sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Opera Mundi publica série especial sobre prisioneiros políticos nos Estados Unidos


Opera Mundi publica série especial sobre prisioneiros políticos nos Estados Unidos

Série é composta por quatro blocos com reportagens feitas pelo jornalista Breno Altman, que esteve em 17 cidades dos EUA e entrevistou mais de 40 pessoas, entre advogados e líderes de organizações humanitárias
A partir desta terça-feira (02/08), Opera Mundi começa a publicar uma série de reportagens especiais sobre prisioneiros políticos nos Estados Unidos. O dossiê “Presos Políticos nos EUA” conta histórias de pessoas que estão presas por motivos políticos no país que se autoproclama campeão de liberdade e terra dos direitos civis.
Para além dos relatos, a série especial também busca expor o aparato repressor construído pelos Estados Unidos para reprimir dissidentes, mostrando tanto o papel do FBI na perseguição a lideranças do movimento negro na década de 1960, quanto a repressão seletiva contra muçulmanos na esteira da política antiterror após o 11 de Setembro.
Ao longo de três semanas, o jornalista Breno Altman esteve em 17 cidades e entrevistou mais de 40 pessoas, entre advogados e líderes de organizações humanitárias. Ele também visitou o sistema carcerário norte-americano e conversou com condenados políticos para produzir o dossiê especial.
A série é composta por quatro blocos, a serem publicados ao longo do mês de agosto de 2016, e todos os textos serão traduzidos e disponibilizados em inglês; parte deles também será traduzida para o espanhol.
Veja, abaixo, as reportagens:
PRIMEIRO BLOCO
Estados Unidos ocultam informação sobre presos políticos
Dos 54 condenados identificados por organizações de direitos civis, maior parte vem de minorias raciais e está encarcerada há mais de 40 anos
O diplomata Andrew Jackson Young foi figura de destaque quando Jimmy Carter governava os Estados Unidos, entre 1977 e 1980. Nascido em Nova Orleans, negro e democrata, iria completar 45 anos quando assumiu o posto de embaixador nas Nações Unidas. Era este o cargo que desempenhava quando deu, em julho de 1978, célebre entrevista ao jornal francês Le Matin. “Ainda temos centenas de pessoas, em nossas cadeias, que poderia classificar como prisioneiros políticos”, afirmou Young, a respeito de ativistas que tinham sido encarcerados nos anos 60 e 70.
Os Estados Unidos continuam a ocultar que mantêm presos políticos, pois não fica bem para a imagem de uma nação que se autoafirma líder do mundo livre e democrático. Aliás, que explica a ação de seus tanques e aviões ao redor do planeta como exportação da liberdade. Das centenas de presos reconhecidos pelo ex-embaixador, algumas dezenas ainda permanecem em calabouço. Muitos morreram ou cumpriram suas penas. Mas novos dissidentes foram capturados ao longo do tempo.
Bob Fletcher/Smithsonian Museum

Cartaz no estado sulista do Alabama convoca população às eleições e remonta às origens dos Panteras Negras

Panteras Negras foram vanguarda dos anos 60
O grupo que desafiou o racismo e o Estado no país mais poderoso do mundo
“Eles são a maior ameaça para a segurança interna do país”, sentenciou John Edgar Hoover, o lendário chefe do FBI, durante reunião na qual declarou guerra aberta ao partido de jovens afro-americanos que, no final dos anos 1960, ousava promover motins e enfrentar a polícia.
Os Panteras Negras brotavam como cogumelos nas principais cidades norte-americanas. Rapidamente, viravam o símbolo e a direção de quem não aceitava mais oferecer a outra face perante à agressividade das forças racistas.

Um homem que não queria mais senhores
Seu nome é Sekou Odinga. Pegou em armas porque acreditava que os afro-americanos são escravos modernos e têm o direito à rebelião
A prisão de Clinton, integrante da rede penitenciária do estado de Nova York, fica quase na fronteira com o Canadá. Foi construída no vilarejo de Dannemora, em 1845, para abrigar prisioneiros que trabalhavam nas minas locais. Os muros brancos, cravejados com torres de vigilância, parecem furar a paisagem aprazível de casas simples e bem-cuidadas da vizinhança. Até hoje é o principal edifício da cidade, ladeado por um hospital de tijolos aparentes que pertence ao mesmo complexo prisional.
Tornou-se o destino de rebeldes e revolucionários que se chocaram contra o poder. Um deles é Nathaniel Burns. Aliás, Sekou Odinga, o nome africano que adotou em 1965, quando se encantou com os discursos de Malcom X e aderiu ao movimento de libertação dos negros norte-americanos.

Sekou Odinga: “Não me arrependo de nada, continuo acreditando nas mesmas ideias e nos mesmos sonhos”

Lista reúne 54 presos políticos nos Estados Unidos
Levantamento feito por ONGs humanitárias contabiliza 54 pessoas encarceradas por motivos políticos nos EUA
A compilação leva em conta dados dos levantamentos realizados por organizações norte-americanas de direitos humanos, como o Movimento Jericó e a Aliança pela Justiça Global. Não inclui os presos de Guantánamo ou estrangeiros julgados nos Estados Unidos por crimes cometidos no exterior

Em meio a cúpula da Otan, Gorbachev diz que EUA preparam 'guerra quente' com Rússia

'Assim como nunca foi anti-EUA, Cuba seguirá sendo anti-imperialista', diz diplomata cubana

EUA: Promotoria retira acusações contra policiais envolvidos na morte de Freddie Gray

 
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Coleção Uniafro sobre História e Cultura Afro-brasileira e Indígena



http://www.fpc.ba.gov.br/2016/08/466/Colecao-Uniafro-sobre-Historia-e-Cultura-Afro-brasileira-e-Indigena-sera-lancada-esta-sexta-05-.html




Bibliotecas

02/08/2016 14:50

Coleção Uniafro sobre História e Cultura Afro-brasileira e Indígena será lançada esta sexta (05)

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 Biblioteca Virtual Consuelo Pondé – unidade da Fundação Pedro Calmon/SecultBa, em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (NEAB-UFRB), realiza na próxima sexta-feira (05), a Biblioteca dos Barris, o lançamento daColeção UNIAFRO – NEAB. A coleção reúne 22 obras, organizadas por pesquisadores (as) de diversos estados e países, cujo tema central baseia-se no cumprimento da Lei nº 11.645 - que torna obrigatório o ensino de História, Cultura Afro-brasileira e Indígena nas escolas de educação básica. O evento é aberto ao público, a partir das 14h.

O lançamento será iniciado com uma mesa de debate entre os historiadores Fabrício Lyrio Santos (“Os índios na história da Bahia”), Isabel Cristina Ferreira dos Reis e Solange Rocha (“Diáspora africana nas Américas”) e o filósofo,Emanoel Luís Roque Soares (“As vinte e uma faces de exu na filosofia afrodescendente da educação”), que figuram dentre os 50 organizadores da obra. Com produções de 300 autores de diversas instituições do Brasil, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade Federal de Sergipe (UFS), a coletânea também apresentacontribuições internacionais de Universidades como a University Of Cauca /Colombia, Universidade de Hull /Reino Unido, Universidade do Texas/EUA e Harvard University. “Esta coleção é uma conquista dos movimentos negros e indígenas brasileiros em suas lutas seculares, oferecendo vasto material para professores (as) e pesquisadores (as), em variadas abordagens disciplinares, objetivando a implantação da Lei n.º 11.645 de 2008”, frisa em sua apresentação, o organizadorAntônio Liberac.
Debates - Às 17h, na mesa de lançamento estarão presentes, Antônio Liberac e Rosy Oliveira,organizadores gerais da coleção (NEAB/UFRB), Silvio Soglia, reitor da UFRB, Jorge Cardoso Filho, diretor do Centro de Arte, Humanidades e Letras da UFRB, Cláudio Orlando, do Mestrado Profissional em História da África, da Diáspora e dos Povos Indígenas/UFRB, Sérgio Mattos, superintendente da Editora da UFRB. Na ocasião, a Editora doará um kit da coletânea para cada biblioteca estadual administrada pelo Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, que será entregue à diretora de Bibliotecas Públicas do Estado/FPC, Maria Cristina SantosConheça mais da Coleção Uniafro na Biblioteca Virtual. 
Sistema - As bibliotecas públicas integram o Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas, gerido pela Fundação Pedro Calmon – Secretaria de Cultura do Estado (FPC/SecultBA). O Sistema é composto por seis bibliotecas públicas estaduais localizadas em Salvador, sendo uma delas a Biblioteca de Extensão com duas unidades móveis, uma no município de Itaparica e uma biblioteca virtual especializada na história da Bahia (Biblioteca Virtual Consuelo Pondé). O Sistema também presta assistência técnica para mais de 450 bibliotecas municipais, comunitárias e pontos de leitura, além de cursos de capacitação para os funcionários destas unidades.

Fonte: Rede do 3 Setor

Frei Betto, Leonardo Boff e Mario Sergio Cortella - 30 anos do #SempreUmPapo

Frei Betto, Leonardo Boff e Mario Sergio Cortella - Parte 1 - 30 anos do #SempreUmPapo

https://www.youtube.com/watch?v=7hbAHUF7eBI

Frei Betto, Leonardo Boff Mario Sérgio Cortella no #Sempre Um Papo / Parte 2


https://www.youtube.com/watch?v=Zv0zDodNLKQ
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Os "coxinhas" e as demissões no Judiciário


segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Os "coxinhas" e as demissões no Judiciário

Por Altamiro Borges


Segundo vários relatos da mídia, as marchas golpistas pelo "Fora Dilma" sempre tiveram a expressiva presença dos servidores do Poder Judiciário. Muitos trajavam camisetas e carregavam cartazes com mensagens de apoio ao "justiceiro" Sérgio Moro e à sua midiática Operação Lava-Jato. Eles também revelavam insatisfação com as medidas de ajuste fiscal do governo Dilma. Agora, porém, diante das notícias sobre os planos da equipe econômica do Judas Michel Temer, muitos já devem ter percebido que serviram de massa de manobra para o "golpe dos corruptos" que vai arrochar
ainda mais o setor. Neste domingo (31), a edição nacional do jornal espanhol El País divulgou uma informação que deve apavorar muitos "coxinhas" do serviço público.

De acordo com a matéria, assinada pelo repórter Afonso Benites, "uma proposta legislativa que deve implicar na limitação de investigações dos casos de corrupção e na drástica diminuição da prestação de serviços de advocacia pública para pessoas pobres deve começar a ser votada nesta segunda-feira (01/08) pela Câmara dos Deputados, na volta do recesso parlamentar. O projeto de lei complementar (PLP) 257/2016, que trata da renegociação das dívidas dos Estados, embute uma série de alterações orçamentárias que poderão resultar na demissão em massa de promotores de Justiça e de defensores públicos. Além disso, com as restrições nos orçamentos do Judiciário, é possível que dezenas de comarcas judiciais espalhadas pelo interior do Brasil sejam fechadas". 

Estas mudanças legais foram propostas em março ainda no governo Dilma, mas esbarraram em forte resistência. Agora, elas foram "encampadas pela gestão interina de Michel Temer (PMDB) e fazem parte do seu pacote de ajuste fiscal". O jornal El País consultou especialistas e dirigentes de entidades sindicais para analisar o impacto das medidas. A conclusão é trágica. "No meio judicial a proposta é conhecida como 'o projeto do juízo final'. 'A situação é tão caótica que alguns dos Ministério Público Estaduais terão de demitir todos os seus servidores e mais de 30% de seus promotores', afirmou a presidenta da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, Norma Angélica Cavalcanti".

No caso das Promotorias e dos Tribunais de Justiça a razão para as demissões e para o fechamento de comarcas é puramente técnica. "Pelas regras atuais, os MPs podem gastar até 2% da receita corrente líquida dos Estados com o pagamento de pessoal. Nos TJs, esse limite é de 6%. O PLP 257/2016 modifica a Lei de Responsabilidade Fiscal e transfere para a rubrica 'despesas com pessoal' algumas contas que antes não estavam previstas, como valores das gratificações, gastos com terceirizados, salários de estagiários e pagamentos de pensões e aposentadorias. Dessa forma, ao menos 15 MPs e 23 TJs deixariam de cumprir o limite previsto na legislação atual. Todos teriam prazo de até dez anos para se adequar. Porém, já calculam que uma série de cortes ocorreria imediatamente".

No caso das Defensorias Públicas, o PLP define o teto em 0,7% da receita do Estado. "Ocorre que 16 das 27 unidades da federação já extrapolam esse patamar, que é considerado baixo. Caso o projeto seja aprovado, todas elas também teriam de demitir parte de seus quadros. Dois Estados simbolizam bem esse problema: Mato Grosso do Sul (que gasta 1,8%) e Tocantins (1,2%). O primeiro estima que apenas 35 dos 173 defensores públicos continuariam em suas funções. O segundo prevê o fechamento de 39 dos 42 núcleos espalhados pelo interior tocantinense. “Hoje, 69% das comarcas do país não têm defensores. Se o projeto for aprovado, alguns Estados ficarão com 10 ou 15 defensores para atender toda a população pobre. Estamos diante de um retrocesso incomensurável”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos, Joaquim Neto.

Um levantamento feito pelo Conselho dos Tribunais de Justiça (CTJ) constatou que Estados como São Paulo e Minas Gerais (dois dos maiores do país), por exemplo, extrapolariam o novo limite em até 4,5 pontos percentuais. Hoje gastam em torno de 5% da receita líquida do Estado com pessoal, pelos cálculos poderiam chegar entre 7,5% e 9,5%. “Nem se demitíssemos todos os comissionados conseguiríamos chegar no limite pretendido pelo projeto. Sem poder ter servidor, sem poder nomear novos juízes, várias comarcas seriam fechadas e o processo judicial, que já é moroso no Brasil, ficaria mais moroso ainda”, avaliou o desembargador Pedro Bitencourt, presidente do CTJ.

Já o promotor de justiça e doutorando na área de ciências jurídico-políticas, Luiz Antônio Freitas de Almeida, avalia que a medida é um retrocesso institucional que reduzirá os quadros funcionais a montantes semelhantes ao dos anos 1980, justamente em um período em que novas medidas anticorrupção são mais esperadas pela população. “Num momento em que todos foram e vão às ruas com o espírito de combater e punir a corrupção que assola o país, o enfraquecimento do Ministério Público, do Poder Judiciário e demais instituições de controle só mostraria descompasso e o descolamento da classe política com a vontade do povo". Diante deste grave diagnóstico, muitos "coxinhas" do Judiciário que foram às ruas contra a corrupção devem estar com cara de otários!

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Texto original: BLOG DO MIRO

Livro gratuito: Relações Étnico - Raciais e Diversidade



Relações Étnico - Raciais e Diversidade
Tânia Mara Pedroso Müller
Wilma de Nazaré Baía Coelho"Pensar a Educação para as Relações Étnico-Raciais é uma pauta atualíssima.
Passados dez anos da promulgação da Lei nº 10.639/2003, que introduziu a temática na educação básica, a questão mantém-se na ordem do dia e deve permanecer por muitos anos. A luta contra a discriminação e o preconceito é e deve ser permanente e, nesse sentido, precisa ser continuamente
atualizada, incorporando argumentos, revendo posições, estratégias e objetivos. Daí a importância de uma obra que retoma a questão, discutindo-a sob diversos ângulos.
Comungo com as organizadoras e com os autores de um princípio: a construção da cidadania e o fortalecimento da democracia e das liberdades civis perpassam, obrigatoriamente, pelo enfrentamento da discriminação e do
preconceito. Uma sociedade justa e livre exige respeito às diferenças de toda ordem. Valores como Justiça, Cidadania, Democracia e Liberdade não são inatos.
Eles são apreendidos. Nesse sentido, a reflexão sobre como tais valores são fomentados e desenvolvidos no processo de educação formal ganha relevância.
Os espaços educacionais, com destaque para a escola, devem assumir a formação para a diversidade como um dos seus princípios e entendê-la como parte constitutiva da formação para a cidadania. Para tanto, é fundamental consolidar a reflexão sobre a Educação para as Relações Étnico-Raciais, abordando os muitos aspectos que a constituem e as suas várias dimensões. Sem a reflexão sistemática, há risco de as práticas educativas se efetivarem no improviso ou na experiência não criticada pela reflexão. Daí, mais uma vez, a importância da obra.
O livro organizado por Tânia Müller e Wilma Baía Coelho reúne pesquisadores consagrados e outros em processo de consolidação de suas trajetórias.
A despeito da diversidade de enfoques e perspectivas teóricas, todos comungam do interesse pela questão étnico-racial, investigando-a em diferentes momentos de nossa trajetória histórica, em atenção a agentes variados..."
-- Fonte: Rede do 3 Setor

Filmes sobre arte


Corps du message

Corps du message

Fonte: Rede do 3 Setor

Livro gratuito: "Movimentos populares, democracia e participação social no Brasil"


 Baixe grátis o livro: "Movimentos populares, democracia e participação social no Brasil". 
"O livro é um chamamento ao leitor para refletir, conjuntamente, sobre a busca de compreensão do momento político atual. É também um convite para pensarmos sobre os significados dos novos movimentos sociais e as diversas formas de contestação política". Baixe grátis o livro: "Movimentos populares, democracia e participação social no Brasil". http://ow.ly/2WEr3027U9h

Autores: Ana Claudia Diogo Tavares, Fernanda Maria da Costa Vieira, Mariana Trotta Dallalana Quintans, Ana Lúcia Ribeiro Pardo, Mauricio Hiroaki Hashizume, Cláudio Luis Camargo Penteado, Marcelo Burgos Pimentel dos Santos, Rafael de Paula Aguiar Araújo.

Frantz Fanon – Pele negra máscaras brancas


Frantz Fanon: Pele negra máscaras brancas – Download

Frantz Fanon – Pele negra máscaras brancas
Tradução de Renato da Silveira Prefácio de Lewis R. Gordon
Falo de milhões de homens em quem deliberadamente inculcaram o medo, o complexo de inferioridade, o tremor, a prostração, o desespero, o servilismo.
( Aimé Césaire, Discurso sobre o colonialismo)
******************
A explosão não vai acontecer hoje. Ainda é muito cedo… ou tarde demais.
Não venho armado de verdades decisivas.
Minha consciência não é dotada de fulgurâncias essenciais. Entretanto, com toda a serenidade, penso que é bom que certas coisas
sejam ditas.
Essas coisas, vou dizê-las, não gritá-las. Pois há muito tempo que o
grito não faz mais parte de minha vida.
Faz tanto tempo…
Por que escrever esta obra? Ninguém a solicitou.
E muito menos aqueles a quem ela se destina.
E então? Então, calmamente, respondo que há imbecis demais neste
mundo. E já que o digo, vou tentar prová-lo. Em direção a um novo humanismo…
À compreensão dos homens… 
Nossos irmãos de cor…
Creio em ti, Homem…
O preconceito de raça…
Compreender e amar…
De todos os lados, sou assediado por dezenas e centenas de páginas que tentam impor-se a mim. Entretanto, uma só linha seria suficiente. Uma única resposta a dar e o problema do negro seria destituído de sua importância.
Que quer o homem?
Que quer o homem negro?
Mesmo expondo-me ao ressentimento de meus irmãos de cor, direi
que o negro não é um homem.
Há uma zona de não-ser, uma região extraordinariamente estéril e árida, uma rampa essencialmente despojada, onde um autêntico ressurgimento pode acontecer. A maioria dos negros não desfruta do benefício de realizar esta descida aos verdadeiros Infernos.
O homem não é apenas possibilidade de recomeço, de negação. Se é verdade que a consciência é atividade transcendental, devemos saber também que essa transcendência é assolada pelo problema do amor e da compreensão. O homem é um SIM vibrando com as harmonias cósmicas. Desenraizado, disperso, confuso, condenado a ver se dissolverem, uma após as outras, as verdades que elaborou, é obrigado a deixar de projetar no mundo uma antinomia que lhe é inerente.
O negro é um homem negro; isto quer dizer que, devido a uma série de aberrações afetivas, ele se estabeleceu no seio de um universo de onde será preciso retirá-lo.
O problema é muito importante. Pretendemos, nada mais nada menos, liberar o homem de cor de si próprio. Avançaremos lentamente, pois existem dois campos: o branco e o negro.
Tenazmente, questionaremos as duas metafísicas e veremos que elas são freqüentemente muito destrutivas.
Não sentiremos nenhuma piedade dos antigos governantes, dos antigos missionários. Para nós, aquele que adora o preto é tão “doente” quanto aquele que o execra.
Inversamente, o negro que quer embranquecer a raça é tão infeliz quanto aquele que prega o ódio ao branco.
Em termos absolutos, o negro não é mais amável do que o tcheco, na verdade trata-se de deixar o homem livre.
Este livro deveria ter sido escrito há três anos… Mas então as verdades nos queimavam. Hoje elas podem ser ditas sem excitação. Essas verdades não precisam ser jogadas na cara dos homens. Elas não pretendem entusiasmar. Nós desconfiamos do entusiasmo. Cada vez que o entusiasmo aflorou em algum lugar, anunciou o fogo, a fome, a miséria… E também o desprezo pelo homem.
O entusiasmo é, por excelência, a arma dos impotentes. Daqueles que esquentam o ferro para malhá-lo imediatamente. Nós pretendemos aquecer a carcaça do homem e deixá-lo livre. Talvez assim cheguemos a este resultado: o Homem mantendo o fogo por autocombustão.
pele-negra-mascaras-brancas
O Homem liberado do trampolim constituído pela resistência dos outros, ferindo na própria carne para encontrar um sentido para si.
Apenas alguns dos nossos leitores poderão avaliar as dificuldades que encontramos na redação deste livro.
Em uma época em que a dúvida cética tomou conta do mundo, em que, segundo os dizeres de um bando de cínicos, não é mais possível distinguir o senso do contra-senso, torna-se complicado descer a um nível onde as categorias de senso e contra-senso ainda não são utilizadas.
O negro quer ser branco. O branco incita-se a assumir a condição de ser humano.
Veremos, ao longo desta obra, elaborar-se uma tentativa de compreensão da relação entre o negro e o branco.
O branco está fechado na sua brancura.
O negro na sua negrura.
Tentaremos determinar as tendências desse duplo narcisismo e as
motivações que ele implica.
No início de nossas reflexões, pareceu-nos inoportuno explicitar as
conclusões que serão apresentadas em seguida.
Nossos esforços foram guiados apenas pela preocupação de por fim
a um círculo vicioso.
Mas também é um fato: alguns negros querem, custe o que custar,
demonstrar aos brancos a riqueza do seu pensamento, a potência respeitável do seu espírito.
Como sair do impasse?
Há pouco utilizamos o termo narcisismo. Na verdade, pensamos que só uma interpretação psicanalítica do problema negro pode revelar as anomalias afetivas responsáveis pela estrutura dos complexos. Trabalhamos para a dissolução total desse universo mórbido. Estimamos que o indivíduo deve tender ao universalismo inerente à condição humana. Ao pretendermos isto, pensamos indiferentemente em homens como Gobineau ou em mulheres como Mayotte Capécia. Mas, para se chegar a esta solução, é urgente a neutralização de uma série de taras, seqüelas do período infantil.
A infelicidade do homem, já dizia Nietzsche, é ter sido criança. Entretanto não podemos esquecer, como lembra Charles Odier, que o destino do neurótico está nas suas próprias mãos.
Por mais dolorosa que possa ser esta constatação, somos obrigados a fazê-la: para o negro, há apenas um destino. E ele é branco.
Antes de abrir o dossiê, queremos dizer certas coisas. A análise que empreendemos é psicológica. No entanto, permanece evidente que a verdadeira desalienação do negro implica uma súbita tomada de consciência das realidades econômicas e sociais. Só há complexo de inferioridade após um duplo processo:
— inicialmente econômico;
— em seguida pela interiorização, ou melhor, pela epidermização dessa inferioridade.
Reagindo contra a tendência constitucionalista em psicologia do fim do século XIX, Freud, através da psicanálise, exigiu que fosse levado em consideração o fator individual. Ele substituiu a tese filogenética pela perspectiva ontogenética. Veremos que a alienação do negro não é apenas uma questão individual. Ao lado da filogenia e da ontogenia, há a sociogenia. De certo modo, para responder à exigência de Leconte e Damey, digamos que o que pretendemos aqui é estabelecer um sócio- diagnóstico.1
Qual o prognóstico?
A Sociedade, ao contrário dos processos bioquímicos, não escapa à influência humana. É pelo homem que a Sociedade chega ao ser. O prognóstico está nas mãos daqueles que quiserem sacudir as raízes contaminadas do edifício.
O negro deve conduzir sua luta em dois planos: uma vez que, historicamente, ele se condicionou, toda liberação unilateral seria imperfeita, mas o pior erro seria acreditar em uma dependência automática. Os fatos, além do mais, se opõem a tal tendência sistemática. Nós o demonstraremos.
De uma vez por todas, a realidade exige uma compreensão total. No plano objetivo como no plano subjetivo, uma solução deve ser encontrada. E é inútil vir com ares de mea culpa, proclamando que o que importa é salvar a alma.
Só haverá uma autêntica desalienação na medida em que as coisas, no sentido o mais materialista, tenham tomado os seus devidos lugares. É de bom tom preceder uma obra de psicologia por uma tomada de posição metodológica. Fugiremos à regra. Deixaremos os métodos para os botânicos e os matemáticos. Existe um ponto em que os métodos se dissolvem. Gostaríamos de tomar posição sobre este ponto. Tentaremos descobrir as diferentes posições que o preto adota diante da civilização branca. Aqui, o “selvagem do mato” não será levado em consideração. É que, para ele, certos elementos ainda não se tornaram significativos. Diante da convivência das raças branca e negra, pensamos que existe uma assunção em massa de um complexo psicoexistencial. Ao analisá-lo, visamos a sua destruição.
Muitos pretos não se reconhecerão nas linhas que se seguem. Muitos brancos, igualmente.
Mas o fato de que eu me sinta estranho ao mundo do esquizofrênico,
ou do impotente sexual, em nada muda a realidade deles.
As atitudes que me proponho a descrever são verdadeiras. Eu as encontrei um número incalculável de vezes.
Entre os estudantes, os operários, os cafetões de Pigalle ou de Marselha, identifiquei a mesma componente de agressividade e de passividade.
Esta obra é um estudo clínico. Acredito que aqueles que com ela se identificarem terão dado um passo à frente. Quero sinceramente levar meu irmão negro ou branco a sacudir energicamente o lamentável uniforme tecido durante séculos de incompreensão.
A arquitetura do presente trabalho situa-se na temporalidade. Todo problema humano exige ser considerado a partir do tempo. Sendo ideal que o presente sempre sirva para construir o futuro.
E esse futuro não é cósmico, é o do meu século, do meu país, da minha existência. De modo algum pretendo preparar o mundo que me sucederá. Pertenço irredutivelmente a minha época.
E é para ela que devo viver. O futuro deve ser uma construção sustentável do homem existente. Esta edificação se liga ao presente, na medida em que coloco-o como algo a ser superado.
Os três primeiros capítulos tratarão do preto moderno. Abordo o negro atual e tento determinar suas atitudes no mundo branco. Os dois últimos são consagrados a uma tentativa de explicação psicopatológica e filosófica do existir do negro. *
A análise é sobretudo regressiva.
Os quarto e quinto capítulos situam-se em um plano essencialmente diferente.
No quarto capítulo critico um trabalho que, na minha opinião, é perigoso. O autor, O. Mannoni, está aliás consciente da ambigüidade de sua posição. E isto é talvez um dos méritos de seu testemunho. Ele tentou prestar contas de uma situação. Tenho o direito de declarar minha insatisfação. Tenho o dever de mostrar ao autor o que não me satisfaz no seu trabalho.2
O quinto capítulo, que intitulei “A experiência vivida do negro”, é importante por várias razões. Ele mostra o preto diante de sua raça. Perceberemos que não há nada em comum entre o preto deste capítulo e aquele que procura dormir com a branca. Encontramos nesse último um desejo de ser branco. Uma sede de vingança, em último caso. Aqui, ao contrário, assistiremos aos esforços desesperados de um preto que luta para descobrir o sentido da identidade negra. A civilização branca, a cultura européia, impuseram ao negro um desvio existencial. Mostraremos, em outra parte, que aquilo que se chama de alma negra é freqüentemente uma construção do branco.
O negro “evoluído”, escravo do mito negro, espontâneo, cósmico, a um dado momento sente que sua raça não o compreende mais.**
Ou que ele não a compreende mais.
Então ele felicita-se disso e, desenvolvendo essa diferença, essa incompreensão, essa desarmonia, encontra o sentido de sua verdadeira humanidade. Ou, mais raramente, ele quer ser de seu povo. E é com a raiva nos lábios e a vertigem no coração que ele se joga no grande buraco negro. Veremos que esta atitude, tão absolutamente bela, rejeita a atualidade e o devir em nome de um passado místico.
Por ser antilhano de origem, nossas observações e conclusões só são válidas para as Antilhas – pelo menos nas partes que tratam do negro em sua terra. Um estudo deveria ser dedicado à explicação das divergências que existem entre antilhanos e africanos. Talvez o façamos um dia. Pode ser também que ele se torne inútil, do que não poderíamos senão tirar motivo de satisfação.
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