadura civil-militar quando a informação era frequentemente censurada pelo poder coercitivo do Estado. Contudo, é mais nítido do que água na fonte que os que defendem hoje a regulamentação dos meios de comunicação não são os mesmos que defenderam a ditadura. Pelo contrário, são os que a combateram. De alguns jornais não podemos dizer o mesmo…
Quando grandes jornais afirmam em seus editoriais que a regulamentação dos meios de comunicação significa censura – ou controle do conteúdo – estão agindo de má fé ou de forma desinformada.
Não há uma linha sequer nos projetos de regulamentação dos meios de comunicação apresentados recentemente pela sociedade civil que tratem do controle do conteúdo publicado. Basta uma lida rápida nos dois melhores exemplos de projetos hoje defendidos pelos movimentos sociais: o Marco Civil da Internet e o Marcos Regulatório das Comunicações.
O Marco Civil da Internet, elogiado até por órgãos da ONU, tem como eixo central a liberdade de imprensa através da garantia da chamada “neutralidade na rede”. Já o Marco Regulatório das Comunicações – projeto de lei de iniciativa popular que ainda está na fase de recolhimento das 1.500.000 assinaturas necessárias para a ida ao Congresso Nacional – trata apenas da regulação dos artigos da Constituição que versam sobre rádios e televisão. Ou seja, nenhuma proposta tem ingerência sobre jornais impressos como é repetido à exaustão nos editoriais e nenhum deles fala sobre regulação de conteúdo, mas sim sobre democratização da estrutura para impedir o monopólio, haja visto que rádios e canais de televisão são concessões públicas.
A pluralidade de informações é essencial para uma democracia. Cortinas de fumaça não colaboram com o debate, pelo contrário, interditam qualquer possibilidade de deliberação democrática. Qualquer sociedade precisa de um debate aberto que seja honesto. Os grandes jornais hoje estabelecidos poderiam contribuir bastante com esse objetivo parando de publicar informações sabidamente equivocadas.
Theófilo Rodrigues, é Cientista Político e Coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Fonte: Correio do Brasil