terça-feira, 23 de agosto de 2016

E diziam que o imóvel era de Lula... E agora? Como ficam os caluniadores de Lula?


PF conclui relatório e indicia dona de tríplex no Guarujá

Eduardo Knapp - 28.jan.2016/Folhapress
Fachada do edifício Solaris, no Gaurujá (SP)
Fachada do edifício Solaris, no Guarujá (SP)

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A Polícia Federal concluiu o relatório a respeito daOperação Triplo X, fase da Lava Jato, e indiciou Nelci Warken, dona de um tríplex no condomínio Solaris em Guarujá, supostamente ligado ao ex-presidente Lula.
Também foram indiciados funcionários da Mossack Fonseca no Brasil. No total, foram indiciadas sete pessoas.
Além de Nelci, estão na lista Maria Mercedes Quijano (chefe do escritório da Mossack no país), os funcionários do escritório de advocacia panamenho Luís Fernando Hernandez Rivero, Ricardo Honorio Neto, Renata Pereira Britto e Rodrigo Hernandez. O empresário Ademir Auada também aparece.
O relatório foi tornado público pelo juiz federal Sergio Moro, da Lava Jato, nesta quinta-feira (18). O ex-presidente Lula e seus familiares não foram indiciados.
A fase Triplo X foi deflagrada em janeiro para investigar suspeitas de lavagem de dinheiro e corrupção relacionadas ao condomínio Solaris, de responsabilidade da empreiteira OAS.
Na ocasião, os investigadores afirmaram que havia indícios de que os envolvidos haviam usado os serviços da Mossack Fonseca para abrir offshores (empresas no exterior) para ocultar o dinheiro envolvido no crime.
No condomínio, fica o apartamento tríplex cuja opção de compra pertencia à ex-primeira-dama Marisa Letícia.
O imóvel ainda é objeto de outra frente de apuração específica sobre a suposta concessão de vantagens indevidas por empreiteiras envolvidas na Lava Jato ao ex-presidente. A suspeita é a de que a OAS tenha reformado o triplex reservado a Marisa Letícia para beneficiar a família de Lula.
O ex-presidente nega que tenha sido favorecido ilicitamente por empreiteiras.

Clipping Internacional

23/08/2016 11:13 - Copyleft

23/08/2016 - Clipping Internacional

Centrais sindicais argentinas se unem para defender as conquistas dos trabalhadoras diante de ameaças do governo Macri.


Carta Maior
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MUNDO 
 
Página 12, Argentina
Centrais sindicais se unem para defender as conquistas dos trabalhadoras diante de ameaças do governo Macri.
http://www.pagina12.com.ar/diario/elpais/1-307568-2016-08-23.html
 
The Guardian, Inglaterra





“Eles nos querem invisíveis!”. Como o banimento do “burkini” nas praias está dividindo a Côte d’Azur. Enquanto endurece o sentimento francês após os ataques terroristas, os habitantes das cidades praianas de Villeneuve-Loubert se dividem sobre a nova “ofensa religiosa”.
https://www.theguardian.com/world/2016/aug/20/burkini-ban-cote-d-azur-spreads-france-divide
 
El País, Espanha
Turquia bombardeia posições do Estado Islâmico e áreas curdas do YPG na Síria. Os projéteis caíram principalmente nas cidades de Jarablus e Manbij.
http://internacional.elpais.com/internacional/2016/08/23/actualidad/1471934875_460299.html
 
The Independent, Inglaterra
Rabinos ultra-ortodoxos proibem mulheres de irem à universidade, no caso de considerarem que elas adquiriram conhecimento secular “perigoso” durante seu período escolar. O decreto adverte: “seremos bastante estritos sobre isso. Nenhuma menina que frequenta nossas escolas será autorizada a estudar e receber um diploma. Meninas que não obedecerem serão forçadas a deixar nossas escolas.
http://www.independent.co.uk/news/world/americas/ultra-orthodox-rabbis-ban-women-from-going-to-university-in-case-they-get-dangerous-secular-a7204171.html
 
Alemanha bane estudantes muçulmanos de usarem véus que cobrem a face nas escolas. Dois princípios constitucionais entram em choque no caso.
http://www.independent.co.uk/news/world/europe/germany-muslin-student-banned-niqab-face-veil-school-islam-a7204671.html
 
The Washington Post, EUA
O acordo da Turquia com a União Européia sobre os migrantes está prestes a entrar em colapso após o fracasso da tentativa de golpe.
https://www.washingtonpost.com/world/europe/turkeys-post-coup-crackdown-may-cause-its-migrant-deal-with-europe-to-collapse/2016/08/22/f60a74e0-6651-11e6-9161-aa7c674b6ede_story.html




Huffington Post, EUA
Mortes ligadas  à guerra às drogas sobe a 1800 nas Filipinas. Apenas nas últimas sete semanas.
http://www.huffingtonpost.com/entry/drug-war-deaths-climb-to-1800-in-philippines_us_57baed23e4b0b51733a456e3?utm_hp_ref=world
 
Los Angeles Times, EUA
Seu marido foi morto na guerra às drogas nas Filipinas. Ninguém lhe dá apoio quando busca por respostas. O pesadelo de Sheila Rivera começou em 20 de junho quando a polícia irrompeu na sua casa e matou seu marido a tiros. E continuou quando os policiais se recusaram a levá-la para ver o corpo insistindo que ela deveria voltar para casa e descansar....
http://www.latimes.com/world/asia/la-fg-philippines-killings-snap-story.html
The New York Times, EUA
Novos emails de Hillary Clinton levantam uma sombra sobre ela nas eleições. 15000 novos emails estão para estourar às vésperas das eleições
http://www.nytimes.com/2016/08/23/us/politics/hillary-clintons-new-emails-release-state-department.html?hp&action=click&pgtype=Homepage&clickSource=story-heading&module=first-column-region&region=top-news&WT.nav=top-news&_r=0
 
The Economist, Inglaterra
Sem dinheiro, sem amor. Uma olhada na reforma histórica da seguridade social expõe o quanto de privação sobreviveu a ela. Uma característica deplorável comum aos dois candidatos principais à presidência dos Estados Unidos é sua distância do tema da pobreza endêmica presente nas histórias narradas nesta matéria.
http://www.economist.com/news/united-states/21705386-row-over-bill-clintons-landmark-welfare-reform-highlights-how-much-deprivation-survived
 
BRASIL
 
Página 12, Argentina
Entrevista com Paulo Pimenta, deputado do PT. “O Brasil está praticamente presenteando seus ativos”. O deputado considera que a OEA pode ordenar a suspensão do processo de impeachmente de Dilma Rousseff diante da denúncia apresentada.
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-307524-2016-08-23.html
 
Diário de Notícias, Portugal
Movimentos sociais invadiram, na segunda-feira, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, em Brasília, capital do Brasil, e envolveram-se em confrontos com a Polícia Militar, 
http://www.dn.pt/mundo/interior/manifestantes-invadem-ministerio-em-brasilia-e-atacam-autocarro-da-policia-5352002.html
 
El Espectador, Colômbia
Brasil e os olímpicos: tudo continuará como antes? 
http://www.elespectador.com/noticias/elmundo/brasil-y-los-olimpicos-todo-seguira-antes-articulo-650484
 
El País Brasil, Espanha
Dilma vive o epílogo do processo do impeachment com desfecho previsível. Presidenta afastada ensaia como responder aos senadores na sessão da segunda, dia 29
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/08/20/politica/1471655801_573594.html
 
Huffington Post, EUA
Carta aberta aos “gringos” que desrespeitaram o Brasil
http://www.huffingtonpost.com/adriana-caitano/an-open-letter-to-the-gringos_b_11651384.html?utm_hp_ref=world&ir=World


Créditos da foto: reprodução

Tributo à Fidel Castro em seu 90o aniversário

23/08/2016 11:52 - Copyleft

Tributo à Fidel Castro em seu 90o aniversário

O fato de Cuba continuar de pé depois de 25 anos após o colapso da URSS é um testamento do fervor e força revolucionária de Fidel.


DAN KOVALIK, Counterpunch
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No sábado, 13 de Agosto, o mundo celebrou o 90o aniversário do líder revolucionário cubano, Fidel Castro Ruz, o único indivíduo a ser reconhecido pela ONU como “Herói Mundial da Solidariedade. É muito difícil pensar em um líder mundial mais importante que Fidel. A contribuição que ele fez ao movimento socialista mundial, aos conflitos de libertação do Terceiro Mundo e à justiça social  foi monumental – especialmente quando consideramos que ele foi líder de um país pequeno com quase a mesma população que a cidade de Nova Iorque. Atualmente, o governo colombiano e as guerrilhas de esquerda, FARC, estão engajados em um processo de paz em Havana, e estão próximos de alcançar um acordo de paz final, em grande parte por causa dos esforços de Fidel.
 
Como reconheceu o próprio Nelson Mandela, a África do Sul está livre do apartheid devido à liderança de Fidel auxiliando militarmente os conflitos de libertação no sul da África, especialmente em Angola e na Namíbia, contra o exército sul-africano que estava, então, sendo apoiado pelos EUA.
 
Além disso, a Escola Médica Latinoamericana (ELAM) em Cuba, que treina médicos de todo o mundo, mas principalmente de países pobres, foi criação de Fidel. Hoje, 70 países de todo o mundo se beneficiam do internacionalismo médico de Cuba, incluindo o Haiti onde os médicos cubanos estiveram, de acordo com o New York Times, no front de batalha contra a cólera.
 
Enquanto falamos, Cuba tem centenas de médicos trabalhando nas favelas de Caracas, na Venezuela, onde os médicos venezuelanos têm medo de se aprofundar. Existem médicos treinados em Cuba em partes remotas de Honduras que não são atendidas pelo governo hondurenho. Pacientes de 26 países caribenhos e latinoamericanos já viajaram para Cuba para terem sua visão restaurada por médicos cubanos. Nessa lista está Mario Teran, o soldado boliviano que baleou e matou Che Guevara. Os cubanos não somente perdoaram Mario, como também restauraram sua visão. Cuba também se ofereceu para enviar 1.500 médicos para auxiliar as vítimas do Furacão Katrina, a oferta, no entanto, foi rejeitada pelos Estados Unidos.





 
Como escreveu Piero Gleijeses, professor da Universidade John Hopkins, no livro Conflicting Missions sobre a proximidade de Cuba com a Algéria logo após a Revolução Cubana:
 
Foi um gesto incomum: um país subdesenvolvido apresentando auxílio gratuito a outro também em uma má situação. Foi oferecido em um tempo em que o êxodo dos médicos de Cuba seguindo a revolução forçou o governo a esticar seus recursos enquanto lançava seus programas domésticos para aumentar o acesso em massa à assistência médica. 'Era tipo um pedinte oferecendo ajuda, mas sabíamos que o povo da Algéria precisava mais do que nós e eles mereciam', marcou Machado Ventura [ministro cubano de Saúde Pública]. Foi um ato de solidariedade que não trouxe benefícios palpáveis e teve custo material real.
 
Essas palavras são tão reais hoje como eram na época, enquanto esse ato de solidariedade é repetido por Cuba muitas vezes ao redor do mundo. E, tem sido feito mesmo enquanto Cuba estava sofrendo para sobreviver em face a um embargo de 55 anos pelos Estados Unidos, que custou bilhões de dólares em receita em potencial, e mesmo enquanto tem sofrido com numerosos atos de terrorismo pelos EUA e os mercenários apoiados pelos EUA por anos.
 
Apenas recentemente, fui lembrado do fato de que, nos últimos 25 anos, Cuba tem tratado 26.000 cidadãos ucranianos afetados pelo acidente nuclear de Chernobyl em seu centro médico internacional Tarara em Havana. Cuba continuou a fazer isso, deve ser enfatizado, mesmo que qualquer potencial de auxílio da União Soviética para esse esforço já tenha passado há anos.
 
De acordo com Hugo Chávez, quando ele veio ao poder na Venezuela em 1999, “a única luz na casa na época era Cuba”, significando que Cuba era o único país na região livre de dominação imperial yankee. Graças à perseverança de Fidel e do povo de Cuba, agora boa parte da América Latina foi libertada dos laços com o império yankee.
 
O fato de Cuba continuar de pé depois de 25 anos após o colapso da União Soviética, e prosperar e continuar como baluarte a outros países, é um testamento ao fervor e força revolucionária de Fidel. De fato, a vida de Fidel nesse ponto – uma que os EUA tentaram extinguir em muitas ocasiões – constitui um ato de bravura contra a agressão imperialista e contra a riqueza e o poder. Incrivelmente, Fidel sobreviveu a 12 presidentes norte-americanos.
 
Eu me junto ao mundo em homenagem a Fidel Castro Ruz em seu aniversário, e espero que ele continue a viver e liderar por um bom tempo.
Créditos da foto: reprodução

O projeto vira-lata desabilita o país para os Isaquias

23/08/2016 00:00 - Copyleft

O projeto vira-lata desabilita o país para os Isaquias

A ninguenzada preta, parda, favelada, periférica não cabe no olimpo dos mercados que o golpe quer impor ao Brasil. Daí a contrariedade com o êxito da Rio-2016.

por: Saul Leblon

Roberto Castro/ Brasil2016
Por trás do viralatismo há método  –e há teoria.
 
Se vingar seu projeto de país, o Brasil acaba enquanto possibilidade de um futuro ordenado pela democracia social.
 
A meta é fazer do país um frango desossado da sadia no cepo dos mercados.
 
E é esse o motor de  um empenho que assumiu singular intensidade  nos dias que correm.





 
A engrenagem envolve uma lista robusta de alvos a desabilitar. 
 
Desde sediar uma Olimpíada, ou explorar o pré-sal, dispor de universidade pública, de serviço digno de saúde ou resgatar a industrialização  --são variados os temas e princípios a compor  o sacramento de uma impossibilidade que se pretende tornar  inviolável.
 
O Brasil não sabe, não pode e, sobretudo, não deve mais afrontar os fundamentos de uma inabilitação essencial para o ajuste de virulência inédita, que deve ocorrer após o impeachment --sibila-se  nas entrelinhas e fora delas também.
 
Dissolver qualquer coágulo de nação como se dissolve os grumos de trigo na batedeira de bolo é a bússola de um golpe que não dispõe de estratégia alguma de desenvolvimento porque é justamente isso que se almeja.
 
Basta colar a inabilitação nacional aos mercados globais, esses que estrebucham sob o peso de uma desordem neoliberal irreversível.
 
As hélices cortantes  serão acionadas na velocidade máxima, assim que o Senado dê a derradeira cutelada no pescoço altivo da presidenta teimosa escolhia por 54,5 milhões de brasileiros tão teimosos quanto.
 
A advertência e as revogações encerram uma rígida contabilidade argentária: 70% a 80% do povaréu não cabe dentro da nação e precisa se convencer disso.
 
É incontida contrariedade com a heresia levada às últimas consequências a partir da aposta feita há sete anos pelo então presidente Lula, de sediar os 31º Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro.
 
A bizarra sucessão de dezesseis dias durante os quais emergiu  uma nação normal em seus acertos e falhas, mas predominantemente hospitaleira, aguerrida, criativa, admirada e capaz, abriu uma dissonância intolerável à narrativa de país capacho, cuja redenção consiste em dobrar a espinha para sempre.
 
Garrafais e adversativas do dispositivo midiático conservador tentavam consertar o estrago nesta segunda-feira, mitigando o que deu certo para resgatar o bordão do fracasso:
 
Para ficar nas manchetes de quatros exemplares do canil, no day after do evento (22/08): 
 
‘Prazo, falta de foco e de base tiram o Brasil dos 10 mais’(Valor); ‘Brasil celebra sucesso dos jogos, mas não bate meta’ (Folha); ‘Brasil faz melhor campanha, mas não atinge meta’ (Estadão); ‘Mesmo com recorde de medalhas, meta do país não foi cumprida’ (O Globo).
 
Não foi, não será, nunca deveria ter sido tentada. 
 
O rapazinho da Folha que encarna um almanaque de faits divers, reclama nesta 3ª feira que os dezessete dias de jogos olímpicos custaram ao Tesouro R$ 17 bilhões -- R$ 1 bi ao dia, proclama. Depois de exibir a argúcia aritmética admite que metade disso foi em obras do metrô, que vieram para ficar. 
 
O artificioso empenho no desapreço pode ser medido pela atitude oposta de um concorrente estrangeiro na felicitação aos seus atletas.
 
O jornal El País, um dos mais importantes do mundo (longe de ser de esquerda)  saúda na delegação espanhola a campanha capaz de sacudir o brio de um país necrosado pelo austericidio que se quer ministrar aqui: ‘España cierra los Juegos de Río con 17 medallas --7 de oro, 4 de plata y 6 de bronces. Los siete títulos olímpicos coronan a una generación que no se conforma con ser segunda y se sobrepone a la crisis economica’
 
Um detalhe ilustrativo: a campanha espanhola foi idêntica à do Brasil em ouros, (7 ) e ficou ligeiramente abaixo no computo total de medalhas (17, contra 19 dos brasileiros).
 
Com uma vantagem singular  para o épico local.
 
O desempenho dos atletas anfitriões foi liderado predominantemente pela ‘ninguenzada’ de Darcy Ribeiro.
 
Sim, a ninguenzada preta, cafuza, parda, favelada, sertaneja, composta de pedreiros pobres, filhos de faxineiras, moleques da periferia, vidas que já nascem remando contra a corrente, dando murro em ponta de faca, chutando pedra, rebatendo o azar até um belo dia engancharem o país no olimpo do esporte mundial. 
 
Cruel é a palavra para uma elite que sonega esse orgulho às crianças de uma nação carentes de heróis que as livrem do traficante da comunidade.
 
Senhores senadores desta República que sucedeu ao regime escravocrata mais longevo da face da terra: essa é a natureza do golpe em curso.
 
Inabilitar o Brasil para a igualdade é o imperativo categórico de quem se propõe a regenerar o tecido econômico e político à imagem e semelhança dos interesses que secularmente barram a ninguenzada  no  pódio da cidadania
 
Hoje, a maratona que verdadeiramente importa fornecer aos mercados um substrato de país livre, leve e desimpedido de líderes, projetos, políticas, direitos, regulações e gastanças. 
 
Daí por que a conquista do ouro na modalidade em que o fracasso antecipado trombou com o imprevisto brilho da organização olímpica deve ser esquecido.
 
‘Organização olímpica vence desorganização brasileira’, especifica a Folha sem dar chance ao vínculo entre a nação e o evento irrealizável que deu certo.  
 
Para que não haja recidiva, o diário sangra a teimosia no subtítulo de misericórdia: ‘O melhor da Olimpíada deveria começar agora, mas não virá’ (Folha, 22/08/2016).
 
‘Não virá’.
 
O azedume reiterado em dezesseis dias de cobertura, segundo a ombudsman, gerou protestos até dos assinantes que escolheram o produto dos Frias como a sua janela para o país. 
 
Fosse mesmo para vituperar algo, seria preciso admitir que a tradição olímpica foi rompida justamente na vexatória descortesia do golpe apoiado pelo jornal, na transmissão simbólica da tocha ao Japão, sede dos jogos em 2020.
 
Shinzo Abe, o premiê japonês, viajou 18,5 mil quilômetros num túnel de animação –compactado em vídeo – para irromper  no Maracanã, em meio à chuva que desabava na festa de encerramento domingo.
 
Estava ali para receber a chama olímpica de seu homólogo brasileiro, como manda a tradição secular.
 
Só que não.
 
Ciente das vaias estocadas no Maracanã o golpista ficou em Brasília, para onde Abe se recusou a ir, demarcando a recusa no meio do gramado chuvoso, privado do respeito e da hospitalidade do anfitrião que encarna o espírito olímpico.
 
Nenhum jornal considerou o fato mais grave do que o enfatizado fracasso de ‘não se atingir o objetivo olímpico’ –embora o 13º lugar destoe muito menos do almejado 10º posto, do que deixar na mão um chefe de Estado em visita oficial. 
 
Desculpe o transtorno, premiê Shinzo Abe, estamos em obras de demolição.
 
Cai uma pátria em fraldas, para a instalação de um olimpo de capitais livres de encargos sociais. 
 
Breve, aqui.
 
Senhores senadores, olhem o rosto desses medalhistas antes de baixar o cutelo no pescoço da Presidenta impedida de recepcionar o premiê Abe no Maracanã. 
 
O do canoeiro Isaquias, talhado a machado, por exempoo.
 
Carrega-se ali um pedaço da história do Brasil  --essa que agora está em vossas mãos porque se estivesse de fato nas dele o barco não se renderia à correnteza regressiva.
 
Olhem o povo em nome do qual usurpadores querem estreitar mais uma vez o acesso às margens seguras da sociedade.
 
Fixem por um minuto os olhos em Isaquias. 
 
O canoeiro medalhista  traz na pele o saque ancestral a povos desse rincão reduzidos a legiões sem terra-sem floresta – sem teto-sem trabalho-sem direito.
 
Esse rosto guarda o horror das aldeias em chamas, da senzala claustrofóbica, da criança maltrapilha pasma pelo açoite a retalhar o lombo do pai feito toucinho cru.
 
Traz o rosto de Isaquias a noite inquieta do quilombo.
 
A meia liberdade sem acesso à terra está ali, como o estoque de gente banida pela lógica de batustões,  essa que agora os senhores estão prestes a consagrar mais uma vez.
 
A prioridade do jornalismo passa ao largo da fuga ancestral dos isaquias  na contracorrente dos séculos até o pódio da Rio-2016.
 
Ao prioridade do jornalismo é provar que o ocorrido é anômalo, descabido, irrepetível,  temerário -- inviável. 
 
Varrer a recidiva de autoconfiança e autoestima que possam inspirar esses dezesseis dias em que ‘a organização olímpica venceu a desorganização brasileira’ é imperativo para coibir paralelos com a vida real.
 
A mão pesada denuncia a inexatidão daquilo que se quer traduzir como  ‘a ruína da corrupção lulopetista’.
 
O rosto de Isaquias nos diz que se trata de coisa mais abrangente e conhecida
 
Trata-se de uma encruzilhada clássica na história das nações, o que não inocenta os erros dos seus protagonistas.
 
Mas o que a caracteriza, sobretudo, é a crispação de conflitos permanentes em luta de classes aberta e sangrenta.
 
A tempestade engata uma transição de ciclo de desenvolvimento à deriva internacional que se estende desde 2008, com o esgotamento da ordem neoliberal.
 
Os noticiosos a reduziram  a uma desfrutável faxina da direita no quintal da esquerda. 
 
A meia verdade brandida à exaustão pelo meio-juiz dissipa o principal no secundário. 
 
Por exemplo, a intensificação da disputa pela riqueza corrente; a exacerbação dos conflitos pela destinação dos fundos públicos; o braço de ferro pela repartição dos sacrifícios da travessia; o confronto pelo acesso ao estoque da riqueza capaz de mitigar a transição; o escrutínio das políticas e arcabouços institucionais –entre os quais a desdenhada reforma política-- que pavimentarão o passo seguinte da história.
 
No centro de tudo late a tese da inabilitação do Brasil para comandar democraticamente o seu desenvolvimento.
 
Construir uma nação é um ato de ruptura política  que a usurpação golpista quer terceirizar ao mercado, escorraçando a urna e suas escolhas do centro das decisões.
 
Delimitar um território, fincar estacas, declarar e exercer soberania não é coisa que se faça impunemente em tempo algum e em qualquer latitude.
 
Sobretudo quando se trata, como é o caso, da sorte de um povo e do destino do desenvolvimento em um  dos maiores territórios do globo, dotado das maiores reservas de água, minérios, petróleo, terras férteis, potencial hidrelétrico e solar; ademais de florestas e biodiversidade, tudo isso arrematado por um gigantesco mercado de isaquias.
 
O que significa ser tudo isso em uma mudança de época em que a civilização terá que se apoiar em recursos escassos que o Brasil dispõe em abundância?
 
Significa combinar articulação internacional com soberania intransigente e justamente por isso enfrentar a uma colisão sem trégua com a lógica dos capitais sem lei.
 
São essas correntezas violentas que movem as raízes estruturais da conjura na qual a mídia se aliou à escória e ao dinheiro  para derrubar uma Presidenta honesta, acusada de pedaladas fiscais.
 
Quem melhor encarna o elo entre a superfície e as profundezas do que está em jogo  é o chefe oculto das operações , o tucano Fernando Henrique Cardoso
 
O  ideólogo age movido por uma antiga certeza: não há espaço para um povo de isaquias comandar o seu destino no capitalismo do nosso tempo.
 
Menos ainda –diz -- para o ‘voluntarismo lulopetista’ construir uma democracia social tardia no coração da América Latina.
 
Isaquias, negro e cafuzo, recolha seu remo voluntarioso, a rota de um timoneiro mais alto se alevanta.
 
Os acontecimentos recentes resgataram  --no entender do viralatismo--  a pertinência da análise do sociólogo de 1967, ‘Dependência e desenvolvimento na América Latina’,  sobre a inviabilidade de um modelo de desenvolvimento soberano na região.
 
Isaquias de todo o Brasil,  adernem ou rendam-se.
 
A dependência é estrutural, avisa FH desde 1967 .
 
A dependência é virtuosa, adicionaria o  presidente tucano à classe média nos anos 90.
 
A dependência é inexorável, diz agora o ideólogo do golpe institucional contra Dilma e o PT.
 
FH partiu de um diagnóstico correto, ao apontar o equívoco de uma parte da esquerda brasileira em1964, que via na burguesia nacional um aliado dos trabalhadores na luta pelo desenvolvimento.
 
Mas extraiu daí conclusões equivocadas no extremo oposto, ao enxergar na complementariedade entre o capital local e o estrangeiro o reinado definitivo das elites: o desenvolvimento associado e dependente, no qual o consumo da classe média forneceria o amortecedor político ao sistema. E o fluxo de capitais externos lubrificaria o conjunto em um equilíbrio dinâmico.
 
Não importa que o pião precise girar cada vez mais depressa para não desabar –desde que gire.
 
Faltou abordar o essencial, porém.
 
Os conflitos inerentes à associação entre o capital local e o internacional  e o seu custo em libras de carne social.
 
Com quantos isaquias jogados ao mar se faz essa canoa?
 
A ausência do olhar dialético magnificaria aquilo que FHC criticara na esquerda dos anos 60: a troca do materialismo histórico por um wishful thinking.
 
No seu caso, um autoengano de cosmopolita provinciano, traduzido macroeconomicamente em uma ‘âncora cambial’ que se revelou desastrosa quando o pião parou de girar, os capitais inverteram o curso e a maré baixa revelou uma nação de industrialização destruída, reservas cambiais à míngua, refém do capital especulativo e de seu capitão do mato: as cartas de arrocho do FMI.
 
Enquanto durou, a aparente consagração da teoria deu estofo ao  projeto político do sociólogo, que a personificou  na Presidência da República como se não houvesse amanhã.
 
Sobretudo no que diz respeito às suas consequências dilapidadoras do patrimônio nacional.
 
O surgimento do PT e a vitória desconcertante do líder operário em 2002 e 2006 –que fez  a sucessora em 2010, reeleita em 2014--  introduziria um ruído insuportável no escopo desse conformismo estratégico.
 
Para revalidar a teoria  –e os interesses aos quais ela consagra uma dominância perpétua--  é necessário desqualificar a heresia de forma exemplar.
 
Essa a vendeta que hoje dá base teórica do viralatismo e ressuscita como farsa a tragédia dos anos 90, adicionalmente comprometida pela inexistência das condições externas momentaneamente favoráveis então.
 
Para isso certo é necessário derreter e refundir o país como um corredor de vento dos capitais globalizados.
 
A aposta extremada explica a contrariedade com qualquer deslize que sugira a existência de vida fora da renúncia absoluta ao comando do desenvolvimento. 
 
Derrota-la, por sua vez, requer um grau de ousadia maior do que tem sido a determinação de libertar a democracia da passividade a que foi condenada pelo modelo político das últimas décadas.
 
É uma corrida contra o tempo.
 
O golpe espera cortar a cabeça de Dilma, e aleijar o seu entorno, antes que as contradições disseminem uma resistência para a qual não se prepararam.
 
Assim como não contavam com o sucesso improvável das Olimpíadas. 
 
E tampouco com a ameaça silenciosa do remo infatigável de Isaquias, que parece determinado a seguir em alta velocidade --e só parar quando atingir a margem firme do país secularmente sonegado à ninguenzada da qual é parte e ruptura.