terça-feira, 19 de julho de 2016

"A RESISTÊNCIA AO GOLPE DE 2016"


No próximo dia 22 de julho, sexta-feira (22) será lançado, na Paraíba, o livro “A Resistência ao Golpe de 2016″.

O livro reúne textos de advogados, professores e operadores do direito, cientistas políticos, jornalistas, filósofos, economistas, políticos, escritores, todos comprometidos com a resistência ao golpe, ainda que não necessariamente alinhados política ou partidariamente. Do papel do STF à atuação da mídia, das “pedaladas fiscais” aos meandros do Poder Legislativo, do papel dos atores políticos internacionais aos bastidores da Lava Jato, da crise de representatividade à ofensiva golpista, são inúmeros os recortes, ângulos e perspectivas sobre a decisão tomada pelo plenário da Câmara dos Deputados em abril de 2016 – a de aceitar a abertura do processo de impeachment contra a Presidente da República Dilma Rousseff.

O lançamento será em João Pessoa, no Auditório do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ), com a presença do governador Ricardo Coutinho, do procurador da República e ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, do senador Lindberg Farias, do ex-presidente da OAB e deputado e Wadih Damous e das professoras Maria Luiza Alencar (Diretora do CCJ) e Mônica Nóbrega (Diretora do CCHLA). Haverá mesa de autógrafos e apresentação artístico-musical de integrantes do movimento “Artistas pela Democracia”. 

Impeachment de Gilmar Mendes

Impeachment de Gilmar Mendes

Este ex-Advogado-Geral da União do FHC, indicado pelo ex-chefe para integrar o STF, coleciona incontáveis motivos para ser impedido de exercer a função.


Jeferson Miola
Jane de Araújo/Agência Senado
Gilmar Mendes tem um instinto golpista incontrolável. Ele faz o gênero do golpista ativo, militante, engajado, agitador.
 
Em março de 2016, coordenou um seminário em Portugal que teve o propósito de divulgar o golpe no Brasil e apresentar os golpistas tupiniquins ao mundo, conforme comentamos no artigo “O golpismo além-mar do Gilmar”. A promoção, afinal, foi um fracasso – setores democráticos europeus escracharam os golpistas, e com isso desencorajaram a participação de autoridades e acadêmicos estrangeiros naquele evento armado com o patrocínio da FIESP, CNI, OAB e outras entidades empresariais.
 
Agora Gilmar decidiu se engajar na defesa dos golpistas da Turquia. E faz isso usando indevidamente o cargo de Presidente do TSE. Invoca, como sempre faz, o cargo que ocupa para, no fundo, falar em nome próprio e operar interesses político-ideológicos e partidários.
 
Em nota oficial, na qual não dedica uma palavra de condenação à tentativa do golpe de Estado, Gilmar reage à prisão de juízes e diz que “a justiça eleitoral vai pedir providências [sic] à Comissão de Veneza, Comissão Européia para a Democracia através do Direito, e ao Idea, Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral”.





 
Gilmar comete, assim, uma tremenda inconstitucionalidade. Invocar a justiça eleitoral brasileira para se pronunciar em matéria de política externa e se imiscuir na realidade de um país estrangeiro é uma atitude que claramente ofende dispositivos da Constituição do Brasil. O artigo 84 estabelece a competência privativa da Presidência da República nas relações com Estados estrangeiros; e o artigo 4º define como princípios que regem as relações internacionais do Brasil o respeito à autodeterminação dos povos e a não intervenção.
 
Além disso, Gilmar expõe o país a uma vergonha monumental no sistema das nações. A Convenção de Viena, tratado do qual o Brasil é signatário – é imperdoável um juiz do STF desconhecê-lo – reconhece como representantes dos Estados nacionais apenas os Chefes de Estado, os Chefes de Governo e as representações diplomáticas delegadas. Um mero juiz, mesmo que eventualmente presida uma determinada repartição ou jurisdição, jamais é reconhecido como representante de Estado.
 
Gilmar continua atuando como juiz do Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de Justiça do Brasil, por razões que a lógica e a razão não conseguem explicar.
 
Este ex-Advogado-Geral da União do FHC, indicado pelo ex-chefe para integrar o STF, coleciona incontáveis motivos para ser impedido de exercer a função. Ele assume posturas que afrontam a Constituição da República, a Lei Orgânica da Magistratura, o Código de Ética da Magistratura, as resoluções do Conselho Nacional de Justiça e o Código do Processo Civil Brasileiro.
 
No artigo “Judicatura e dever de recato” [set/2015], o Presidente do STF Ricardo Lewandowski traça com notável didatismo o roteiro jurídico-legal para se processar o impeachment do Gilmar Mendes.
 
O Senado da República, que segundo o artigo 52 da Constituição Federal, é a instância que possui a competência privativa para processar e julgar juízes do STF, melhor faria à democracia abortando a farsa do impeachment da Presidente Dilma para se dedicar ao impeachment imediato do Gilmar Mendes. Ao contrário do processo fraudulento contra a Presidente Dilma, o impeachment de Gilmar tem sólidos fundamentos jurídicos e legais.
 
Como escreveu Lewandowski no artigo anteriormente citado, “posturas extravagantes ou ideologicamente matizadas são repudiadas pela comunidade jurídica, bem assim pela opinião pública esclarecida, que enxerga nelas um grave risco à democracia


Créditos da foto: Jane de Araújo/Agência Senado

Projetado por Niemeyer, conjunto arquitetônico da Pampulha se torna Patrimônio Mundial da Humanidade

Projetado por Niemeyer, conjunto arquitetônico da Pampulha se torna Patrimônio Mundial da Humanidade


Conjunto foi reconhecido pela Unesco neste domingo, em reunião que também consagrou Le Corbusier ao reconhecer 17 obras do arquiteto e artista franco-suíço
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) reconheceu no domingo (17/07) como Patrimônio Mundial da Humanidade o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, projetado pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer.
Durante a 40a sessão do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, realizado em Istambul, na Turquia — em meio a uma tentativa de golpe militar —, os 21 países integrantes do órgão ratificaram a indicação da Pampulha.

Cecilia Heinen/FlickrCC

Igreja de são Francisco de Assis, cujo mural de azulejos foi feito por Candido Portinari, faz parte de complexo da Pampulha
O projeto do conjunto da Pampulha foi encomendado pelo então prefeito de BH, Juscelino Kubitschek, a Niemeyer e construído entre 1942 e 1944. Também fizeram parte do projeto o paisagista Roberto Burle Marx, o pintor Candido Portinari e o artista plástico Paulo Werneck, entre outros profissionais e artistas. Atualmente, o conjunto é composto pelos jardins de Burle Marx, a Igreja de São Francisco de Assis — cujo painel externo de azulejos foi feito por Portinari —, o antigo Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (atualmente Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de BH), o Iate Tênis Clube e a Praça Dalva Simão.
Também no domingo foram reconhecidas 17 obras do arquiteto, urbanista, escultor e pintor franco-suíço Le Corbusier como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Entre elas estão a Capela de Ronchamp, na França; o bloco habitacional L’Unité d’Habitation em Marselha, também na França, e a casa do médico argentino Pedro Curutchet, em La Plata, próximo à capital argentina, Buenos Aires.
A Pampulha foi um dos quatro lugares incluídos pelo Comitê do Patrimônio da Humanidade da Unesco na lista de Patrimônios da Humanidade junto com 17 obras do arquiteto, urbanista, escultor e pintor franco-suíço Le Corbusier (1887-1965), os estaleiros britânicos da ilha caribenha de Antígua (1720) e o Parque Nacional de Khangchendzonga no norte da Índia, na encosta do monte Kanchenjunga, entre Nepal e Butão.
 

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Em nota oficial conjunta, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Cultura do Brasil expressaram satisfação pelo reconhecimento ao conjunto brasileiro. “A Unesco, ao reconhecer o valor universal excepcional da Pampulha, considerou o conjunto como símbolo de uma arquitetura moderna distante da rigidez do construtivismo e adaptada de forma orgânica às tradições locais e às condicionantes ambientais brasileiras”, afirmaram.

M-Louis/FlickrCC

Capela de Ronchamp, projetada por Le Corbusier e considerada Patrimônio Mundial

 
*Com informações de Agência Efe

Temer decide cortar auxílio de trabalhadores afastados por doença

INTERINO

Temer decide cortar auxílio de trabalhadores afastados por doença

Objetivo é cancelar 30% dos benefícios em vigor. Medida também vai interromper 150 mil aposentadorias por invalidez
Brasília (DF), 
A expectativa da equipe de Temer é cortar cerca de 30% dos auxílios-doença, afetando mais de 250 mil dos 840 mil beneficiários em todo o país / Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governo interino de Michel Temer decidiu restringir o acesso e cancelar boa parte dos benefícios previdenciários por incapacidade, como o auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. As mudanças, já em vigor, constam na Medida Provisória (MP) 739, publicada na semana passada. A MP permite a realização de perícia médica para reavaliação de todos os segurados.
Com isso, a expectativa da equipe de Temer é cortar cerca de 30% dos auxílios-doença, afetando mais de 250 mil dos 840 mil beneficiários em todo o país. No caso das aposentadorias por invalidez, a meta do governo interino é reduzir o benefício em 5%, índice que representa 150 mil, do total de 3 milhões de segurados. A economia de recursos pode ultrapassar os R$ 6,3 bilhões, segundo os cálculos oficiais.

 

“Não existe esse índice de irregularidade nos benefícios previdenciários que justifique o cancelamento de 30% dos auxílios-doença, por exemplo. O que o governo está fazendo é retroceder em direitos sociais da população mais pobre”, aponta o advogado de Direito Previdenciário João Badari, sócio do escritório Aith, Badari e Luchin Advogados.

 

Para acelerar a realização das perícias médicas, a MP criou uma bonificação para médicos peritos do INSS, com duração de 24 meses. Os peritos receberão R$ 60 por perícia realizada nas agências da Previdência Social. Na opinião de João Badari, é uma forma de incentivar os peritos a realizarem o maior número possível de reavaliações médicas. “Imagina, se um perito fizer 10 perícias em um dia, ele ganha R$ 600. Em um mês, vai receber R$ 12 mil pelo serviço. Será uma perícia mais precária, com pouco tempo para avaliar, o que deverá resultar no cancelamento do benefício para segurados e aposentados que não tem condições de retornar ao trabalho”, critica o advogado.

 

Alta programada

 

A concessão de novos benefícios também passará a ter regras mais rígidas. Pela MP, “sempre que possível”, a concessão de auxílio-doença, judicial ou administrativa, deverá fixar o prazo estimado para a duração do benefício. Na ausência de fixação do prazo, o benefício será cortado após o prazo de 120 dias, contado da data de concessão ou de reativação. “Isso é uma aberração! As pessoas tem uma capacidade de recuperação diferente, de acordo com idade, sexo e condições físicas. Não pode haver corte automático sem que haja uma reavaliação médica. Como uma pessoa afastada para o tratamento de um câncer, por exemplo, vai saber que em 120 dias estará recuperada para voltar ao trabalho?”, questiona João Badari, advogado especialista em Direito Previdenciário. Ele prevê uma enxurrada de processos judiciais de segurados contra as novas medidas, o que deve reduzir a economia pretendida pelo Ministério da Fazenda.
O governo Temer também pretende reavaliar cerca de 4,2 milhões de inscrições no Benefício de Prestação Continuada (BPC), concedido a idosos ou pessoas com deficiência com renda familiar per capita menor que R$ 220 por mês (um quarto do salário mínimo).

 

Sem déficit

 

O advogado João Badari, especialista em Direito Previdenciário, classifica como “farsa” o discurso do governo de que o INSS apresenta déficit e, por isso, precisa reduzir os benefícios. “O INSS é amplamente superavitário, manteve saldo positivo de R$ 50 bilhões ao ano e, mesmo em ano de crise, como agora, o saldo é de cerca R$ 20 bilhões. Ao cortar direitos sociais, como aposentadoria e auxílios por incapacidade, o governo quer jogar para os bancos a responsabilidade, quer que as pessoas contratem previdência privada. É o governo tentando privatizar o que deveria ser papel dele”, argumenta.
Badari também não poupa críticas ao foco do governo, que é cortar benefício dos mais pobres, segundo ele. “Por que não age para cobrar débitos previdenciários devidos pelas empresas? Por que continuar desonerando a folha de pagamento das empresas e, ao mesmo tempo, cortar direito social do trabalhador que financia a Previdência? Não tem sentido”.   

Fonte: Brasil de Fato